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que cuidou mais em fazer uma riqueza fácil do que planejar. A habitação em cidades
associa-se a manifestações do espírito e da vontade. A construção de cidades foi um
eficiente instrumento de dominação ao ser, no mundo helenístico por exemplo, o meio
pelo qual foram criados órgãos locais de poder, segundo Max Weber.
Pouco importa aos nossos colonizadores a disciplina, se não for para servir
aos seus interesses imediatos. A forma em que nossas cidades se dispunham, comparadas
às da América Espanhola, é um reflexo disso. A cidade que os portugueses construíram
na América não contradiz o quadro da natureza, sua silhueta se enlaça na linha da
paisagem. Nenhum rigor, nenhum método. O princípio que norteou a atividade
colonizadora dos portugueses foi a rotina, não a razão abstrata. A ordem que aceitam é a
do semeador, desleixada e livre, não a do ladrilhador, feita com o trabalho dos homens.
Portugal, por esse aspecto, não tem problemas. Sua unidade política ocorreu
no século XIII, antes de qualquer outro Estado europeu moderno. Isso foi possível pela
vontade de não influenciar no curso dos acontecimentos, em detrimento da ambição de
arquitetar o futuro. O catolicismo acompanhou a metrópole no relaxamento. Os monarcas
portugueses, nas terras descobertas, exerciam o poder sobre os assuntos eclesiásticos,
como indicação de candidatos ao bispado, por conta própria e conveniências
momentâneas. Como corporação, a Igreja podia ser aliada e cúmplice do poder civil,
como indivíduos, os religiosos lhe foram constantemente contrários.
Notas ao capítulo 4
1. Vida intelectual na América Espanhola e no Brasil
Estima-se em 150 mil o número de estudantes diplomados na América
espanhola. No mesmo período (1775-1821), o número de naturais do Brasil graduados
em Coimbra foi de 720. Em todas as principais cidades da América espanhola existiam
estabelecimentos gráficos por volta de 1747, ano em que surge o primeiro no Rio de
Janeiro. Livros já eram impresso na Cidade do México desde 1535.