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A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

O século XVII foi um período difícil para a economia da Europa. Após cem anos de grande
prosperidade, estimulada, sobretudo, pelas enormes quantidades de ouro e prata
vindas da América, a partir de 1630, as quantidades de ouro e prata vindos daquele
continente caíram assustadoramente. Entre 1591 e 1600, chegaram mais de 2.700.000 quilos
de prata e cerca de 19.400 quilos de ouro na Espanha. Esse número, entre 1651 e 1660, caiu
para cerca de 440.000 quilos de prata e 469 quilos de ouroi.
Além disso, as epidemias e guerras frequentes, diminuíram bastante a população e a
oferta de mão de obra, encarecendo o preço dos produtos.
Entretanto, ao longo do século XVIII, esse quadro iria se reverter, de forma bastante
heterogênea, é bem verdade, na maior parte da Europa, em vários países da Ásia e,
embora não haja uma comprovação estatística segura, na maior parte da América. As
causas desse avanço são bastante incertas e muito diferentes nas várias regiões. Mas,
sem dúvida, a melhoria das condições de paz, das técnicas de produção e os avanços da
medicina e da farmacologia fizeram a mortalidade retroceder, permitindo um
crescimento considerável da população.
Entre 1750 e 1810, a população mundial salta de 700 milhões para cerca de 1 bilhão e a
população mundial passa a ter um crescimento médio de 0,5% ao ano.ii
Outro fator fundamental foi a introdução de novas práticas agrícolas, especialmente, na
Inglaterra que levaram a um incremento da produção da ordem de 25% iii. Espécies
trazidas de outros continentes e a melhoria da qualidade das pastagens fez com que a
oferta de alimentos crescesse e a mortalidade caísse.
Tudo isso terminará levando ao crescimento dos mercados consumidores, estimulando
tecnologias no sentido de satisfazer o crescimento dessa demanda. O que chamamos de
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL é o conjunto de meios que a humanidade vai inventar, ao
longo da história, com o objetivo de produzir mais, no menor espaço de tempo
possível, buscando satisfazer a esse contínuo aumento do consumo.

 Fases:

Como dissemos, a partir dos meados do século XVIII, uma série de tecnologias passam a
ser inventadas com o objetivo de aumentar a produção e satisfazer esse crescimento da
demanda. Entretanto, esse aumento de população não era algo uniforme, não era
sentido com a mesma intensidade nas várias partes do mundo.
Por isso, houve países onde tais condições, tendo aparecido por primeiro, geraram uma
revolução nas formas de produção. Em outros países, esse avanço técnico-produtivo só
apareceria tempos depois. Sendo assim, os historiadores dividiram o processo da
Revolução Industrial em fases. A primeira, entre 1750 e 1780, caracterizou-se por
permanecer restrita à Inglaterra.
Mas, por que, justamente, a Inglaterra? Uma série de fatores explicariam essa
anterioridade:
 O crescimento populacional
 A existência de capitais acumulados, provenientes da liberdade de comércio, do
protecionismo instalado a partir do Ato de navegação de 1651 e do comércio cm
as colônias.
 Uma mentalidade burguesa, sobretudo a partir da Revolução de 1689, que
colocou o Estado, cada vez mais, a serviço dos interesses da burguesia,
permitindo seu enriquecimento e a criação das bases para futuros
investimentos.
 Grandes reservas de carvão mineral, que vai ser a principal fonte de energia
nessa etapa da industrialização.

 A revolução Tecnológica

Até o início do século XVIII, quando um tecelão


produzia uma peça de tecido, a largura dessa era a
de seu braço. Em 1733, John Kay inventou uma
máquina, a laçadeira volante, que permitia dar ao
tecido a largura que o tecelão desejasse. A partir
daí, uma série de invenções foram sendo criadas
com o objetivo de aumentar a produção têxtil.
Entretanto, essas novas máquinas exigiam uma
força muito grande, o que tornava praticamente
impossível ao homem, movê-la manualmente.
Tal necessidade estimulou o espírito inventivo de A Máquina de Watt
um engenheiro escocês de nome James Watt.
Inspirado numa máquina movida a vapor, projetada pelo inglês Newcomen, em 1712,
Watt conseguiu reduzir a perda de vapor e, com isso, pode aumentar o rendimento da
máquina em 75%, gerando um avanço extraordinário na produção de tecidos de lã, o
que levaria a Inglaterra a se consolidar como a maior produtora desse gênero no mundo.
Essa revolução produtiva desencadeou várias outras: as máquinas, que tinham suas
peças feitas em madeira, precisaram ser construídas, a partir de agora cm ferro, muito
mais resistente ao movimento intenso provocado pelos motores a vapor. Isso estimulou
a siderurgia e a fundição que, por sua vez, criaram instrumentos e técnicas para fabricar
as peças usadas pela indústria têxtil.
O aumento da produção exigiu mais matéria-prima e, por isso, melhorias nos
transportes, que trariam esse produto para as fábricas. Para satisfazer a essa demanda,
técnicas agrícolas foram sendo criadas e instrumentos mais eficientes foram sendo
introduzidos na lavoura para aumentar essa produtividade. Uma mudança generalizada
nas estruturas produtivas estava em curso. Era a REVOLUÇÃO INDUSTRIAL que dava
seus primeiros passos.
Entretanto, a revolução tecnológica seria impossível se não tivesse irrompido, na
Inglaterra, uma revolução educacional, lenta, pouco visível aos olhos da época, mas
decisiva para todo esse incremento técnico.
E não se deve valorizar apenas o papel das universidades e sociedades culturais, já que
atingiam apenas uma pequena minoria. Más, a industrialização só vai acontecer na
Inglaterra e em outros países onde o número de analfabetos havia diminuído
consideravelmente. No início do século XVIII, cerca de 40% da população inglesa já era
alfabetizada e esse percentual seria alcançado pela França em 1780.iv

PRODUTIVIDADE NA INDÚSTRIA TEXTIL DE ALGODÃO DO REINO UNIDO (1829-1882)

NÚMERO DE HORAS PRODUÇÃO POR TRABALHADOR


1829-1831 100 100
1844-1846 87 372
1859-1861 87 708
1880-1882 82 948
RIOUX. J.P. A Revolução Industrial 1780-1880

Como assinala FREDERIC MAURO (1976), o crescimento da produção industrial levou a


uma mudança radical na estrutura da população economicamente ativa. Em 1821, 47%
da população se dedicava à indústria, ao comércio, à construção e às minas e apenas
34% permaneciam na atividade agrícola. Isso terminou provocando um incremento no
PIB do país que passa de 130 milhões de libras, em 1770, para 290 milhões, em 1812.v
Mas não devemos achar que estava se formando um cenário cor-de-rosa, especialmente
para o trabalhador. As repercussões sociais da industrialização seriam, muitas vezes,
desastrosas.

 A Revolução Social
Um dos aspectos mais importantes que a Revolução Industrial provocou foi a separação
entre o capital e o trabalho. Antes, o trabalhador era o dono de suas ferramentas, da
matéria-prima e, consequentemente, daquilo que produzia. Dessa forma, o lucro lhe
pertencia. Entretanto, esse cenário muda, radicalmente, com a industrialização.
Observe a tabela abaixo:
TRABALHADORES OCUPADOS NA TECELÁGEM DE ALGODÃO

Tecelagem a mão Nas manufaturas


1819-1821 240.000 10.000
1829-1831 225.000 50.000
1844-1846 60.000 150.000
FREDERIC MAURO. História Econômica Mundial. 1790-1970
Claramente se percebe que o trabalho manual ia perdendo espaço para o trabalho fabril.
Como a produção industrial era em série, era impossível ao artesão concorrer com os
preços da indústria. Dessa forma, como as pessoas compravam, cada vez mais o produto
industrial, o artesão, sem vender, via-se obrigado a fechar sua oficina e ir trabalhar na
indústria, onde, não sendo dono do produto final, não ficava com os lucros,
submetendo-se a um salário que era, via de regra, o menor possível.
Como assinala ARRUDA (2006) “Os antigos artesãos habituados a controlar o ritmo do
próprio trabalho tinham de se submeter agora à disciplina da fábrica. Os homens
passaram a sofrer a concorrência do trabalho feminino e infantil. Em certos trabalhos,
empregavam-se crianças de até 6 anos de idade! Não havia garantias contra acidentes
de trabalho, nem indenizações pelos membros amputados, nem pagamento pelos dias
parados por causa de acidentes”.vi
Outra questão importante é o contínuo deslocamento da população do campo para as
cidades. Em meados do século XVII, quase 75% da população da Grã-Bretanha vivia no
campo. Em 1851 esse percentual cai para 48% e em 1911 era de cerca de 22%. Embora
cada país seja uma realidade, essa situação se repete em todos os países da Europa,
Estados Unidos e na maioria dos países da América Latina.vii
O cercamento de campos foi outro fenômeno que contribuiu para esse
empobrecimento. Até essa época, os camponeses arrendavam a terra dos grandes
fazendeiros, pagando-lhes um “aluguel”. Entretanto, a medida que a indústria têxtil foi
se consolidando, os proprietários de terra foram percebendo que dava muito mais lucro
criar ovelha e carneiro para produzir lã para as tecelagens que alugar terras para
pequenos agricultores.
Dessa forma, os grandes proprietários vão expulsando esses rendeiros que, sem terra
para trabalhar, vão migrar para as cidades, aumentando a oferta de mão de obra,
desvalorizando, cada vez mais, os salários.
Tudo isso vai levar os trabalhadores a movimentos de protestos e revoltas. Rebelados,
esses operários invadiam fábricas, como aconteceu em Lancaster (1769) e em
Lancashire (1799), o que levou os proprietários e o governo a terem que organizar um
verdadeiro aparato militar para proteger as fábricas.
Já na segunda metade do século XVIII, a
capacidade de organização e resistência dos
trabalhadores aumentou visivelmente. Nessa
época surge o primeiro sindicato nacional na
Inglaterra. movimentos como o Ludismo pregavam
a quebra das máquinas como forma de reagir a
essa exploração e o Cartismo que foi o primeiro
movimento operário de caráter nacional que se
rebelou contra a exploração operária na Grã-
Bretanha.
Eles elaboraram uma petição de direitos ao Parlamento, a Carta do Povo (daí o nome do
movimento), reivindicando direitos como:

 Sufrágio universal masculino (o direito de todos os homens ao voto);


 Voto secreto através da cédula;
 Eleição anual;
 Igualdade entre os direitos eleitorais;
 Participação de representantes da classe operária no parlamento
 Remuneração para os parlamentares, o que permitiria que trabalhadores eleitos
pudessem se manter.

Apesar de apresentar melhor união e organização comparado a movimentos anteriores


como o ludismo, os cartistas não conseguiram que a Carta do Povo fosse ratificada pelo
Parlamento inglês, que rejeitou todas as petições dos operários. A repressão foi imensa
prendendo seus dirigentes e esmagando o movimento. Entretanto, a influência do
cartismo sobre o desenvolvimento do movimento operário foi muito grande e se
tornaria decisivo para que o operariado, futuramente, adquirisse muitos dos direitos
que lhes foram negados.

Um motim cartista em Londres. Graças a esse movimento, no final do século XIX


diversas leis trabalhistas foram criadas no intuito de combater a exploração da força
de trabalho e mediar as relações entre os operários e a burguesia industrial.
i
FRANCO JUNIOR. Hilário. História Econômica Geral e do Brasil. São Paulo: Atlas. 1980
ii
RIOUX. J.P. A Revolução Industrial 1780-1880. São Paulo. Pioneira. 1978.
iii
Idem
V
Idem
vi
FREDERIC MAURO. História Econômica Mundial. 1790-1970. São Paulo. Zahar.1976
VII
ARRUDA. José J. História Moderna e Contemporânea. São Paulo: Ática. 2006
VIII
HUBERMAM. Leo. História da Riqueza do Homem. São Paulo. Zahah. 1992.
IX
GRANT, Susan-Mary. História Concisa dos Estados Unidos da América. São Paulo: Edipro.2014
X
WATERHOUSE. E. op. Cit. GRANT, Susan-Mary. História Concisa dos Estados Unidos da América. São
Paulo: Edipro.2014
XI
Pitt. W. op. cit. AQUINO, JESUS E OSCAR. História das Sociedades Americanas. Rio de Janeiro: Eu e
Você Editora. 1977
XII
TUCHMAM. Barbara W. A Marcha da Insensatez. Rio de Janeiro: José Olympio Editora. 1984
XIII
Cit. in TUCHMAM. Barbara W. A Marcha da Insensatez. Rio de Janeiro: José Olympio Editora. 1984
XIV
Cit. in TUCHMAM. Barbara W. A Marcha da Insensatez. Rio de Janeiro: José Olympio Editora. 1984
XV
Em sua obra d 1963, “A Era de Luís XIV”, Will Durant avalia o custo da obra em US$ 500.000.00. os
valores foram corrigidos levando-se em conta uma inflação média de 3% a.a nos EUA entre 1963 e 2017.
XVI
LEVRON. Jacques. La Vie Quotidienne à La Cour de Versailles. Paris:Hachette. 1990.

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