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Da cidade interativa
à cidade participativa
giselle beiguelman
Projeto realizado em Lisboa permitia que o público dançasse dentro de uma cabine e transmitisse suas imagens para os semáforos em tempo real
As cidades contemporâneas foram expandidas pelas tecnologias plo básico: como fazer com que os carros
digitais. Elas permitiram a ocupação de fachadas com telas e acesso, via parem de fato no farol vermelho e os pe-
aplicativos, a informações que vão do fluxo do trânsito ao mapeamento destres atravessem apenas na faixa de segu-
de remoções decorrentes de obras públicas. Se, ao longo dos anos 1990, rança? E uma questão mais complexa: como
os especialistas discutiam como apropriar-se das redes para tornar a migrar da ideia de uma cidadania digital –
cidade mais interativa, hoje, com a capilarização da tecnologia, a aposta que se esgota no uso de aplicativos – para as
é em como utilizá-las para interferir no cotidiano das cidades. práticas de uma cidadania em rede, pautada
A discussão sobre “cidades inteligentes” cede, assim, espaço para pela ação colaborativa entre todos?
a de cidadania, reinventando as formas de ocupar as ruas e as pró-
prias noções de política urbana. Não se trata mais de apenas planejar Ruas dançantes
e regrar o espaço coletivo, mas, sim, de como mobilizar para que Atravessar as ruas nos centros das grandes
essas regras sejam fluidas o suficiente para constituir e reconstituir cidades converteu-se em uma espécie de ba-
o uso comum, conforme as necessidades do momento. Um exem- talha campal entre homens e máquinas. Isso
SELECT.ART.BR abr/mai 2015 Fotos: wesley lee e andrei speridião. nA Página ao lado, reprodução