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A IMPROCEDÊNCIA LIMINAR NO NOVO CÓDIGO DE


PROCESSO CIVIL FRENTE A POSSIBILIDADE DE
VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DO
DEVIDO PROCESSSO LEGAL

THE LIMITED PRINTING IN THE NEW CIVIL PROCEDURE


CODE WITH REGARD TO THE POSSIBILITY OF VIOLATION
OF THE PRINCIPLES OF THE CONTRACT AND THE DUE
LEGAL PROCEDURE.

Luiz Mota de Siqueira Neto


Pós-graduando no curso de pós
graduação em Direito Processual Civil da
rede de ensino LFG/Anhanguera.
Advogado.

RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso possui como escopo o estudo acerca da


improcedência liminar no novo código de processo civil, especificamente quanto a
possibilidade de tal instituto violar dois importantíssimos principios
constitucionais/processuais, que são: o princípio do contraditório e do devido
processo legal. No primeiro momento será realizado um estudo acerca da
improcedência liminar, onde será feito um paralelo entre o instituto na vigência do
código de 1973 e o código de 2015, posteriormente e sequencialmente serão
abordados sobre os principios supramencionados e finalmente será respondida a
problematização da pesquisa, se há ou não vioalação de tais princípios.

Palavras-chave: improcedência liminar. princípios. código.

INTRODUÇÃO

O instituto da improcedência liminar, embora previsto no Código de


Processo Civil de 1973, ganhou contorno, mais visibilidade e uma modificação que
possibilita a sua aplicação de uma maneira mais correta e/ou justa com a criação e
posterior vigência do Código de Processo Civil de 2015. Tal instituto prevê a
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possibilidade do magistrado de julgar o mérito de plano, sem sequer realizar a


citação da parte contrária.
No que tange os princípios, é possível afirmar que são mecanismos cuja
aplicação se dá de modo diverso tanto no direito processual civil quanto no direito
processual penal. Decerto, no direito processual penal é válida a regra da
indisponibilidade, na medida que no direito processual civil impera a disponibilidade,
logo, é notório que a verdade formal é a que é utilizada no processo civil, enquanto
que a verdade real é que importa para o processo penal. Entende-se por princípio do
contraditório como o instrumento que possibilita uma ciência bilateral, um
conhecimento de ambas as partes acerca de todos os atos e/ou termos processuais,
logo, que tem a finalidade de assegurar a realização ou existência do binômio
informação e reação.
Nessa perspectiva, o presente trabalho científico terá como objetivo explanar
de forma mais peculiar a acerca da improcedência liminar do pedido no novo código
de processo civil, bem como sobre a possibilidade do referido instituto de violar os
princípios constitucionais/processuais do contraditório e do devido processo legal.
Assim sendo, o presente artigo será dividido em 4 capítulos. O primeiro
abordará sobre a improcedência liminar do pedido no novo código de processo civil,
seu conceito e paralelo entre o instituto na vigência do código de processo civil de
1973 e do código de processo civil de 2015. O segundo destacará de forma
minuciosa sobre os princípios. O terceiro tratará dos princípios constitucionais e
processuais do contraditório e do devido processo legal, sua denominação, contexto
histórico e importância no ordenamento jurídico brasileiro. O quarto tratará da
possibilidade de violação dos princípios constitucionais e processuais do
contraditório e do devido processo legal, por meio do instituto da improcedência
liminar do pedido.
Para alcançar o desiderato científico proposto, a metodologia de pesquisa
está direcionada ao estudo qualitativo com abordagem bibliográfica, com análise da
lei, doutrina e jurisprudência sobre o tema abordado.
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1) A IMPROCEDÊNCIA LIMINAR: UM PARALELO ENTRE O


INSTITUTO NO CÓDIGO DE 1973 E NO NOVO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL DE 2015

Antes de conceituar o instituto da improcedência liminar do pedido, faz-se


necessária a realização de uma análise histórica acerca de tal instituto. Nessa
diapasão, é possível afirmar que a mesma foi introduzida no código de processo civil
brasileiro por meio da lei de nº 11.277 de 7 de fevereiro de 2006, período
compreendido como o período das reformas processuais. Nesse sentido, tal instituto
também foi recepcionado/introduzido pela lei de nº 13.105 de 16 de Março de 2015,
diga-se pelo novo Código de Processo Civil Brasileiro.
Por conseguinte, adentrando em um aspecto conceitual, o instituto da
improcedência liminar do pedido dá a possibilidade ao juízo de julgar o pedido
formulado pela parte autora sem realizar a citação da mesma para tão logo tomar
ciência da referida demanda, bem como apresentar defesa em prazo hábil. Tal
instituto encontrava-se exteriorizado na vigência do Código de Processo Civil de
1973 através do artigo 285-A e encontra-se exteriorizado no Código de Processo
Civil de 2015 através do artigo 332, logo, faz-se necessário observar o que dispõe
tais dispositivos normativos, respectivamente, in verbis:

Art. 285-A. Quando a matéria controvertida for unicamente de direito


e no juízo já houver sido proferida sentença de total improcedência
em outros casos idênticos, poderá ser dispensada a citação e
proferida sentença, reproduzindo-se o teor da anteriormente
prolatada. (Incluído pela Lei nº 11.277, de 2006)
§ 1º Se o autor apelar, é facultado ao juiz decidir, no prazo de 5
(cinco) dias, não manter a sentença e determinar o prosseguimento
da ação. (Incluído pela Lei nº 11.277, de 2006)
§ 2º Caso seja mantida a sentença, será ordenada a citação do réu
para responder ao recurso. (Incluído pela Lei nº 11.277, de
2006)

Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz,


independentemente da citação do réu, julgará liminarmente
improcedente o pedido que contrariar:
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior
Tribunal de Justiça;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo
Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
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III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas


repetitivas ou de assunção de competência;
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
§ 1o O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o
pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de
prescrição.
§ 2o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em
julgado da sentença, nos termos do art. 241.
§ 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco)
dias.
§ 4o Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do
processo, com a citação do réu, e, se não houver retratação,
determinará a citação do réu para apresentar contrarrazões, no prazo
de 15 (quinze) dias.

Destarte, nota-se que faz-se necessário realizar uma comparação entre o


referido instituto no Código de Processo Civil de 1973 e no Código de Processo Civil
de 2015. Assim, adentrando em uma análise técnica, é possível afirmar que a norma
trazida pelo código de 1973 possuía uma espécie de equívoco, haja vista que não
há o que se falar em matéria controvertida, sendo que o instituto da improcedência
liminar do pedido ocorre antes do ato processual denominado citação. Outra espécie
de “vício” contido da referida norma era quanto a exigência de que a matéria fosse
unicamente de direito, não obstante, toda demanda tem por trás de sí, uma narrativa
e/ou um elemento fático. Ademais, de forma sucinta o doutrinador Miguel Reale por
meio de sua teoria tridimensional do direito, afirma que as normas, entendidas como
dispositivos, regras ou textos normativos, de certa forma, colorem os fatos. Nessa
perspectiva, as denominações “casos idênticos” e “reproduzindo-se o teor da
sentença anteriormente prolatada”, também se vislumbram desnecessárias,
verdadeiros equívocos textuais reproduzidos no antigo código.
Portanto, observa-se, com a vigência do Novo Código de Processo Civil de
2015, que o texto normativo de que trata a improcedência liminar do pedido, ganhou
qualidade técnica, algumas expressões equivocadas e/ou viciadas foram
substituídas, como por exemplo a denominação “matéria unicamente de direito” por
“causas que dispensem a fase instrutória”, ou seja, de maneira objetiva, significa
dizer que os fatos provados pelo requerente acompanhado na petição inicial
dispensam a fase instrutória, posto que todas as provas já acompanham a petição
inicial e pelo fato de se dispensar a produção de provas por parte do requerido, diga-
se, parte contrária. É inegável que com a vigência do Novo Código de Processo
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Civil, o instituto da improcedência liminar do pedido ganhou mais objetivação das


hipóteses em que possa se aplicar a improcedência liminar. Além disso, corrigiu um
vício trazido pelo Código de Processo Civil de 1973, que era o reconhecimento da
prescrição e decadência como hipóteses de indeferimento liminar. Sendo assim, o
vício encontrava-se no momento em que o antigo Código, ao prever o indeferimento
liminar da petição inicial, consequentemente resultava na extinção dos autos sem
resolução do mérito, quando o correto seria afirmar que o reconhecimento de tais
institutos acima mencionados são considerados hipóteses de extinção dos autos
com exame do mérito.

2) DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS E PROCESSUAIS:


CONTRADITÓRIO E DEVIDO PROCESSO LEGAL

2.1) CONCEITO DE PRINCÍPIOS

Os princípios jurídicos nada mais são do que uma fonte e/ou célula nuclear
do direito, compreendidos também com diretrizes, instrumentos que orientarão a
prestação de uma determinada tutela jurisdicional. Mouzalas (2014, p. 31), pontua
que, in verbis:

Os princípios fundamentais do processo assinalam a linha pela qual


o ordenamento processual civil definirá, em sua inteireza, as
diretrizes que nortearão a prestação da tutela jurisdicional, seja a
partir das normas processuais ou na busca interpretativa de
conhecer-lhes a finalidade.

Nessa perspectiva, é possível afirmar que os princípios devem ser entendidos


como fundamentos e não como normas, logo, são mecanismos que geram a
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essência do direito, sendo que encontram-se implícitos, por variadas vezes, no


ordenamento jurídico.
Assim, Mouzalas (2014, p. 31) frisa que: “Cada disposição positivada encontra
no princípio correlato seu núcleo de legitimidade (a fonte necessária para irradiar
seus efeitos de acordo com a ordem jurídica que lhe é sistema).”

3) DOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DEVIDO PROCESSO


LEGAL

3.1) PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO

Inicialmente, cumpre ressaltar que atualmente o princípio do contraditório


presente, previsto e utilizado tanto no âmbito processual civil quanto no âmbito
administrativo, já era previsto na Carta Magna anterior e já revogada. Porém,
anteriormente o supramencionado princípio só era utilizado na seara do processo
penal, apesar da manifestação contrária dos doutrinadores/juristas.
Nesse sentido, o princípio do contraditório possui manifestação bilateral, quais
sejam: direito de ação e direito de defesa. Ademais, tal garantia constitucional pode
ser pleiteada tanto pela pessoa física e jurídica quanto pela defesa da igualdade
processual nos direitos fundamentais e sociais da cidadania, liberdade sexual,
religião e entre outros.
Nessa diapasão, o princípio do contraditório vislumbra-se como uma forma de
fazer com que a parte demandada em uma ação judicial obtenha conhecimento da
mesma e da totalidade dos atos processuais, bem como, uma possibilidade das
partes se manifestarem acerca de atos que lhes sejam desfavoráveis. Assim, aos
litigantes é permitido pleitear pretensões e realizar defesas, produzir provas, assim
como, ter o direito de serem ouvidos de forma individual e/ou particular no processo,
em todos os seus termos e fases.
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Insta enfatizar que o ato processual chamado de citação é quem impõem, de


modo conciso, o princípio do contraditório no processo civil.
Portanto, o princípio do contraditório, encontra-se presente em três tradicionais
tipos ou fases processuais (conhecimento, execução e cautelar), podendo ser
utilizado também tanto na jurisdição voluntária quanto na jurisdição contenciosa.

3.2) PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL

É inegável que o princípio do devido processo legal é considerado um dos


maiores e fundamentais no âmbito processual e no próprio ordenamento jurídico
brasileiro, posto que reuni os demais princípios que também assumem um papel
importante na relação processualista. Nesse sentido, de forma inicial e sucinta, o
princípio do devido processo legal vislumbra-se como um princípio em que se deve
ter estrita observância à legalidade.
Nessa diapasão, é necessário enfatizar que o princípio supracitado não possui
elo unicamente com a legalidade, mas também com a legitimidade, atributo este que
se faz presente na jurisdição, compreendida como poder, função e atividade.
Ademais, adentrando brevemente no contexto histórico do referido princípio, é
válido ressaltar que o mesmo teve suas origens no sistema jurídico inglês, com a
promulgação da Magna Charta de João Sem Terra, de 1215, porém tal princípio não
encontrava-se expresso diretamente na lei maior daquele país.
Por conseguinte, o princípio do devido processo legal nada mais é do que a
possiblidade efetiva que a parte possui, de ter acesso a justiça, pleiteando
demandas e, em casos contrários, se defendendo da forma mais abrangente
possível. Segundo CINTRA (2001, p. 131), o devido processo legal é: “o processo
devidamente estruturado”.
Assim, é possível concluir pela magnitude do princípio do devido processo legal
no direito processual contemporâneo, posto que verifica-se que a sociedade anseia
por um poder judiciário ativo e que de fato respeita a legalidade e a legitimidade,
proporcionado assim igualdade nos mais variados sentidos.
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4) DA POSSIBILIDADE DE VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DO


CONTRADITÓRIO E DO DEVIDO PROCESSO LEGAL POR MEIO DO
INSTITUTO DA IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO

Com a previsão da improcedência liminar do pedido, desde a vigência do


Código de Processo Civil de 1973, questionamentos não hesitaram e não
demoraram a surgir, principalmente no que tange o julgamento do mérito sem a
citação da parte demandada possivelmente configurar um grande ataque e\ou
afronta aos princípios do contraditório e do devido processo legal.
Insta ressaltar que o questionamento supramencionado foi, inclusive, motivo
que ensejou a propositura de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 3.695, por
parte do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, cuja ainda encontra-
se pendente de julgamento.
Nessa perspectiva, de maneira clara, objetiva e sucinta, tal Ação Direita de
Inconstitucionalidade, fundamenta o seu pedido nas violações aos princípios do
contraditório, isonomia, segurança jurídica, direito de ação e devido processo legal.
Com supedâneo nos argumentos e fundamentos trazidos pelo Conselho
Federal da OAB, tal instituto processual se constitui uma verdadeira afronta ao
princípio do contraditório, posto que o referido princípio deve ser compreendido
como um mecanismo que assegure a participação ativa das partes na relação
processual por inteiro, através da possibilidade, em decorrência do princípio da
isonomia, influírem em todas as fases processuais.
Assim, inegável é o fato da existência de doutrinas que apoiam o entendimento
de que há violação aos princípios do contraditório e do devido processo legal, por
meio do instituto da improcedência liminar do pedido. Porém, é possível afirmar que
a corrente que defende a inexistência de qualquer ataque aos princípios
processuais, principalmente o princípio do contraditório, é mais correta, coerente e
adequada.
Nessa diapasão, corroborando com as afirmações supracitadas, cumpre
enfatizar que os princípios não são absolutos e o que se observa, no que se refere a
improcedência liminar do pedido, é que existem outros princípios que se sobrepõem
ao princípio do contraditório.
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Destarte, é válido ressaltar que o princípio da efetividade processual, bem


como o princípio da razoável duração do processo se sobrepõem ao princípio do
contraditório. Sendo assim, é possível afirmar que o legislador foi feliz ao criar essa
prioridade, haja vista que nas hipóteses de ações com teses jurídicas iguais, não se
pode sustentar a possibilidade de que se crie uma demora processual, que no
presente caso, vislumbra-se desnecessária, pois não é conveniente que se exista a
fase instrutória, pelo simples fato do magistrado ter decisão devidamente e
seguramente formada, tendo em vista a existência de julgamentos anteriores.
Todavia, não é possível afirmar que o princípio do contraditório, nessas
relações processuais, tenha sido extinto, posto que como se observa no artigo 332,
§§ 2º e 3º do Novo Código de Processo Civil, ainda é assegurada a possibilidade de
interposição de recurso de apelação, momento no qual inclusive, é possível que o
magistrado aplique o juízo de retração e posteriormente proceda com a imediata
citação da parte contrária. Assim, mesmo que não seja aplicado pelo magistrado o
juízo de retratação, o mesmo ainda sim, mandará citar o réu para interpor
contrarrazões ao recurso interposto pelo autor, possibilitando a existência do dialogo
e da cooperação na relação processual, em estrita obediência ao princípio do
contraditório.
Nesse sentido, observa-se que, com isso, é assegurado o debate na relação
processual, sendo que as partes podem intervir no desenvolvimento do
convencimento final do magistrado, mesmo que o referido debate ocorra em
momento posterior do que no momento em que comumente ocorre.
Por conseguinte, é evidente que com base nas alegações
supramencionadas, que o princípio do contraditório não estará sendo violado, tanto
por parte do requerente quanto por parte do requerido.
Outros princípios que possivelmente estariam sendo violados com a
existência do instituto exteriorizado pelo artigo 332 do Código de Processo Civil de
2015, são os princípios da isonomia e da segurança jurídica, haja vista que a norma
“infraconstitucional” estaria permitindo que os processos, ao se debater a mesma
temática, porém distribuídos a diferentes juízes, tenham um andamento normal ou
encurtado, ao passo que tenha sido exarada ou não sentença relacionada ao
mesmo assunto no juízo, o que na concepção dos doutrinados que criticam o
dispositivo normativo “infraconstitucional” geraria insegurança jurídica as partes que
não figuraram no polo da relação processual anterior. Porém, tal alegação
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novamente se mostra ineficaz, impossibilitando assim o reconhecimento da


inconstitucionalidade da improcedência liminar do pedido.
Não é cabível falar em violação ao princípio da segurança jurídica também,
pois a improcedência liminar visa exatamente possibilitar ao litigantes uma certeza
sólida no que tange o posicionamento do magistrado acerca de um determinado
assunto. Ademais, insta salientar que o parecer do Procurador Geral da República
também se molda nesse sentido, posto que o mesmo enfatiza que a improcedência
liminar do pedido constitui-se um mecanismo que possui o escopo de fortalecer a
segurança jurídica, ao passo que assegura maior previsibilidade das sentenças a
serem exaradas pelo juízes de primeiro grau.
É importante frisar também que muito se discute acerca do instituto da
improcedência liminar também violar o princípio do devido processo legal, entendido
como “princípio-maior” do processo. Como já fora explanado em tópico anterior, o
referido princípio garante o dever de efetiva obediência as normas processuais
previstas em lei. E o que se observa é que a improcedência liminar do pedido,
prevista atualmente no artigo 332 do Código de Processo Civil de 2015, trata-se de
uma regra processual, ou seja, encontra-se devidamente prevista em lei e que por
isso, certamente deve ser respeitada. Desse modo, é possível afirmar que o devido
processo legal configura-se justamente por ser um princípio que estabelece uma
tríade, quais sejam: vida, liberdade e propriedade, ou seja, o direito de tutela é dado
a todos aqueles bens da vida no sentido mais amplo e genérico. Assim, tudo o que
for relacionado com o respeito a tutela da tríade (vida, propriedade e liberdade) está
indubitavelmente sob a proteção do estado e consequentemente do devido processo
legal.
Portanto, é possível finalizar que as garantias constitucionais, ou melhor, os
principais princípios processuais, não foram extintos e/ou violados pela existência do
artigo 285-A do antigo Código de Processo Civil de 1973 e pelo atual artigo 332 do
Código de Processo Civil de 2015. Logo, a parte autora continua possuindo o seu
direito subjetivo e sólido de acionar a jurisdição, com a finalidade de receber desta,
uma solução rápida e justa, cujo tema será analisado de modo igual ao que já tenha
ocorrido em situações semelhantes no mesmo juízo. No que tange a parte ré, diante
da aplicação do artigo 332 do Código de Processo Civil, se tornará parte vencedora
da causa, sem que seja citada para responder tal. Ademais, a citação ocorrerá nos
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casos de interposição de recurso de apelação pelo autor, assegurada a parte ré o


direito de manifestação/resposta.

CONCLUSÃO

É possível afirmar que a improcedência liminar do pedido, configura-se como


um importante instituto pertencente a seara do direito processual civil. Ademais,
cumpre salientar que na vigência do Código de Processo Civil de 1973 a norma que
disciplina tal instituto era vazia, vaga, ou seja, trazia equívocos, trazendo expressões
inconvenientes e ilógicas. Porém, com a vigência do Código de Processo Civil de
2015, a improcedência liminar do pedido, além de ser recepcionada pelo
determinado Código, obteve qualidade técnica, o texto foi simplificado, bem como
foram corrigidas as impropriedades supramencionadas.
Nesse sentido, vários questionamentos desde a época da vigência do
Código Civil de 1973, quando o instituto da improcedência liminar do pedido era
previsto no artigo 285-A, surgiram, no sentido de que o dispositivo normativo que
tratava do respectivo instituto era inconstitucional. Como já fora frisado, tal
questionamento foi inclusive alvo de proposição de Ação Direita de
Inconstitucionalidade por parte do Conselho Federal da OAB.
Por conseguinte, é possível afirmar, com supedâneo no entendimento de
grande parte dos doutrinadores, que não há inconstitucionalidade quanto ao instituto
da improcedência liminar do pedido, trazido pelo Código de 1973 e muito menos
pelo dispositivo trazido pelo Código de 2015, onde houve uma modificação e o texto
normativo ganhou qualidade técnica, objetividade, clareza e coerência. Ainda sim,
porque a improcedência liminar do pedido revela-se como um mecanismo que dirige
à realização sólida de uma sistemática processual mais justa, rápida, eficaz,
eficiente e racional, realizando de maneira adequada os mais variados princípios
constitucionais presentes e correlacionados ao direito processual civil.
Insta ressaltar, que a utilização da improcedência liminar do pedido deve
obedecer a requisitos elencados pela norma positivada, ao passo que ao magistrado
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também se exige que haja com cautela ao apreciar demandas cuja aplicação
possivelmente se faz necessária.
Nessa perspectiva, é possível afirmar que não há qualquer tipo de
inconstitucionalidade presente no instituto da improcedência liminar do pedido, haja
vista que o mesmo não enseja qualquer violação aos princípios da isonomia, da
segurança jurídica, do direito de ação e principalmente do contraditório e do devido
processo legal. Ademais, não é possível falar em princípio absoluto, posto que
sempre se faz necessário a realização de uma ponderação, um equilíbrio ou até
mesmo a aplicação da razoabilidade entre os princípios, sendo que quando se fala
em improcedência liminar do pedido, devem prevalecer sobretudo o princípio da
duração razoável do processo, com finalidade de se alcançar a efetividade
processual pleiteada.
Portanto, conforme já foi elucidado no decorrer deste artigo, embora se exija
cautela do magistrado ao fazer a uso do instituto da improcedência liminar do
pedido, inegável é que tal instituto enseja, proporciona uma veloz e significante
diminuição no que tange o volume de acervo processual, impossibilitando, de certa
forma, com que aqueles que possuíam o escopo utilizar da “aventura” e ao mesmo
tempo possibilitando uma qualidade no que se diz respeito as condições de
julgamento dos casos que de fato vislumbram-se controversas.

REFERÊNCIAS

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