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No grande mar azul, junto às grandes rochas roídas pelas ondas e pelo vento, vivia um
pequeno caranguejo verde. Gastava o dia a trepar pelas muralhas de pedra, em correrias
desengonçadas. De tão desajeitado, todos troçavam dele.
Voavam as brancas gaivotas no ar e no seu voo liso, pareciam preguiçosas bailarinas cansadas
de dançar. Às vezes pousavam nas rochas negras; o pequeno caranguejo ficava a olhá-las,
enquanto penteavam as longas penas finas, brancas, com a vaidade de quem se sente belo e
admirado. As penas velhas caíam sobre as pedras, mas mesmo essas eram ainda tão leves e
macias que o caranguejo verde, de casca dura, rugosa, sonhava ter um vestido assim lindo,
leve, branco como uma espuma, um vestido que o fizesse voar.
Então, em segredo, todas as noites, quando os bichos dormiam e as próprias estrelas piscavam
os olhos de sono, o pequeno caranguejo saía da sua toca para apanhar as penas caídas. Tantas
foram juntando, tantas e tão belas, que o feio esconderijo de pedra mais parecia um ninho de
pássaros.
Já ninguém agora via o caranguejo trepar pelos rochedos, arrastado e triste, pois o seu prazer
era unir as penas, de forma a arranjar um vestido da mais fina penugem, com longas asas
brancas como as das gaivotas, para parecer uma delas.
- Nunca mais se viu… Terá fugido com vergonha de ser tão feio! – respondiam os peixes, e as
ondas brincalhonas ficavam a cantarolar:
O caranguejo fingia nada ouvir, continuando a trabalhar no seu disfarce. Faltava-lhe só uma
troca de penas. Os polvos peganhentos e senhores de tantos braços, que viviam também nas
rochas, andavam intrigados, censurando entre si:
- Ora esta, ir-se embora sem avisar os vizinhos! Este caranguejo, afinal, não presta para nada e
ainda por cima é malcriado!
O caranguejo ria, ria sozinho ao escutar tais conversas, no seu buraco, mascarando de gaivota.
Interpretação do texto
1. “No grande mar azul, junto às grandes rochas roídas pelas ondas e pelo vento, vivia um
pequeno caranguejo verde.”
1.1. Indica as personagens do texto.
2.«Este caranguejo, afinal, não presta para nada e ainda por cima é feio e malcriado! -
Disseram os colegas.»
- Nunca mais se viu… Terá fugido com vergonha de ser tão feio! – respondiam os peixes, e as
ondas brincalhonas ficavam a cantarolar: