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por sua obra, que certamente só fará aumentar com o lançamento previsto para
1994, pela mesma editora, de Trapica of discourse.
A disponibilidade de Hayden White para entrar em contato com o Brasil e o
interesse que vem manifestando nestes dias em estreitar relaçõee com a comuni
dade acadêmica brasileira acentuaram a impr"""ão original que tive em 1988,
quando o ouvi primeira vez na Universidade de Santa Cruz, California, de que
estava diante de 11m intelectual que é movido pela generosidade, pela inquietaç ão
e pelo projeto de deixar aberta e permanentemente d"""rUld a a atividade de
pesquisa, o artesanato intelectual.
Em nome dos pesquisadores e documentalistaa do CPDOC, abro esta OC8Sáo de
trabalho agradecendo ao professor Hayden White por ter tão pronta e delicadamen
te aceitado o nosso convite.
servação, contudo, ele nos lembra al de discurso escrito. E porque o discurso
gumas verdades que a moderna teoria histórico é atualizado em sua forma
da história vem regularmente tenden culturalmente significante como um ti
do a esquecer: a saber, que a "história" po especifico de escrita que podemos
que é o tema de todo esse aprendizado considerar a importância da teoria li·
só é acessível por meio da linguagem; terária tanto para a teoria como para
que nossa experiência da história é a prática da historiografUl.
indissociável de nosso discurso sobre Antes, porém, de começaImos a dis
ela; que esse discurso tem que ser es cutir a importãncia da teoria literária
crito antes de poder ser digerido como para a escrita da história, é preciso
24 ESruDOS HISTÓRICOS - 1994/18
que no discurso realista, tanto quanto ser analisado como uma estrutura de
no discurso imaginário, a linguagem é lin�gem.
ao mesmo tempo fCnua e conteúdo, e E surpreendente que os filósofos da
que esse conteúdo lingüístico tem de história tenham demorado tanto a re
ser computado entre os outros tipos de conhecer a importância da linguagem
conteúdos (Cactual, conceitual e gené para a compreensão do discurso histó
rico) que fOnIlam o conteúdo geral do rico, especialmente desde que a filoso
discurso como um todo. Esse reconhe fm moderna em geral fez da linguagem
cimento libera a crítica historiográfica um objeto central de interesse em seu
da fidelidade a um literalismo impos exame de outros departamentos da
sível e permite ao analista do discurso ciência. Esse lapso deveu-se em parte
histórico perceber em que medida esse ao fato de que os próprios historiadores
discurso constrói seu assunto no pró modernos tenderam a tratar sua lin
prio proce:5S0 de falar sobre ele. Anoção guagem como um meio não-problemá
do conteúdo da forma lingüística esba tico, transparente, tanto para a repre
te a distinção entre discursos literais e sentação de eventos passados como pa
figurativos e autoriza a busca e a aná ra a exp ressão de seu pensamento so
lise da função dos elementos figurati bre esses eventos. Mas deveu-se tam
bém ao fato de que os filósofos que
vos na prosa historiográfica tanto
tomaram o discurso histórico como seu
quanto na prosa ficcional.
objeto específico de análise tenderam a
A importância da moderna teoria li
acreditar na possibilidade de deSBsso
terária para a escrita histórica é indire
eiar o conteúdo factual e conceitual de
ta na medida em que as concepções de
um discurso de sua fOl'lua "literária" e
linguagem, fala, escrita, discurso e tex
lingüística, no intuito de afirmar seu
tualidade que a infOJlIlam pel'lllitem
valor-de-verdade e a natureza de sua
insights relativamente a alguns proble
relação com a realidade. Assim, por
mas tradicionalmente colocados pela {v
exemplo, eles tipicamente trataram a
loso{1a da história, tais como a classifi
nal'lativa menos como uma estrutura
cação dos gêneros do discurso histórico,
verbal do que como uma explicação do
a relação de uma representação históri
tipo contar-estórias e consideraram a
ca com seus referentes, o status episte
estória contada numa dada história
mológico das explicações históricas, e a
como uma estrutura de conceitos argu
relação dos aspectos interpretativos mentativos, cujas partes mantinham
com os aspectos descritivos e explanató relações de natureza mais lógica (espe
rios do discurso do historiador. Amoder cificamente silogística) do que lingüís
na teoria literária ilumina todos esses tica. Tudo isso implicava que o conteú
problemas dirigindo a atenção para do de um discurso histórico podia ser
aquilo que é bastante óbvio no discurso extraído de sua forma lingüística, ser
histórico, mas não foi sistematicamente vido numa paráfrase condensada, pur
levado em consideração até muito re gada de todos os elementos figurativos
centemente, ou seja, o fato de que a e tropológicos, e submetido a testes de
história é antes de mais nada um arte consistência lógica como argumento, e
fato verbal, produto de um tipo especial de adequação predicativa como um
de uso da linguagem. E isso sugere que, corpo de fato. Mas isso significava tam
se o discurso histórico deve ser com bém ignorar o único "conteúdo" sem o
preendido como produtor de um tipo qual um discurso histórico jamais po
distinto de conhecimento, ele deve antes deria existir: a linguagem.
,
TEORIA UTERARlA E ESCRITA DA HlSTORlA 27
'
..
8
seada na oposição).1 Considerados co que eles descubram a verdade, apresen
mo as estruturas básicas da figuração, tem novos fatos e ofereçam novas inter
esses quatro tropos nos fornecem cate pretações dos fatos. ''De fato", concede
gorias pora identificar 08 modos de ele, ''para serem chamados de historia
vincular uma ordem de polavras a uma dOI,,", eles têm de voltar (volvere) sua
ordem de pensamentos (por exemplo, investigação para alguma forma de his
"maçã" a "tentação'� no eixo poradig tória. Mas SUA8 histórias têm de eer
.2
mático de uma enunciação, e uma fMe histórias verdadeiras.' 1 Apenas a ver
de um diecurso à!s Caeee snteMo]C6 e dade dos fatos e, presumivelmente, a
posteriOles (por exemplo, parágrafos plausibilidade das interpretações con
ou capítulos "transicionais'� no eixo tam; a fOima lingüística. e o modo gené
sintagmático. A predominância de um rico como elas são aplC6Cntadas, a dic
modo de associar polavras e pensa ção e a retórica do discu1'l5O. não têm a
mentos uns com 08 outros ao longo de menor importância.
todo um discurso noe pennite caracte Me importa, sim. se os eventoe eão
rizar a estrutura do discurso como um apresentad os como partes de um todo
todo em termos tropológicos. As estru (com um significado nâo apreensível em
turas tropológicas da metáfora, da me nenhuma das partes tomadas indivi
tonímia, da sinédoque e da ironía (e o dualmente), à maneira de um realista
que eu considero, seguindo Frye, como platónico, ou se um todo é apresentado
seus tipos de enredos COnespondente&: como nada ma ia que a 80ma de B\lAS
Romance, Tragédia, Comédia e Sátira) diversas partes constituintes, à manei
nos fornecem uma classificação muito rade um nominalista. Isso importa para
mais refinada dos tipos de discursos o tipo de verdade que se pode esperar
históricos do que aquela baseada na derivar de um estudo de qualquer con
distinção convencional entre replC junto de fatos. E tenho confIAnça que
sentaçõee "lineares" e "cíclicas" do pro mesmo Momigliano admitiria que a es
cesso histórico. 19 Elas tembém nos colha de um estilo farsesco de repre
pelmitem ver mais claramente ae ma eentação de alguns tipos de eventos his
neiras pelas quais o discurso histórico tóricos constituiria, não apenas um tra
se parece com e de fato converge para ço de mau gosto, mA" também uma
a narrativa líccional, tanto nas estra distorção da verdade a eles ligada. O
tégias que usa para dotar os eventos de mesmo se pode dizer da escolha de um
signíficados como n08 tipos de verdade modo irônico de repIesentação. Um mo
com que lida. do de representação como a ironia é um
Mas pode-se muito bem perguntar,
, conteúdo do discurso no qual ele é usa
e daí? Como diz Arnaldo Momigliano: do, e não apenas uma fOnua - como
"Por que eu deveria me preocupar se um qualquer pessoa que já ouviu observa
historiador prefere apresentar a parte ções irônicas sabe muito bem. Quando
pelo todo em vez do todo pela parte? falo com ou sobre alguém ou alguma
Mmal, nâo me importa se um historia coisa de um modo irônico, estou fazendo
dor escolheu escrever num estilo épico mais do que apenAS revestir minhas
ou introduzir falas (discorsL) em s"as observações de um estilo mordaz. Estou
JlB.ttaÇÕE!6. Não tenho nenhuma razão dizendo a seu respeito maia coisas e
para preferir historiadores sinedóticos coisas diferentes do que pareço estar
a historiadores irônicos ou vice-vel" afIrmando no nível literal da minha fa
sa.'.20 Na visão de Momigliano, os úni Ia. O mesmo acontece com um discurso
cos requisitos para os historiadores são histórico enunciado num modo predo-
TEORIA UTERARIA E ESCRITA DA HlSTORlA
• •
33
minantemente irônioo, e com 06 outr{)8 sentido das experiências por que essas
mod"" de enunciação que posso empre famílias p8Maram. No caso citado, tra
gar para falar seja lá do que for. ta-se de experiênciAS antes de mais na
O mesmo tipo de reep08ta pode ser da e acima de tudo políticas, e uma das
dado a historiadores e filóeof"" da histó maneiras de lhes dar sentido é penspr
ria que rejeitam a análise retórica d"" sobre elas "historicamente". Ma. 6V3e
texroe históricos sob a alegação da que pensamento tende tanto mais a ser tnS
ela llO5 desvia das questões mAjs sérias pico, discursivo e ficcional (no sentido de
com as quais 58 deveria preocupar 11ma '�maginário'� na medida em que ele é
crítica politicamente comprometida ou politicamente engajado ou ideologica
socialmente engajada. Em ensaio re mente motivado. Não existe uma p08i
cente, Gene Bell-Villada, um crítico da ção "superior", nem mesmo a marxista,
literatura latino-americana historica que não seja igualmente trápica, di"'lJr
mente autoconsciente, escreve: siva e ficcional. Ocotl" uma pane da
consciência histórica quando se eequece
Enquanto isso diante de um panora
,
que a 'iJlistórm", no sentido tanto de
ma sociopolítico interno que começa eventoe como de relatórioe de eventoe,
a parecer vagamente "latino--smeri· não acontece apenas, e sim é feita. Mais
cano", somado a alguns "regimes que isso devemos acroocentar, é feita
,
amigos" sul-american08 que se coma doe dois lados das barricadas, e tão efe
portam de maneira crescentemente tivamente por um lado quanto pelo ou
nazista, a única resposta que o ues_ tro.
tablishment crítico" dos Estados Bell-Vulada sabe perfeitamente
Unidos oferece são seus elaboradoe bem disso, e suas próprias observações
esquemas paraliterárioe, 15'188 guer sobre o sentido de história que impreg
ras à referencialidade e suas prega na a obra doe escritores modernoe lati
ções de que "História é Ficção, Tropo no-americanoe deixa ÍSBo claro. Dese
e Discurso". As famílias de vários jaria ele dizer que as obras desses au
milhares de vítimas d"" pelotões da tores não nos ensinam sobre a história
morte salvadorenhoe talvez alimen real porque são ficções? Ou que, sendo
tem ol\.bUl pensamentoe sobre a his- ficções sobre ahistária, elas estão isen
· 22
tóna. tas de tropismoe e di...ursivídade? Os
romances deMes autore!! são menos
Não tenho dúvida de que as famm•• verdadeiros por serem ficcionais? São
mencionadas neste trecho lealmente eles menos ficcionais por serem histó
têm sobre a história outltXS pensamen ricoe? Poderia qualquer história ser
toe que náo o de que ela consiste em tão verdadeira quanto eMes romances
"Ficção, Tropo e Discurso"-se équeelaa sem fazer uso do tipo de tropos poéticos
se dão o trabalbo de pensar sobre a encontradoe na obra de Vargas Lloea,
''história'' de todo. Elas seriam tão bobas Carpentier, Danoso e Cortazar?
quanto o profeesor Bell-Villada aparen
temente pensa que eu sou se até mesmo
"alimentassem" essee pensamentos.
Mas este não é realmente o ponto em 111
questão. A "história" que estamos discu
tindo é aquela que toma fOl'ma na lin Apresentei em outros traballioe ar
guagem, na emoção, no pensamento e gumentoe em defesa das p08ições esbo
no discurso, na tentativa de extrair um çadas acima e demonstrações, sob a
34 ESTUDOS HISTÓRICOS - 1994/13
•
sões do discurso no qual o argumento contar como um fato seria infinitamente
TEORIA LITERÁRIA E ESCRITA DA HISTÓRIA 35
A terceira objeção geral à teoria tlv geral, coletiva ou procesaual. Isto acon
pológica da linguagem e do discurso em tece especialmente em relação à noção
sua relação com o discurso histórico vol de que o conto contado pelo historiador
ta·se para suas implicaçãee com relação natlativo é uma estória uverdadeira",
à natureza dos objetos estudados pelos e não "inventada". 'Verdadeira" é en·
historiadores. A teoria parece implicar tendida aqui como conforme ao "que
que esses objetos não são encontrados realmente aconteceu", enquanto o uque
no mundo real (mesmo se esse mundo realmente aconteceu" é considerado
real for um mundo plesado), mas MO como tendo sido uma fOl'ma de vida
antes construções da linguagem, obje humana, individual ou coletiva, com o
tos espectrais e irreais, poética ou reto contorno e a estrutura de uma estória.
ricamente "inventados" e cuja existên A teoria tropológica, ao sugerir que
cia se lt!l5tringe aos liVIW. A teoria, nu uma estória só pode ser uma constru
ma palavra, enfatiza as funções poéti ção de linguagem e um fato do discur
CAS (auto-referentes), conativas (afeti so, parece minar a legitimidade das
vas) e sobretudo meta\ingüisticas (codi pretensões à verdade do modo tradicio
ficadoras) do discurso histórico às ex nal do discurso histórico, a narJativa.
pensas de SUAS funções referenciais Assim, enquanto parece dissolver as
36 ESTUDOS HISTÓRICOS - 1994/13
plena const:iência de seu próprio aspecto sos científicos e tradicionais; pode Ber
figurativo. Longe de implicar que a aná relativamente livre, como em todo du.
lise tropológica seja um jogo frivolo, a curso literário ''modernista''; ou pode
teoria tropológica implica que devemos ser uma combinação de práticas du.
repensar a própria distinção entre dis cursivas formalizadas e livres. No se·
curso sério e não-8ério. Quando os críti gundo e no terceiro casos, a tropologia
cos tropológicos analisam a estrutura oferece uma perspectiva melhor para a
tropológica de um texto, eles estão fa teoria da invenção discursiva do que 08
lando sobre fatos fato.. de linguagem,
-
modelos lógico ou gramático de discur
de discurso e de textualidade - lI,esmo sividade. E desde que a historiografia
se estão falando numa linguagem que em geral tendeu e ainda tende a per
sabem ser tão figurativa quanto literal. manecer uma combinação de práticas
Eles estão se referindo a coisas que discursivas governadas por regias com
percebem ou acreditam perceber no tex práticas livres, a tropologia tem espe
to, mesmo se estão se referindo tanto na cial relevância para o esforço de com
maneira indireta da fala figurativa preendê·la.
quanto na maneira direta da fala litera A tropologia é especialmente útil pa
lista. Deve então seu discurso ser levado ra a análise da historiograflB nanati
lia sério", como "realmente significando" va, porque a história nanativa é um
o que diz? E claro que sim, mas apenaR
•
outros. podem ser testadas. Nas nana filósofos e historiadores. sobre a questão
tivas históricas, as fOl'l119S�de--enredo do �ível status da hiatória como ciên
dominantes utilizadas por uma cultu cia.26 A questão da narrativa foi levan
ra para "imaginar" os diferente. tipos tada neesa discussão, rnae primordial
de significado (trágico. cômico. épico. mente em tellU08 de sua adequação ao
farsesco etc.) que uma forma de vida objetivo e aos propósitos do discurso
distintivamente humana pode ter são cientifico. Um lado. nesse debate. sus
testadas contra a informação e o co tentava que. se os estudos históricos
nhecimento sobre as formas especifi fossem ser transfOJ"lI1Rd06 numa ciên
cas que a vida humana teve no passado. cia, o modo nanativo do discurso, sendo
Nesee processo, não apenas as formas por natureza manifestamente ''literá
passadas de vida humana são dotadas rio", era ineesencial para o estudo e a
dos tipos de significado encontrados escrita da história. O outro considerava
nas formas de ficção produzidas por que a nanativa era não apenas um
uma dada cultura, mas 08 gXB\l8 de modo de discurso. mas também. e o que
"verdade" e ''realismo'' dessas formas é mais importante. um modo especifico
de ficção em relação aos fatos da reali de explicação. Embora a explicação nar
dade histórica e ao nosso conhecimento rativa diferisse do modo de explicação
histórico dessa realidade podem ser (nomológico-dedutivo) dominante nas
medidos. Essa relação entre a inter ciências flSicas, ela não devia ser consi
pretação histórica e a representação derada inferior a ele. era especialmente
literária diz respeito não apenas a seu adequada à representação dos eventos
interesse mútuo em estruturas-de-en históricos em cont.aste com 05 naturais,
redo genéricas. mas também ao modo e poderia portanto ser usada com per
nal'lativo de discurso que elas parti feita propriedade para a explicação de
lham mutuamente. eventos especificamente históricos. Es
se debate especifico se encenou em al
gum momento da década de 1970. da
maneira como se pode esperar que um
v debate filosófico se encene: com um
compromisso. Foi decidido. por consen
E porque o discurso histórico utiliza so geral. que a nal'lativa era adequada
,
queria não tanto o uso de váriAS disci rias da discursividade, Barthes pensa
plinas estabelecidas para a anãlise de va que isso acarretava o abandono da
um objeto de estudo tradicionalmente (Iestrutura narrativa". Ele pensava
definido, como a invenção de um novo que, plrque a na.rtativa havia sido "de_
objeto que não pertenceria a qualquer senvolvida dentro do caldeirão da fic
disciplina estabelecida em particular.36 ção (nos mitos e nas primeiras epo
Barthes oferecia "o texto", em sua con péias)", ela era por conseguinte ineren
ceitualização moderna, lingüístico-6e temente inadequada para servir corno
miótica, como esse objeto. Se acompa tio sinal e a prova da realidade" em
37
nhal'lll05 as implicações dessa sugestão, quaIquer d·ISCUrsO.
44 ESTUDOS HISTORlCOS - 1994/1S
•
toriográfic:a trata d-zsB qucstão: MetaJt.is plantou o discurso oratório, assim oomo a
tol'y: the historieal im.agiturtioll in t/&e nine prática da "perita" e da "filologia" suplan
f"""th celltury (Baltimore, 1973); Th" tropic8 tou a retórica oomo ciência geral da lingua
ofdiscolU'8e: es""Ys ill cultural criticu.m (Bal gem. O problema te6rico da efLnita da
timore, 1978); e TI", COII"",t of ti", foro.: história tomou-se então a :P pe;6cação da
lIarratiue CÜ8COUl'8e alld /oisl<>rical repre relação da história com a "literatura", mas
seJltotion (Baltimore, 1986). Eeses trabalhos como a literatura era nonnalmente pensa
constituem o pano de fundo deste enseio e da oomo um produto misterioso da " criativi
por isso não os citarei repetidamente. dade p:>ética". não havia solução possível
4. Ver Christopher Nom.., ''NalTative para o problema. Quanto à relação da histó
theory or theory-as·narrative: the politics of ria com a filologia, íCCOnhec:ia-e8 geralmen
'p>St-modem'reasnn", em Tlle oontest of la te que a filologia era simplesmente "o
..: philosophy ClI,d tlleOry afI.er clooollS
culti método histórioo" aplicedo ao estudo dos
tructior, (Londrw e Nova York, 1985), cepo l. fenômenos lingüístit))s. Mas como "o méto
do histórico" }X)r sua vez era visto como
5. Thntei tratar deSSB questão no ensaio simplesmente "o método filológico" aplicado
'The problem of .tyle in realistic repre
ao estudo do registro histórioo (documen
sentation: Marx and Flaubert", em The
tal), o problema do método permanecia pre
concept of style, org. por Berel Lang (phi
so DUm círculo tautológico do qual não havia
ladelphia, 1979), 213.229. Mas sugiro ver saída. Ver meu ensaio "Rethoric and his
também o brilhante livro de Stephen
tory", em Hayden White e Frsnk E. Manuel,
Bann, The clothillg of C/io: a study of ti..
T/IeOM ofhu.I<>/':y: C/al'k Memorial Library
representation ofhistoly in nit&.eteenth cen
Papers (Los Angeles, 1978), e Lionel Gess
tllry Britain and France (Cambridge,
man ''History and literatura: reproduction
1984), • sua soberba resenha por Linda
or signification", em The writi.ng of history:
Orr em Hiswry ClI,d Theory, XXIV, 3
lilerary (orm8 and historical under
(1985), 307-325.
standi1lg, org. por Robert H. Canary •
6. O melhor resumo da importância do Henry Kozicki (Madison, 1978). Para lima
trebalho desses filósofos para a teoria do eXJXl8ição da "filologia" oomo pseudCH::iên�
texto histórico é '1'he dilemma af contem eia, ver Hana Aarsleff, F'rom Locke I<> 8a"8-
porary Anglo·Americen philosophy of his ,1U": essi1!fS 011 ti", st>,dy of /allgltage alld
levou ao desprezo geral da retórica }X)r toda 10. Discuto as teorias de Ricoeur em
a alta cultura ocidental. A "literatura" su- '"Ihe metaphysics ofnarrativity: time and
46 ES11JOOS HISTÓRlOOS - 11Xl4/13
disoourse and the experiences af time in O'Jntêm um grande m'lmero de falácias lógi·
Riooeur'a thought", em A la l'echel'cJU! dll
•
t"e recoding af C1n. academic discipline Past and Present, 5 (nov 1979), 3-24; Ja
(Berkeley e Los Angeles, 1986), 81. mes Henretta, ''Social history as live<! and
20. Arnaldo Momigliano, "La retorica writtentt, American Historical Review, 84
deUa storia e la atoria della retorica", Sui (1979), 1293-1322; Bernard Bailyn, "'Ibe
fondamenti della ato/ia antica ('furim, challenge ofmodern hi8toriography",Ame
1984), 486. Este texto é lima crítica do meu rkan HiBtorica1 Review, 87 (1982), 1-24;
trabalho, basicamente hOBti.l masjusta. Não Emma nuel Leroy Ladurie, The tenitory of
vou analisar a retórica do proprio discurso tlle hiatorian, traduzido por Ben e Sian
de Momigliano, mas se Cosee fazê-lo, talvez Reynolds (Chicago, 1979), ll1f.; e Domi
comei"88se pelo título deste ensaio. nick LaCapra, History and criticism (Itha
ca • Londres, 1985), capo 1. Diga-ee que o
21. Idem, ib.
livro de LaCapra é mais uma defesa da
22. Gene H. Bell-Vt1lada, "Criticism historiografia retórica do que da historio
and the .tete (political and otherwise) of grafia narrativa per se.
the Americas". em Criticism in lhe u,l.iver
29. Ver Fredric Jameson, "Foreword"
sity: 1}'iquartel'ly Series on CriticisT,." OJ,d
em Lyotard, op. cit., xi. The political Im.
Cltlfure, nO 1 (Evanston, 1985), 143.
co1l.8cious: naJ'ratiue as a socially symbolic
23. Ver nota 3. act (lthaca, 1981), de Jameson, é uma de
24. Sobre as funções da si tuação de fala, fesa extensa, fundamentada e JXXlerosa
ver Roman Jakobson, "Closing statement: dessa visão.
linguistiC5 and poetics", em Style iu. lwi.
30. Ver Christopher N orris, 'Thilo
gltage, org. por Thomas A. Sebeok (Cam
sophy as a kind of nauative: Rorty on
bridge, 1978), 350-358.
postmodern liberal culture", em op. cit.
25. Roland Barthes, ''Le discours de
31. "Considero que a temporalidade é
l'histoire" e ''L'effet de réel", em Le brois
aquela estrutura da existência que alcança
sement ck la leu'glte (Pari., 1984), 153-174.
a linguagem na narratividade, e que a nar
26. Esse debate foi exaustivamente le ratividade é a estrutura da linguagem que
vantado por Ricoeur, TIme and It.Q1,,.a#ue, I I
tem na temporalidada seu referente último.
capo 4, mas ver também Anketsmit, op. cito Sua relação é portanto recíproca." Paul Ri
27. Ver Barthes, op. cit.; Julia Kristeva, coeur, '�arrative time", Clitical /llqllil'y, 7,
'The novel as polylogue". em Desire in 1 (outono 1980), 169.
langlLage: a semiotic approacA to literalure 32. Sinto não poder desenvolver mais
and art, traduzido por Thomas Gora, Alice extensamente aqui esta noção. Se eu tives
Jardine e Leon S. Roudiez (Nova York, se espaço, diria mais ou menos o seguinte:
1980), capo 7; Jean-François Lyotard, Tile em geral se concorda que a narrativa his
postmodern cOlldition: a report 011 k"ow· tórica produz conhecimento-corno-com
ledge, traduzido por GeofT Bennington e preensão através daquilo que W. H. Walsh,
Brian Massumi (Minneapolis, 1984); Jac já em 1951, chamava de "coligação". Ver
ques Derrida, f'Ibe law of genren, Critical seu Philosaphy af histol'y: cu, intl'oouction
bUl'ti/y, 7, 1 (outono 1980), p. 55-82; Co (Nova York, 1960), 59-66. Louis O. Mink
hen, op. cit., introdução, capo I, conclusâo. tomou essa noção e a desenvolveu em sua
A questão da nallativa na escrita históri concepção do modo llconfiguracional" de
ca é discutida em Pietro Rossi, org., La pensar, que ele identifica com a compreen
teDlia cklla storiografiaoggi (Milão, 1983), são histórica (em contraste com os modos
com colaborações de Danto, Mommsen, "teórico" e "categorial"). Ver especialmente
Furet, KoseUeck, Dray, Winch .t alia. Ver seu "History and fiction as modes of com
também o provocativo estudo de Jean Pier prehension", New Litel'Q1y Histoly, 1, 3
re Faye, Théorie du récit· inb'oouction aux (primavera 1970), 541-558. Ricoeur usa a
'1eul{Joges totalitaireJj (Paris, 1972).
"
noção de Ilconfiguração" como a peça cen
28. Laurence Stone, "The revival ofnar tral de sua defesa da narrativa como wn
rative: reflections on the old new historytt, "enredamento" tanto na historiografia
48 ESTUDOS HISTÓRICOS 1994/13
-
quanto na escrita ficcional. Ver TIme and é interpretado como uma fase do desenvol
nl1l7'ative , II cap. 2; e o volume 11 desta vimento do realismo na qual a Uhistória" ê
obra, que tem o subtítulo de 'The configu. reprimida. Sobre o tópico do realismo na
ration Df time in fictional narrative", Tal crítica moderna, ver Renê Wellek, "The
oomo analisadas por esses teóriOO8, as ope concept of realism in literary 8cholarship",
rações de llcoligação" e "configuração" (e o em Concepts of criticism (New Haven e
uenredamento" de Riooeur) parecem ser Londres, 1967), 222-255.
exatamente aquilo que a "sinédoque" im 34. Este é o tema explícito do Pables of
plica, ou seja, o ato tropológico de "agarzar
, aggT'ession: II!Yndham Lewis. ti", mockr
junto", E claro que a relaçáo da sinédoque nist as faseist (Berkeley/I"" Angeles/Lon
com a simbolização é manifesta : você só dras, 1979), de Fredric Jameson.
JXlde "agarrar juntoU o que já foi antes
35. Existe uma vasta literatura sobre o
"atlemessado juntd'. Sobre a figura da
assWlto, mas todo o desenvolvimento tan
einédoque, ver Heinrich Lausberg, l-Iand
to do historicismo quanto do debate sobre
buc" der literarischen Rhetorik (Munique,
eJe foi levantado com autoridade por Georg
1960), seções 572-577.
Iggers, The Gerrnan conception. of histo,)':
33. A formulação clássica é a de Erich
the national traditiOl< ofhistorical t/wught
Auerbach, Mimesis: the representation af
from l[erder to the pl'esent (Midd.letown,
reality in Weste17' literatllre, traduzido por
1968).
Willard R. Trask (princeton, 1968), capo
17-18. 'lbdo o trabalho de Georg Lukacks 36. Roland Barthes, "Jeunes cher
sobre o realismo na literatura do século cheurs", Communications, 19 (1972), 1-5.
XIX é impregnado dessa mesma idéia, mas 37. Barthes, uLe discours de l'histoire",
para uma consulta breve relativa à nana em Le bruissement de la lcu'Clle , 166.
tiva, ver seu UNaaate ar describe'r' em
Wiiter and critic, and otltel' e8sqys, traduzi
do por Arthur D. Kahn (Nova York, 1971),
110-148. Fredric Jameson desenvolve ain Nota: Este texto foi enviado para publi
da mais a acusação Jukacksiana em The cação JX> r Hayden White. A tradução é de
political unCOnsCiOllS, onde o modernismo Dora Rocha.