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A Indúst. Espac. Brasil.

: Alternativas para a Sua Sustentação Utilizando Técnica de Análise da Matriz Swot

A INDÚSTRIA ESPACIAL BRASILEIRA: ALTERNATIVAS PARA A SUA SUSTENTAÇÃO


UTILIZANDO TÉCNICA DE ANÁLISE DA MATRIZ SWOT

Carlos Alberto Gonçalves de Araujo*

RESUMO
O avanço tecnológico, a partir de meados do século passado, tem contribuído para
um crescimento sistemático do mercado espacial, sobretudo pelos países mais
industrializados. Todavia, desde os primórdios da chamada corrida espacial, o Brasil
demonstrou interesse em fazer uso desses recursos contando com o então Centro
Técnico Aeroespacial (CTA), em projetos de acesso ao espaço, e o Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (INPE) dando ênfase no desenvolvimento de satélites e
subsistemas afins. O objetivo deste trabalho é propor orientações estratégias com a
finalidade de dar sustentabilidade à indústria espacial brasileira, como um dos elos
do sistema espacial, em parceria com o governo, centros de pesquisa e recursos
humanos especializados. Para tal, efetuou-se uma análise dos ambientes externo e
interno visando identificar oportunidades e ameaças e pontos fortes e fracos. Para o
ambiente externo, realizou-se uma pesquisa bibliográfica e, no interno, aplicou-se um
questionário a peritos com larga experiência no campo espacial. Processou-se essa
gama de informações utilizando a técnica da análise da matriz SWOT1, que permitiu
fazer um mapeamento do nosso sistema espacial e definir vetores estratégicos com
vistas a criar condições de sustentabilidade para a indústria nacional nessa área.
Palavras-chave: Espaço. Indústria. Lançador de Satélite. Satélite. Desenvolvimento.

THE BRAZILIAN SPACE INDUSTRY: ALTERNATIVES FOR ITS PRESERVATION UTILIZING


THE SWOT MATRIX ANALYSIS TECHNIQUE

ABSTRACT
Since the middle of the last century, technological progress has contributed to a
systematic growth in the space market, especially by industrialized countries.

1 A análise da matriz SWOT possibilita estabelecer estratégias em função do aproveitamento das


oportunidades e dos pontos fortes para reduzir a intensidade de pontos fracos e proteger-se de
ameaças. O acrônimo vem de Strenghts, Weaknesses, Opportunities e Threats.
____________________
* Graduação em Engenharia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Especialização
em Análise de Sistemas, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e o
Mestrado em Sensoriamento Remoto no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Durante o período de 1989 até 1993 foi Presidente da Comissão Técnica de Cartografia Especial
da Sociedade Brasileira de Cartografia. Atualmente pertence ao Corpo Permanente da Escola
Superior de Guerra. Tem experiência na área de Cartografia, com ênfase em Sensoriamento
Remoto, Geodésia e Cartografia Digital.

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Carlos Alberto Gonçalves de Araujo

However, since the beginning of the so called “space race”, Brazil has shown interest
in making use of these resources, supported by the Aerospace Technical Center (CTA
acronym in Portuguese) in projects of access to space, and the National Institute for
Space Research (INPE-acronym in Portuguese) with emphasis on the development
of satellites and of related subsystems. The objective of this study is to propose
strategic guidelines to sustain the Brazilian space industry, as one of the links of the
space system, in partnership with the government, research centers and specialized
human resources. So, it was analyzed the external and internal environments, to
identify opportunities and threats, as well as strengths and weaknesses. For the
external environment, a bibliographical research was conducted, and for the
internal environment, a questionnaire was applied to experts with extensive
experience in the space area. This information was examined using the analysis
technique of Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats (SWOT) matrix,
which produced a mapping of our space system and set strategic vectors in order to
create sustainable conditions for the local industry in this area.
Keywords: Space. Industry. Satellite launcher. Satellite. Development.

LA INDUSTRIA ESPACIAL BRASILEÑA: ALTERNATIVAS PARA SU APOYO UTILIZANDO


LA TÉCNICA DE ANÁLISIS DOFA

RESUMEN
Desde mediados del siglo pasado, el progreso tecnológico ha contribuido a
un crecimiento sistemático en el mercado espacial, sobre todo por los países
industrializados. Sin embargo, desde el comienzo de la llamada carrera espacial,
Brasil ha mostrado interés en hacer uso de estos recursos, basándose en el
entonces Centro Técnico Aeroespacial (CTA) en proyectos de acceso al espacio,
y el Instituto Nacional de Investigaciones Espaciales (INPE), con énfasis en el
desarrollo y de satélite subsistemas relacionados. El objetivo de este estudio es
proponer lineamientos estratégicos con el fin de sostener la industria espacial
de Brasil, como uno de los eslabones del sistema de espacio, en colaboración
con el gobierno, centros de investigación y recursos humanos especializados.
Por lo tanto, el análisis se ha realizado de los entornos externo e interno, para
identificar oportunidades y amenazas, así como los puntos fuertes y débiles.
Para el medio ambiente externo, una investigación bibliográfica se llevó a cabo,
y para el ambiente interno, se aplicó un cuestionario a los expertos con amplia
experiencia en el área de espacio. Se procesa esta gama de información, utilizando
la técnica de análisis DOFA de las fortalezas, debilidades, oportunidades y
Amenazas, que produjo un mapeo de nuestro sistema de espacio y establecidos
vectores estratégicos con el fin de crear condiciones sostenibles para la industria
nacional en este ámbito.
Palabras clave: Espacio. Industria. Cohete Lanzador. Satélite. Desarrollo.

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1 ANTECEDENTES

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, surgiu no cenário internacional uma


rivalidade bipolar de base ideológica, entre dois blocos antagônicos, capitaneados
pelos Estados Unidos da América (EUA) e pela então União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas (URSS). Essa disputa de poder, conhecida como Guerra Fria, fomentou a
área científica & tecnológica, em especial no campo espacial, resultando em um
vertiginoso crescimento do complexo industrial em todo o mundo, principalmente
nos países protagonistas desse embate.
Fruto dessa conjuntura, os soviéticos, talvez com o intuito de minimizar a
desvantagem em relação aos EUA no campo nuclear, sai na frente na chamada “Corrida
Espacial” e lançaram o primeiro satélite artificial da série Sputinik2, em 1957.
Todavia, em 1958, os americanos criaram a National Aeronautics and Space
Administration (NASA) com o objetivo de coordenar o seu ambicioso programa
espacial, com um vasto portfólio de atividades, e, nesse mesmo ano, colocaram em
órbita o Explorer I, seu primeiro satélite artificial.
No início da década de 1960, o Brasil começou a dar os primeiros passos nas
atividades espaciais com o então Centro Técnico Aeroespacial (CTA), subordinado
ao Comando da Aeronáutica, onde nasceram os projetos de foguetes, em
cooperação com a NASA, pertencentes à família SONDA3 (OTERO, 2014). Nesse
contexto, cabe destacar a participação da Avibras Indústria Aeroespacial S/A como
precursora da iniciativa privada nacional nesse segmento, que, além de fazer parte
do empreendimento citado junto ao CTA, também esteve envolvida nos estudos
e na produção de propelentes sólidos e de plataformas de lançamento (AVIBRAS,
2016).
Em 1971, com o intuito de ampliar o espectro de aplicações no campo
espacial, visando ao desenvolvimento de satélites e sensores orbitais, recepção e
processamento de imagens de sensoriamento remoto, entre outras, foi criado, pelo
Decreto Presidencial no 68.532, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE),
subordinado, na época, ao Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), atual Conselho
Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico, e principal órgão civil para
pesquisas nesse segmento.
Em 1986, a explosão do ônibus espacial Challenger, poucos segundos após
o seu lançamento, transmitida em tempo real pelas emissoras de televisão, causou
comoção no público telespectador que resultou em uma reavaliação das metas do
programa espacial dos EUA.

2 Satélite Sputinik I – um globo de 58 cm e 83 kg com a função básica de transmitir sinais de rádio nas
frequências entre 20,005 e 40,002 MHz. Os dados fornecidos ajudaram a identificar as camadas da
alta atmosfera terrestre.
3 Família SONDA - Série de quatro foguetes de sondagem (I, II, III e IV) com tecnologia de propulsão,
com base em propelente sólido.

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Nesse contexto, dá inicio a parceria entre países para a condução de seus


programas e projetos de cooperação, e o Brasil não ficou alheio a essa tendência
mundial. No final da década de 1980, concretizou um acordo com a China para
a construção de uma série de satélites de Sensoriamento Remoto4, denominado
China-Brazil Earth Remote Sensing (CBERS).
Frutos desse programa, até 2016, foram construídos cinco satélites, lançados
da base chinesa de Taiyuan, com investimento nacional na ordem de U$300 milhões.
Cabe frisar que, atualmente, cada país é responsável por desenvolver 50% do projeto,
e a indústria nacional está tendo uma participação ativa na construção dos vários
subsistemas, com a presença de mais de uma dezena de empresas (INPE, 2014).
No contexto internacional, a antiga rivalidade entre os EUA e a Rússia foi
substituída por um processo de cooperação em projetos de interesse comum, que
culminou com o estabelecimento de uma aliança para a construção da Estação
Espacial Internacional (ISS)5. Além desses dois países, participam ainda desse
empreendimento as agências espaciais da Europa (ESA), do Japão (JAXA) e do
Canadá (CSA) que têm como objetivo inicial a construção de um laboratório espacial
para realizar experimentos em ambiente de microgravidade (NASA, 2015).
O Brasil, apesar de atuação discreta, também integrou esse consórcio, a partir
de um acordo com a NASA, em 1997, para fabricação de algumas peças para a ISS
no valor de U$120 milhões e, como contrapartida, poderia utilizar o laboratório
para experimentos científicos. Entretanto, não angariou êxito nos compromissos
assumidos e, atualmente, não está mais na lista dos participantes do projeto (O
ESTADÃO, 2002).
Em 1994, criou-se a Agência Espacial Brasileira (AEB), órgão central do
Sistema Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais (SINDAE) 6, e
como executores tem-se o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o
Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespaciais (DCTA), as universidades com
a finalidade de formar os recursos humanos e as indústrias da base industrial de
defesa para dar suporte na construção de sistemas espaciais (ARAUJO, 2015).
Nos dias de hoje, o mundo apresenta grande competitividade entre os
principais players globais em todos os segmentos do mercado espacial. Portanto,
surge o seguinte questionamento: será que a nossa indústria possui capacidade
suficiente para se estabelecer nesse mercado, haja vista que os serviços constantes
dos projetos nacionais provavelmente não possuem uma demanda suficiente para
sustentá-las?

4 Satélite de Sensoriamento Remoto – satélites que transportam sensores para obter imagens da
superfície terrestre.
5 Estação Espacial Internacional – a construção deste laboratório espacial durou 13 anos e teve seus
módulos transportados pelos ônibus espaciais e montados no espaço. Em 2011, o empreendimento
foi concluído.
6 SINDAE – instituído pelo Decreto no 1.953, de 10 de julho de 1996.

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Para responder esse questionamento, será realizada uma análise sobre o


mercado internacional de produtos espaciais, a capacidade de nossas principais
empresas como também das reais possibilidades da inserção no contexto
mundial.
Cabe ressaltar que, segundo Oliveira (2014), a cadeia de fornecimento
de subsistemas, equipamentos e componentes para o segmento de satélites é
relativamente frágil, sendo formada por empresas de pequeno e médio portes, a
grande maioria está localizada na região de São José dos Campos, e que a Estratégia
Nacional de Defesa (END) prioriza para o setor estratégico espacial uma série de
ações, em que se pode destacar:

Projetar e fabricar satélites, sobretudo os geoestacionários, para


telecomunicações e sensoriamento remoto de alta resolução,
multiespectral, e desenvolver tecnologias de controle de atitude
dos satélites;
Desenvolvimento de atividades de fomento e apoio ao
desenvolvimento de capacidade industrial no setor espacial,
com a participação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria
e Comércio Exterior, de modo a garantir o fornecimento e a
reposição tempestiva de componentes, subsistemas e sistemas
espaciais (BRASIL, 2012).

Prevê ainda fornecer subsídios para que a Base Industrial de Defesa tenha
a capacidade de garantir tecnologia de domínio nacional às necessidades desses
produtos pelas Forças Armadas (BRASIL, 2012). Portanto, existe uma base legal
que motiva a indústria espacial brasileira a se capacitar para dar sustentação ao
Programa Espacial Brasileiro. Mas, como está esse mercado? Como nosso País está
posicionado no cenário internacional? Quais são as perspectivas de crescimento
desse mercado? Para responder essas perguntas, realizou-se uma análise do
ambiente externo e interno que possibilite estabelecer diretrizes estratégicas,
visando criar condições de sustentabilidade à indústria nacional.

2 ANÁLISE DO AMBIENTE

Com vistas a realizar a análise da matriz SWOT para a definição de orientações


estratégicas, identificam-se inicialmente as ameaças e as oportunidades no ambiente
externo e os pontos fortes e os pontos fracos no ambiente interno.

2.1 Ambiente Externo

No estudo do ambiente externo, decidiu-se desmembrar a análise em dois


contextos: global e regional.

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2.1.1 Ambiente Global

Nos últimos anos, o mercado da indústria espacial tem experimentado um


crescimento significativo em seus principais segmentos, que são: fabricação de
satélites, serviços de lançamentos, equipamentos de solo para garantir acesso ao
espaço e serviços de satélites, como pode ser verificado no Gráfico 1.

Gráfico 1 – Crescimento da Indústria Espacial no Mundo

Fonte: O AUTOR, 2016. Elaborado com dados extraídos da SATELLITE INDUSTRY ASSOCIATION, 2016.

Percebe-se um crescimento sistemático, destacando-se o setor de serviços


prestados, conforme se pode constatar na Figura 1, a seguir.

Figura 1 – Receita dos Segmentos Espaciais em 2015

Fonte: SATELLITE INDUSTRY ASSOCIATION, 2016.

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Em 2015, foram lançados ao espaço cerca de 200 satélites de diversas


partes do mundo. Esse número é quase o dobro dos 107 satélites em 2013, com
um predomínio significativo de americanos e europeus, uma receita de U$16.6
bilhões para a indústria de fabricantes, que representa um crescimento anual
médio de apenas 1%, o menor de todos os segmentos espaciais. A explicação dessa
inconsistência deve-se à tendência mundial, verificada nos dois últimos anos, com
a entrada de um grupo formado por pequenos satélites de baixo custo em forma
de cubo utilizado inicialmente em pesquisas científicas, mas com um crescente
emprego em aplicações comerciais, nas áreas de comunicações e de sensoriamento
remoto, chamados de CuboSat7 (SIA, 2016).

Figura 2 – Quantidade de satélites lançados

Fonte: SATELLITE INDUSTRY ASSOCIATION (SIA), 2016.

Fruto desse ambiente, na próxima década, existe uma expectativa de


lançamento de 353 satélites somente de sensoriamento remoto em todo o
mundo, resultando uma receita de aproximadamente U$36 bilhões anuais para
os fabricantes, o que significa um crescimento de 85% em relação aos últimos
dez anos (EUROCONSULT, 2014). Nesse contexto, não estão incluídos os satélites
geoestacionários de comunicações, meteorológicos, de coletas de dados, de
posicionamento e demais modalidades. Estima-se que, em proporções semelhantes,
serão beneficiados em especial os fabricantes e os prestadores de serviços, tais
como transmissões de televisão, internet banda larga, telefonia (móvel e fixa),
sensoriamento remoto, entre outros.

7 CuboSat - pequeno satélite definido segundo um padrão 1U, que é um cubo de 10 cm de aresta e, a
partir dessas medidas, pode ser derivado em 1U, 2U, 3U, 6U e outros.

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Cabe ressaltar que a prestação de serviço responsável por aproximadamente


60% dos recursos faturados é fundamental para a preservação e o crescimento dos
diversos segmentos da indústria espacial (SIA, 2016).
Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), a indústria espacial é classificada como um setor de alta intensidade
tecnológica e ocupa a ponta da escala de valor agregado, pois, para que possamos
ter uma noção da diferença de valores, enquanto o quilograma de satélite possui o
valor de U$50 mil, o quilograma de produto automotivo custa U$15, o quilograma
de produto eletrônico, U$100, o quilograma de foguetes, U$200 (AIAB, 2015).
Desde 2008, a Futron Corporation8 tem realizado uma série de pesquisas
visando identificar a capacidade de competitividade entre os 15 países mais
desenvolvidos no campo espacial chamado de Space Competitiveness Index
(SCI), como mostra o Gráfico 2. Para a análise desse índice, são considerados três
segmentos: governo, recursos humanos e indústrias, isto é, a participação do
governo com suas políticas bem definidas para o setor, inclusive de financiamento,
a capacidade de formação e disponibilidade de recursos humanos e uma sólida
base industrial em condições de prestar serviços e apoiar os projetos espaciais.
Entre os países sul-americanos, somente o Brasil e a Argentina estão incluídos neste
seleto grupo de potências espaciais e, no relatório de 2014, identificou-se que,
apesar de o nosso País ter apresentado um declínio nas suas atividades espaciais,
nos últimos anos, no período de 2013 a 2014, obteve um ganho de 0,30 pontos de
competitividade em relação à Argentina (BOUCHER, 2014).

Gráfico 2 – Índice de Competitividade Espacial

Fonte: FUTRON CORPORATION, 2012.

8 Futron Corporation – Empresa americana de consultoria do mercado espacial mundial.

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Segundo Schmidt (2011), a British National Space Center (BNSC) divide a


indústria espacial em dois segmentos: upsteam e downstream, sendo o primeiro
formado pelas indústrias fornecedoras de tecnologia espacial, e o segundo pelas
indústrias que utilizam desta tecnologia, conforme pode ser verificado no Quadro
1, a seguir:

Quadro 1 – Indústria Espacial

Fonte: Adaptado de BRITISH NATIONAL SPACE CENTER apud SCHMIDT, 2011.

Este trabalho pretende limitar o estudo com análise das indústrias nacionais,
envolvidas no segmento upstream, a fim de verificar a sua capacidade de sustentação
no competitivo mercado espacial. Para tal, torna-se necessário averiguar o estágio
de desenvolvimento do nosso entorno estratégico no campo espacial. Portanto, é
o que será visto a seguir.

2.1.2 O Ambiente Regional

O continente sul-americano vem acompanhando a tendência mundial na


utilização de engenhos espaciais com vistas a proporcionar melhor qualidade
de vida à sociedade contemporânea em relação ao atendimento de demandas
nas áreas de comunicações, controle de recursos naturais, além de pesquisas
científicas.
Inicialmente, parte dessas necessidades foi suprida pelos EUA, mas, ano
após ano, países da região têm optado por acabar com essa dependência e,
no caso de emprego de satélites, tem havido interesse acentuado dos nossos
vizinhos regionais no sentido de possuir os seus próprios engenhos espaciais
com objetivo de atender algumas áreas estratégicas, com destaque para as
telecomunicações e para o sensoriamento remoto, como podemos verificar no
Quadro 2, a seguir:

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Quadro 2 – Principais Satélites da América do Sul


Centro de
Quant Proprietário Satélite Cat Fabricante Lançador
Lançamento
1 NanoSatC-Br1 DNEPR 1 Baikonur
2 NanoSatC-Br2
3 Brasil ITASat 1 Brasil Falcon-9
4 Aesp 14 J-SSOD (Jap)
5 14-BISAT
6 Chasqui 1 1 Soyuz Kourou
7 Peru PUCP-Sat 1 Peru DNEPR 1 Baikonur
8 UAPSat 1 Antares
9 Uruguai Antel-SAT Uruguai DNEPR 1
NEE 02-Krysaor DNEPR 1 Baikonur
10
Equador Equador
11 Pegaso
12 SCD-1 Cabo
Pegasus
13 SCD-2 Canaveral
Chang Zheng Taiyuan
14 Brasil SACI 1 Brasil
2 4B
15 SACI 2 VLS-1
CLA (Brasil)
16 SARA VS-40
17 Chile SSOT(Astrosat) Soyuz
EADS Astrium Kourou
18 Peru PeruSat-1 Veja
19 CBERS-1
20 Brasil / CBERS-2
21 CBERS 2B China e Brasil Longa Marcha Taiyuan
22 China CBERS-3
23 CBERS-4
24 Amazonia 1
Brasil Brasil
25 Lattes
26 Brasil / Arg Sabiá-Mar Arg / Brasil
27 LUSAT 1 Ariane
Kourou
28 NAHUEL 1-A Ariane IV
29 SAC-A Endeavour Cabo
30 SAC-B 3 Pegasus Canaveral
31 SAC-C INVAP e Delta 2-7320
Vandenberg
32 Argentina SAC-D Delta II
33 MU-SAT parcerias Molniya
Endeavour Cabo
34 PADE
Canaveral
35 SAOCOM 1 Vandenberg
36 SAOCOM 2
37 Fasat-Alfa
Chile EADS Astrium Soyuz Baikonur
38 Fasat-Bravo
39 Venezuela VRSS-1 China Longa Marcha Xichang
40 Bolívia Túpac Katari
China Longa Marcha Xichang
41 Venezuela Venesat-1
42 Brasil SGDC-1 4 Thales
43 Arsat 1 Ariane 5 Kourou
Argentina INVAP/ Thales
44 Artsat 2
LEGENDA
1 - CuboSat – até 10kg 3 - Médio Porte – 500 a 1500 kg
2 - Pequeno porte – 10 a 500 kg 4 - Grande porte > 1500 kg

Fonte: Elaborado pelo autor com dados extraídos da GUNTER’S SPACE PAGE, 2016.

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A categoria de satélites CuboSat tem angariado o crescimento mais significativo


em todo o mundo, inclusive na região sul-americana, onde países como o Brasil,
Peru, Uruguai e Equador já estão desenvolvendo os seus próprios engenhos, como
pode ser visto no Quadro 2, em geral conduzidos no ambiente acadêmico em
parceria com instituições de pesquisa, financiados com recursos públicos, como é o
caso dos brasileiros AESP-149 e o SERPENS10.
O crescimento desse segmento justifica-se facilmente, pois possui uma
concepção mais simples e consequentemente um custo reduzido, quando
comparados com as outras categorias. Entretanto, sua pequena dimensão não
inviabiliza o emprego desses pequenos satélites em importantes aplicações, tais
como pesquisa científica, coleta de dados ambientais e, inclusive, imageamento da
superfície terrestre.
Com relação à categoria de médio porte, percebe-se que apenas o Brasil e
a Argentina se enveredaram no processo de construção de seus próprios satélites,
assim mesmo a partir de parcerias firmadas com outros países. Os satélites da série
CBERS, por exemplo, são frutos de um acordo estratégico entre a China e o Brasil,
ainda no final da década de 1980, que visava à construção de engenhos espaciais de
sensoriamento remoto para atender aos interesses comuns desses países.
No entanto, no quesito condução de Programa Espacial na região, cabe um
destaque ao governo argentino que, durante muitos anos, trabalhou com recursos
na ordem de 100 milhões de dólares, mas, a partir de 2008, deu início a uma
escalada crescente de aporte financeiro, atingindo, em 2013, valores significativos
em torno de 1 bilhão de dólares, em função de uma política norteada pela soberania
e desenvolvimento nacionais nesse campo. O ponto de inflexão desse cenário
ocorreu com a fusão da empresa NahuelSat e a estatal ArSat S.A., em 2007 (BIONDI,
2015).
Na categoria de grande porte, acima de 1500 kg, encontram-se os
satélites de construção mais arrojada e com tecnologia mais complexa, em
geral são geoestacionários a uma órbita acima de 20.000 km, com aplicação em
telecomunicações11 e meteorologia. A Argentina foi o primeiro país no continente
sul-americano a enfrentar o desafio ao desenvolver um engenho dessa grandeza –

9 AESP-14 – CuboSat, pertencente ao padrão 1U, foi projetado e integrado por alunos do Instituto
Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Recebeu apoio financeiro da Agência Espacial Brasileira (AEB) e do
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e técnico do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (INPE), que desenvolveu a carga útil.
10 SERPENS – O Sistema Espacial para a Realização de Pesquisa e Experimentos com Nanossatélites
(SERPENS) é um projeto financiado pela AEB e desenvolvido por alunos dos cursos de engenharia
aeroespacial das Universidades de Brasília (UnB), Federal de Minas Gerais (UFMG), Federal do ABC
(UFABC) e Federal de Santa Catarina (UFSC). A um custo de R$ 800,00, possui dimensões de 10
cmx10cmx30cm e pesa 2,6 kg e sua principal missão é enviar inicialmente dados climáticos.
11 Satélites Geoestacionários de Telecomunicações - têm de se manter estabilizados acompanhando a
órbita da Terra e com sua antena apontada para a região onde transmite o sinal de TV ou de rádio.

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o satélite geoestacionário Arsat-1 –, com o apoio da empresa Thales Alenia Space.


Cabe frisar, no entanto, que importantes subsistemas como a carga útil, o controle
de atitude, o computador de bordo e o painel solar tenham sido adquiridos no
mercado internacional (BIONDI, 2015).
A Bolívia (EL PAÍS, 2013) e a Venezuela (MUNDOGEO, 2012) também possuem
satélites dessa magnitude, o Túpac Katari e Venesat-1, respectivamente, mas, nesse
caso, ambos foram construídos pela Agência Espacial Chinesa (DEFESANET, 2012). O
Brasil também seguiu esse mesmo modelo e contratou a empresa Thales Alenia Space
para produzir o seu Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas
(SGDC), com previsão de conclusão em 2016, com exceção do painel que será
produzido pela empresa brasileira CENIC (AEB, 2015). A consecução desse projeto
está sendo acompanhado por uma equipe de engenheiros da empresa brasileira
Visiona Tecnologia Espacial12, como parte do programa de absorção de tecnologia,
na França, visando aplicar esses conhecimentos em futuros empreendimentos
nacionais, e envolve investimentos na ordem de R$ 1,7 bilhões (PADILHA, 2016).
Todavia, o segmento de acesso ao espaço não despertou o mesmo entusiasmo
em adquirir capacitação para desenvolver projetos pela maioria dos países da
região, e somente o Brasil e a Argentina têm concentrado esforços no sentido de
produzir seus próprios foguetes, como mostra o Quadro 3, a seguir:

Quadro 3 – Lançadores e Foguetes

Fonte: O AUTOR, 2015, com dados extraídos da GUNTER’S SPACE PAGE.

12 Visiona Tecnologia Espacial – Joint venture entre a Telebras, empresa de economia mista do setor de
telecomunicações e a empresa privada EMBRAER.

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Entre os foguetes brasileiros em operação, o VSB-30 pode ser considerado


no momento o de maior penetração no mercado internacional. Segundo a Agência
Espacial Brasileira (2015b), estão em produção, nos próximos anos, 24 foguetes
para emprego especialmente em experimentos científicos em ambiente de
microgravidade. Entre as vantagens do uso desse engenho espacial, destaca-se o
seu custo da ordem de R$ 2 milhões, com 75% de seus componentes produzidos
pela indústria nacional. No momento, os seus principais clientes encontram-
se na Europa, mas a Austrália já demonstrou interesse no seu emprego (AEB,
2015b).
Portanto, percebe-se que, de uma maneira geral, existe um grande anseio
dos países da região sul-americana em utilizar o espaço para atender as suas
necessidades nas áreas de telecomunicações, de meteorologia e de imageamento
da superfície da terrestre.
Verifica-se também que somente a Argentina se encontra com capacitação
semelhante ao Brasil na área espacial referente à construção de satélites e de
foguetes, sobretudo, em função do aumento considerável de aporte financeiro
destinado aos seus projetos a partir de meados da década passada.
Por conseguinte, presume-se a existência de uma parcela considerável de
mercado na região sul-americana, onde se identificam oportunidades a serem
exploradas pela indústria espacial brasileira. Mas, nesse caso, as empresas nacionais
precisam estar capacitadas a prestar esses serviços.

2.2 Ambiente Interno

No ambiente interno foram levantadas as forças e as fraquezas do Sistema


Espacial Brasileiro, com foco em um de seus elos, a indústria nacional, a partir
de uma pesquisa qualificada em que se aplicou um questionário a peritos com
experiência comprovada na área espacial.

2.2.1 A Indústria Espacial Brasileira

O Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE) é um documento


elaborado pela AEB13, órgão coordenador das atividades espaciais no Brasil, e prevê
entre as suas diretrizes estratégicas: “Consolidar a indústria espacial brasileira,
aumentando sua competitividade e elevando sua capacidade de inovação, inclusive
por meio do uso do poder de compra do Estado e de parcerias com outros países.”
(AEB, 2012, p. 8).

13 AEB – como autarquia, submete-se às normas previstas para a Administração Pública referente à
contratação de serviço.

Revista da Escola Superior de Guerra, v. 31, n. 63, p. 91-120, jan./jun. 2016 103
Carlos Alberto Gonçalves de Araujo

No caso do Brasil, como na maior parte do mundo (Gráfico 2), os principais


clientes da indústria espacial são os órgãos públicos que contratam subsistemas
de projetos constantes do PNAE (CORDEIRO, 2015)14. Todavia, esse Programa
tem apresentado desafios além da capacidade nacional de executar, em função
do nível de investimento aportado, em consonância com uma série de outros
problemas, onde se destaca o fluxo de caixa histórico, até 2015, em torno de 30%
aquém do previsto (OTERO, 2015)15. Em 2015, os valores nominais previstos na Lei
Orçamentária Anual (LOA) para atividades envolvendo a indústria nacional podem
ser vistos no Quadro 4, a seguir:

Quadro 4 – Valores Nominais da LOA para as Ações relacionadas ao


desenvolvimento de foguetes e satélites previstos no PNAE – 2015

Fonte: O AUTOR, 2015, com dados extraídos da LOA para as Ações do PNAE-2015

Verifica-se o registro de valores irrisórios para suportar um programa de


uma nação que pretende manter-se como um importante ator global no campo
espacial. Esse cenário representa uma ameaça para a indústria nacional, pois a
instabilidade econômica do Brasil, os seguidos contingenciamentos dos recursos
públicos e as prioridades dispensadas aos programas de cunho social do atual
Governo Federal são fatores impactantes à consecução dos projetos da área
científica e tecnológica (OLIVEIRA, 2015). Por conseguinte, as atividades previstas

14 Leandro Tomazelli Cordeiro é Gerente Comercial da Omnisys Engenharia Ltda. Dados extraídos
do questionário sobre a Indústria Espacial Brasileira: <https://docs.google.com/forms/
d/138wxRjEyZZb-dDlXrs6eTh_sr1TuGT2HAwUNlkMs4rk/edit>.
15 Augusto Luiz de Castro Otero é graduado em Engenharia Aeronáutica pelo ITA e atualmente
é Diretor do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE). Dados extraídos do questionário sobre a
Indústria Espacial Brasileira: <https://docs.google.com/forms/d/138wxRjEyZZb-dDlXrs6eTh_
sr1TuGT2HAwUNlkMs4rk/edit>.

104 Revista da Escola Superior de Guerra, v. 31, n. 63, p. 91-120, jul./dez. 2016
A Indúst. Espac. Brasil.: Alternativas para a Sua Sustentação Utilizando Técnica de Análise da Matriz Swot

no PNAE sofrem solução de continuidade, causando transtorno imediato em toda


a cadeia produtiva.
No intuito de apresentar um diagnóstico sobre a situação atual da base
industrial espacial e da própria atividade espacial no País, uma pesquisa qualitativa
foi realizada com algumas das principais empresas desse segmento, visando
identificar, inicialmente, à capacidade instalada, como pode ser verificado no
Quadro 5.

Quadro 5 - Capacidade da Indústria Espacial

EQUATORIAL SISTEMAS
A E L SIST E MA S S. A .

ORBITAL ENGENHARIA

OPTO ELETRÔNICA

AMS KEPLER
FIBRAFORTE

PLASTFLOW
MECTRON
EMBRAER

OMNISYS
COMPSIS

NAVCON
AVIBRÁS

VISIONA
ATECH
CENIC

INDÚSTRIA ESPACIAL

DCTA
INPE
NACIONAL

Veículos X X X X X

Sistemas e subsistemas X X X X X X X X X X X X X

Segmento de solo X X X X X X X X

Sistema ótico X X X X

Sistema sensor X X X X X X X X X

Painel Solar X X X

Propulsão X X X X X X X

Integração de Sistemas X X X X X X X X X X X

Serviços de Engenharia X X X X X X X X

Eletrônica embarcada X X X X X X

Desenvolvimento de software X X

Plataforma GPS /Inercial X

Fonte: O AUTOR, 2016, com dados extraídos de pesquisa de campo e do PNAE 2012-2021
(AEB), 2012.

Revista da Escola Superior de Guerra, v. 31, n. 63, p. 91-120, jan./jun. 2016 105
Carlos Alberto Gonçalves de Araujo

Em um segundo questionamento, no Quadro 6, procurou-se identificar o


envolvimento da indústria espacial em projetos nacionais.

Quadro 6 – Participação da Indústria Espacial em Projetos Nacionais

ORBITAL ENGENHARIA
EQUATORIAL SISTEMAS

OPTO ELETRÔNICA
Aeroeletrônica

AMS KEPLER
FIBRAFORTE

PLASTFLOW
MECTRON

OMNISYS
COMPSIS
AVIBRÁS

VISIONA
ATECH
CENIC
INDÚSTRIA ESPACIAL

DCTA

INPE
NACIONAL

Foguetes da Família VS X X X X X

Foguetes da Família SONDA X X X

VLS-1 X X X X X

Satélites da série CBERS X X X X X X X X X X X

Satélites Lattes/ SCD/ SACI X X X X X X X X

Satélite SARA X X X X X

Satélite SGDC X

Plataforma Multimissão
X X X X X X X X
(PMM)

Satélite SABIA-MAR X X X

Satélite da série Amazonas X X X X X X X X

VSISNAV X

Fonte: O AUTOR, 2016, com dados extraídos de pesquisa de campo e do PNAE 2012-
2021(AEB), 2012.

A pesquisa identificou ainda as principais dificuldades enfrentadas pelas


empresas que compõem a base indústria espacial brasileira em participar de
projetos tanto no Brasil quanto na região sul-americana, cujos resultados podem
ser vistos nos Gráficos 3 e 4.

106 Revista da Escola Superior de Guerra, v. 31, n. 63, p. 91-120, jul./dez. 2016
A Indúst. Espac. Brasil.: Alternativas para a Sua Sustentação Utilizando Técnica de Análise da Matriz Swot

Gráfico 3 – Dificuldades da indústria espacial em participar de projetos no Brasil

Fonte: O AUTOR, com dados extraídos do questionário sobre a Indústria Espacial Brasileira, 2015.

Percebe-se como a falta de apoio do governo para financiar projetos da


área espacial e a pouca demanda das atividades no mercado interno impactam
a sustentação e o desenvolvimento da base industrial, apesar de alguns fatores
de fraqueza das empresas também terem sido observados, em especial, a falta
de capacidade tecnológica e a limitada capacidade industrial que precisam ser
enfrentadas a partir de ações estratégicas para neutralizá-las. Entretanto, mesmo
considerando a pequena demanda, a indústria nacional atingiu uma maturidade
tecnológica que permite projetar sistemas complexos, tais como câmeras ópticas,
painéis solares, estruturas de satélites, entre outros subsistemas (SOUZA, 2015)16.

Gráfico 4 - Dificuldades da indústria espacial em participar do Mercado Externo

Fonte: O AUTOR, com dados extraídos do questionário sobre a Indústria Espacial


Brasileira, 2015.

16 Carlos Alexandre Wuensche de Souza - Graduado em Física pela UERJ, Mestre e Doutor em
Astrofísica pelo INPE. Atualmente é Chefe de Gabinete do INPE. Dados extraídos do questionário
sobre a Indústria Espacial Brasileira:<https://docs.google.com/forms/d/138wxRjEyZZb-dDlXrs6eTh_
sr1TuGT2HAwUNlkMs4rk/edit>.

Revista da Escola Superior de Guerra, v. 31, n. 63, p. 91-120, jan./jun. 2016 107
Carlos Alberto Gonçalves de Araujo

Um desafio mais ambicioso que as empresas nacionais podem arrostar seria


a de prestar seus serviços no nosso entorno estratégico. Nesse caso, as principais
ameaças, além das já mencionadas, são a falta de acordos internacionais, a baixa
competitividade e a baixa demanda externa, apesar de a Bolívia, a Venezuela e
o Chile já terem realizado contratos de serviços no mercado internacional para
a fabricação de satélites de médio e grande portes e respectivos lançamentos
(Quadro 2). Com a Argentina, poderia ser celebrado um acordo para fornecer
subsistemas para seu satélite geoestacionário ou, até mesmo, participar de um
projeto conjunto de engenhos dessa grandeza, tal como o satélite meteorológico
previsto no PNAE. Portanto, mesmo que discreto, existe um nicho de mercado na
região que caracteriza uma oportunidade para a indústria espacial nacional. Muito
embora, para Silva (2015)17 a instabilidade econômica da região sul-americana
desestimula o interesse de negócios por parte de empresas nacionais.
Na área de veículos lançadores e foguetes, verificou-se que a AVIBRÁS já
possui expertise em desenvolvimento de engenhos suborbitais a propelente sólido.
Atualmente, participa de projetos do Foguete de Treinamento Intermediário (FTI)18,
Foguete de Treinamento Básico (FTB) e Veículo Lançador de Microssatélites (VLM)19.
Cabe ressaltar ainda que, nos últimos anos, a empresa envidou esforços no sentido
de capacitar especialistas na área de propulsão líquida (GOMES, 2015) 20.
Com relação à construção de satélites, existe uma quantidade importante de
empresas envolvidas no processo, e alguns fatores adversos foram relacionados na
pesquisa de campo por especialistas com ampla experiência na área espacial.
Segundo Cunha Filho (2015)21, existe uma dificuldade em especificar os

17 Antonio Machado e Silva é Engenheiro Cartógrafo formado no IME, Mestre em Ciência


da Computação e Doutor em Sensoriamento Remoto, ambos pelo INPE. Atualmente é
Diretor da AMS Kepler Engenharia de Sistemas. Dados extraídos do questionário sobre a
Indústria Espacial Brasileira:<https://docs.google.com/forms/d/138wxRjEyZZb-dDlXrs6eTh_
sr1TuGT2HAwUNlkMs4rk/edit>.Set 2015.
18 O FTI é um foguete fabricado que integra o Projeto Foguete de Treinamento (Fogtrein) que
juntamente com o Foguete de Treinamento Básico (FTB) visa manter a operacionalidade dos
centros de lançamentos brasileiros tanto o CLA quanto o Centro de Lançamento da Barreira do
Inferno (CLBI), no Rio Grande do Norte.
19 O projeto VLM-1 é um foguete destinado ao lançamento de cargas úteis especiais ou
microssatélites (até 150 kg) em órbitas equatoriais e polares ou de reentrada, com três estágios a
propelente sólido na sua configuração básica.
20 Venâncio Alvarenga Gomes possui graduação em Engenharia Aeronáutica pelo ITA e mestrado
em Ciências Aeroespaciais pela Universidade da Força Aérea (UNIFA). Atualmente é Diretor na
AVIBRÁS. Dados extraídos do questionário sobre a Indústria Espacial Brasileira:<https://docs.
google.com/forms/d/138wxRjEyZZb-dDlXrs6eTh_sr1TuGT2HAwUNlkMs4rk/edit>. Set 2015.
21 Azhaury Cunha Filho possui graduação em Engenharia Eletrônica pelo ITA e atualmente é Diretor
na Mectron Engenharia Indústria e Comércio S.A. Dados extraídos do questionário sobre a
Indústria Espacial Brasileira:<https://docs.google.com/forms/d/138wxRjEyZZb-dDlXrs6eTh_
sr1TuGT2HAwUNlkMs4rk/edit>. Set 2015.

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A Indúst. Espac. Brasil.: Alternativas para a Sua Sustentação Utilizando Técnica de Análise da Matriz Swot

requisitos dos serviços de alta tecnologia de uso espacial nos moldes estabelecidos
pela Lei Geral de Compras do governo brasileiro, a Lei 8666/9322 para a contratação
dos serviços por instituições públicas. Esse modelo de gestão tem deixado as
empresas reféns dos setores administrativos que, seguidamente, sacrificam a
continuidade dos projetos em função de possíveis questionamentos por parte dos
órgãos fiscalizadores. A consequência é danosa para a indústria, pois se depara
com sérios problemas de sustentabilidade com relação a um de seus principais
ativos: os recursos humanos altamente especializados e de difícil reposição no
mercado (CORDEIRO, 2015).
Como alternativa, a empresa poderia investir no desenvolvimento do projeto
antes da contratação do serviço que pode significar uma espera de alguns anos,
além de confeccionar um produto sem a maturidade tecnológica comprovada
(VEIGA, 2015)23.
Desde 2010, não são realizados novos contratos na área de satélites. No
segmento de veículos lançadores, quase não existem possibilidades de contratos
de subsistemas ou de sistema e os existentes, salvo algumas exceções, são
pulverizados para o fornecimento de partes ou componentes (VAZ, 2015)24.
No caso do Brasil, percebe-se, ao analisar o trinômio governo, recursos
humanos e indústria, que o elo mais frágil do processo recai sobre o aporte
financeiro insuficientes por parte de órgãos públicos para atender as atividades
espaciais previstas no PNAE.
A indústria nacional, dentro do possível, vem cumprindo seu papel de apoio
aos projetos espaciais e tenta manter com dificuldade seus quadros bastante
especializados devido à baixa demanda de serviços solicitados pelos órgãos
públicos (RIGOBELLO, 2015)25.

22 “Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras,
serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.”
23 Ricardo Queiroz Veiga – é graduado em Engenharia Eletrônica e mestrado em Telecomunicações,
ambos pelo ITA. Atualmente é Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Equatorial Sistema S.A.
Dados extraídos do questionário sobre a Indústria Espacial Brasileira:<https://docs.google.com/forms/
d/138wxRjEyZZb-dDlXrs6eTh_sr1TuGT2HAwUNlkMs4rk/edit>. Set 2015.
24 Célio Costa Vaz é Engenheiro Mecânico formado pela UNB, possui mestrado em Análise de
Sistemas e Aplicações pelo INPE e doutorado em Engenharia Aeronáutica e Mecânica pelo ITA.
Atualmente é Diretor Presidente da Orbital Engenharia S.A. Dados extraídos do questionário sobre
a Indústria Espacial Brasileira:<https://docs.google.com/forms/d/138wxRjEyZZb-dDlXrs6eTh_
sr1TuGT2HAwUNlkMs4rk/edit>.Set 2015.
25 Gilberto Rigobello – Diretor da ALPHA SOUTH AMERICA Ltda. Dados extraídos do questionário
sobre a Indústria Espacial Brasileira:<https://docs.google.com/forms/d/138wxRjEyZZb-dDlXrs6eTh_
sr1TuGT2HAwUNlkMs4rk/edit>.Set 2015.

Revista da Escola Superior de Guerra, v. 31, n. 63, p. 91-120, jan./jun. 2016 109
Carlos Alberto Gonçalves de Araujo

Gráfico 5 – Ociosidade de Mão de Obra

Fonte: ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS AEROESPACIAIS DO BRASIL, 2015.

Todavia, a baixa demanda por projetos e os longos intervalos entre os contratos


são uma séria ameaça à preservação dessa capacidade. Por outro lado, falta de
fôlego financeiro gera a internacionalização dessas empresas que não conseguem
se sustentar no mercado e podem acabar sendo adquiridas por importantes atores
externos, tais como a Elbit (Israel), Thales e Airbus (França), entre outras que já
permeiam o mercado nacional (SOUZA, 2015).
No entanto, os mecanismos de financiamento disponibilizado pelas agências
como a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP)26, a Fundação de Amparo a
Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), ou ainda, as contratações com base na Lei de
Inovação27, têm sido considerado um instrumento eficaz de complementação
orçamentária aos contratos realizados pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE),
em especial no Programa de Acesso ao Espaço e pelo INPE para a construção de
satélites e sensores (VAZ, 2015).

26 FINEP -“Tem a missão de promover o desenvolvimento econômico e social do Brasil por meio
do fomento público a Ciência, Tecnologia e Inovação em empresas, universidades, institutos
tecnológicos e outras instituições publicas ou privadas.”. Disponível em: < www.finep.gov.br>.
Acesso em: 02 nov. 2015.
27 “Lei n0 10.973, de 02 de dezembro de 2004 - Esta Lei estabelece medidas de incentivo à inovação
e à pesquisa cientifica e tecnológica no ambiente produtivo, com vistas à capacitação e ao
alcance da autonomia tecnológica e ao desenvolvimento industrial do Pais”.

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A Indúst. Espac. Brasil.: Alternativas para a Sua Sustentação Utilizando Técnica de Análise da Matriz Swot

Segundo Rodrigues (2015)28, no cenário atual de um setor espacial debilitado


em termos de projetos surge um ambiente favorável para um processo de
consolidação de empresas a fim de angariar uma sinergia para produzir sistemas com
maior grau de complexidade. Como alternativa, pode-se empregar uma estratégia
de consecução de parcerias público-privadas na qual as empresas financiariam seus
próprios projetos como ocorre nos países mais desenvolvidos, cujo mercado de
bens e serviços espaciais é mais sustentável (CARVALHO, 2015)29.
Portanto, segundo Cordeiro (2015), para fortalecer o nosso trinômio
(governo, indústria e recursos humanos), o PNAE deve ser definido como um
Programa de Estado que garanta a sua perenidade, tanto no campo financeiro
como na capacitação de profissionais e inovação com frutos para toda a sociedade,
corroborando com o desenvolvimento nacional.

3 MATRIZ SWOT DO SISTEMA ESPACIAL BRASILEIRO

Com a finalidade de estabelecer estratégias para enfrentar o cenário que


desponta no campo espacial, foram identificadas tendências de peso30 na análise
dos ambientes externos e internos, tais como:
 Crescimento sistemático da Indústria Espacial no mundo;
 Crescimento do Setor de Serviço;
 Capacitação crescente da Argentina na área espacial;
 Aumento do interesse no emprego de sistemas espaciais na região sul-
americana;
 Interesse da China em financiar programas espaciais na região sul-
americana;
 Instabilidade político-econômica na região sul-americana;
 Baixa prioridade dos projetos espaciais atribuída pelo governo federal;
 Baixa demanda para sustentar a indústria nacional;
 Contratação de serviços no mercado internacional por países da região sul-
americana;
 Crescimento do mercado mundial de Cubosat.

28 Valter Rodrigues - graduado em Engenharia Eletrônica pela USP; mestrado em Engenharia e


Tecnologias Espaciais pelo INPE e doutorado em Informatique, Automatique et Gestion pela
Universidade de Toulouse, França. Atualmente é responsável pela área Espacial da Mectron. Dados
extraídos do questionário sobre a Indústria Espacial Brasileira: <https://docs.google.com/forms/
d/138wxRjEyZZb-dDlXrs6eTh_sr1TuGT2HAwUNlkMs4rk/edit>. Set 2015.
29 Himilcon de Castro Carvalho - Doutorado em Doctorat pelo Ecole Nationale Superieure de
L’Aeronautique et de l’Espace e Diretor de Política Espacial e Investimentos da Agência Espacial
Brasileira , Brasil. Dados extraídos do questionário sobre a Indústria Espacial Brasileira: <https://docs.
google.com/forms/d/138wxRjEyZZb-dDlXrs6eTh_sr1TuGT2HAwUNlkMs4rk/edit>. Set 2015.
30 Tendências de peso - São eventos cuja perspectiva de direção é suficientemente consolidada e visível
para se admitir sua permanência no período considerado (GODET, 1987).

Revista da Escola Superior de Guerra, v. 31, n. 63, p. 91-120, jan./jun. 2016 111
Carlos Alberto Gonçalves de Araujo

Portanto, verifica-se que algumas dessas tendências podem ser analisadas


como oportunidades, outras como ameaças, em função da abordagem adotada
pelo Brasil, ou até mesmo pontos fracos do sistema espacial. Além delas, podem
ter ocorrido ou estar ocorrendo fatos de grande relevância capazes de produzir
consequências no futuro, provocar modificações nas tendências e dar origem
a novos eventos ao longo do período considerado. A esses fatos é dado o nome
de Fatos Portadores de Futuro31 e os novos eventos são denominados Eventos
Futuros32, que influenciarão a situação do mercado espacial nos próximos anos.
A Matriz SWOT, a seguir apresentada, contempla as principais características
do sistema espacial brasileiro, em termos de seus Pontos Fortes e Pontos Fracos, que
são submetidos ao cruzamento com as Oportunidades e Ameaças, a partir do qual
é realizada uma análise cruzada, da qual resultarão as diretrizes que nortearão as
estratégias apropriadas para promover a sustentação da nossa indústria espacial.

Quadro 7 – Matriz SWOT


OPORTUNIDADES AMEAÇAS
Crescimento do mercado mundial de Concorrência com a Argentina na área
Cubosat espacial
Novos atores interessados em parcerias
Instabilidade econômica no País
para o desenvolvimento de projetos
AMBIENTE EXTERNO

Crescimento sistemático da Indústria Baixa prioridade ao programa espacial


Espacial no mundo pelo governo federal
Baixa demanda de projetos para sustentar
Crescimento do Setor de Serviços
a indústria nacional
Participação em projetos de satélites Entrada de atores internacionais na região
de grande porte sul-americana
Parceria com atores internacionais para Capacidade limitada obtenção de
o aproveitamento da área de Alcântara financiamento internacional
Prestação de serviço na região sul- Falta de apoio do governo para
americana financiamento
Emprego de novas parcerias público- Irregularidade no fluxo de recursos
privadas financeiros
Proteção ao acesso por atores
Geração de spin off no setor produtivo
internacionais
Aumentar a prioridade PEB pelo Perda do controle acionário provocado
governo federal por atores estrangeiros

31 Fato Portador de Futuro – constitui-se em sinal ínfimo por sua dimensão atual no ambiente, mas
imenso por suas consequências e potencialidades futuras. Essas ocorrências pontuais que têm a
capacidade de mudar a trajetória de uma ou mais tendências de peso, ou provocar a ocorrência de
novos acontecimentos (GODET, 1987).
32 Eventos Futuros – são atos e fatos plausíveis, que poderão ou não ocorrer no horizonte temporal
considerado, como resultado de suposições coerentes e racionais formuladas a partir de um ou mais
fatos portadores de futuro (SPILLER, 2017).

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A Indúst. Espac. Brasil.: Alternativas para a Sua Sustentação Utilizando Técnica de Análise da Matriz Swot

FORÇAS FRAQUEZAS
Recursos insuficientes para projetos
Localização privilegiada do CLA
espaciais
Capacidade de desenvolver foguetes Baixa demanda incapaz de sustentar a
suborbitais indústria nacional
Motores movidos a propelente líquido Falta de capacidade para lançamento de
e sólido veículos orbitais
Capacidade para construir Cubosat Falta de capacidade tecnológica
AMBIENTE INTERNO

Capacidade para construir satélites de


Baixa competitividade
SR
Capacidade para desenvolver sensores Capacidade parcial para construir satélites
orbitais de grande porte
Capacidade de projetar câmeras Falta de veículos lançadores de satélites
ópticas orbitais
Capacidade de projetar painéis solares
Eletrônica embarcada
Integração de sistemas
Desenvolvimento de software
Laboratório de Integração e Testes
(LIT)
Parceria com importantes atores
internacionais
Institutos de pesquisas qualificados
Fonte: O AUTOR, 2016.

3.3 Análise da Matriz SWOT

A análise cruzada permite estimar a melhor maneira de usar as nossas


forças para aproveitar as oportunidades identificadas na conjuntura, minimizar as
fraquezas do Sistema Espacial Brasileiro e neutralizar as ameaças em função de
diretrizes estratégicas definidas.
No estudo, foi constatado que, nos últimos anos, o mercado espacial tem
apresentado um crescimento, sistemático com destaque para a categoria de
Cubosat, como se verifica no Gráfico 1 e na Figura 2. Neste contexto, o Brasil pode:
 Aproveitar a sua capacidade de firmar acordos estratégicos na região sul-
americana e desenvolver projetos nas categorias de Cubosat e de pequeno
porte, com o emprego de foguetes suborbitais no CLA.
 Estabelecer parcerias público-privadas no desenvolvimento de projetos
espaciais e aumentar a competitividade da indústria nacional frente ao
mercado internacional. Essas parcerias poderiam modificar a tendência
crescente de aquisição de empresas nacionais por importantes players
globais.

Revista da Escola Superior de Guerra, v. 31, n. 63, p. 91-120, jan./jun. 2016 113
Carlos Alberto Gonçalves de Araujo

 Aumentar a prioridade dos projetos espaciais pelo Governo Federal,


visando proporcionar a continuidade dos empreendimentos previstos no
PNAE 2012-2021 e dar fôlego à indústria nacional.
 Aumentar a participação da indústria nacional na construção do
segundo SGDC, em função da expertise adquirida pela empresa
Visiona no acompanhamento do desenvolvimento do primeiro satélite
geoestacionário.
 Estabelecer parcerias estratégicas com agências estrangeiras para o
desenvolvimento de projetos de interesse comum, tais como o satélite
geoestacionário meteorológico com a Argentina e do Radar de Abertura
Sintética (SAR)33 com a Alemanha.
 Negociar a inclusão da cláusula de offset34 nos contratos com empresas
estrangeiras visando à participação mais significativa de empresas
nacionais no desenvolvimento de subsistemas.
Quanto ao acesso ao espaço, foi constatado que os satélites sul-americanos
já mencionados têm utilizado os centros de lançamentos em Kourou (Guiana
Francesa), Taiyuan (China) e Baikonur (Rússia).
Uma vez que o Brasil tem o CLA com localização privilegiada próxima ao
Equador e considerado o local que proporciona a melhor relação custo-benefício no
mundo, em termos de economia de combustível, desperta interesse dos principais
atores do campo espacial, para utilizá-lo para fins comerciais. Todavia, o CLA não se
encontra capacitado para atender veículos lançadores de grande porte. Portanto,
a conclusão das obras do Centro cria uma oportunidade significativa para o Brasil
conquistar uma fatia de mercado na região.
A criação de parceria com outro país para utilizar o CLA comercialmente
não deve ser desconsiderada, embora se deva, nesse caso, executar um estudo
criterioso nas condições propostas, tendo em vista a preservação da nossa
soberania.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em função da análise realizada, verificou-se que o mercado internacional na


área espacial tem mantido uma taxa de crescimento mais significativa em relação

33 SAR - Radares de abertura sintética são sistemas imageadores baseados em antenas que obtêm
imagens da superfície terrestre por meio da irradiação e recepção de ondas eletromagnéticas na
faixa das microondas. Este tipo de sensor permite a produção de imagens, independentemente das
condições atmosféricas, tais como, chuva, nuvens, entre outras.
34 Offset – Em um contrato para aquisição de algum produto, significa que a parte vendedora, além do
objeto principal do contrato, é obrigada a fornecer algum outro produto ou serviço ao comprador,
como contrapartida comercial, tais como: transferência de tecnologia, treinamento, serviços de
manutenção, entre outros.

114 Revista da Escola Superior de Guerra, v. 31, n. 63, p. 91-120, jul./dez. 2016
A Indúst. Espac. Brasil.: Alternativas para a Sua Sustentação Utilizando Técnica de Análise da Matriz Swot

ao contexto regional, embora tenha ocorrido um aumento de interesse dos países


de nosso entorno estratégico em adquirir autonomia nesse campo.
Considerando as limitações tecnológicas, o procedimento que vem sendo
adotado é desenvolver pequenos satélites (Cubosat) para pesquisas científicas e
contratar no mercado internacional os projetos mais complexos, em especial para
atender os serviços de telecomunicações, de meteorologia e de monitoramento
dos recursos naturais.
Na atual conjuntura, o índice de competitividade espacial, que analisa o apoio
do governo, a capacidade da indústria espacial instalada e os recursos humanos
especializados, o Brasil ocupa no momento o 11o lugar, sendo recentemente
ultrapassado pela Austrália e perseguido de perto pela Argentina (FUTRON
CORPORATION, 2012).
Por conseguinte, as oportunidades apresentadas no cenário prospectivo
analisado poderão engendrar um crescimento das atividades espaciais no Brasil,
atrelada a um aumento de prioridade do Governo Federal ao Programa Espacial
Brasileiro relativo à manutenção dos recursos financeiros proporcionais à magnitude
dos projetos.
Por outro lado, foram identificados alguns fatores adversos que impactam o
aumento da competitividade da indústria nacional para fazer frente aos principais
players globais. Portanto, o País necessita principalmente adquirir capacidade de
integrar satélites de grande porte, visando penetrar no mercado latino-americano,
dar continuidade na construção de lançadores de satélites orbitais, além de
capacitar seu centro de lançamento com o objetivo de atender essa categoria
de foguetes. Deve-se destacar também que o incremento das nossas atividades
espaciais potencializa o Poder Nacional e permeia as suas cinco expressões, como
se pode verificar, a seguir:
 A manutenção de uma base industrial sólida com controle acionário
interno das principais empresas do ramo, garantirá a sua sustentabilidade
e sobrevivência nesse mundo competitivo a partir da concentração de
esforços no atendimento de demandas específicas de diversos subsistemas
ou partes que compõem os engenhos espaciais. (Expressão Psicossocial e
Econômica);
 A realização de acordos estratégicos de cooperação com outras agências
espaciais para o desenvolvimento de projetos de interesse mútuo minimiza
o risco e os investimentos e possibilita um salto tecnológico no campo
espacial (Expressões Política, Científica e Tecnológica);
 O emprego do satélite geoestacionário (SGDC) deverá garantir a soberania
brasileira no campo das telecomunicações, pois será operado pela Telebrás
na banda Ka e permitirá o uso de internet em alta velocidade em regiões
remotas, em apoio ao Programa Nacional de Banda Larga, e pelo Ministério
da Defesa na banda x, de uso exclusivo militar, que permitirá transmitir com

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segurança as informações estratégicas, pois, no momento, esses serviços


vêm sendo realizados por empresa estrangeira.
 Os principais sistemas estratégicos do Brasil – Sistema de Gerenciamento
da Amazônia Azul (SisGAAz), Sistema de Monitoramento de Fronteiras
(SisFron), Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA) e Sistema
de Proteção da Amazônia (SIPAM) – foram concebidos para utilizar recursos
proporcionados por satélites de sensoriamento remoto, de comunicações
e meteorológicos para o monitoramento de nossos recursos naturais,
controlar nosso território e realizar a vigilância do espaço aéreo brasileiro,
visando à preservação da soberania nacional (Expressão Militar);
 Caso semelhante deverá ocorrer com a implantação do satélite
geoestacionário meteorológico, pois esse serviço está sendo prestado por
atores estrangeiros35, e, portanto, fica-se vulnerável à perda de acesso às
informações meteorológicas que podem ser sonegadas à América do Sul,
como aconteceu durante o conflito das Malvinas. (Expressão Psicossocial,
Econômica e Militar);
 A capacidade do CLA em atender lançamento de foguetes das diversas
categorias deixará o Brasil em posição de destaque no cenário internacional
com o fechamento do ciclo completo de acesso ao espaço exterior
(Expressão Política, Econômica e Militar).
Para finalizar, cabe destacar o pensamento de Siegel apud Giacaglia (1994)
que cita o fato de o sucesso do programa espacial americano a base científica e
tecnológica criada através dos anos, a partir da vontade nacional e da parceria entre
o governo, indústria e universidades (GIACAGLIA, 1994).
No Brasil, uma base científica e industrial vem sendo construída desde a
década de 1960, inicialmente com a participação destacada do então CTA e do
INPE, onde ocupou uma posição de destaque no cenário internacional, porém a
falta de prioridade aos projetos estratégicos da área espacial nos últimos anos tem
dificultado significativamente quanto à manutenção do nosso país entre os principais
players mundiais. Apenas sonhos não são suficientes para conquistas relevantes,
ações governamentais são necessárias e fundamentais para o desenvolvimento e
soberania de uma grande nação e transformar as promessas em realidade.

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