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Oliveira Holzhacker Denilde. Wanderley Guilherme dos Santos, Razões da desordem,, 1994. In: Lusotopie, n°6, 1999.
Dynamiques religieuses en lusophonie contemporaine. pp. 508-509;
http://www.persee.fr/doc/luso_1257-0273_1999_num_6_1_1295_t36_0508_0000_1
O autor ressalta que isso não chega a rindo as razões necessárias para um
criar o caos na sociedade brasileira, mas recomeço, através da escolha livre e do
proporciona a existência de várias sobe- processo democrático avançado.
ranias concorrentes. Denilde Oliveira Holzhacker
Para chegar as conclusões sobre a Universidade de São Paulo, Dpt° de Ciência
poliarquia brasileira Santos analisa as política,
formas de organizações sociais e pro- Núcleo de Pesquisa em Relações internacionais,
fissionais que prevalecem no país, como Clodoaldo BUENO & Amado Luiz
se dá o processo de participação CERVO, História da Política externa
eleitoral e também como as demandas brasileira, São Paulo, Editora Ática,
são encaminhadas pelos governos. A 1992, 432 p.
análise dos dados sugere que existe um O livro de Cervo e Bueno tem o
grande número de pessoas que dispensa mérito de resgatar a história da Política
o recurso do voto como mecanismo de externa brasileira desde a independência
participação, que revela-se indiferente a até os dias atuais. Os autores apresen-
participação política de forma geral e tam a atuação externa do país numa
ignora os laços entre políticos e eleitores. perspectiva história e, diferentemente de
Um grande número nega ter participado outros manuais sobre o assunto, não se
de qualquer conflito, ou seja, brigas, concentram em episódios de negocia-
divórcios, assaltos, etc. ções políticas e militares da ação diplo-
Os brasileiros transitam entre um mática e sim nos aspectos mais estru-
sistema poliárquico e não-poliárquico. turais da história externa do Brasil1.
Esse intercâmbio provoca um efeito ma- Consolidar o conhecimento elabora-
léfico na cultura cívica do país e diminui do sobre as relações internacionais no
a probabilidade de sucesso das políticas Brasil e o dar uma nova interpretação
governamentais, já que o governo ela- histórica foram os principais objetivos
bora grande quantidade de regulamen- dos autores nessa obra. Essa nova inter-
tação que não é conhecida nem usu- pretação histórica significa considerar na
fruída por parcela da sociedade. análise dos acontecimentos os aspectos
Um exemplo do tipo de atitude do de natureza histórica e estrutural. Para
brasileiro que transita nos dois sistemas isso, Cervo e Bueno fizeram uma leitura
(poliárquico e não-poliárquico) é o de atenta dos relatórios da chancelaria
votar conforme as regras da cidadania, brasileira.
mas não dar queixa à polícia quando foi A análise dos autores foi divida a
roubado. Indo além, passar a andar partir de três grandes períodos da histó-
armado para se proteger contra outros ria política do País. A primeira parte do
possíveis roubos. livro, de responsabilidade de Amado
Quando votamos estamos dentro Cervo, se refere ao período histórico do
dos limites da poliarquia, mas quando pós independência e da época do im-
somos roubados e não damos queixa pério brasileiro (1822-1889). Nessa pri-
transitamos para o outro extremo. Há o meira parte, a Política externa brasileira
grupo que além de não utilizar as insti- é analisada a partir de quatro variáveis :
tuições, buscando a justiça, despreza o sistema internacional e os objetivos
totalmente o sistema quando decide dos estados dominantes ; a inserção do
proteger-se por conta própria. continente americano nesse sistema ; a
Para que as políticas públicas sejam herança colonial brasileira e as suas
eficientes precisam corresponder os estruturas sociais. As questões que
valores públicos, ou seja, devem repre- envolvem o reconhecimento do país
sentar as expectativas que os indivíduos como nação independente e como a polí-
possuem do governo. tica externa do país se movia entre as
As discussões sobre um modelo de zonas de pressão da Europa e do Prata
representação que garantam a eficácia são tratadas por Cervo. Observa-se que
governamental deve estar associada a no pós-independência a relação dos país
uma discussão sobre a cultura política com as nações mais desenvolvidas se
do país. O processo eleitoral não é o manteve subalterno e que uma série de
único problema do regime político tratados foram considerados prejudiciais
brasileiro, mas deve-se considera a falta para o interesse do País nos documentos
de uma cultura cívica que sustente as da época. A relação com o Prata tevê
políticas governamentais. momentos mais críticos, principalmente
O ingresso do país na modernidade no relacionamento com Buenos Aires.
do século XXI depende de como será 1. Ver P. Almeida ROBERTO, « A nova
resolvido as questões institucionais. história diplomática », Política externa
Com isso, o autor encerra o livro suge- (São Paulo), 1(2), 1992 : 198-206.