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Ele

(RASCUNHO : JOSH LE FAY)

Eu gostaria de saber quando foi que me apaixonei por ele, mas não tenho essa lembrança. Pode ter
sido algo imediato, ou não, só sei que um dia lá estava eu olhando para ele de uma forma diferente.
Não era mais apenas o primo chato da minha amiga, aquele que adorava me pregar peças quando
éramos jovens. Aliás, pequeno era algo que ele não tinha mais em lugar nenhum.

Quando foi que Joshua havia se tornado aquele homem de quase 1,90 m, com aquela barba por fazer e
aqueles músculos que o faziam parecer com o príncipe encantado? Certo, ele não era o príncipe
encantado, mas aquele sorriso torto, de lado, fazia minhas pernas bambearem e meu coração disparar,
o que era muito incômodo, porque eu deveria saber que um homem como ele, quando sorria daquele
jeito, só queria uma coisa, e não estava ligado a um relacionamento estável e do tipo felizes para
sempre.

Eu não me lembrava de que ele tinha aquele sorriso torto... Será que existia quando passamos nossa
adolescência juntos na fazenda dos pais de Sarah? Era uma espécie de tradição nossa. Sarah é minha
melhor amiga desde o jardim de infância. Acho que se tivéssemos nascido na mesma maternidade já
seríamos amigas aí. Os pais de Sarah são, tipo assim, bilionários e, bem, para mim foi uma grata
surpresa conhecê-la e saber que ela não era aquele tipo de pessoa que primeiro olha sua conta
bancária para depois dizer se você é boa ou má pessoa. Ainda bem, pois se dependesse da minha conta
bancária, Sarah teria corrido há muito tempo. Mas minha vida financeira não vem ao caso, ainda...

Mamãe é professora, era, e ela havia cruzado o país para aquele emprego, em uma escola superchique.
Acho que se fosse apenas para dar aulas, ela não teria feito aquela mudança, em especial por ter que
deixar papai. Mas, como sempre, ela me colocou em primeiro lugar. Eu poderia estudar e ter uma
formação que pessoas como a gente dificilmente teriam acesso. Não que não seja grata a mamãe, pois
os melhores anos da minha vida passei naquela escola e, claro, ganhei a amizade de Sarah. Isso por si
só é um baita presente da vida.

Não posso dizer que não fiquei revoltada quando ela disse que teríamos que nos mudar, que eu teria
que perder mais pessoas. Ainda me lembro de ter dito para ela que ela não tinha coração por deixar
papai para trás. Foi um período complicado. E em minha defesa, gostaria de dizer que eram os
primeiros hormônios da adolescência falando mais alto, mas hoje sei que não eram, era apenas a dor
da perda de toda uma realidade que eu conhecia e estava confortável em ter. Mudanças nunca são
fáceis, em especial para mim.

A mudança foi muito rápida e logo estávamos já em um apartamento minúsculo, em um bairro nem
um pouco agradável, pelo menos para mim naquela época. Puxa! Nós tínhamos uma casa com um
quintal tão lindo, nosso bairro era florido e os vizinhos sabiam da vida de todo mundo – essa parte não
era tão legal. E, de repente, lá estávamos nós, em um apartamento com um quarto apenas, uma sala
que mal cabia três pessoas e uma cozinha que dificilmente poderia comportar duas pessoas. Isso sem
falar no bairro. Não era violento, mas também não era aquele em que os vizinhos plantavam flores e
cuidavam da grama, só para ficarem do lado de fora de suas casas para descobrir o que rola na
vizinhança. Era algo frenético, com um cheiro que misturava sujeira e peixe frito – obrigada ao senhor
Chang por me fazer odiar peixe frito para todo o sempre – sem falar que vários muros tinham o que
poderia ser um meio termo entre grafite e pichação.

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