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A CRISTIANIZAÇÃO E A TRADIÇÃO CLÁSSICA NA

TRANSIÇÃO DA ANTIGÜIDADE PARA A IDADE MÉDIA:


O CASO DO REINO SUEVO

Leila Rodrigues Roedel*

Embora não se constitua como algo inovador qualquer esforço que


pretenda, de uma maneira geral, destacar a existência de uma estreita as-
sociação entre a Cultura Clássica e o Cristianismo na Idade Média, insisti-
remos nesse ponto. Tal encaminhamento justifica-se na medida em que
pretendemos, particularmente, observar como, concomitantemente à divul-
gação da mensagem cristã e vinculado a ela, propiciou-se no âmbito de um
Reino Bárbaro, o suevo, a recuperação e valorização de aspectos da he-
rança greco-romana.
O Cristianismo no Império Romano, sabemos, não esteve sempre
identificado com os valores clássicos. Dos primeiros momentos de expan-

*
Professora de História Medieval do Departamento de História da Universidade Federal do Rio
de Janeiro.

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Leila Rodrigues Roedel

são da nova fé até a idade de ouro da Patrística houve um longo percurso.


Entre os séculos IV e V, a Patrística, apesar das eventuais crises de angús-
tia de alguns dos seus pensadores, como Jerônimo, já superara a hesitação
frente à utilização de elementos da tradição Clássica. Buscava-se, dessa
forma, não mais a sua negação, especialmente acentuada em autores do
século II, como Tertuliano1, no que se referia à filosofia, mas a incorporação
de parte desse precioso conjunto.
Assim, o Cristianismo pôde realizar um trabalho vultuoso enquanto
veículo dessa tradição para a posteridade. Observamos, todavia, que esse
processo não tem uma continuidade crescentemente ininterrupta e que,
obviamente, não significou a adoção em bloco de tudo que a Cultura Clás-
sica representou. Ao contrário, é descontínuo e responde a uma lógica se-
letiva. A herança greco-romana não enfrentou apenas as crises de consci-
ência dos padres da Igreja para alcançar a Idade Média, precisou também
ser relida a partir de uma perspectiva particularmente nova, após o século
V.
O fim da idade de ouro da patrística correspondeu ao esvaziamento
de um dos maiores estímulos daqueles que produziram no seu interior: a
busca da conciliação entre a mensagem cristã e a herança pagã. A ênfase
acentuada nos pontos que pretendiam viabilizar um diálogo proveitoso entre
o Cristianismo e a tradição Clássica já havia se desvanecido, na medida em
que, de certa forma, chegara a um bom termo. As reflexões de caráter filo-
sófico, moral e teológico, evidentemente, não cessaram, porém, as ques-
tões que anteriormente provocavam longas e inflamadas polêmicas, já não
demandavam tantos esforços. Para os estudiosos ligados à Igreja, a partir

1
Cf.: TERTULIANO. El Apologetico. Versión y notas Germán Prado. Sevilla: Apostolado Mari-
ano, 1991. (Los Santos Padres, 6).

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para a Idade Média: o caso do Reino Suevo

de então, assuntos de outra natureza se apresentavam como mais rele-


vantes, é o momento das invasões e organização dos reinos bárbaros.
As invasões bárbaras e a nova configuração geopolítica do território
anteriormente ocupado pelo Império Romano provocaram, portanto, mu-
danças no comportamento da Igreja, enquanto instituição responsável pela
expansão do Cristianismo. Da confortável situação de religião oficial do Im-
pério, nos séculos III e IV, usufruindo de ampla colaboração do Estado, o
Cristianismo, em sua vertente ortodoxa, passou a conviver mais sistemati-
camente, a partir dos séculos V e VI, com povos cuja religiosidade alterna-
va-se entre as práticas pagãs e o Arianismo. Coube, pois, à Igreja sob pena
de sucumbir, a adaptação aos novos tempos. Considerando que sua sobre-
vivência relacionava-se intimamente à sua capacidade de penetração nos
reinos constituídos, estratégias variadas de atuação foram empreendidas.
Apesar da inexistência de um plano geral deliberadamente estabelecido,
alguns mecanismos, como a criação de mosteiros nas áreas rurais; a ins-
trumentalização e melhor preparação dos membros da Igreja local; e a
aproximação entre eclesiásticos e monarcas, foram adotados com maior ou
menor empenho, dependendo, principalmente, das especificidades de cada
grupo germano em questão.
Tais circunstâncias propiciaram, assim, um esforço de caráter mais
prático do que teórico. Ao observarmos a multiplicidade dos encaminha-
mentos eleitos nos diferentes reinos, no entanto, verificamos que esta plu-
ralidade não neutralizou a preocupação dos clérigos com o resga-
te/manutenção da Cultura Clássica. Embora, precisamos sublinhar, a referi-
da preocupação nem sempre tenha resultado de uma opção consciente.
Em outras palavras, os eclesiásticos vinculados ao processo de cristianiza-
ção das populações dos reinos bárbaros não definiram como objetivo fun-

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damental às suas ações a atenção para a herança greco-romana. Tal dis-


posição decorria naturalmente da íntima relação já estabelecida entre o
Cristianismo e a mencionada herança, fruto particular da elaboração reali-
zada no âmbito da Patrística.
Correspondendo à tendência anteriormente mencionada, a atuação
de alguns religiosos se destacou. É este o caso da ação cristianizadora de
Martinho, bispo de Braga, junto ao reino suevo que, inserida em um con-
texto de aliança entre a Igreja e a Monarquia, denuncia, inegavelmente,
como veremos, a importância da herança clássica na formação dos quadros
da Igreja na Galiza. Tal ação, todavia, sobressai-se, preferencialmente, no
projeto desenvolvido por Martinho que, caracterizado por uma síntese dos
valores clássicos, cristãos e germânicos, apontava para o disciplinamento
dos monarcas deste reino.
Os suevos estabeleceram, a partir do seu assentamento e organiza-
ção de um reino no noroeste da Península Ibérica, em princípios do século
V, até a primeira metade do século seguinte, um relacionamento, senão
hostil, ao menos de distanciamento em relação à Igreja, instalada na região
desde o século III. Se tal procedimento permitiu uma certa autonomia desta
instituição, também lhe proporcionou dificuldades. Apesar do reconheci-
mento entre os especialistas2 de que, durante o período anteriormente

2
Cf., entre outros: VELOZO, Francisco José. A Lusitania Suévico-Bizantina. Bracara Augusta,
Braga, v. 2, n. 3/4, p. 241-256, 1950. p. 251-252; TORRES LOPEZ. Manuel. Las Invasiones y
los Reinos Germánicos de España. In: MENENDEZ PIDAL, R. (dir.) Historia de España. Es-
paña Visigoda. 2. ed. Madrid: Espasa-Calpe, 1963. v. 3. p. 298-299; PRIETO PRIETO, Alfon-
so. El Marco Político Religioso de los Concilios Bracarenses I y II. In: O Concílio de Braga e a
Função da Legislação Particular da Igreja. Atas da XIV Semana Internacional de Direito
Canônico. Braga: 1975. p. 73-74; THOMPSON, E. A. The Conversion of the Spanish Suevi to
Catholicism. In: Visigothic Spain: New Aproaches. Oxford: Clarendon, 1980. p. 78; MACIEL,
Manuel Justino Pinheiro. O “De Correctione Rusticorum”. Bracara Augusta, Braga, v. 34, p.

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mencionado, nem todas as atividades eclesiásticas foram interrompidas, a


Igreja enfrentou, indubitavelmente, uma série de problemas revelados, por
exemplo, no revigoramento das práticas pagãs entre os camponeses; na
desqualificação dos clérigos; no afrouxamento da disciplina eclesiástica etc.
Quanto aos suevos, a postura de distanciamento por eles adotada, a
princípio, possibilitou a não intromissão da Igreja em questões políticas in-
ternas ao reino. Isto redundou, entre outros aspectos, na preservação, por
um século e meio, das principais características da mais importante institui-
ção sueva, a monarquia. Esta, portanto, por um longo período possuiu um
perfil identificado, sobretudo, com a predominância do critério hereditário na
sucessão e com seu caráter militar.
Com o processo de conversão dos suevos ao Cristianismo, na se-
gunda metade do século VI, percebemos uma ampla aproximação entre as
autoridades políticas, representantes da monarquia sueva, e autoridades
religiosas, membros da alta hierarquia da Igreja na região, com uma clara
identificação de interesses entre ambas. No que concerne aos primeiros
mencionados, a referida aproximação importava, em particular, por poten-
cialmente apresentar elementos favoráveis à consolidação política do reino,
tanto do ponto de vista externo, como do interno. Assim, enquanto a con-
versão externamente poderia proporcionar uma maior aproximação com os
francos e bizantinos e, conseqüentemente, uma maior autonomia em rela-
ção aos visigodos, seus inimigos em potencial; internamente poderia favo-
recer uma maior assimilação entre as populações autóctones e suevas, ou
seja, indicava a possibilidade de construção da unidade política através da

485-561, 1980. p. 499; GARCIA MORENO, Luis A. Las Invasiones y la Época Visigoda. Reinos
y Condados Cristianos. In: TUÑÓN DE LARA, Manuel. (dir.) Historia de España. Romanismo
y Germanismo. El Despertar de los Pueblos Hispánicos. Barcelona: Labor, 1981. p. 303.

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unidade religiosa. Logo, constatamos a adoção pelos reis suevos de uma


política de favorecimento da instituição eclesiástica o que promoveu a ex-
pansão da nova fé entre todos os habitantes do reino, inclusive, junto a
membros da própria corte.
Dessa forma, a partir de meados do século VI, observamos mudan-
ças cabais para ambas as instituições, Igreja e Monarquia. À Igreja apre-
sentou-se a possibilidade de investimento na sua reorganização interna, o
que estivera intimamente relacionado ao esforço de cristianização empre-
endido na região. Este conteve variadas nuanças, entre as quais: a concep-
ção e realização dos dois concílios bracarenses; um amplo entrosamento
entre os membros do episcopado local; a criação de mosteiros e a redação
de obras por Martinho de Braga, destinadas aos bispos locais e ao monar-
ca.
Considerando nossas preocupações concernentes à valorização de
elementos da herança clássica no processo de cristianização do reino sue-
vo, precisamos ressaltar, em meio aos aspectos anteriormente apontados,
dois em particular. Refirimo-nos ao perfil e às preocupações que se relacio-
naram ao trabalho realizado nos mosteiros fundados por Martinho e o prin-
cípio norteador e os pontos realçados na mensagem presente nos escritos
que foram dedicados ao rei.
A organização do monacato no reino suevo, com especial atenção à
criação de mosteiros, esteve indubitavelmente associada à formação inte-
lectual de Martinho. A sua erudição foi insistentemente salientada pelos
seus contemporâneos, Isidoro de Sevilha3, Gregório de Tours4 e Venâncio

3
ISIDORO DE SEVILLA. Historia de los Godos, Vándalos y Suevos. Estudio, edición crítica
y traducción de Cristobal Rodriguez Alonso. León : Caja de Ahorros y Monte de Piedad de León
y El Archivo Histórico Diocesano de León, 1975. cap. 91. p. 319 (red. larga).

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Fortunato5. Este último apontou, inclusive, o conhecimento que o bispo de


Braga possuía de algumas obras de Cícero, Platão e Aristóteles, além de
autores da Igreja, como Ambrósio e Agostinho. Martinho, nascido no Ori-
ente, antes de chegar à Galiza, esteve em importantes centros de estudos
na Palestina, no Egito e na Península Itálica6.
Dos mosteiros mencionados, embora não tenhamos condições de
precisar quantos exatamente foram fundados, sabemos, através de Isidoro7,
que Martinho se empenhou verdadeiramente nessa tarefa. Sua ação como
promotor da vida monástica permitiu que a Galiza se transformasse, em fins
do século VI, na província eclesiástica da Península Hispânica com o maior
número de fundações dessa natureza8.

4
GRÉGOIRE DE TOURS. Histoire des Francs. Traduite du latin par Robert Latouche. Paris:
Les Belles Lettres, 1996. Livre 5, 37. p. 300.
5
FORTUNATUS, V. Opera Omnia. In: Patrologiae. Cursus Completus. Series Latina. ed. J.
P. Migne. Paris: Garnier, 1862, v. 88. Lib. 5, 1. p. 180.
6
Sobre aspectos diferenciados da atuação martiniana na Galiza e da sua formação intelectual,
entre outros, ver: MADOZ, Jose. Martín de Braga. En el XIV Centenário de su advenimiento a
la Península (550-1950). Estudios Eclesiásticos, Madrid, n. 25, p. 219-242, 1951; TAVARES,
Severiano. O Senequismo de S. Martinho de Dume. Revista Portuguesa de Filosofia. v. 6, p.
381-387, 1950; BARBOSA, A. de Miranda. O senequismo medieval e o corpus martinianum.
Biblos, v. 41, p. 181-191, 1965; MORALEJO ALVAREZ, José Luis. Los Helenismos en el Lexi-
co de San Martinho Dumiense. Compostellanum, Santiago de Compostela, n. 12, p. 157-167,
1967; FONTÁN, Antonio. Martín de Braga: Proyección Histórica de su Persona y su obra. In:
Humanismo Romano. Barcelona: Planeta, 1974; ___. Martín de Braga, un Testigo de la Tradi-
ción Clásica y Cristiana. Anuario de Estudios Medievales. Barcelona, v. 9, p. 331-341,
1974/1979; FERREIRO, Alberto. The Missionary Labors of St. Martin of Braga in 6th Century
Galicia. Studia Monastica, Barcelona, v. 23, n. 1, p. 11-26, 1981; BODELÓN, Serafín. Litera-
tura Latina de la Edad Media en España. Madrid: Akal/Universitária, 1989. p. 13.
7
ISIDORO DE SEVILLA. op. cit., cap. 91. p. 319 (red. larga).
8
GONZÁLEZ GARCÍA, Teodoro. La Iglesia desde la conversión de Recaredo hasta la invasión
árabe. In: GARCIA VILLOSLADA, Ricardo. (dir.) Historia de la Iglesia en España. La Iglesia
en la España romana y Visigoda (siglos I-VIII). Madrid: BAC, 1979. p. 635.

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A quantidade de mosteiros fundados por Martinho, contudo, não é o


mais relevante na sua ação monástica, mas sim o papel que tais fundações
assumiram no processo de reorganização e fortalecimento da Igreja. Os
problemas relacionados à ortodoxia, bem como as dificuldades existentes
no seio da Igreja no que se refere à precária formação dos clérigos galegos
demandavam solução9. Logo, a importância de tais mosteiros consistiu, a
princípio, exatamente na ênfase em que neles recebeu tal formação, com
considerável valorização dos estudos, assim como no papel que assumiram
de núcleos de propagação do Cristianismo.
Dessa forma, os autores10 que mencionam a fundação do mosteiro
de Dume, em geral, apontam o seu papel de centro cultural e religioso. Este

9
A preocupação com a formação do clero está explicitada nas atas dos dois concílios braca-
renses. Cf.: Concilios Visigóticos e Hispano-Romanos. Edición Jose Vives. Madrid: CSIC.
Instituto Enrique Florez, 1963. Concilio de Braga I. XX. p. 75; Capitula Martini. XXII. p. 92. Além
da menção específica para tal aspecto, há que se considerar ainda a existência de uma inqui-
etação claramente presente entre as autoridades eclesiásticas. Essa inquietação, expressa na
palavra “ignorância”, faz com que a mesma apareça nas Atas Conciliares cinco vezes. Cf.:
Concilio de Braga I. p. 66; 70; 71; Concilio de Braga II. p. 79. Há ainda uma orientação no sen-
tido de formação dos religiosos em mais duas referências: Concilio de Braga II. I . p. 81; Capi-
tula Martini. XXII. p. 92-93.
10
Cf., entre outros: DECARREAUX, Jean. Les Moines et la Civilisation en Occident. Paris:
Arthaud, 1962. p. 129; PEREZ DE URBEL, Justo. Las Letras en la España Visigoda. In:
MENENDEZ PIDAL, R. (dir.) Historia de España. España Visigoda. 2. ed. Madrid: Espasa-
Calpe, 1963. v. 3. p. 448; PINA, A. Ambrósio. A Cultura Greco-Latina nos mosteiros de Dume e
de S. Salvador de Montélios em Braga. Lumen, Lisboa, n. 31, p. 215-219, 1967. p. 218;
DOMINGUEZ DEL VAL, Ursicino. Martin de Braga. In: Diccionario de Historia Eclesiastica
de España. ALDEA VAQUERO, Quintin et al. ( Dir.) Madrid: Instituto Enrique Florez. Consejo
Superior de Investigaciones Cientificas, 1973. v. 3. p. 1429; DÍAZ Y DÍAZ, Manuel C. Martin de
Braga (Saint). In: Dictionnaire de Spiritualité. Ascétique et Mystique Doctrine et Histoire.
Paris: Beauchesne, 1980. v. 10. p. p. 678; PALLARÉS MENDEZ, Carmem. Edad Media. In:
Galicia Eterna. Barcelona: Nauta, 1984. p. 100; RICHÉ, Pierre. Ecoles et enseignement dans
le Haut Moyen Age. Paris: Picard, 1989. p. 33; GOMES, Manuel Jorge da Silva. S. Martinho de

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ocupou uma função de escola onde ensinava-se o grego, lia-se os autores


clássicos e, sobretudo, buscava-se o aperfeiçoamento da formação doutri-
nal e ascética. Dume e os demais mosteiros se destacaram pela sua ativi-
dade, voltada para a cultura e para a preparação de monges. Sua importân-
cia, portanto, para a Igreja na região advém da possibilidade de que estes
religiosos, através dos conhecimentos adquiridos, colaborassem no cultivo
e divulgação do Cristianismo, participando, assim, do processo de reorgani-
zação e fortalecimento desta instituição. Aliás, como já sublinhamos anteri-
ormente, Martinho não atuou objetivando prioritariamente o resga-
te/manutenção da Cultura Clássica, esse processo ocorreu como um des-
dobramento da preocupação primordial das autoridades eclesiásticas lo-
cais, qual seja, a cristianização.
Quanto à mensagem dirigida ao rei suevo, um árduo trabalho antece-
deu a redação do conjunto de escritos no qual estava compreendida. Esta
certamente não teria sido concebida em uma conjuntura que desconheces-
se a aproximação entre as autoridades políticas e religiosas, só possível
após a inauguração do processo de conversão dos suevos e uma ampla
ação clerical. À crescente reorganização e ao conseqüente fortalecimento
da Igreja Sueva, associou-se uma ativa interferência dos membros desta no
espaço político. As autoridades religiosas ausentes da corte sueva nos

Dume: a sua ação litúrgico-pastoral. Actas do Congresso Internacional do IX Centenário de


Dedicação da Sé de Braga. Braga, 1990. v. 3. p. 157-166. p. 158; OLIVEIRA, Miguel de. His-
tória Eclesiástica de Portugal. Edição revisada e actualizada por Artur Roque de Almeida.
Lisboa: Europa-América, 1994. p. 38; VELÁZQUEZ SORIANO, Isabel. Ambitos y ambientes de
la cultura escrita en Hispania (s. VI): De Martín de Braga a Leandro de Sevilla. Studia Ephe-
meridis Augustinianum, Roma, n. 46, p. 329-351, 1994. p. 334; FERREIRO, Alberto. The
Missionary Labors of St. Martin of Braga in 6th Century Galicia. op. cit., p. 18; FONTÁN, Anto-
nio. Martín de Braga, un Testigo de la Tradición Clásica y Cristiana. op. cit., p. 332.

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anos que antecederam a conversão do monarca passaram, pois, a desen-


volver também nesta esfera um trabalho de cristianização, a influenciar a
formação intelectual dos seus membros, a aconselhar e, conseqüentemen-
te, a impor e a ressaltar a importância dos valores e princípios cristãos de
maneira crescente.
Dessa forma, embora a Monarquia não tenha experimentado altera-
ções que desprezassem totalmente a importância concedida aos seus dois
principais pilares de sustentação, observamos uma tendência ao prestígio
de novos elementos em sua composição. Isto é, aos olhos do episcopado
local, cada vez mais influente junto à corte, o fato do monarca estar associ-
ado a uma família nobre e de possuir qualidades guerreiras não se consti-
tuíam como dados suficientes para legitimá-lo como governante de um reino
no qual o processo de expansão do Cristianismo visava atingir a todos os
habitantes. Seu perfil, segundo a concepção eclesiástica, deveria estar em
consonância com essa nova conjuntura. Nesse sentido, reconhecemos, no
reino suevo, a formulação, pelas autoridades religiosas galegas, de um mo-
delo de monarca que respondia às preocupações e aos anseios destas au-
toridades.
Há que se destacar que à formulação de um padrão de monarca ideal
vincularam-se simultaneamente duas expectativas. Por um lado a intenção
de apresentar o perfil do referido governante e, por outro, um desejo, fre-
qüentemente explícito, de que o rei, a quem se oferecia o conjunto de
obras, viesse adequar-se a esse paradigma, tornando-se, desse modo, o
governante idealizado. Dessa maneira, a argumentação adotada por Marti-
nho priorizou a abordagem de virtudes e vícios. Tal argumentação se es-
truturou em torno de pontos básicos que se confundem e se complemen-
tam: em quais circunstâncias tais vícios deveriam ser evitados; em quais

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momentos tais virtudes poderiam se apresentar e, ainda, quais procedi-


mentos teriam que ser adotados pelo monarca para que se mantivesse em
consonância com um comportamento virtuoso.
Em outras palavras, não se apontou apenas o que era ou não virtuo-
so, mas se forneceu também sugestões para uma conduta considerada
ideal. Assim, Martinho não se limitou a demonstrar exemplos de atitudes
louváveis, mas procurou igualmente sublinhar um conjunto de aspectos,
situações, encaminhamentos que deveriam exigir a prática das virtudes res-
saltadas e, além disso, procurou também fornecer indicativos que, uma vez
seguidos, garantiriam o comportamento desejado. Seu tom não era, por-
tanto, apenas de advertência, mas era igualmente de aconselhamento, fo-
mentando um padrão de conduta.
Martinho apresentou o referido modelo, em geral, de forma direta,
objetiva, sem que isso, contudo, representasse a ausência de sutilezas na
formulação em questão. Foi exatamente este encaminhamento que lhe
permitiu discorrer amplamente sobre virtudes e vícios como elementos de
composição de um padrão de monarca, sem que este paradigma tivesse
sido, explicitamente, apresentado a Miro, rei dos suevos, como tal. Alegan-
do, no preâmbulo da Formula Vitae Honestae11, que este monarca lhe teria
solicitado conselhos, através de cartas, Martinho, em nenhum momento
afirmou que estaria oferecendo um conjunto de indicações para o compor-
tamento ideal de um governante cristão. Apesar disso, nas obras que foram
oferecidas a Miro, foi o bispo de Braga quem direcionou a ênfase para a
busca de uma vida virtuosa. Logo, ao iniciar o enfoque das virtudes, Marti-
nho estabeleceu como pressuposto do seu discurso a existência, por parte

11
MARTINI EPISCOPI BRACARENSIS. Opera Omnia. Edidit Claude W. Barlow. New Haven:
The American Academy in Rome, 1950. 1,1-10.

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do monarca, de um interesse específico em obter orientações que lhe per-


mitissem conduzir-se de acordo com um modelo ideal de comportamento.
Neste modelo receberam especial enfoque algumas importantes vir-
tudes destacadas por gregos, como Platão12 e Aristóteles13, e latinos, como
Cícero14 e Sêneca15, e a idéia, também compartilhada por estes, de que
uma conduta adequada resultaria em benefícios. Não esteve ausente, po-
rém, um amplo esforço de cristianização destas virtudes e a introdução da
humildade, identificada como uma construção tipicamente cristã. Ao monar-
ca ideal e/ou que se pretendia moldar, a partir da argumentação presente
nas obras escritas por Martinho e direcionadas a Miro - Formula Vitae Ho-
nestae; Pro Repellenda Jactantia; Item De Superbia e Exhortatio Humilitatis
-16, indicava-se especialmente a prática da prudência, da magnanimidade,
da continência, da justiça e da humildade, e o repúdio à jactância e à so-
berba.
Logo, um monarca prudente deveria se conduzir de acordo com a ra-
zão e se orientar na busca da verdade, da essência, do duradouro e do
equilíbrio. Para tal, segundo Martinho, impunha-se como indispensável um
exame atento e repetido de tudo a ser deliberado, antes que a última pala-
vra fosse proferida, ou que o juízo final fosse revelado. Evitar-se-iam, dessa

12
Cf., em particular: PLATO. Republic. Translated by Paul Shorey. Cambridge, Massachusetts,
London: Harvard University; William Heinemann, 1990. 2v. (Loeb Classical Library, 5-6).
13
Cf., em particular: ARISTOTLE. Nicomachean Ethics. Translated by H. Rackham. Cam-
bridge, Massachusetts, London: Harvard University, 1994. (Loeb Classical Library, 19).
14
Cf., em particular: CICERO. De Officiis. Translated by Walter Miller. Cambridge, Massachu-
setts, London: Harvard University, 1990. (Loeb Classical Library, 21).
15
Cf., em particular: SENECA. Moral Essays. Translated by John Basore. Cambridge, Massa-
chusetts, London: Harvard University, 1989. 3v. (Loeb Classical Library, 214; 254; 310).
16
MARTINI EPISCOPI BRACARENSIS. op. cit.

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maneira, atitudes e conclusões precipitadas baseadas apenas na aparên-


cia.
Para o alcance e permanência na magnanimidade, aconselhava-se
ao monarca um perfil honroso e generoso. Destacou-se, ainda, por um lado,
a apresentação de estímulos ao rei dos suevos para que este buscasse
uma vida irrepreensível e, por outro, a idéia subjacente de que tal postura
poderia ser percebida pelos seus coetâneos, lembrando-lhe, dessa forma,
seu necessário caráter exemplar.
À prática da continência se impunha, principalmente, o entendimento
de que o equilíbrio teria que ser conquistado. Apenas a partir da compreen-
são de que os extremos deveriam ser evitados, elementos como as neces-
sidades físicas; a auto-estima; a paciência; a amabilidade; o perdão; a justi-
ça, entre outros, poderiam adequadamente ser valorizados. Assim, a idéia
de continência, presente no modelo de monarca elaborado no Reino Suevo,
recomendava, sobretudo, uma conduta moderada e serena.
Quanto ao monarca justo, sugeria-se um comportamento que procu-
rasse favorecer a todos, não prejudicar ou permitir que alguém fosse preju-
dicado, a partir da certeza de que cabia ao governante a consideração da
justiça, como algo associado à prática do Cristianismo e procedente de
Deus.
No que se refere à humildade, o monarca deveria, especialmente,
admitir as ilimitadas potencialidades do poder Divino e a sua subordinação
a Ele. Ao abordar os vícios da jactância e da soberba, sublinhou-se sua
natureza contrária à virtude cristã da humildade. Logo, a prática da humil-
dade e o conseqüente reconhecimento do poder Divino, vinculava à manu-
tenção do compromisso do monarca com Deus ao afastamento de tais víci-
os.

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Embora não tenha reservado a mesma atenção dedicada às virtudes


anteriormente salientadas, Martinho, tendo em vista o perfil bélico dos sue-
vos, não desconsiderou a necessidade de realizar comentários referentes a
aspectos como a coragem e a lealdade. Consciente da importância assumi-
da entre os suevos de valores associados à guerra, em uma clara menção
ao mundo germânico, o Bracarense realçou a importância da coragem e da
lealdade como práticas recomendáveis.
Ao ressaltar a coragem, na verdade, seu raciocínio expressou de
forma dissimulada a necessidade de que a mesma fosse comedida. Sabe-
mos que a própria natureza da monarquia sueva se pautava no caráter
guerreiro do monarca, como uma das suas mais relevantes características.
Mais conveniente, portanto, seria formular uma argumentação que, parale-
lamente ao prestígio conferido a tal valor, tornasse esta virtude e os conse-
qüentes ímpetos guerreiros do monarca, controlados.
Assim, objetivando neutralizar uma possível desmesurada coragem
ou um comportamento demasiadamente impetuoso, a importância do per-
dão foi enfatizada na argumentação martiniana. Este, ao ser sugerido como
uma alternativa mais nobre e eficaz à vingança, identificada por Martinho
como um sentimento despertado pela coragem sem medidas, ampliava as
possibilidades de que a herança belicosa da tradição germânica, provavel-
mente existente no monarca, pudesse ser contida. Além disso, oferecia-se
ao rei suevo indicativos de uma conduta que o aproximava ainda mais de
um modelo de monarca cristão.
Reconhecendo que as relações que se estabeleceram no âmbito dos
grupos germânicos estiveram baseadas em vínculos pessoais, os princípios
de solidariedade e lealdade também estiveram presentes na formulação
martiniana. Assim, particularmente a lealdade, sem que sua essência fosse

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A Cristianização e a tradição clássica na transição da Antigüidade
para a Idade Média: o caso do Reino Suevo

descaracterizada, aos poucos, fora apresentada como um sentimento de


cunho cristão. Esta passou a ser definida e enfocada, sobretudo, como uma
prática voltada para Deus. Como cristão exemplar, portanto, caberia ao mo-
narca em uma demonstração de intensa lealdade, atuar, incondicionalmen-
te, como instrumento da vontade divina.
Ao propor um padrão de conduta para o monarca suevo, Martinho o
fazia com reconhecida autoridade intelectual e religiosa não só entre os clé-
rigos, mas também junto aos monarcas suevos. Na verdade, o bispo de
Braga apresentava-se como um legítimo representante do segmento epis-
copal local, o que lhe conferia uma marca de porta-voz das autoridades
eclesiásticas galegas e um traço que o identificava como canal de ligação
entre os dois grupos, nobres e religiosos. Dessa forma, embora as palavras,
o estilo, a construção da argumentação, a apresentação da formulação e,
até mesmo, alguns dos pontos enfatizados nas referidas obras sejam re-
sultados da atuação pessoal martiniana, a intenção de elaborar um para-
digma de monarca, ou seja, a idéia central, deve, impreterivelmente, ser
percebida, como expressão de um grupo do qual Martinho fazia parte.
Logo, o conjunto de obras que o bispo de Braga dedicou ao rei Miro
se, por um lado, explicita a sua inserção no seio do episcopado galego,
como anteriormente salientamos, por outro, desvela sua formação intelec-
tual, seu compromisso com a Cultura Clássica, bem como expressa a ine-
gável originalidade com a qual foi capaz de transferir para a linguagem es-
crita a idéia de que um monarca ideal poderia ser forjado no reino suevo.
Esta originalidade revela-se especialmente a partir da observação de
que munido de sua formação, o Bracarense, nas obras dedicadas ao mo-
narca, deu forma a um conjunto norteador de conduta que expressava, pela
primeira vez, em uma elaboração concebida e dedicada a um rei “bárbaro”,

Boletim do CPA, Campinas, nº 4, jul./dez. 1997 125


Leila Rodrigues Roedel

uma síntese de aspectos da Cultura Clássica, do Cristianismo e do Mundo


Germânico.
Assim, se nosso autor, como já lembramos, destacou virtudes caras
aos antigos, salientou também a identificação de tais virtudes com princípi-
os cristãos, bem como não deixou à margem elementos valorizados pelos
germanos como a noção de coragem e lealdade entre os guerreiros. Logo,
embora as três tendências existentes na construção martiniana não se
apresentem em igualdade de condições, indiscutivelmente ali estiveram
compreendidas.
Tendo assumido o papel de intérprete da palavra Divina, privilegiando
no conjunto elaborado a tendência cristã, o bispo de Braga adotou um tom
de homem experiente que conhecia as expressões da natureza humana e
estava capacitado a discernir, sem hesitar, entre atitudes corretas e inade-
quadas. Nesse sentido, na identificação e caracterização do paradigma de
monarca, concomitantemente ao enfoque das virtudes e dos vícios, foram
veiculadas, sobretudo, idéias e pressupostos de cunho claramente cristão,
inclusive, já desenvolvidos por autores como São Paulo e Agostinho. Entre
eles poderíamos realçar os seguintes: o poder dos governantes tem proce-
dência Divina17; é dever do governante a regulação da vida terrena a partir
da lei eterna18, ou seja, cabia ao monarca ideal assumir o papel de instru-

17
Cf.: A Bíblia de Jerusalém. 5. imp. São Paulo: Paulinas, 1991. Rm 13, 1-7; I Cor 4, 7; I Cor 8.
18
Cf.: AGUSTIN. La Ciudad de Dios. Edición preparada por FR. Jose Moran. Madrid: BAC,
1958. (Obras de San Agustin, T. XVI-XVII.). V, 24. p. 391-392; ___. Tratado sobre la suma
Trinidad. Edición preparada por Luis Arias. Madrid: BAC, 1956. (Obras de San Agustin, T. V.).
XIII, 4, 9. p. 279.

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A Cristianização e a tradição clássica na transição da Antigüidade
para a Idade Média: o caso do Reino Suevo

mento da vontade divina; ou ainda, os monarcas deveriam, como homens e


como governantes, estar comprometidos com os valores cristãos19.
Não há dúvida, portanto, de que o conjunto identificado como uma
proposta de modelo de monarca presente nas obras de Martinho dedicadas
ao rei suevo jamais poderá se caracterizar pelo ineditismo de cada uma das
suas partes. Aliás, é exatamente neste ponto que reside o maior mérito do
bispo de Braga. Este não era exatamente um teórico, mas sim um homem
prático, que soube selecionar em meio aos seus conhecimentos os ele-
mentos que, uma vez adaptados à realidade em que atuava, respondiam a
determinadas expectativas. Dessa forma, ao reconhecer a demasiada im-
portância de alguns aspectos que compunham o perfil da Monarquia entre
os suevos, não cogitou em nenhum momento na sua total negação. Antes
sim, buscou cristianizá-los.
Em suma, se a aliança entre a Monarquia e a Igreja, no noroeste pe-
ninsular, tornou possível a existência de um espaço no qual a ação eclesi-
ástica pôde contribuir para o desenvolvimento de mecanismos de consoli-
dação do reino suevo e reconhecimento e/ou ratificação do caráter legítimo
do seu monarca, a referida ação não se configurou incondicionalmente.
Logo, vinculado ao processo de reorganização e fortalecimento da Igreja na
Galiza, Martinho de Braga, um testemunho da Tradição Clássica e Cristã,
como porta-voz do episcopado local, formulou um padrão de monarca que
conferia a este parâmetros de comportamento. Na análise desse processo,
verificamos a demonstração da política de disciplinamento do rei “bárbaro”,
adotada pelas autoridades religiosas galegas a partir da consideração de

19
Cf.: AGUSTIN. Cartas (2º). Edición preparada por Lope Cilleruelo. Madrid: BAC, 1953.
(Obras de San Agustin, T. VIII.). Carta.185, 19. p. 627.

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Leila Rodrigues Roedel

pressupostos cristãos e valores que devidamente resgatados ou transfor-


mados puderam ser também identificados com o Cristianismo.

APÊNDICE

Fontes Primárias:

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AGUSTIN. Cartas (2º). Edición preparada por Lope Cilleruelo. Madrid: BAC,
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