Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
CURITIBA
2018
CAIO MATHEUS CALDEIRA DA SILVA
CURITIBA
2018
RESENHAS DOS SEMINÁRIOS DE TEOLOGIA LATINO-AMERICANA
Até os anos 60 na América Latino podemos afirmar que este continente não tinha
nenhuma, se não pouca expressão teológica no cenário mundial. A teologia era
totalmente europeia. Não tinha uma expressão latino-americana. Era pensada em
moldes que eram diferentes do nosso contexto. A Teologia Latino-Americana surge
de uma forma completamente diferente da teologia tradicional, que por vezes teve
sua gênese apenas apologética.
A descrição da situação política, social, econômica, cultural e religiosa da
América-Latina passa a serem condições de reflexão teológica. A condição histórica
latino-americana marcada por exploração e dominação passa agora a interpelar a
reflexão teológica. Ou seja, a teologia passa a assumir uma nova sensibilidade na
compreensão de Deus, do homem e do Mundo como lugar de teologizar.
Essa teologia, fundamentada na práxis do cotidiano é um reflexo do impulso
do Concílio Vaticano II, que abriu a Igreja ao diálogo com o Mundo Moderno e as
novas ciências. Portanto, a teologia não é mais vista apenas de uma forma
“espiritualizante”, mas ela é encarnada na vida do povo e nos seus problemas
cotidianos que dão maior sustentação para a compreensão de quem é Deus e como
o homem pode se relacionar com ele, e até mesmo como o homem pode em sua
finitude compreendê-lo.
Neste sentido, toma-se consciência de que a realidade pede agora uma nova
forma de se fazer teologia, ou melhor, de se interpretar a teologia. Descobre-se que
a realidade latino-americana não é um empecilho para a Teologia e para a pastoral,
mas sim, seu ponto de partida rumo a uma teologia de cunho pastoral mais viva e
que pensa as categorias próprias dos povos latino-americanos. Desta forma,
constatou-se uma cerca insuficiência da teologia européia frente aos problemas que
emergiam de nações desenvolvidas (ricas) em relação de exploração às nações em
subdesenvolvimento (pobres).
Em seu conjunto, observa-se que a Igreja começa assumir cada vez mais o
seu compromisso com seu povo explorado e esse compromisso se expressa
sobretudo pelo CELAM, em suas diversas conferências. A Igreja deixa de ser uma
instituição à margem da história latino-americana. Neste momento, os povos latino-
americanos começam a tomar consciência que sua terra também é uma
oportunidade para se teologizar. É neste momento, que surge a Teologia da
Libertação que pretende justamente, partir da história real dos povos marginalizados
e do compromisso cristão para refletir seu sentido e missão à luz da fé.
Este é, portanto, o contexto eclesial, pastoral e teológico da interrogação
inicial por uma Teologia que assuma a realidade latino-americana em seu fazer
teológico. Estabelece-se, portanto, um longo processo de conscientização da
dependência teológica e pastoral que será decisivo para a gênese da Teologia da
Libertação.
Os teólogos da América Latina e Caribe assumiram a chave interpretativa: a
plenitude do amor ao próximo é simplesmente ser capaz de perguntar: qual a tua
aflição? A Teologia da Libertação quer pensar a fé cristã respondendo às perguntas
dos aflitos. A Teologia da Libertação continua viva ao preocupar-se com os novos
pobres do continente e assumir-se como uma teologia da compaixão.
A Teologia da Libertação é não só oportuna, mas útil e necessária. Ela deve
constituir uma nova etapa, em estreita conexão com as anteriores, daquela reflexão
teológica iniciada com a tradição apostólica e continuada com os grandes padres e
doutores, com o magistério ordinário e extraordinário e, na época mais recente, com
o rico patrimônio da doutrina social da Igreja.
Muitos acusaram a Teologia Latino-americana de pensar categorias que não
são suas, como a política, o social. Mas seria impossível uma teologia que não
pensasse os problemas humanos e a própria dignidade do homem. Não foi isso que
o próprio Cristo fez enquanto passava pelo mundo? O pensar teológico na América-
latina passa a ser mais completo, porque vê o homem em todas as suas dimensões,
e não fica mais restrito ao âmbito espiritual. A vida plena de Jesus aborda todas as
dimensões do homem. Por isso, a teologia latino-americana é fundamentada na
práxis. Por que o lugar teológico passa a ser o homem e sua vida, com seus dramas
e lutas.
A Teologia Latino-americana tem por objetivo pensar a práxis da Igreja
visando uma transformação social. Portanto, vê como ponto de partida para a ação
teológica o contexto humano, social, político e etc. A práxis é uma ação reflexiva,
criativa, libertadora e radical. Isso quer dizer que a teologia não pode ser
anestesiada da vida humana. A teologia não poder ser omissa à vida humana. Mas
ao contrário, ela deve partir dos dramas humanos para conseguir ver luzes de
esperanças na Palavra de Deus.
Em seu texto, Clodovis Boff fala sobre a sua vida, em especial, a sua vida
acadêmica em relação à metodologia teológica. Por isso, seu estilo é biográfico e
intelectual onde ele fala como foram os anos fundacionais da Teologia Latino-
americana. Para isso, ele fala que mergulhou na realidade brasileira num contexto
de ditadura militar, de conflitos dentro da Igreja em detrimento do CVII e das CEBs,
um momento de um capitalismo selvagem.
É neste contexto que Clodovis B. faz seus primeiros contatos com a Teologia
da Libertação; “Se a teologia não serve para libertar o povo, para que serve?” Não
se podia mais conceber a teologia como senão um instrumento de libertação.
Retomanda os seus estudos de Pós-graduação na Lovaina; “Cheio de uma energia
irresistível, como um potro indomado e mordendo o freio, com uma vontade
incontida de, a todo custo, dar à teologia aquela força de que necessitava para servir
realmente à libertação do povo”.
Neste sentido, ele observou a Teologia da libertação como perspectiva de
método teológico. Assim, pretendia conferir à teologia maior eficácia teórica e, em
consequência, maior eficácia prática. O Trabalho da metodologia da TL era para
que fosse realmente libertadora não feita de qualquer jeito; A teologia da
libertação tinha de ser “teologia” ou então seria sociologia, marxismo ou coisa que o
valha. Portanto era necessário garantir a dimensão libertadora da teologia e garantir
também a dimensão teológica da libertação;
A teologia, para ser ela mesma, devia se confrontar, logo de entrada com um
positum. Ou seja, o evento da autocomunicação de Deus em Jesus Cristo
testemunhado nas escrituras. Pois, a teologia não é fruto de uma conquista
intelectual, mas é uma revelação gratuita, fazendo com que o teólogo seja, antes de
tudo, um crente que articula sua fé em um discurso crítico-racional.
Por isso a necessidade de uma mediação prática. O conceito de “mediação”
vinha a talho, no sentido de pôr as coisas no lugar: as ciências sociais, também as
de tradição marxista, eram da ordem da “mediação”; Eram meios, simples meios,
ainda que orgânicos (não mecânicos), de que a teologia lançava mão para construir
sua teoria; Não tinha meio de se fazer teologia social sem antes saber como era
esse social; Neste sentido, o marxismo e a sociologia dão a teologia uma leitura
social da sociedade.
Houve a distinção entre a ordem da teoria e a ordem da prática. A teologia
confundia-se entre estas duas idéias. Daí as idéias relacionadas ao termo libertador,
cujo conceito talvez fosse modificar a realidade dos fatos. Na ideologia alemã Marx
mencionou Feuerbach, que não partia para a prática aquilo que era teoria. Até
Tomás de Aquino confundia-se nesta distinção.A base revolucionária da situação
era a idéia de libertar o povo apenas por teologias libertárias. Esta teoria não
subsistia por si pois exigia um certo estudo e pesquisa para a produção adequada
da prática. Um ponto esclarecedor desta teoria polêmica e confusa distinguiu-se
entre lugar epistêmico e lugar social num discurso.
A relação entre teoria e prática apontou uma diferença sem identidade. A
importância para o teólogo neste caso seria nutrir uma experiência concreta da
realidade sofrida dos pobres. Prática com prática um modo de ver a teoria da
libertação em seu modo de ser diagnosticado em sua temática, sua linguagem
anexa ao marxismo relacionado com o pobre e a Bìblia em confronto com a vida.
Com relação ao modelo de contribuição específica, o da alternância dos momentos
de encarnação.
A importância do compromisso concreto com o pobre, idéia central dos
teólogos da libertação. Porém acabou se perdendo de vista frente a composição dos
termos pois esta teologia entrou em parceria com o marxismo histórico. Segundo
Francisca Ferruci, a teoria precisa sempre estar vitalmente assentada na
experiência, que é como sua linfa. Outra idéia seria que a diferença não é de idéias
mas de posturas. Porém diz-se que Deus revelado, analisando as idéias teológicas,
o qual opta, sim, pelo pobre.
Em análise nota-se que a teologia da libertação, não poderia ser completa em
si mesma, apenas como uma base discutível e sujeita modelações. De qualquer
modo sempre aparecia como teologia parcial envolvendo apenas a parte econômica,
política e cultural, perdendo o verdadeiro sentido amplo da fé. Envolvendo-se
unicamente com a libertação social e não com a verdadeira teologia cristã.
Da teologia em geral levanta muitos questionamentos porém trata-se de um
fato de conquistas e de perguntas teológicas que são também pastorais.No que diz
a parte teológico-pastoras das CEBs que sempre se manteve unida a teologia da
libertação, interpôs a política como mediação necessária para as estruturas sociais.
E como convicção de respeitar a autonomia tanto social como eclesial finalizada no
bem do povo oprimido. Assim a pastoral dos militantes foi um dos resultados
fecundos dessa caminhada na Igreja Constitucional.
Tanto a Igreja como os cristãos influenciados pela presença do social,
afetaram o cenário mundial. O trabalho popular segundo Paulo Freire, teve seu
método deixado de lado. Surgiu uma série de novas tentativas de trabalhos no
sentido de atingir o global da situação, porém com poucos resultados de avanço na
questão social. Apareceram novos movimentos ligados às questões da cultura.
Apareceu a problemática ecológica dentro da sociedade moderna, porém sem
muitos resultados positivos diante da opressão socioeconômica no geral.
Diante das comunidades eclesiais de base, com relação a exigência atual de
espiritualidade nota-se que haverão momentos questionáveis dentro da teologia e
também dos teólogos, como a Renovação Carismática, o pentecostalismo, a nova
era, e do público radicalizado nas tradições religiosas como Islã, budismo e inclusive
outras religiões resgatadas.
O cristinanismo se vê obrigado a dialogar neste complexo fenômeno
desafiador, onde terá que expor o Plano de Salvação. Dentro do diálogo
político-espiritual e espiritual-político existe um conflito de dialética, cujo resultado se
conflita num contexto diversificado e em grande discussão onde existe a dificuldade
se concretizar algo concreto e sólido.