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Ressonâncias filosóficas: volume II: artigos /


R435 organizadores, Célia Machado Benvenho, José
Dias, Junior Cunha. – 2. ed. e-book –
Toledo, PR: Vivens, 2018.
590 p.: il; color.

“XXII Simpósio de Filosofia Moderna e


Contemporânea da UNIOESTE”
Modo de Acesso: World Wide Web:
<http://www.vivens.com.br>
ISBN: 978-85-92670-63-4

1. Filosofia.

CDD 22. ed. 106.3

Rosimarizy Linaris Montanhano Astolphi


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XXXXVI

A EPISTEMOLOGIA DE LARRY LAUDAN:


diferentes tradições nas explicações dos seres vivos e suas implicações
para o Ensino de Ciências e Biologia

Saulo Cezar Seiffert Santos*


Cléria Maria Wendling**
Fernanda Aparecida Meglhioratti***

RESUMO

A elaboração de propostas para a renovação do ensino de ciências tem se


dado por meio de reflexões epistemológicas a respeito da natureza da
ciência. Nestas, tem sido enfatizado o movimento da Nova Filosofia da
Ciência a partir de epistemólogos como Popper e Feyerabend. O objetivo
deste ensaio é elencar possíveis contribuições de Laudan para a superação
de visões deformadas a respeito da construção científica como
empreendimento neutro, linear, estritamente empírico, acumulativo e
feitos por poucas pessoas com capacidade intelectual elevada. Laudan
analisa problemas empíricos, conceituais e anomalias das teorias científicas
e assume as seguintes proposições sobre o progresso da ciência: as
mudanças e controvérsias científicas são normalmente resolvidas
conceitualmente; a existência de teorias rivais é comum, de tal forma que
o progresso das teorias é uma atividade comparativa. Laudan apresenta o
termo tradição de pesquisa como conjunto de correntes teóricas e
metodológicas afins. Laudan levanta a questão da mudança de paradigma
racional por novas opções axiológicas, metodológicas e factuais. Ainda,
propõe o Modelo Reticulado de Racionalidade Científica em função dos
métodos, teorias, fins e metas de pesquisa. Assim, os objetivos justificam
os métodos, as teorias restringem as metodologias, os fins e metas
justificam as metodologias, as metodologias tornam factíveis aos fins e
metas, e as teorias devem se harmonizar com os fins e metas. Utilizamos

*
Universidade Federal do Amazonas; e-mail: sauloseiffert@ufam.edu.br.
**
Universidade Estadual do Oeste do Paraná; e-mail: cleriamwe@gmail.com.
***
Universidade Estadual do Oeste do Paraná; e-mail: meglhioratti@gmail.com;
lattes: http://lattes.cnpq.br/3719288552692207.
556 Ressonâncias filosóficas - Artigos

as ideias de Laudan para identificar cinco diferentes tradições que


buscaram explicar os seres vivos e sua diversidade. Em seguida, traçamos
algumas implicações para o ensino de Ciências e Biologia. Entendemos
que reconhecer que existem modos de pensar distintos e que estes se
modificaram ao longo da história pode contribuir para que os alunos
identifiquem a produção de conhecimento, como algo não linear, com
ideias concorrentes e sujeitas aos conhecimentos de uma época.

PALAVRAS-CHAVE: Larry Laudan; Tradição de Pesquisa;


Epistemologia da Ciência; Ensino.

INTRODUÇÃO

O Ensino de Ciências recebeu inúmeras influências das


epistemologias da Ciência, assim, autores como Popper, Lakatos, Kuhn e
Feyerabend (CUPANI; PIETROCOLA, 2002; MOREIRA; MASSONI,
2016; PRAIA et al., 2002) ajudaram a pensar como ocorre a construção do
conhecimento científico. Normalmente esses epistemólogos foram
relacionados ao ensino de ciências por uma visão construtivistas e podem
ser classificados como tendo interpretação da ciência como interno-
racionalista (p.e., Popper com a teoria da falsificacionismo), ou externo-
sociológicos (p.e., Feyerabend defendendo o anarquismo epistemológico),
ou com relação a ambas interpretações (como Lakatos – Programas de
Pesquisa, Toulmin – Modelo Evolutivo, Kuhn – Revolução dos
Paradigmas, Giere – Modelo Cognitivo) (SANMARTI, 2002).
Thomas Kuhn com a teoria das revoluções paradigmáticas
apresenta fatores sociais e por vezes irracionais como motores das crises
nos paradigmas até sua substituição por outra ciência emergente. Um
paradigma que já passou por sua fase de ciência normal passa a não
corresponder mais às demandas de responder os problemas científicos, e
é substituída por uma ciência emergente que apresenta outro modelo de
fazer ciência (epistemologicamente/metodologicamente). A revolução
copernicana em que o geocentrismo é substituído pelo heliocentrismo é
para KUHN, (2000) um exemplo de revolução paradigmática. Contudo, o
modelo de desenvolvimento, do pensar e do fazer da ciência de Kuhn é
em parte questionado por outros epistemólogos. Estes argumentam que
esse modelo não corresponde a muitos casos presentes na história das
ciências (SÁVIO, 2008).
A epistemologia de Larry Laudan... 557

Como alternativa de análise epistemológica para ensino de ciências


apresentamos o ainda pouco usado Larry Laudan (COLOMBO DE
CUDMANI, 1997). Laudan realiza críticas acerca da ideia de paradigmas,
realizando um movimento de retorno a racionalidade e propõe o
desenvolvimento da análise das teorias científicas vinculada a ideia de
tradições de pesquisa. As ideias de Laudan já foram utilizadas em alguns
trabalhos em ensino de ciências com o propósito de favorecer a superação
do mero empirismo e para uma ideia de movimento histórico e filosófico
da ciência. Podemos mencionar alguns trabalhos: Colombo de Cudmani
(1997) faz um texto apontando aproximações das ideias de Laudan para o
ensino de ciências; Guridi, Salinas e Villani (2003) tratam das concepções
de alunos do Ensino Médio por meio das idéias epistemológicas de
Laudan para a física newtoniana; também em física, o trabalho de
Ostermann et al. (2008) destaca as tradições de pesquisa quântica; no
ensino de biologia o trabalho de Braunstein (2011) aponta as tradições de
pesquisa mendeliana.
O objetivo deste ensaio é utilizar as ideias de Laudan para explorar
a existência de diferentes tradições de pesquisas que explicaram os seres
vivos e sua diversidade ao longo da história. Em seguida, buscamos traçar
reflexões de como a ideia de tradições de pesquisas de Larry Laudan pode
propiciar uma reflexão para o Ensino de Ciências e Biologia.

46.1 TRADIÇÃO DE PESQUISA EM LARRY LAUDAN

Inspiramo-nos em Larry Laudan (LAUDAN, 2011) no seu livro


“O Progresso e seus Problemas: rumo a uma teoria do crescimento
científico”. Se faz aqui uma síntese das ideias deste autor com a finalidade
de compreensão sobre a necessidades de analisar problemas empíricos,
conceituais e antinomias. Laudan assume as seguintes proposições para
sua reflexão sobre o progresso da ciência (LAUDAN, 2011): a) a ciência
não é acumulativa; b) normalmente não se refuta teorias por suas
anomalias; c) as mudanças e controvérsias científicas são resolvidas
conceitualmente, normalmente, muito mais que empiricamente; d) os
princípios da racionalidade do pensamento científico passam por
mudanças ao decorrer do tempo; e) o comum são as existências das
teorias rivais, de tal forma que o progresso das teorias é uma atividade
comparativa.
Laudan em sua epistemologia não propõe ou busca uma
demarcação científica com outros campos do conhecimento, já que
558 Ressonâncias filosóficas - Artigos

entende que a demarcação é difícil de se alcançar e que não traz


contribuições para a construção do conhecimento científico. Apesar de
não buscar uma demarcação da ciência com outros campos do
pensamento intelectual, ele alerta que, em geral, disciplinas consideradas
científicas costumam ser mais progressivas na resolução de problemas
devido aos seus traços metodológicos e ontológicos (MACHADO, 2006).
Laudan ainda destaca que o objetivo da ciência é produzir teorias eficazes
na solução de problemas ou modelos científicos para resolver os
problemas científicos. Assim, entende que outras formas de
conhecimentos também resolvem problemas, contudo, os modelos
científicos normalmente se mostram mais eficazes. Além disso, considera
que uma teoria nova que faz tudo que a anterior faz e traz mais
contribuições é superior a antecessora (LAUDAN, 2011).
Laudan classifica os problemas científicos em empíricos e
conceituais. Sendo a primeira mais básica e concreta, no qual é todo
problema que é tomado como estranho e precisa de explicação no
contexto em que foi tomada. A segunda se refere a problemas de
inconsistências apresentadas em alguma teoria, sendo que as teorias são
produtos de primeira ordem (responde a perguntas de pesquisa) e os
problemas conceituais são de segunda ordem. As anomalias são casos em
que a teoria descreve de forma insatisfatória ou não descreve a situação
requerendo uma teoria própria, ad hoc. Ao contrário de Popper, Laudan
não atribui à produção de anomalias a função da ciência embora reconheça
sua importância. Para Laudan, assim como para Kunh, as anomalias
podem gerar a ruína de um paradigma, no entanto, em algumas
circunstâncias elas podem ser admitidas e suportadas.
Segundo Laudan os problemas científicos são o aporte principal
do pensar científico e as teorias são os produtos finais, pois: o problema
produz perguntas da ciência e das teorias, levando a resultados adequados.
Isso conduz as duas teses sobre a função das teorias na ciência: a) uma
teoria é boa se proporcionar soluções satisfatórias aos problemas
importantes; b) a avaliação de relevância de uma teoria se verifica se ela
resolve problemas relevantes de forma adequada e não se corrobora ou é
bem confirmada. Nisso há uma distinção importante entre fatos e suas
explicações e também em problemas empíricos e suas soluções. Um fato
continua sendo fato mesmo que não compreendido, enquanto problemas
empíricos é problema se conhecido, isto está ligado a visão de mundo.
Mas os problemas empíricos podem ser resolvidos adequadamente por
uma teoria, ou parcialmente, e neste caso torna-se em problema anômalo,
A epistemologia de Larry Laudan... 559

em que pode ser resolvido por teoria alternativa. Assim, o progresso da


ciência está em tornar problemas não resolvidos, ou anômalos em
problemas resolvidos. Isto é, se a comunidade entende que está resolvido
com a explicação teórica, então está resolvido, mesmo que de forma
aproximada.
Os problemas conceituais estão na situação de análise da
consistência e estrutura conceitual teórica, podendo ser de ordem interna
(ambiguidades ou circularidades dentro da teoria) ou externa (tensões com
outras teorias, explicações diferenciadas de outras teorias, reforço de
conclusões de outra teoria sem implicar por completo ambas). Os
problemas externos podem ser causados por dificuldades intracientíficas,
ou seja, duas teorias inconsistentes com a realidade; ou dificuldade
normativa, isto é, tensões entre metodologias vigentes e teorias científicas;
e também visões de mundo diferentes no qual assumem compromissos e
pressupostos diferentes para construção teórica.
Laudan emprega o termo tradição de pesquisa, em que define
como “[...] uma tradição de pesquisa é um conjunto de suposições acerca
das entidades e dos processos de uma área de estudo e dos métodos
adequados a serem utilizados para investigar os problemas e construir
teorias dessa área do saber” (LAUDAN, 2011, p. 115). As tradições de
pesquisas não são tendências que se constituem rapidamente, pelo
contrário, são historicamente consolidadas, recebem aqueles que a aderem
e a fortalecem ao decorrer do tempo. No caso, essas tradições de pesquisa
e as teorias possuem condicionais históricos e conceituais, como
conjuntos de leis que corroboram empiricamente na explicação e uso de
métodos acerca da natureza. Logo,

[...] toda tradição de pesquisa contém diretrizes significativas acerca da


maneira como suas teorias podem ser modificadas e transformadas, para
incrementar sua capacidade de resolver problemas (p. 130). [...] Contudo,
o papel estabilizador está na tradição. As “tradições de pesquisa
justificam muitas suposições feitas por suas teorias; podem servir para
marcar certas teorias como inadmissíveis por ser incompatíveis com a
tradição de pesquisa; podem influenciar o reconhecimento e a
ponderação dos problemas empíricos e conceituais de suas teorias
componentes; e podem oferecer diretrizes heurísticas para a geração ou
modificação de teorias específicas” (LAUDAN, 2011, p. 132).

As tradições de pesquisas podem ser melhor consolidadas, o que


se parece com a ciência normal de Kuhn, ou podem ocorrer mudanças
560 Ressonâncias filosóficas - Artigos

gradativas no seu núcleo, ou até serem abandonadas. Mas ocorrem


situações em que podem ser retomadas e os seus pressupostos, teorias e
métodos corroboram novas teorias e propostas. Desta forma, Laudan
discorda de Kuhn sobre o funcionamento normal científico e suas
antinomias, e de Lakatos por considerar que as mudanças heurísticas
negativas são necessárias para grupo de teorias no enfrentamento dos seus
problemas de pesquisa (LAUDAN, 2011; PRÄSS, 2008)
Apresentamos uma síntese sobre Tradição de Pesquisa a partir do
mapa conceitual em Laudan (LAUDAN, 2011) na Figura 01. Observe que
a direção de hierarquia conceitual é horizontal.

Figura 01: Mapa conceitual a respeito da Tradição de Pesquisa em Laudan (2011).


Fonte: Própria.
A epistemologia de Larry Laudan... 561

46.2 O MODELO RETICULADO DE RACIONALIDADE


CIENTÍFICA DE LAUDAN

Uma das oposições de Laudan a Kuhn mais interessante está no


resgate da racionalidade por meio dos pressupostos cognitivos nos
objetivos das investigações numa tradição de pesquisa. Laudan levanta a
questão da mudança de paradigma na racionalidade por novas opções
axiológicas, metodológicas e factuais (SALVI, 2011). Pois, segundo Kuhn
a adoção ao novo paradigma se aproxima de uma iluminação (insight),
semelhante ao gestaltismo, numa visão hierárquica e holística conceitual
do novo paradigma e não por meio das decisões racionais (KOIDE, 2011).
Todavia, para Laudan é necessário a racionalidade do tipo
intrarevolucionária para seleção de teorias, métodos e fins nas
investigações, não aceitando, portanto, saltos de insight. Assim, propõem o
“Modelo Reticulado de Racionalidade Científica” (KOIDE, 2011;
LAUDAN, 1984) em função dos métodos, teorias e objetivos (fins e metas
de pesquisa).
Entendendo que demandas axiológicas, metodológicas e factuais
estão conectadas de tal forma que na produção do conhecimento que os
objetivos justificam os métodos, as teorias restringem (limitam) as
metodologias, os objetivos (fins e metas de pesquisa) justificam as
metodologias, as metodologias tornam factíveis os fins e metas da
pesquisa (objetivos), e as teorias devem se harmonizar com os fins e metas
de pesquisa (objetivos) (COLOMBO DE CUDMANI, 1997). Veja na
Figura 02.

Figura 02: Modelo esquemático reticulado de racionalidade científica. Fonte:


Adaptado a partir de LAUDAN (1984)
562 Ressonâncias filosóficas - Artigos

Garantindo os ajustes necessários na racionalidade da pesquisa, e


também a progressiva mudança dentro da tradição, ou interevolução
científica, em que se pode perceber as decisões e suas avaliações para a
pesquisa. Além disso, possui um valor pedagógico no ensino de ciências
de colaborar para análise racional entre métodos, teorias e fins/metas da
escolha dos pesquisadores.

46.3 AS TRADIÇÕES RELATIVAS AO PENSAMENTO A


RESPEITO DOS SERES VIVOS

Por meio dos conceitos e modelos propostos por Laudan


podemos olhar para as tradições ao longo da história que buscaram
explicar os seres vivos e destacar aquelas que se aproximam de ideias
aceitas cientificamente (lembrando que para Laudan as tradições não se
restringem apenas aquelas elaboradas no cerne da ciência, pois não há um
critério de demarcação entre ciência e não ciência). Assim, percebe-se
como as tradições foram se modificando ao longo do tempo, inserindo ou
excluindo conceitos, modelos e teorias. Além disso, busca-se a
compreensão que as tradições, muitas vezes, expressam diferentes formas
do pensar.
Compreender que um mesmo fenômeno pode ter sido explicado
por diferentes caminhos do pensamento humano promove o respeito à
diversidade de ideias. Contudo, é importante no contexto do ensino de
ciências e biologia os alunos reconhecerem e compreenderem as tradições
científicas aceitas na atualidade. Assim, o acesso a essa compreensão pode
propiciar uma alfabetização científica que auxilia por exemplo no debate
público respeitoso de temas controversos (MILLAR, 2003).
As explicações para os seres vivos foram objetos teóricos de
diferentes tradições, desde discussões que ocorreram na filosofia e teologia
até as explicações biológicas que tem mais ênfase na ciência atual
(MAYER, 2008). Para Laudan, as tradições não têm demarcação científica
e sim organizações conceituais que resolvem melhor problemas empíricos
e/ou conceituais (LAUDAN, 2011). Assim, quando analisamos a História
da Ciência e a diversidade de explicação dos seres vivos podemos
reconhecer cinco grupos de explicações que poderiam ser consideradas
tradições do pensamento na explicação dos seres vivos: Tradição Platão-
Aristotélica, Tradição Judaico-Cristã, Tradição Naturalista; Tradição da
Teoria Sintética da Evolução; Tradição da Síntese Ampliada da Evolução.
A epistemologia de Larry Laudan... 563

A Tabela 1 apresenta as cinco tradições identificadas para a


explicação dos seres vivos e sua diversidade. Destacamos que essas
tradições possuem diversas ideias em seus interiores e que os elementos
apresentados são sintéticos e funcionam como organizadores dos
principais aspectos dessas tradições. A tabela é amparada no Modelo
Reticulado de Racionalidade Científica proposto por Larry Laudan. As
cores da tabela identificam aspectos importantes do modelo: Azul (Campo
Teórico), Vermelho (Campo Metodológico) e Laranja (Campo de Fins e
Objetivo da Pesquisa).
O Modelo Reticulado de Racionalidade Científica (MRRC) de
Laudan (LAUDAN, 1984) articula o campo racional, analítico e conceitual
(teórico), o campo metodológico (métodos) e os fins de pesquisa (fins e
objetivos). Na tabela 1. são apresentados os fins da pesquisa (fato,
problema, solução e tradição); o campo teórico (ontologia, mecanismo e
autores); o campo metodológico (metodologia).
Tabela 1: Elementos conceituais organizadores das explicações dos seres vivos e sua
diversidade. Fonte: Própria.

Fato A existência da diversidade biológica ao longo do tempo.

Podem ocorrer mudanças na diversidade biológicas nos seres vivos ao decorrer do


Problema
tempo?

Síntese
Platão- Judaico- Sintética da
Tradição Naturalista ampliada da
Aristotélica Cristã Evolução
Evolução

Seres vivos Inclui a


surgem de tradição
maneira sintética da
Variabilidade
espontânea evolução
Pensamento Tranformacionis genética
e as Soma-se
fixista – mo (Lamarck) Seleção
variações explicações
Solução espécies Seleção Natural e Natural
são epigenéticas
criadas de diversificação de Fluxo gênico
relacionada Articula-se a
maneira fixa. espécies. Deriva
às Evolução e
genética
imperfeiçõ desenvolviment
es da o embriológico
matéria. (Evo-Devo).

Reflexão Reflexão Estudos


filosófica: hermenêutica Estudos genéticos e
Descrição de
- com diálogo paleontológico epigenéticos
Metodologia espécies e
abiogênese com s, genéticos e Estudos da
ambientes
- mundo literatura de especiação. Biologia
das ideias e científica: evolutiva do
564 Ressonâncias filosóficas - Artigos

mundo Teoria da desenvolviment


material Terra Jovem o
(TTJ); Teoria
da Terra
Antiga
(TTA)

Percepção
Percepção
explicada pelo
Percepção Percepção explicada por
Percepção vitalismo e/ou
explicada explicada por modelos
Ontologia explicada por diversificação
pela modelos computacionais
pela teologia de espécies
teleologia genéticos , genéticos,
naturais
epigenéticos.

Mecanismos de
Hermenêutic Uso-e-desuso;
expressão
a bíblica, Herança dos
Metafísica Mecanismo de gênica,
argumentos caracteres
e deduções expressão epigenéticos,
Mecanismo bioquímicos adquiridos;
observacio gênica e compreensão
e seleção natural;
nais seleção natural dos genes base
arqueológico diversificação das
para a estrutura
s espécies
corporal

TTR
(NELSON; MAYER
REUNOLD (2008); Carrol (2008);
Ross
Autores S, 2006); Mayr (1977) SILVA; Jablonka e
(1987)
TTA DUARTE Lamb (2005).
(NEWNAM, (2016)
2006)

Entre as tradições identificadas as tradições Platão-Aristotélica e


Judaico-Cristã são as mais antigas e possuem em comum a resposta que
os seres vivos não mudam ou mudam parcialmente, mas possuem
explicações diferentes para isso. Contudo, ambas ainda compartilham o
método ligado a argumentação e a reflexão filosófica e teológica e seu
campo teórico relacionado à atividade reflexiva com base observacional e
dedução dos corpos metafísicos ou teológicos (ROSS, 1987; NELSON;
REUNOLDS, 2006; NEWNAM, 2006).
Alguns filósofos gregos como Anaximandro, Empédocles e o
próprio Aristóteles sugeriram uma possível mutabilidade dos seres vivos,
contudo, nesse período essa mutabilidade é vinculada, em geral, a uma
leitura idealista do mundo (CHAVES, 1993). Platão e Aristóteles
desenvolveram ideias que repercutiram por muitos anos na compreensão
dos seres vivos, inclusive no pensamento tipológico de espécie, no qual a
diversidade de espécies está relacionada com a existência de um número
A epistemologia de Larry Laudan... 565

limitado de tipos básicos presentes no mundo das ideias, no mundo da


criação (MAYR, 1977).
O pensamento tipológico está vinculado ao pensamento de Platão
e de Aristóteles. De acordo com Vlastos (1987), Platão “propõe descrever
a origem do cosmos como obra de um deus que toma a matéria em um
estado caótico e a molda à semelhança de um modelo ideal”. Esse Deus e
suas ideias são perfeitas, mas a matéria a ser moldada é imperfeita, como
consequência os fenômenos naturais são apenas reflexos imperfeitos das
ideias desse Deus. Aristóteles foi discípulo de Platão e, de acordo com
Ross (1987), buscou explicar as características das espécies vinculadas às
suas finalidades. Desse modo, cada órgão ou característica se
desenvolveria com uma finalidade e existiria um tipo ideal para cada
espécie de acordo com um fim específico. Assim, a variação dentro de
uma mesma espécie seria explicada pelas imperfeições da matéria utilizada
e não pela causa final da natureza. O pensamento essencialista de Platão e
o pensamento tipológico de Aristóteles chegou a conclusão da
imutabilidade dos seres vivos. Sua justificativa da diversidade de seres
vivos se deu por geração espontânea. O seu método de investigação foram
as deduções metafísicas das observações do mundo natural. Ressalta-se
que a reflexão filosófica foi o método de conhecer o mundo, e não ocorria
métodos de verificação empíricas. No qual surgiu essa sistematização
organizada em programa de pesquisa muito tempo depois.
Entre as várias interpretações (hermenêuticas) bíblicas da origem
dos seres vivos destacam-se duas. A Teoria da Terra Recente postula um
universo criado em seis dias literais seguindo um cronograma bíblico (de
menos de dez mil anos), ou seja, é a teoria aparentemente mais aceita na
comunidade brasileira cristã. Outra teoria concorrente é a Teoria da Terra
Antiga que leva em conta uma certa apropriação de dados científicos da
teorização sobre a formação do universo, planeta e vida em momentos
diferenciados. Estas se distinguem de uma interpretação literal dos textos
bíblicos, contudo, posicionando-se pela existência de criações divinas em
momentos diferentes na história do planeta (NELSON; REUNOLDS,
2006; NEWNAM, 2006). Ambas as teorias aceitam os pressupostos
fixistas da origem das espécies sem a possibilidade de mudança em outras,
contudo uma aceita uma única criação, e a outra entende que a criação é
recorrente. Esse elemento fixista se aproxima de uma confissão
agostiniana, que por sua vez foi um neoplatônico ao crer em dois mundos,
no qual o mundo natural e físico é uma cópia do mundo celestial
(DOCKERY; GEORGE, 2015). Por isso, as essências são espirituais e
566 Ressonâncias filosóficas - Artigos

não materiais e se mantém eternamente, e a expressão temporal seriam os


organismos em uma associação com mundo natural, como consequência
não mudaria a espécie ao decorrer do tempo (MORELAND; CRAIG,
2005). Esse modo de compreensão do mundo se constituiu da Tradição
Fixista Judaica-Cristã que herda muitos elementos das bases da Tradição
Platão-Aristotélicas. A tradição Judaica-Cristã influenciou o pensamento a
respeito dos seres vivos em diferentes momentos da história. Por exemplo,
para Carl von Linné (século XVIII), o papel da ciência natural era catalogar
plantas e animais, para se aproximar do plano de Deus (FUTUYMA,
2002).
As duas tradições descritas até o momento são principalmente
fixistas no sentido de apontar pouca ou nenhuma mutabilidade na
diversidade dos seres vivos. Por outro lado, principalmente a partir do
século XVIII começa a se formar uma tradição naturalista associada a ideia
de transformação nas espécies. Um dos autores mais conhecidos nessa
tradição é Jean Baptiste Pierre Antoine de Monet, Chevalier de Lamarck
(1744 - 1829). Para Martins (1993), alguns pontos importantes do
pensamento de Lamarck eram: a ideia de progressão gradual dos seres
vivos; a crença na criação da natureza e de suas leis por Deus, contudo, as
leis naturais funcionavam sem a intervenção divina; a geração espontânea
de seres vivos a partir da matéria inanimada; a existência de uma tendência
interna dos organismos que levava ao aumento de complexidade; a
existência de uma cadeia de progressão de animais e outra para vegetais; e
a existência de causas acidentais no ambiente que poderia levar a formação
de espécies ramificadas. Ainda a autora destaca que Lamarck na obra
“Histoire naturelle des animaux sans vertebres” (1815-1822) propõe
quatro leis para a transformação dos seres vivos: 1) tendência natural para
o aumento da complexidade; 2) influência do meio no desenvolvimento
dos órgãos animais, que leva a constituição de uma nova necessidade para
o organismo; 3) a ideia do uso e desuso, no qual o emprego mais frequente
de um órgão leva ao desenvolvimento desse e a falta de uso à atrofia; 4)
herança dos caracteres adquiridos, no qual uma mudança adquirida por
um hábito é conservada ao longo das gerações se for comum aos
indivíduos na reprodução (LAMARCK, Philosophie zoologique, p.50,
apud MARTINS, 1993, p.173).
Ainda nessa tradição temos a ideia de seleção natural que foi
proposta de forma independente por Charles Darwin e Alfred Russel
Wallace, que comunicaram de maneira conjunta seus resultados em julho
de 1858 à Linnean Society de Londres (CARMO; MARTINS, 2006). A
A epistemologia de Larry Laudan... 567

ideia de Seleção Natural diz respeito a sobrevivência diferencial de um


organismo em um dado ambiente e estava amparada nas ideias
Malthusianas, sendo assim descrita por Darwin:

A luta pela sobrevivência resulta inevitavelmente da rapidez com que os


seres organizados tendem a multiplicarem-se. Todo indivíduo que,
durante o estado natural de sua vida, produz muitos ovos ou muitas
sementes, deve ser destruído em qualquer período da sua existência, ou
durante uma estação qualquer, porque de outro modo, dando-se o
princípio do aumento geométrico, o número de seus descendentes
tornar-se-ia tão notável que nenhuma região os poderia alimentar.
Também como nascem mais indivíduos que os que conseguem
sobreviver, deve existir em cada caso, luta pela sobrevivência, quer com
outro indivíduo da mesma espécie, quer com indivíduos de espécies
diferentes, quer com as condições naturais de vida. É a doutrina de
Malthus aplicada com a mais considerável intensidade a todo o reino
animal e vegetal, porque não há nem produção artificial de alimentação,
nem restrição ao casamento pela prudência (DARWIN, 2000, p. 70).

Essa tradição naturalista constituída por Lamarck, Darwin,


Wallace e muitos outros pesquisadores começa a fazer uma transição das
explicações que levavam em consideração a crença divina para explicações
mais vinculadas a racionalidade e a constituição da ciência Biologia que
estava emergindo no começo do século XIX. Contudo, ainda se mantém
pesquisadores no período com ideias naturalistas e admitindo o
transformismo, como crenças, dos seres vivos, deixando o fixismo das
teorias cristãs.
No início do século XX, com os avanços na área da genética, a
ideia de seleção natural é recontextualizada e se articula a ideia de variação
gênica e mutações. Essa síntese evolutiva ocorre entre 1936 e 1950 com
colaboração de muitos pesquisadores, em uma tentativa unir o
conhecimento genético e o conhecimento que vinha da paleontologia,
sistemática e história natural (MAYR, 1991). Formou-se assim um relativo
consenso entre os biólogos que acordaram os seguintes pressupostos: as
populações contêm variações genéticas que surgem através de mutação ao
acaso e recombinação; as populações evoluem por mudanças nas
frequências gênicas por meio de deriva genética, fluxo gênico e seleção
natural; a evolução ocorre de maneira lenta e gradual; a diversificação das
espécies ocorre por meio de processos de especiação (FUTUYMA, 2002).
A tradição da Teoria Sintética da Evolução centrou-se depois da
construção no modelo de dupla hélice do DNA, em 1953, em uma visão
568 Ressonâncias filosóficas - Artigos

DNAcêntrica e reducionista dos seres vivos, recaindo em um modo de


fazer ciência positivista. O viés positivista por meio da teoria genética
baseada na codificação dos caracteres hereditários pela transcrição do
DNA entende que todos os seres vivos podem ser explicados pela
composição de seu DNA. Com o positivismo buscou-se eliminar
pressupostos metafísicos, tais como causas teleológicas, ideias vitalistas,
entre outros fatores, pois a causa de uma característica deveria ser
fisicalistas e possuir um mecanismo verificável e testável (MARANDINO;
SELLES; FERREIRA, 2009). Em sua maioria, os pesquisadores que
entraram nessa tradição de pesquisa retiram o pensamento teleológico e
progressista da Biologia, evidenciando que a evolução não tem uma
direção (MAYER, 2008).
A Tradição da Teoria Sintética da Evolução começa a ser ampliada
e transformada nas últimas décadas com a inserção de ideias científicas
que começam a pensar o organismo como sistema complexo, em que o
DNA é apenas uma parte em uma multiplicidade de interações
moleculares, orgânicas e ambientais e pelas ideias da Biologia do
Desenvolvimento. Essa tradição que começa a emergir tem sido chamada
de Síntese Ampliada da Evolução ou Síntese Estendida da Evolução em
referência a síntese anterior realizada em meados do século XX.
Em relação a complexidade dos organismos, dá se atenção aos
fatores epigenéticos, que podem ser fatores celulares, orgânicos e
ambientais que interferem e sinalizam a expressão gênica. Além disso,
amplia-se a ideia de herança biológica, entendendo que os seres vivos
herdam muito mais do que apenas DNA de uma geração para outra. Em
uma perspectiva sistêmica dos seres vivos e das explicações biológicas,
Oyama, Griffits e Gray (2001, pp. 2-6) destacam que: os seres vivos são
determinados por múltiplas causas, sendo a dicotomia gene/ambiente
apenas um dos recursos desse sistema; a herança biológica é entendida de
forma ampliada, entendendo que um organismo herda uma ampla
variedade de recursos que interagem na construção do seu ciclo de vida; o
desenvolvimento biológico é entendido como construção, pois nenhum
traço/característica é transmitido, mas construídos/reconstruídos no
desenvolvimento biológico; controle celular ou orgânico é distribuído,
assim, nenhum dos interagentes específicos no organismo controla o
desenvolvimento, sendo algo realizado pelo sistema como um todo; a
evolução biológica é entendida como construção e processo, pois, os
organismos ou populações não são moldados pelo ambiente, mas o
A epistemologia de Larry Laudan... 569

sistema constituído pela interação entre organismos e seus ambientes


muda ao longo do tempo.
A Biologia evolutiva do desenvolvimento vem contribuir com a
Tradição da Síntese Ampliada da Evolução ao identificar que mudanças
em mecanismos básicos de regulação e expressão gênica podem repercutir
no desenvolvimento das formas orgânicas, sendo estas alterações na
população sujeitas ao processo seletivo. Um dos aspectos interessantes
encontrados pelos estudos da Biologia do Desenvolvimento é que as
diferenças corporais dos animais estão associadas mais aos padrões
temporais e espaciais na regulação gênica do que na modificação da
sequência do DNA (ALMEIDA; El-HANI, 2010; CARROL, 2008). Isso
significa que pequenas alterações na sinalização da expressão gênica
podem dar origem a diferentes formas corporais. Então a variação na
população não está restrita apenas uma variação nas moléculas de DNA,
mas as formas de seus controles.

46.4 AS TRADIÇÕES DE PESQUISA E O ENSINO DE


CIÊNCIAS E BIOLOGIA

Apresentamos no tópico anterior algumas tradições de pesquisa


que foram constituídas ao longo da história para a explicação dos seres
vivos e sua diversidade. A compreensão da existência de diferentes
tradições que são as vezes coexistentes e outras vezes sucessivas permite
aos alunos no contexto das aulas de ciências e biologia perceberam como
a ciência é dinâmica, controversa e não linear. Por exemplo nas tradições
que estudamos identificamos como algumas tradições incorporam
elementos de outras ou são absorvidas em uma nova tradição emergente.
Apresentar os elementos de como as tradições funcionam na
perspectiva de Larry Laudan permite superar visões empírico-indutivistas
presentes em professores, alunos, e, muitas vezes, em pesquisadores
(HARRES, 1999; PRAIA et al., 2002). Na reflexão de Laudan verificamos
alguns pontos interessantes para desnaturalizar essas tendências
cientificistas muitas vezes presentes no ensino de ciência, entre eles: A
compreensão que a ciência se dá em um contexto de solução de
problemas; que os problemas são de ordem empírica ou conceitual; que as
teorias são elaboradas para resolver problemas existentes em uma
concepção anterior e organizada de mundo (compromissos e valores do
pesquisador) que conforma uma tradição de pensamento, ou de pesquisa;
que as tradições de pesquisa legitimam formas de pensar e praticar a
570 Ressonâncias filosóficas - Artigos

ciência, e isso não é necessariamente certo, ou errado, mas são práticas


aceitas que evitam que o cientista tenha de pensar em todos os
pressupostos integralmente, pois a tradição já o fez; que no enfrentamento
do problema científico ocorre diálogo com outras formas de
conhecimentos (tradicionais, religiosos, etc.) que podem contribuem para
solução do problema desde que possuam proposta conceitual; que o
modelo reticulado de racionalidade científica pode ser usado para analisar
teorias científicas e ajudar a compreender as escolhas dos cientistas dos
fins/meios, método e teorias.
As tradições de pesquisas relativas às explicações dos seres vivos e
sua diversidade foram abordadas por meio do Modelo Reticulado de
Racionalidade Científica (MRRC) que faz uma espécie de balanceamento
para equilíbrio da pesquisa dos objetivos e fins com os métodos e teorias,
um triângulo racional da investigação. Observamos que essas
contribuições, que usam da história e da filosofia da ciência, para
compreensão dos problemas, métodos, teorias e epistemologia da ciência
são úteis para analisar/estudar os conteúdos científicos de forma a
incentivar o pensamento analítico, crítico e a argumentação racional das
temáticas científicas.
Compreendemos que as tradições identificadas no nosso estudo
possam ser apresentadas como caminhos em que os seres vivos foram
pensados na história da Biologia. Contudo, deve-se dar ênfase às
explicações científicas mais atuais que respondem progressivamente (no
sentido de Laudan) mais problemas biológicos. Entender que em muitos
momentos ocorrem diferentes formas para a explicação dos seres vivos
pode também permitir uma visão mais respeitosa na sala de aula em
relação aos diferentes posicionamentos dos alunos relativos a origem e
evolução dos seres vivos.
Um estudo relativo a constituição de diferentes tradições de
pesquisa não pode ser realizado em poucas horas na sala de aula, pois exige
um aprendizado metacognitivo para perceber a própria lógica do
pensamento e seus pressupostos, e também a negociação de significado
por meio do diálogo. Contudo, seria muito pertinente para incluir as
discussões epistemológicas e históricas nas salas de aulas e propiciar uma
visão mais contextual da produção do conhecimento.
A epistemologia de Larry Laudan... 571

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