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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6

Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE


NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
A LEITURA DE CRÔNICAS COMO RECURSO PEDAGÓGICO EM
SALA DE AULA

Eneida Valente Rabelo1


Suzete Silva2

RESUMO

A sociedade exige, atualmente, um cidadão com habilidade para entender, analisar e resolver
problemas. Com isso, pode-se afirmar que a interpretação, a análise e a produção de textos estão
diretamente relacionadas à capacidade de leitura. Diante deste cenário, e sabendo que qualquer
gênero ou espécie literária está constantemente em transformação superando os horizontes de
expectativa do leitor comum, importa perguntar qual o papel da escola na formação do leitor. Assim, o
objetivo deste artigo constituiu-se na utilização da leitura de crônicas para o desenvolvimento da
interpretação e da composição de texto de alunos do 7° ano do ensino fundamental, possibilitando-
lhes: (i) distinguir a crônica dos demais gêneros literários; (ii) trabalhar algumas crônicas de Fernando
Sabino e de Ruben Braga e (iii) propor a criação de textos com experiências pessoais baseados nas
obras selecionadas e estudadas em sala de aula. Na fundamentação teórica, foram abordados
tópicos sobre a leitura, os gêneros literários, a sequência didática e a crônica. Justifica-se a escolha
pelo estudo de textos focados nos autores Fernando Sabino e Rubem Braga porque ambos
apresentam uma linguagem acessível e extremamente interessante para os estudantes participantes
deste estudo. Pode-se concluir que os alunos tiveram a real compreensão da importância da leitura
em seu cotidiano e das pessoas que as cercam. Propuseram-se a ler crônicas no jornal e em outros
meios de comunicação, e ainda, pode-se dizer que estão mais atentos aos usos da fala e da escrita
de modo geral, com perceptível melhora na expressão oral e na produção textual.

Palavras-chave: Leitura. Produção Textual. Crônica. Fernando Sabino. Rubem Braga.

INTRODUÇÃO

A leitura é a melhor forma de conhecimento das diversas realidades e culturas


do mundo. Por intermédio dela é que se aprende a formar o olhar de entendimento
de mundo ao redor. No dicionário Aurélio, a palavra leitura, que vem do latim lectura,
significa “ato ou efeito de ler e de decifrar um critério” (PAULINO et al., 2001, p. 11),
significando um conjunto de práticas advindas desse ato. Tais autores (2001, p. 13)
explicam que “a questão da leitura passa por diferentes abordagens, de modo
necessário e simultâneo, por uma teoria do conhecimento, uma
psicologia/psicanálise, uma sociologia, uma pedagogia, uma teoria da comunicação,
uma análise do discurso, e uma teoria literária”.
A sociedade, atualmente, “exige um cidadão com capacidade de entender,
analisar e resolver problemas. Com isso, pode-se afirmar que a interpretação,

1 Professora: PDE – Docente no Colégio Estadual Brasílio de Araújo – Ensino Fundamental, Médio e
Pós-Médio, Bela Vista do Paraíso-PR – Graduada em Letras Anglo-Portuguesas – UEL –
Universidade Estadual de Londrina – PR.
2 Orientadora: PDE – Docente Adjunto B – UEL – Universidade Estadual de Londrina – CLCH –

Centro de Letras e Ciências Humanas – LET – Departamento de Letras Vernáculas e Clássicas.


análise e resolução estão diretamente relacionadas à capacidade de leitura”. É
pertinente, então, a afirmação de Lorenzetti Neto (2006, p. 161) na qual “a visão de
mundo de uma pessoa se forma a partir de sua experiência – e parte dela é
experiência de leitura.”
No contexto escolar, “a leitura tem sido, fundamentalmente, um objeto de
ensino. Para que possa constituir também objeto de aprendizagem, é necessário
que faça sentido para o aluno” (BRASIL, 1997, p. 41). Assim,
A leitura, enquanto objeto de trabalho do professor, está entre a própria
definição de gênero, seu estudo e o impacto dessa abordagem de “artefatos
de linguagem” sobre aquilo que deve ser ensinado e a percepção da função
social da educação institucional com toda a carga de situações ideais e
“dever ser” que ela traz (LORENZETTI NETO, 2006, p. 161).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) especificam que o objetivo do


ensino da língua portuguesa está no uso da linguagem como fenômeno social, como
produto de práticas sociais que colocam a leitura e a produção textuais numa
complexa teia de relações, sendo possível, por meio dessa noção, situar todos os
elementos da relação entre leitura de textos e leitura de mundo (LORENZETTI
NETO, 2006).
A escola, “idealizada como o lugar em que se aprende a ler e a escrever, nem
sempre nos ensina a realizar leituras mais aprofundadas, com recursos
diversificados, que levem em conta a variedade de gêneros que circulam na
sociedade” (LONARDONI, 2010, p. 63). Solé (1998, p. 32) entende que “um dos
múltiplos desafios a ser enfrentado pela escola é o de fazer com que os alunos
aprendam a ler corretamente”. Para a autora, “quando a leitura é considerada um
“objeto de conhecimento”, seu tratamento na escola não é tão amplo como seria de
se desejar, pois em muitas ocasiões a instrução explicita limita-se ao domínio das
habilidades de decodificação” (SOLÉ, 1998, p. 36).
Frente ao exposto, torna-se importante mencionar que é necessário fazer com
que o aluno compreenda que “um texto possui diferentes composições (informativos,
opinativos, didáticos, literários, etc.)”, ainda, “não se pode ler um poema como se lê
uma crônica ou uma notícia de jornal, embora esses textos possam estar em
constante interação” (PAULINO et al., 2001, p. 30).
Como se percebe, “o interesse também se cria, se suscita e se educa e em
diversas ocasiões ele depende do entusiasmo e da apresentação que o professor
faz de uma determinada leitura e das possibilidades que seja capaz de explorar”
(SOLÉ, 1998, p. 43). Diante deste cenário, a finalidade deste trabalho foi o de utilizar
a leitura de crônicas para o desenvolvimento da capacidade de interpretação e
composição de texto de alunos do 7° ano do Ensino Fundamental, objetivando que
pudessem (i) distinguir a crônica dos demais gêneros literários; (ii) trabalhar algumas
crônicas de Fernando Sabino e de Rubem Braga; e (iii) criar textos com experiências
pessoais baseados nas obras selecionadas e estudadas em sala de aula.

1 A Leitura e os Gêneros Literários

“O processo de leitura deve garantir que o leitor compreenda os diversos


textos que se pode ler. É um processo interno, porém deve ser ensinado” (SOLÉ,
1998, p. 116). Segundo Calvino (1994, p. 125), “o texto não preexiste ao leitor”. O
mesmo autor afirma que “ele se constitui no momento da interação com o leitor, na
interlocução. Com base nessa interação, cada pessoa produz uma leitura diferente,
tem um entendimento diferente”.
A palavra “texto” provém do latim “textum” e significa tecido, entrelaçamento.
Ao tratar do seu sentido lato, de maneira genérica, ampla, tomamos como referência
as produções feitas com as linguagens da ciência, da literatura, das artes plásticas,
da música, da arquitetura, do cinema, da fotografia, do teatro, entre tantas
(REZENDE, 2005).
Segundo Kleiman (2002), há uma interação autor/leitor baseada em texto no
qual o leitor está se apoiando, resultando na materialização de significados e
intenções. Assim, pode-se afirmar que, ler é um processo e se consegue ter acesso
ao domínio desse processo por meio de sua exercitação compreensiva. Por este
motivo,
Não é suficiente, por exemplo, que os alunos assistam ao procedimento
mediante o qual o professor mostra como previsões de leitura são
construídas [...] os próprios alunos devem selecionar marcas e indicadores,
formular hipóteses, verificá-las, estabelecer interpretações e saber que isso
é necessário para a obtenção de certos objetivos (SOLÉ, 1998, p. 117).

Vygotsky (1972 apud Calvino, 1994, p.126) vê a subjetividade como “uma


característica da compreensão, pois a palavra alheia é percebida com o sentido que
cada pessoa lhe atribui de acordo com os seus valores.” No âmbito escolar, “em que
as atividades de leitura fazem parte de um projeto de ensino e de uma pedagogia, a
leitura mostra-se como uma técnica e uma prática que não podem se esgotar na
decodificação dos signos escritos ou nos limites impostos pela frase” (PAULINO,
2001, p. 28).
De acordo com Lorenzetti Neto (2006, p.158), “o conhecimento da linguagem,
de seus códigos e de suas tecnologias é indispensável e, dentro dessa área, a
leitura talvez seja a competência mais importante para a aquisição de informação.”
Segundo dispõe o PCN (BRASIL, 1997, p. 54) “no que diz respeito às atividades de
leitura, o trabalho de reflexão sobre a língua é assaz importante, torna possível a
discussão sobre diferentes sentidos atribuídos aos textos e sobre os elementos
discursivos que validam ou não essas atribuições de sentido”.
Assim, “a escola deve procurar considerar professores e alunos como sujeitos
que se debruçam sobre um objeto a conhecer e que dividem, no discurso da sala de
aula, contribuições exploratórias na construção do conhecimento” (GALEANO, 1994,
p. 176). E, confirmando a afirmação de Antunes (2010, p. 50), “o que as pessoas
fazem, o que podem fazer com linguagem – inevitavelmente, em textos – é que é a
grande questão”.
Na sala de aula, “ao se escolher os textos para atividades, o educador deve
seguir as recomendações dos PCNs, ou seja, necessita atribuir prioridade àqueles
que se relacionem com um uso público da linguagem, fazendo-se um percurso,
também, por diversos gêneros” (LORENZETTI NETO, 2006, p. 162).
Desse modo, “qualquer gênero ou espécie literária está, constantemente, se
transformando, superando os horizontes de expectativa do leitor comum e da própria
crítica” (PAULINO, 2001, p. 121). Neste sentido,
O cronista ao publicar um jornal, relaciona o seu texto com outros do
mesmo jornal, procurando alcançar um tipo de leitor que não é,
necessariamente, o leitor de textos literários. Entretanto, quando deseja
publicar em livro, escolhe as crônicas que sejam menos dependentes desse
contexto, ou seja, menos circunstanciais, o que altera o pacto de leitura a
ser feito e o perfil de leitor (PAULINO et al., 2001, p. 31).

Conforme Simões (2009, p. 55) “as décadas de 50 e 60 do século XX, por


exemplo, foram o auge para a crônica nacional. Revistas e jornais da época tinham
sempre seu cronista, com algumas publicações tendo uma verdadeira equipe de
jornalistas dedicados ao gênero.”
“Atualmente, a crônica brasileira ainda é um gênero indubitavelmente popular
e relevante – pode-se até apontar, a partir dos anos 2000, uma suposta renovação
do gênero com o advento dos weblogs da Internet” (SIMÕES, 2009). E “as leituras,
em sua diversidade, mobilizam emoções, incitam reflexões, transmitem
conhecimentos, envolvendo diferentes saberes” (PAULINO et al., 2001, p. 156).

2 O Gênero Textual, a Sequência Didática e a Crônica

Questões morais e éticas estão presentes na construção do mundo em que


as pessoas estão inseridas. Desse modo, uma análise de gênero pode gerar
debates sobre tais questões (LORENZETTI NETO, 2006). “A atividade de análise é
fundamental para desenvolver a capacidade de perceber, de enxergar, de identificar
os fenômenos ou os fatos que ocorrem nos textos” (ANTUNES, 2010, p. 51). “O
trabalho com gêneros textuais permite que o indivíduo adquira habilidades e
competências que lhe permite interagir na sociedade em que vive. Os textos são
realizados em gêneros, daí a utilização da denominação gêneros textuais” (SILVA,
2006, p. 1 87).
Conforme Paulino et al. (2001, p. 113) a palavra “crônica vem do grego
chronos, que na mitologia grega era o deus do Tempo. Tem sua origem na sucessão
temporal de fatos históricos. A crônica, como é conhecida hoje, se liga a um fato
circunstancial, tendo como suporte o jornal”.
As autoras ainda comentam que,
Como gênero literário [...] liga-se a incidentes que terminam por gerar
reflexões, comentários, divagações, sendo que, entre os anos 40 e 70,
autores como Fernando Sabino e Rubem Braga, dentre outros de igual
importância, conferiram ao gênero maior prestígio, inscrevendo-o,
definitivamente, na história literária brasileira (PAULINO et al., 2001, p. 114-
115).

Interessante também mencionar que,


O gênero surgiu como folhetim no jornalismo brasileiro, no século XIX. Os
textos eram publicados junto com pequenos contos, artigos, ensaios breves,
poemas em prosa. O espaço reservado aos cronistas era bastante restrito e
servia como meio de informação para os leitores sobre os acontecimentos
da semana. Porém, esse espaço foi se expandindo, graças a nomes ilustres
como: Francisco Otaviano, José de Alencar, Manuel Antonio de Almeida,
Machado de Assis, Raul Pompéia, Coelho Neto e outros, tornando a crônica
um gênero autônomo no jornalismo (ARRUDA; AOKI, 2006, p. 5).

Segundo Lima e Cardoso (2007), são estas características da crônica:


a) uma narrativa curta e leve (informal, familiar, intimista) que
aborda de forma artística e pessoal fatos colhidos no noticiário
jornalístico e no cotidiano. Usa o fato como meio ou pretexto
para o artista exercer seu estilo e criatividade;
b) tem como objetivo divertir o leitor e/ou levá-lo a refletir
criticamente sobre a vida e os comportamentos humanos em
determinado contexto. O autor deve estar dialogando com seu
leitor;
c) o narrador pode ser do tipo observador (não faz parte da
história, apenas a conta, e o verbo apresenta-se em 3ª pessoa)
ou personagem (faz parte da história e o verbo apresenta-se na
1ª pessoa);
d) apresenta, geralmente, a variedade padrão informal, em
linguagem simples e direta, próxima do leitor. Uso da oralidade
na escrita: linguagem coloquial;
e) sensibilidade no contato com a realidade, há sempre um
ponto de vista, jamais será impessoal;
f) dose de lirismo e certa natureza ensaística;
g) diz coisas sérias por meio de uma aparente “conversa fiada”;
h) pode vir com a utilização de traços de humor;
i) é de fácil compreensão e apreensão e se utiliza de todo
material metafórico que caracteriza as obras literárias.

Quanto aos subgêneros identificados, a variedade também se revela, como


mostra Candido (1992 apud AIMÉE, 2008, p. 27):
a) crônica-diálogo: quando o cronista e seu interlocutor se
revezam trocando pontos de vista e informações (ex.: Carlos
Drummond, Fernando Sabino);
b) crônica narrativa: quando apresenta alguma estrutura de
ficção, semelhante ao conto, se desenvolve em torno de uma
estória ou de um episódio (ex.: Ruben Braga);
c) crônica exposição poética: quando faz uma divagação sobre
um acontecimento ou personalidade, tecendo uma série de
associações (ex.: Paulo Mendes Campos);
d) crônica biográfica lírica: narrativa poética da vida de alguém
(ex.: Paulo Mendes Campos).
d) crônica metafísica: quando o autor tece reflexões filosóficas
sobre acontecimentos ou homens (ex.: Machado de Assis e
Carlos Drummond);
e) crônica poema-em-prosa: de conteúdo lírico, seria o
“extravasamento da alma do artista”, povoada de “episódios
cheios de significados” (ex.: Rubem Braga, Manuel Bandeira,
Raquel de Queiroz);
f) crônica-comentário: o autor chama-a “bazar asiático” (usando
expressão de Eugênio Gomes), pois trata de vários assuntos
diferentes (ex.: Machado de Assis e José de Alencar);
g) crônica-informação: esse tipo se aproximaria mais do
sentido etimológico, por divulgar os fatos, comentando-os
ligeiramente.

“Alguns autores classificam e enfatizam o gênero “crônica” chamando a


atenção para a leveza do comentário. Há, também, ambiguidade do foco narrativo e
o caráter jornalístico do gênero” (AIMÉE, 2008, p. 27). Para Dutra (2008, p. 52), na
modernidade, “a crônica exige uma visão bastante atenta para a apreensão tanto de
seus limites quanto de seus alcances. A narrativa [...] prima pela linguagem
coloquial, cujos assuntos voltam-se para as amenidades da vida cotidiana.”
Nas décadas de 40 e 50, Fernando Sabino apresenta uma escrita belíssima,
criativa e liricamente literária, deixando transparecer, por meio de seus textos, uma
simplicidade muito significativa (REDMOND, 2010).
Já a crônica de Rubem Braga se apresenta como uma das mais marcantes
da literatura brasileira moderna (LIMA, 2009).

3 A INTERVENÇÃO

A Intervenção realizada por intermédio do Programa de Desenvolvimento


Educacional (PDE) permitiu a realização de um estudo diferenciado, no primeiro
semestre de 2014, no Colégio Estadual Brasílio de Araújo – Ensino Fundamental
Médio e Profissional na cidade de Bela Vista do Paraíso-PR. O Projeto foi
apresentado para a direção do Colégio, à Equipe Pedagógica, aos professores e aos
pais dos alunos participantes, sendo possível trabalhar com 32 alunos (16 para cada
crônica) do 7° ano do Ensino Fundamental na disciplina de Português.
Desde o início, os alunos e a Coordenação do Colégio gostaram da ideia e o
tema abordado pôde ser bem aproveitado, pois a primeira unidade do livro didático
focava o tema “crônicas”, permitindo intercalar com o conteúdo do Projeto.
Como os alunos têm a disciplina de Português cinco dias na semana, optou-
se por trabalhar, especificamente o Projeto em duas aulas semanais. Após falar com
a Coordenação e Orientação, foi considerado a título de nota, as produções e
participações nos trabalhos, sendo tal iniciativa da professora recebida
positivamente pelos alunos.

3.1 Pré-Teste

Os alunos, em sala de aula, receberam um questionário de pré-teste para


responderem, individualmente, com o objetivo de diagnosticar o perfil e
conhecimento sobre o tema trabalhado. Tiveram dificuldade em responder e
contaram com a ajuda da professora. Os gráficos a seguir mostram,
detalhadamente, a percepção inicial dos alunos participantes do Projeto.

100
80
60
40
20 26%
0 88%

Sabem o 78%
que é Não
A crônica é 89%
crônica conhecem A crônica é
as obras publicada
mistura de
dos autores em livro
romance e
jornalismo

Fonte: Pesquisa PDE 2014

Os resultados mais significativos indicaram que 26% não sabiam o que é


crônica; 88% nunca haviam lido obras de Rubem Braga e de Fernando Sabino; 78%
acreditam que a crônica é publicada em livro; 89% acreditam que a crônica é uma
mistura de romance e jornalismo. Quanto às características da crônica, pode-se
levantar os seguintes resultados:

Percepção n.° absoluto n.° relativo Total


Texto curto 25 93% 100%
Problemas cotidianos 22 81% 100%
Pessoas comuns como personagens 19 70% 100%
Organizada em torno de vários problemas 17 63% 100%
Fonte: Pesquisa PDE 2014

100

50

0
52% 52% 55% 63% 19%

Procurar ofertas ou promoções em folhetos ou jornais


Verificcar a data de vencimento dos produtos que compra
Ler bulas de remédios
Copiar ou anotar receitas
Escrever histórias, poesias ou letras de música (de sua autoria)

Fonte: Pesquisa PDE 2014

Das atividades que os alunos e familiares costumam praticar relacionadas à


leitura, 52% procuram ofertas ou promoções em folhetos e jornais e verificam a data
de vencimento dos produtos de compra; 55% lêem bulas de remédios; 63% copiam
ou anotam receitas. Apenas 19% escrevem histórias, poesias ou letras de música
(de autoria própria). De alguma maneira, direta ou indiretamente, os alunos e seus
familiares têm contato com textos relacionados à leitura escrita e visual.

3.2 A Historicidade e a Significação do Gênero Crônicas

Os alunos foram reunidos em grupo e receberam uma lista com diversos


nomes de cronistas com o intuito que escolhessem a que mais interessasse. Cada
grupo leu a crônica em sala compartilhando sua opinião com os demais colegas.
Fonte: Pesquisa PDE 2014

Em sala, os alunos receberam algumas questões a serem respondidas


individualmente acerca do tema abordado.

Fonte: Pesquisa PDE 2014

Foi avaliado o estudo e a leitura do gênero, a exposição objetiva dos


argumentos utilizados, se os alunos usaram recursos textuais como coesão e
coerência, informatividade, etc. Outro item analisado foi a utilização adequada de
recursos linguísticos como pontuação, uso e função do artigo, pronome, substantivo,
etc. Pôde-se observar que todos se saíram bem.

3.3 A Crônica de Fernando Sabino

Os alunos receberam uma crônica do autor Fernando Sabino intitulada “O


Homem Nu”, na qual o autor relata a situação constrangedora em que um homem se
coloca em determinado dia em seu prédio. Junto com a crônica foi entregue a
biografia do autor para que dela o aluno pudesse retirar as informações necessárias
para responder as questões.
O intuito foi avaliar a compreensão do conteúdo apresentado, as dificuldades
vocabulares e de leitura percebidas nos alunos e a percepção de informações
explícitas e implícitas no texto em relação ao ambiente no qual circula o gênero,
além da dedução dos sentidos das palavras e/ou expressões a partir do contexto.
Em sala de aula, após lerem o texto, os alunos responderam algumas questões
sobre a crônica.

Fonte: Pesquisa PDE 2014

Os alunos responderam todas as questões, mostrando compreensão do que


lhes foi proposto. Desenvolveram a atividade de forma harmônica, concentrados e
expondo as dúvidas quando essas iam surgindo. A maioria das respostas estava
correta e aqueles que responderam de maneira incorreta puderam corrigir suas
respostas em um segundo momento.

3.4 A Crônica de Rubem Braga

Essa Atividade, semelhante à Atividade anterior, teve por objetivo demonstrar


aos alunos que é possível criar um texto literário a partir de um fato simples do
cotidiano. Neste caso, porém, o estudo se ateve a crônica de Rubem Braga.

Após ler a crônica de Rubem Braga responda:

1. Atualmente há vários tipos de moradia disponíveis às pessoas na sociedade, de acordo com a sua
renda e classe social. Há condomínios horizontais e verticais, casas financiadas pelo Governo Federal,
e imóveis particulares. Aponte, em sua opinião, quais os aspectos positivos e negativos desses tipos de
moradias.
2. Você mora em casa ou apartamento?
3. Como é o seu relacionamento com seus vizinhos?
4. Existem regras de convivência a serem seguidas?
5. Qual a problemática que este texto aborda?
6. Existe no texto um narrador? Ele participa dos fatos narrados ou apenas conta?
7. Os personagens dessa crônica são pessoas comuns? Explique.
8. Quais as palavras que o narrador-personagem utiliza que demonstram a intenção de se desculpar?
9. Em quais frases a seguir é possível perceber ironia?
10. O que ele quis dizer com “bramimos”?
11. Quais frases demonstram traços de humor?
12. Em quais momentos o narrador faz críticas?
13. Você concorda com as críticas feitas pelo autor?
14. O que você faria se fosse o personagem?
15. Que comparação o narrador faz de si mesmo com o oceano?
16. Em que momento do texto é possível perceber um acolhimento amigo?
Fonte: Pesquisa PDE 2014

Com a leitura da crônica Rubem Braga, também é possível responder os seguintes questionamentos:

17. As pessoas que moram em apartamentos têm mais respeito e consideração pelos vizinhos? Há mais
amizade e solidariedade? Justifique com um trecho do texto.
18. Explique estas afirmações: a)"...........ficamos reduzidos a ser dois números, dois números empilhados
entre dezenas de outros." b)"Prometo sinceramente adotar.........um comportamento de manso lago
azul."Qual a função do adjetivo MANSO nesta oração?
19. Na 1ª parte da crônica, ao comentar a redução dos homens a números, o que o cronista critica?
20. "Nossa vida, vizinho, está toda numerada; e reconheço que ela só pode ser tolerável quando um
número não incomoda outro número,mas o respeita, ficando dentro dos limites dos seus algarismos."
Neste trecho da crônica, qual é o valor semântico das palavras NÚMERO e ALGARISMOS?
21. "E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos.....". Os verbos estão usados no
Imperfeito do Subjuntivo para transmitir que ideia?
22. Pesquise em jornais ou, aqui, na escola, notícias que tratem sobre os problemas relacionados à
moradia e relacionamentos entre vizinhos.
23. Quais são as temáticas que podemos extrair desta crônica?
24. Há relação entre moradia e qualidade de vida? Comprove com um trecho da crônica.
Fonte: Pesquisa PDE 2014
Foi possível perceber que os alunos tiveram compreensão do conteúdo.
Porém, apresentaram algumas dificuldades vocabulares e de leitura. A percepção de
informações explícitas e implícitas no texto ficou visível nas respostas dadas pela
maioria. Apresentaram suas ideias com clareza, além de expressarem oralmente
suas ideias de modo fluente e adequado ao gênero proposto.

3.5 Escrevendo a crônica

Os alunos forma reunidos em sala de aula e receberam a crônica que serviu


de base para a atividade. Foi feita leitura do texto e com base na ideia do escritor foi
redigida uma crônica de acordo com suas próprias realidades, discutindo situações
cotidianas relacionadas ao convívio social e relativas à faixa-etária deles.

Fonte: Pesquisa PDE 2014


Como a atividade aconteceu em época de Copa do Mundo, a maioria dos
alunos se inspirou nesse tema para redigir suas crônicas.
Ao final da atividade, foi feita uma comparação entre os dois escritores e com
o material produzido pelos alunos (elementos textuais utilizados pelos escritores e
aqueles utilizados pelos alunos).
Pode-se observar que não houve o uso adequado de recursos linguísticos
como pontuação, uso e função do artigo, pronome, substantivo, etc. Os alunos
apresentaram muitos erros o que lhes foi chamado a atenção para que lessem com
mais frequência, no intuito de minimizar esse tipo de problema.
E ainda, compreenderam que há diferentes maneiras de abordar o mesmo
assunto e que a leitura propicia ao aluno gravar centenas de palavras em sua
memória, facilitando e corrigindo sua escrita, independentemente do gênero textual
adotado, facilitando consideravelmente sua produção de texto.

3.6 O Portfólio

Os alunos foram reunidos em círculo e receberam todo o material produzido


nas atividades anteriores para que montassem um Portfólio, sendo possível que
refletissem sobre o conteúdo trabalhado.

Fonte: Pesquisa PDE 2014


Enquanto realizavam a atividade, foram comentando e discutindo o conteúdo.
Ao término, entregaram o material na biblioteca, para ser catalogado e servir de
material de consulta para os demais alunos e professores.

3.7 Pós-teste

Os alunos puderam responder as questões e se auto-avaliarem também, pois


mostraram segurança durante a atividade, mantendo silêncio e respondendo
rapidamente as questões propostas.
Pode-se verificar que dos vinte e cinco alunos que responderam o pós-teste,
cem por cento soube explicar o que é crônica, em que veículo ela é publicada, a que
se destina e que tipo de informações ela se refere. Os tipos de assunto que retratam
os leitores desse tipo de texto, bem como suas características principais. Souberam
identificar que Fernando Sabino usa uma “linguagem informal” com um pouco de
“humor” e Rubem Braga usa “linguagem formal”, mais “elaborada” e “menos
comum”.
Cabe mencionar que os alunos, entusiasmados com as atividades propostas
em decorrência desse Projeto, também sugeriram a realização de outras atividades
que ocorreram no decorrer das etapas propostas. Uma delas foi a elaboração de
uma entrevista para que pudessem aplicar para a vizinhança e verificar quais os
hábitos de leitura das pessoas que os cercam. Além dessa atividade, propuseram
pesquisar na Internet algumas crônicas sobre o carnaval. Do total que participou
apenas uma aluna trouxe uma crônica, o restante se confundiu trazendo notícias,
poemas, etc. Nesta oportunidade, a professora orientou os alunos sobre as
principais características da crônica, melhorando a compreensão dos participantes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Projeto PDE desenvolvido na Escola Estadual Brasílio de Araújo em Bela


Vista do Paraíso-PR foi uma experiência única. Os alunos tiveram a real
compreensão da importância da leitura no seu cotidiano e das pessoas que as
cercam. Propuseram-se a ler crônicas no jornal e outros meios de comunicação e
estão mais atentos aos usos da fala e da escrita de modo geral.
A maioria tem a percepção de que há mais elementos a serem analisados no
texto além do próprio texto e de que uma informação na leitura remete a
conhecimentos referente a cultura geral e que refletem no cotidiano deles. Alguns
alunos estão, inclusive, influenciando os hábitos de leitura no contexto familiar.
Em suma, é gratificante afirmar, com base na teoria e prática vivenciada no
Projeto que resultou neste artigo, que os resultados são muito animadores, muitos
alunos estiveram motivados com o estudo da crônica estimulando-os a ler com mais
frequência, acreditando que a interpretação de um texto é muito menos complicada
do que imaginavam.
O fascínio vivido pelos alunos em relação ao estilo de Fernando Sabino
ultrapassou os portões da escola, pois estão constantemente procurando outras
obras desse autor para fazer parte do rol de leituras que está se tornando hábito,
espontaneamente, na vida desses adolescentes, futuros adultos leitores e, quiçá,
futuros escritores.
Em tempo, cabe ressaltar, novamente, a melhora significativa na expressão
oral e na produção textual de modo geral. Sim, valeu muito a pena! O resultado foi
surpreendente!

REFERÊNCIAS

AIMÉE, A. A crônica em foco – revisão da crítica e análise das características do


gênero. CADERNOS DO CNLF, v. XII, n. 7, Rio de Janeiro, 2008.

ANTUNES, I. Análise de textos: fundamentos e práticas. São Paulo: Parábola,


2010.

ARRUDA, L. M.; AOKI, R. L. A. Linguagem e persuasão: o jogo argumentativo


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