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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE NORTE / UNIVERSIDADE

FEDERAL DE ALAGOAS
FACULDADE DE LETRAS
MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

KARINE DE OLIVEIRA CÂNDIDO

OS GÊNEROS DISCURSIVOS NA CONSTRUÇÃO DE UM BLOG POR ALUNOS


DE 8º ANO

MACEIÓ – AL
MARÇO/2016
KARINE DE OLIVEIRA CÂNDIDO

OS GÊNEROS DISCURSIVOS NA CONSTRUÇÃO DE UM BLOG POR ALUNOS


DE 8º ANO

Anteprojeto apresentado na
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte / Universidade Federal de
Alagoas, Faculdade de Letras, Mestrado
Profissional em Letras, à disciplina
Elaboração de Projetos e Tecnologia
Educacional, ministrada pela Prof.ª Dra.
Andréa da Silva Pereira, como requisito
de avaliação.

MACEIÓ – AL
MARÇO/2016
SUMÁRIO

1 Apresentação ...................................................................................... 04

2 Justificativa.......................................................................................... 06

3 Objetivos ............................................................................................. 07

4 Fundamentação teórica........................................................................ 08

5 Metodologia.......................................................................................... 10

6 Cronograma ......................................................................................... 13

7 Referências .......................................................................................... 14
1. Apresentação

O letramento é uma temática que há anos tem sido o foco de muitos


pesquisadores e estudiosos da área da linguagem, tendo em vista sua importância
na formação dos indivíduos. Tais pensadores problematizam também como
determinadas práticas docentes vêm sendo empregadas no desenvolvimento desse
letramento e como o contexto no qual os discentes estão inseridos apresenta fatores
determinantes nesse processo. Apesar das reflexões sobre dadas questões, ao
observar os Parâmetros Nacionais Curriculares (PCNs), é possível perceber grande
ênfase no tocante ao desenvolvimento das habilidades de leitura e de escrita dos
alunos, uma vez que estes continuam saindo do ensino básico sem o domínio
dessas competências primordiais.
Para a realização deste anteprojeto, foi selecionada uma turma de 8º ano do
ensino fundamental II, de uma escola da rede pública estadual da cidade de Rio
Largo (AL). A escolha pela referida turma parte das dificuldades apresentadas no
processo de letramento dos alunos, uma vez que estes demonstram severas
dificuldades de leitura, de compreensão e de produção de textos, fatores que
refletem diretamente no interesse pelas aulas, na realização das atividades e no
rendimento observados através dos processos avaliativos, pois a dificuldade de ler o
que é proposto em sala de aula os impede de compreender os textos e atividades.
A escola é referência em sua comunidade em virtude dos projetos que
desenvolve, como banda de fanfarra composta por alunos e ex-alunos, Sarau
Literário e grupos esportivos (futebol e judô). No entanto, ainda que com tantos
projetos ativos, a referida instituição de ensino continua sendo alvo do agravante da
evasão de seu alunado. Esse agravante se dá pela intencionalidade do aluno em
permanecer na escola, pois muitos estão matriculados e assistem às aulas
assiduamente para garantir sua participação em programas assistenciais do
governo, pela exigência por parte dos pais, por se tratar de uma convenção social ou
ainda para comercializar drogas.
Devido à falta de investimento por parte dos órgãos públicos na educação,
tanto em relação à remuneração e à capacitação dos profissionais quanto a
condições básicas de trabalho, é recorrente e explícita a desmotivação por parte dos
docentes, o que reflete diretamente em suas práticas em sala de aula.

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Agravantes como os citados anteriormente dificultam o ensino e aprendizagem
pela divergência de interesses que permeiam o ambiente escolar, somados ao
distanciamento entre o que a escola tem ensinado e à forma como eles têm
empregado esse conhecimento em seu dia a dia, o que, de uma forma geral, vem
causando um comprometimento no ensino, mesmo para aqueles que de fato estão
em sala de aula com a esperança de aprender e modificar sua realidade social.
Conhecer esse papel formador do letramento e seu poder transformador do
indivíduo e, consequentemente, do grupo e comunidade nos quais os sujeitos se
inserem é o ponto de partida para o proposto estudo, uma vez que esse letramento,
numa perspectiva social, vem atender às necessidades individuais e coletivas em
atividades cotidianas, abandonando a visão do sujeito como reprodutor de
conhecimentos e assumindo uma posição crítica em relação à sua condição social e
ao meio em que está inserido.

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2. Justificativa

A proposta de pesquisa deste anteprojeto surge das dificuldades enfrentadas


por grande parte dos professores de Língua Portuguesa que se propõe a trabalhar
leitura, compreensão textual e análise das características dos gêneros discursivos.
Dificuldades estas provenientes de problemáticas concernentes ao letramento dos
alunos e da visão tradicional do texto como algo distante de sua situação real de
uso.
Cabe, no desenvolvimento da referida pesquisa, uma análise de práticas
voltadas ao processo de ensino-aprendizagem dos discentes que possibilitem o
reconhecimento dos gêneros discursivos no contexto no qual os sujeitos estão
inseridos e a compreensão de que os multiletramentos por eles desenvolvidos
ultrapassam os limites escolares, ou seja, estão bastante vivos em suas práticas
sociais.

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3. Objetivos

Analisar estratégias de ensino que viabilizem a aproximação dos gêneros


discursivos aos contextos sociais de uso dos alunos, na tentativa de minimizar o
distanciamento entre o letramento desenvolvido na escola e o que é empregado em
suas atividades fora do ambiente escolar.
Investigar como a percepção da presença dos gêneros discursivos em práticas
sociais interfere na seleção dos gêneros discursivos adequados para a construção
de um blog que retrate a visão que os educandos possuem da cidade onde vivem.

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4. Fundamentação teórica

O letramento dos sujeitos é um processo fundamental para sua formação


crítica, entretanto, o recorrente distanciamento destes de seu contexto sócio-
histórico e de suas reais necessidades diante do letramento proposto tem
comprometido esse processo e tornado tais sujeitos passivos e meros reprodutores
de informações.
As práticas de letramento estão intrinsecamente relacionadas
às estruturas sociais e de poder, e é nesse contexto que devem ser
compreendidas, entendendo-se aqui por contexto a organização das
relações familiares, os sistemas conceituais, as estruturas políticas,
os processos econômicos etc., e não apenas as situações de
interação. (Terzi, 2007, p. 169)

De acordo com Street (2014, p. 19), é preciso refletir sobre a necessidade de


“mover o estudo do letramento para longe de generalizações idealizadas sobre a
natureza da Linguagem e do Letramento e na direção de entendimentos mais
concretos das práticas letradas em contextos sociais ‘reais’”.

Nessa perspectiva, as práticas sociais e as atuações humanas


não se dão na sociedade de maneira desorganizada e selvagem,
mas se organizam de maneira diversificada em esferas distintas de
atuação ou atividade que seguem regimes de funcionamento
diferenciados, inclusive no que diz respeito aos princípios éticos e
aos valores. Isto é, as práticas são “situadas” em esferas de atuação
específicas. (Rojo, 2015, p. 56)

Pensar em contextos reais de uso do letramento é conceber a


língua/linguagem organizada de acordo com suas diversas finalidades no dia a dia
das pessoas e seus momentos de interação, sejam por meio da fala ou da escrita.
Logo, de acordo com Rojo (2015), as atividades enunciativas dos indivíduos se
acomodam nos mais variados gêneros discursivos que, na maioria das vezes, são
utilizados sem a real consciência disso. A autora reforça essa questão no seguinte
fragmento em que cita Bakhtin:

O emprego da língua efetua-se em forma de enunciados (orais


e escritos) concretos e únicos, proferidos pelos integrantes desse ou
daquele campo da atividade humana. Esses enunciados refletem as
condições específicas e as finalidades de cada referido campo não
só por seu conteúdo (temático) e pelo estilo da linguagem, ou seja,
pela seleção de recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais da

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língua mas, acima de tudo, por sua construção composicional
(Bakhtin apud Rojo, 2015, p. 85).

Ao reputar os indivíduos da modernidade e suas formas de interação, é


possível perceber, além da notória mudança dos hábitos comportamentais da
sociedade mediante às transformações tecnológicas, textuais e linguísticas (Rojo,
2015, p. 116), a presença de um caráter híbrido dos gêneros discursivos cada vez
mais forte, dadas as múltiplas possibilidades de construção textual por meio dos
mais diversos suportes. Sobre esse caráter multimodal dos textos e seus suportes,
Rojo ainda ressalta que “As modalidades ou semioses que podem comparecer na
composição de um texto em um gênero dependem, de certa maneira, das mídias em
que esse texto foi produzido e circula.” (2015, p. 111).
Essas transformações textuais e linguísticas se dão em virtude das
necessidades dos sujeitos frente aos seus contextos de uso da linguagem, uma vez
que tais sujeitos se encontram em um contínuo processo de mudanças no qual o
contexto social é fator determinante. Somada a essas mudanças, a presença da
tecnologia cada vez mais consolidada nas atividades diárias das pessoas traz, além
das mudanças comportamentais, novas necessidades de letramento em virtude da
gama de informações que a internet propicia. Rojo ainda define esse novo formato
denominado multiletramento:

Diferentemente do conceito de letramentos (múltiplos), que


não faz senão apontar para a multiplicidade e variedade das práticas
letradas, valorizadas ou não nas sociedades em geral, o conceito de
multiletramentos – é bom enfatizar – aponta para dois tipos
específicos e importantes de multiplicidade presentes em nossas
sociedades, principalmente urbanas, na contemporaneidade: a
multiplicidade cultural das populações e a multiplicidade semiótica de
constituição dos textos por meio dos quais ela se informa e se
comunica. (Rojo, 2012, p. 13).

O desafio da escola contemporânea, segundo Rojo, é pensar em práticas


pedagógicas que considerem a singularidade dos educandos, seus multiletramentos
e os diversos gêneros discursivos que circundam suas práticas sociais concretas.
(2015, p. 135).

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5. Metodologia

A metodologia adotada para esta pesquisa é aplicada, quanto à natureza, por


tratar-se de um estudo de caso etnográfico e por seu caráter interventivo, que tem
por finalidade contribuir para um aprimoramento da atuação do docente e, por
consequência, a obtenção de melhores resultados na aprendizagem dos discentes.
Enquadra-se numa abordagem qualitativa, por considerar não apenas os resultados,
como também o processo.

 Contexto de pesquisa:
1. Institucional: A escola na qual se dará a pesquisa se encontra em uma fase
de transição de gestões, ambas totalmente distintas, uma vez que a anterior
propiciava uma desorganização à escola de uma forma geral, dado o seu
caráter passivo diante das questões políticas, burocráticas e disciplinares. A
nova gestão objetiva a correção de tais problemas e implementa novas
metodologias para a reorganização dos diversos âmbitos escolares, como um
maior acompanhamento das práticas pedagógicas dos professores e das
atividades dos demais funcionários, para tanto, um maior número de
coordenadores pedagógicos foi solicitado pela direção. As decisões dentro da
escola são tomadas a partir de discussões entre diretores e coordenadores e,
quanto à disponibilidade de recursos, a escola vem sofrendo com a falta de
grande parte de verbas públicas por problemas com entregas de
documentações à Secretaria de Educação do Estado.

2. Instrucional: A escola não apresenta muitas inovações no ensino, projetos


interdisciplinares ou permanentes e as aulas geralmente são ministradas de
maneira tradicional com o uso de recursos básicos, como quadro branco e
livros didáticos, quando disponíveis para os alunos. As avaliações geralmente
são feitas por meio de provas escritas, trabalhos e seminários. Problemas
referentes ao acompanhamento por parte da coordenação pedagógica e
escassez de material didático (pincel para quadro branco, tinta, apagador,
cópias, livros didáticos etc.) são agravantes dessa situação.

3. Sociopolítico: A escola se encontra em um bairro periférico que, apesar da


grande arrecadação municipal oriunda do Aeroporto Zumbi dos Palmares,
sofre com o escasso investimento nos âmbitos da educação, da saúde, da

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segurança e do transporte. A comunidade do bairro, há anos sofre com
problemas relacionados à pouca assistência do município, em virtude da
delimitação territorial das cidades de Maceió, Rio Largo e Satuba. É notório
grande problema relacionado à organização da comunidade local, dada a
falta de associações de moradores para reivindicação de direitos básicos da
população. A infraestrutura deficitária também é bastante nítida, com a
presença de esgoto a céu aberto e ausência de áreas de lazer públicas.

 Procedimento de geração de registro – Serão utilizadas como forma de


geração de registro para a pesquisa as anotações de campo, que,
posteriormente, serão reelaboradas no formato de diário de campo, de
forma a catalogar e analisar os pontos mais relevantes no
desenvolvimento das atividades com os alunos.
 Sequência didática:
Aulas introdutórias – Objetivando uma aproximação entre os estudos em
sala de aula e a realidade vivida pelos alunos em seu cotidiano, serão
trabalhados alguns dos gêneros discursivos observáveis pelos discentes
em seu dia a dia. Para tanto, tendo seu registro feito através de anotações
de campo, duas aulas serão destinadas a esse propósito, nas quais será
formada uma roda de discussão a fim de analisar a estrutura desses
textos e discutir seu uso em contextos reais.
Aulas expositivas – Uma aula semanal será dedicada ao estudo dos
tipos de blogs e dos textos multimodais recorrentes nesse suporte, a fim
de que os alunos possam observar e, posteriormente, escolher o estilo de
blog e a modalidade textual mais adequada para representar o olhar que
os mesmos possuem da cidade onde vivem. Para estas atividades serão
usados modelos de blogs projetados através do Datashow da escola.
Estas atividades também serão registradas por meio das anotações de
campo.
Aulas práticas – Quatro aulas serão utilizadas para a elaboração do blog.
Para este momento, os alunos, em grupos, devem estar em posse dos
recursos que integrarão a página. Esta atividade será registrada por meio
das anotações de campo e objetiva a percepção dos multiletramentos dos

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alunos em face das escolhas dos gêneros discursivos e dos recursos de
linguagem a serem empregados nos blogs.
Aula de culminância e socialização – Nesta etapa, duas aulas servirão
para a socialização dos trabalhos realizados pelos grupos, a fim de que
todos discutam e analisem as diversas possibilidades de construção
textual e emprego dos gêneros discursivos nos blogs. Este momento será
registrado por meio de vídeo.

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6. Cronograma
1º Atividades J F M A M J J A S O N D
semestre
Seleção X X X X
bibliográfica e
de sites
sobre o tema.
Estudo do X X X
material
selecionado.
Observação X X X
da turma.
2º Estudo do X X X X X X
semestre material
selecionado.
Observação X X X X X X
da turma.
Atividades de X X X X X X
intervenção
no processo
educativo.
3º Estudo do X X X X X X
semestre material
selecionado.
Observação X X X X X X
da turma.
Atividades de X X X X X X
intervenção
no processo
educativo.
4º Estudo do X X X X X X
semestre material
selecionado.
Observação X X X X X X
da turma.
Atividades de X X X X X X
intervenção
no processo
educativo.
Construção X X
do blog.
Digitação do X X X X
trabalho.
Preparação X X
para a
defesa.

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Apresentação X
do trabalho
final.
7. Referências

ROJO, R. Pedagogia dos multiletramentos: diversidade cultural e de linguagens na


escola. In: ROJO, R.; MOURA, E. (orgs.) Multiletramentos na escola. São Paulo:
Parábola Editorial, 2012.

ROJO, R.; BARBOSA, J. Hipermodernidade, multiletramentos e gêneros discursivos.


São Paulo: Parábola Editorial, 2015.

STREET, B. Letramentos sociais: abordagens críticas do letramento no


desenvolvimento, na etnografia e na educação. São Paulo: Parábola Editorial, 2014.

TERZI, S. B. Transformações do letramento nas práticas locais. In: KLEIMAN, A. B.;


CAVALCANTI, M. C. (orgs.). Linguística aplicada: suas faces e interfaces.
Campinas: Mercado das Letras, 2007.

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