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Guerra das Malvinas

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A Guerra das Malvinas (em inglês: Falklands War ; em
castelhano: Guerra de las Malvinas ) ou Guerra do Atlântico Sul Guerra das Malvinas
foi um conflito armado entre a Argentina e o Reino Unido
ocorrido nas Ilhas Malvinas (em inglês Falklands), Geórgia do
Sul e Sandwich do Sul entre os dias 2 de abril e 14 de junho de
1982 pela soberania sobre estes arquipélagos austrais
reivindicados em 1833 e dominados a partir de então pelo Reino
Unido.[3] Porém, a Argentina reclamou como parte integral e
indivisível de seu território, considerando que elas encontram
"ocupadas ilegalmente por uma potência invasora" e as incluem
como partes da província da Terra do Fogo, Antártica e Ilhas do
Atlântico Sul.[4]

O saldo final da guerra foi a recuperação do arquipélago pelo


Reino Unido e a morte de 649 soldados argentinos, 255 britânicos
e 3 civis das ilhas. Na Argentina, a derrota no conflito fortaleceu a
queda da Junta militar que governava o país e que havia sucedido
as outras juntas militares instaladas através do golpe de Estado de
1976 e a restauração da democracia como forma de governo. Por
outro lado, no Reino Unido, a vitória no confronto permitiu ao
governo conservador de Margaret Thatcher obter a vitória nas
eleições de 1983.

Índice
Antecedentes
A importância das ilhas
Compra de armas Data 2 de abril — 14 de junho de 1982
(2 meses e 5 dias)
A decisão de atacar
Local Ilhas Malvinas, ilhas Geórgia do Sul
A Operação Rosário e Sandwich do Sul
A última operação em Thule do Sul
Desfecho Vitória britânica
Movimentos sutis: o desembarque nas Ilhas
Geórgia do Sul Status quo ante bellum nas ilhas
O desembarque nas ilhas Malvinas Malvinas e nas ilhas Geórgia;
A tomada das ilhas pela Argentina e a reação
Fim da ocupação argentina do
britânica
Thule do Sul
Presidente argentino Leopoldo
A reocupação: Operação Corporate Galtieri renuncia 4 dias depois
Operação Paraquat: reconquista das ilhas Geórgia do final da guerra
do Sul
Black Buck I: bombardeiros nucleares sobre Beligerantes
Puerto Argentino Argentina Reino Unido
O afundamento do ARA General Belgrano
O Exocet entra em cena: o afundamento do HMS Apoiantes: Apoiantes:
Sheffield Panamá[1] Estados Unidos[1]
Guerra marítima França[1]
O Dia D: Operação Sutton Irlanda[1]
O Dia D: O corredor das bombas ou O Vale da
Japão[1]
Morte
Comandantes
Terra, água, ar e fogo
Batalha de Goose Green Leopoldo Galtieri Margaret Thatcher
Jorge Anaya Terence Lewin
Golpes entre os gelos
Basilio Lami Dozo John Fieldhouse
O colapso Sandy Woodward
Juan Lombardo
As consequências Ernesto Horacio Jeremy Moore
Julian Thompson
Consequências militares Crespo
Consequências políticas e históricas Mario Benjamín
Menéndez
Os segredos não contados
A ameaça nuclear contra a Argentina Forças
O uso de cargas de profundidade nucleares
Forças armadas Forças armadas
Forças Argentinas na Guerra das Malvinas argentinas britânicas
Teatro de Operações das Malvinas
Baixas
Força Aérea Sul
Teatro de Operações do Atlântico Sul 649 mortos 255 soldados mortos[2]
1 657 feridos 3 civis mortos
Mortos do lado argentino 11 313 aprisionados 775 feridos
Mortos do lado britânico --------- 115 aprisionados
1 cruzador ---------
Referências
1 submarino 2 destróieres
Bibliografia 4 cargueiros 2 fragatas
2 barcos patrulha 2 navios logísticos de
Ver também 1 traineira para desembarque
Ligações externas espionagem 1 navio porta-
--------- containers
25 helicópteros ---------
35 caças 24 helicópteros
Antecedentes 2 bombardeiros
4 aviões de carga
10 caças
25 aviões de ataque
ligeiro
9 traineiras armadas

As ilhas Malvinas, Geórgia do Sul e Sandwich do Sul são três arquipélagos situados
no Oceano Atlântico, perto da costa argentina, que constituem um domínio colonial
britânico desde 1833. Não obstante, desde a sua ocupação em 1690 foram motivos
de conflito entre o Reino Unido, França e Espanha, e depois entre o Reino Unido e a
Argentina, que se considera herdeira dos direitos espanhóis sobre estas ilhas. Neste
Mapa das ilhas Malvinas (com os período, surgiram diversas discussões para estabelecer uma ou outra soberania, que
topônimos argentinos). terminaram com a ocupação britânica de 1833.

Só um destes arquipélagos, as ilhas Malvinas, tem uma população civil nativa


permanente (chamados em inglês de kelpers). Geralmente de origem escocesa, esta população se considera britânica e apoia o
estado atual de soberania sobre estas ilhas. As outras duas estão ocupadas, essencialmente, por cientistas. Em 1965 a Argentina
conseguiu que a ONU aprovasse a resolução 2065, qualificando a disputa como um problema colonial e convocando as partes
para negociar uma solução; não obstante, as negociações ficaram infrutíferas durante os próximos dezessete anos. De todas as
formas, as relações entre a Argentina, o Reino Unido e os habitantes das Ilhas até os finais da década de 1960 e o início da década
de 1970 foram excelentes. Tanto assim, que durante grande parte dos anos anteriores à guerra, semanalmente operava uma ponte
aérea entre a Argentina e Puerto Argentino/Port Stanley, da qual os insulares dependiam para provisão e assistência médica.
Sendo que a pista de aterrissagem original de Puerto Argentino/Port Stanley (feita em alumínio) foi construída pela Força Aérea
Argentina.

A importância das ilhas


Em outros tempos, nestas ilhas existiram importantes postos de caça de baleias, porém a prática provocou o desaparecimento de
numerosas espécies de baleias nos mares austrais e fez com que a importância econômica dos três arquipélagos fosse reduzida. O
interesse por elas obedece fundamentalmente a três causas:

1. Tanto a Argentina como o Reino Unido consideram que a soberania sobre estes territórios representa uma
questão de orgulho e credibilidade nacional.
2. O controle deste arquipélago encerra uma posição estratégica ao seu ocupante sobre o cruzamento austral e o
seu tráfego marítimo.
3. A recente notícia de exploração de petróleo por ingleses, próximo às Malvinas, pode indicar que os britânicos
sabiam da existência de combustíveis fósseis na região.

Compra de armas
Para reforçar os estoques bélicos destinados à
guerra, o governo militar utilizou a empresa
Aerolíneas Argentinas para transportar armas e
munições da África do Sul, Israel e Líbia em voos
secretos e aeronaves civis modificadas.[8]

A decisão de atacar
A ditadura militar que governava a Argentina em
1982 tinha como parte significativa de seu apoio
um exacerbado sentido de patriotismo. A questão
das Malvinas ocupava um lugar central nesta
estrutura ideológica. No início dos anos 1980, o
O tenente-general Leopoldo O almirante Jorge Anaya, um
Galtieri, líder da Junta Militar dos grandes entusiastas da modelo econômico da Junta militar se esgotou,
Argentina. invasão das ilhas.[5][6][7] com as consequentes tensões sociais: 90% de
inflação anual, recessão profunda, interrupção de
boa parte das atividades econômicas, banalização
do IVA (imposto ao valor agregado), empobrecimento da classe média, grande aumento do endividamento externo das empresas e
do Estado, salário real cada vez mais baixo, aumento da pobreza e de seus efeitos, etc. A substituição do chefe da Junta Jorge
Rafael Videla pelo general Roberto Viola e posteriormente pelo general Leopoldo Fortunato Galtieri é o indicativo desta crise
econômica, social e política, e era o momento certo em que a decisão de recuperar as ilhas se põe em prática com o objetivo de
recuperar o crédito perdido entre os setores sociais sensíveis a este discurso patriótico.

Esta decisão se baseou em três características militares que, a princípio, pareciam certas:

1. A guarnição britânica nas ilhas Malvinas, Geórgia do Sul e Sandwich do Sul era reduzida, e a distância em
relação à metrópole impedia a chegada de reforços a tempo.
2. A capacidade de guerra anfíbia do Reino Unido a meio mundo de distância não parecia estar à altura destas
circunstâncias, apesar do seu grande poderio aeronaval.
3. Não parecia provável que o Reino Unido realizaria um contra-ataque em grande escala, afetando o território
continental argentino — por exemplo, usando seus submarinos nucleares — por uma questão colonial sobre
algumas ilhas remotas.
Não obstante, a Junta não teve em conta os elementos geopolíticos e diplomáticos essenciais na hora de tomar tal decisão:
1. Existiam numerosos conflitos fronteiriços no mundo. No contexto da Guerra Fria, não era provável que a
comunidade internacional visse com bons olhos a ação violenta de um deles, pois isso poderia legitimar e,
mesmo, desencadear várias guerras regionais nos cinco continentes.
2. No contexto da Guerra Fria, os Estados Unidos davam mais importância à OTAN, concebida diretamente para
deter a URSS, que ao Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), mais orientado para conter o
comunismo na América Latina e percebido como de interesse secundário por Washington.
3. Uma ditadura de direita não poderia esperar apoio da URSS, nem de nenhum de seus países satélites ou
daqueles por ela influenciados, nem tampouco da maior parte das democracias ocidentais, de onde as graves
violações dos Direitos Humanos cometidas pela Junta Militar argentina já eram de domínio generalizado da
opinião pública.
4. A Junta subestimou, aliás, as estreitas relações entre os Estados Unidos e o Reino Unido que transcendem o
marco da OTAN.
5. O Reino Unido é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, com direito a veto.
6. A Junta subestimou a importância que tem para a credibilidade do Reino Unido a manutenção dos territórios
coloniais da Comunidade Britânica das Nações (Commonwealth)
7. A Junta subestimou o potencial e a habilidade militar de que por vários séculos foi a Armada mais poderosa do
mundo, e particularmente a capacidade de alguns de seus elementos substanciais.
Com esta análise errônea, o Governo argentino articulou um plano para a recuperação militar dos três arquipélagos em disputa,
chamado de Operação Rosário, cuja idealização foi obra do almirante Jorge Isaac Anaya, membro da Junta militar presidida por
Galtieri, no final de 1981 e início de 1982.

A Operação Rosário

A última operação em Thule do Sul


Já em 18 de março de 1977, a Armada Argentina havia estabelecido a estação científica Corveta Uruguay na ilha Morrell (grupo
Thule do Sul), no arquipélago das ilhas Sandwich do Sul, e estava operando desde então. Esta instalação teve grande repercussão
na imprensa argentina, porém o Reino Unido havia optado por ignorá-la, considerando-a irrelevante.

Movimentos sutis: o desembarque nas Ilhas Geórgia do Sul

Ordem de batalha
Forças argentinas Forças britânicas
Força de Operações 60:
(Comandante: capitão C. Trombetta)
• Navio de patrulha ártica HMS Endurance
• Insignia de navio: transporte polar (B-1) ARA Bahía Paraíso
(3.600 t), com dois helicópteros Wasp.
(9.600 t) com 1 helicóptero Puma + 1 Alouette (1978).
(Capitão: Nick J. Barker, CBE.)
• Corveta lança-mísseis A-69 (P-32) ARA Guerrico (1.250 t) com
quatro lança-mísseis MM-38 Exocet antinavio (4 mísseis ao todo),
1 canhão de 100 mm + 2 de 20 mm (1978).
• Navio de transporte (B-6) ARA Bahía Buen Suceso (3.100 t,
1951).
• 22 fuzileiros navais (do 22º Royal
• 100 fuzileiros navais embarcados
Marines) em terra

No final de 1979, um homem de negócios argentino chamado Constantino Davidoff, dedicado ao comércio de sucatas, havia
adquirido de uma companhia escocesa os direitos sobre as três antigas estações baleeiras em Leith (ilhas Geórgia do Sul). Nestas
ilhas, administradas pelo governador das Malvinas, eram unicamente habitadas pelos cientistas da British Antarctic Survey (BAS:
Pesquisa Antártica Britânica), dirigidas por Steve Martin e estacionadas em Grytviken, a uns 40 km de Leith.
Davidoff obteve permissão da embaixada britânica para fazer um porto em Leith junto com os 41 trabalhadores, supostamente
com objetivo de exercer o seu negócio. Porém, entre os trabalhadores estava um grupo de mergulhadores táticos (tropa de elite da
Marinha Argentina). A partida chegou a Leith em 19 de Março de 1982 a bordo do navio de transporte de tropas Bahía Buen
Suceso, comandado pelo capitão Briatore.

Como é protocolar, Davidoff deveria ter-se apresentado à Martin ao atracar nas ilhas Geórgia do Sul. Não somente deixou de
fazê-lo como os «trabalhadores» por ele trazidos hastearam a bandeira argentina em Leith. Inconformado com estes fatos, Martin
envia um dos cientistas para conversar com os argentinos e informar-lhes de que pisaram em solo britânico e devem observar
certas normas. Ainda não é o momento; a equipe de trabalho obedece e a bandeira é retirada. Não obstante, Martin dá ciência dos
fatos ao governador das Malvinas Rex Hunt.

Para o capitão Nick Barker, do HMS Endurance, este incidente foi surpresa. Ele havia passado quinze anos nessas águas e fazia
tempo que observava movimentos estranhos por parte dos argentinos, tanto que já havia informado aos seus superiores, embora
estes não dessem ouvidos. Decidiu então mandar um de seus helicópteros Wasp para fazer um reconhecimento. A partir do navio
Bahía Paraíso os argentinos enviam um helicóptero tipo Alouette em atitude agressiva, com o próprio capitão Trombetta a bordo.
Barker retira sua aeronave. Em terra, não obstante, dois royal marines observaram estes movimentos e os notificam ao seu
superior em Grytviken, o tenente Keith P. Mills. Na Geórgia do Sul, todo mundo sabe que a guerra iminente. Em Londres, sem
dúvida, não. Whitehall notifica a Barker e Mills que se os argentinos tentarem tomar Grytviken, os soldados britânicos devem
usar os coletes de combate amarelos, utilizados para operações antiterroristas na Irlanda do Norte.

No dia 29 de Março de 1982, Trombetta levanta âncora e o navio Bahía Paraíso se perde no Atlântico Sul. Em Leith permanecem
os fuzileiros navais. Por fim, em 30 de Março, a inteligência britânica se dá conta que é iminente uma operação militar argentina
sobre as Malvinas.

O desembarque nas ilhas Malvinas


Ordem de batalha
Forças
Forças argentinas
britânicas
Força de Operações 40:
Comandante:
(Comandante: vice-almirante Juan Lombardo) governador
Rex Hunt
• Destróier D-1 Hércules (4.100 t) com 1 lançador MM38-Exocet antinavio (4 tubos), 2 lança- • Navio civil
mísseis antiaéreos Sea Dart, 1 canhão de 114 mm, 2 antiaéreos de 20 mm, 2 lançadores costeiro
triplos de torpedos de 324 mm e 2 helicópteros 2 SH-3H (1976). Forrest.
• Destróier D-2 Santísima Trinidad (4.100 t) com 1 lançador MM38-Exocet antinavio (4
tubos), 2 lança-mísseis antiaéreos Sea Dart, 1 canhão de 114 mm, 2 antiaéreos de 20 mm, 2
lançadores triplos de torpedos de 324 mm e 2 helicópteros 2 SH-3H (1976).
• Corveta pesada P-31 Drummond (1.250 t) com 1 lança-mísseis MM-38 Exocet antinavio (4
tubos), 1 canhão de 100 mm + 1 de 40 mm (1978).
• Corveta pesada P-33 Granville (1.250 t) com 1 lança-mísseis MM-38 Exocet antinavio (4
tubos), 1 canhão de 100 mm + 1 de 40 mm (1978).
• Submarino S-21 Santa Fé (1.526 t) (ex-USS Catfish SS 339) com dez tubos lança-torpedos
de 254 e 533 mm (1944, modernizado em 1960).
• Navio quebra-gelos de transporte de tropas Q-5 Almirante Irízar (14.900 t) com dois
helicópteros ligeiros (1978).
• Navio de transporte de tropas Isla de los Estados (3.100 t, 1951).
• Navio de desembarque LST Cabo San Antonio (8.000 t, 1944).
• 67 fuzileiros
navais
• 102 mergulhadores táticos embarcados.
(Unidade 8901)
em terra.
• 23 membros
da Força
• 1º e 2º batalhão de fuzileiros blindado (com veículos anfíbios LVTP-7).
Voluntária de
Defesa.
• Outro número indeterminado de tropas de infantaria do Regimento de Infantaria 25 do
exército argentino.

No dia 26 de Março de 1982, uma importante força naval argentina havia partido
de Porto Belgrano sob o pretexto de realizar algumas manobras com a frota
uruguaia. Na verdade, partiram para as Malvinas, embora o mau tempo os tenha
atrasado. No dia 30, a inteligência britânica notifica ao governador Rex Hunt de
que a ameaça é real e que se espera a invasão para o dia 2 de abril. Hunt reúne as
suas poucas tropas e as envia para a defesa das ilhas. Na manhã do 1 de abril,
apagam o farol e inutilizam o pequeno aeroporto local e seus radares.
O contratorpedeiro ARA Santísima
Às 21 horas do dia 1 de abril de 1982, 92 mergulhadores táticos argentinos, sob Trinidad, que levou militares
argentinos para o desembarque ao
o comando do capitão de corveta Guillermo Sánchez-Sabarots, deixam o
sul de Stanley.
destróier Santísima Trinidad e desembarcam em Mullet Creek às 23 horas. Nesta
mesma hora, o submarino Santa Fé emerge e envia outros dez mergulhadores
táticos para colocar as boias de radionavegação. Quando o Santa Fé emerge, é detectado pelo radar de navegação do navio
costeiro Forrest dando início às hostilidades.
À 1h30 do dia 2 de abril de 1982, os homens de Sánchez-Sabarots se dividem em dois grupos. O primeiro, comandado por ele
mesmo, se dirige aos acampamentos de infantaria da marinha britânica em Moody Brook para atacá-los. O segundo, sob o
comando do capitão de corveta Pedro Giachino, avança até Puerto Argentino com o objetivo de tomar o Palácio do Governador e
capturá-lo. Porém os britânicos, de sobreaviso, evacuaram os acampamentos e estão colocados em posições de combate para
defender a localidade.

Passado o meio-dia do dia 3 de abril de 1982, a bandeira argentina tremula sobre as ilhas Malvinas, nas ilhas Geórgia do Sul e as
ilhas Sandwich do Sul (nestas últimas fazia vários anos). Sucedem grandes manifestações de alegria patriótica por toda a
Argentina. Fotos dos soldados britânicos capturados deram voltas ao mundo. Os terceiro-mundistas haviam derrotado com
sucesso a superpotência. Os prisioneiros britânicos voltam para casa via Montevidéu. O plano da Junta militar para recuperar o
prestígio social parecia ter dado frutos. Sem dúvida, os militares argentinos que foram testemunhas da feroz resistência britânica
estão agora mais orgulhosos.

A tomada das ilhas pela Argentina e a reação britânica


A tomada das ilhas Malvinas por parte das Forças Armadas Argentinas
geralmente respeitou a população local, se bem que praticando as
correspondentes mudanças de topônimos por suas versões argentinas, adotando o
castelhano como língua oficial e, entre outras mudanças, modificaram o padrão
de circulação de veículos para conduzi-los pela mão-direita em vez da esquerda.

Num primeiro momento, a reação britânica foi essencialmente confusa. No dia 2


de abril, o diário The Times de Londres, ao final da primeira página e no início
da segunda, perguntava como poderia ocorrer tal episódio já que os serviços
secretos britânicos vinham captando as mensagens de telex da Embaixada
Argentina nos últimos seis meses. O público do Reino Unido reagiu perante as
imagens de alguns «soldados terceiro-mundistas» mostrando os seus
compatriotas rendidos no solo, o que fez explodir na Argentina um verdadeiro
sentimento patriótico que mudou a configuração política de seu país. Margaret Thatcher, primeira-Ministra
britânica durante a Guerra das
O governo de Margaret Thatcher estava então muito debilitado. Suas reformas Malvinas, considerada a vencedora
desta Guerra.
econômicas impopulares (consideradas de cunho "neoliberal"), então postas em
prática, colocaram-no em confronto com amplas camadas da população
britânica. Francis Pym, ministro de Relações Exteriores, não via com bons olhos um conflito com a Argentina pela posse das
ilhas remotas do Atlântico Sul. Não obstante a tudo isto, no dia 3 de abril, o Reino Unido conseguiu que a ONU aprovasse a
resolução 502, exigindo à Argentina a retirada de suas tropas dos arquipélagos ocupados como condição prévia para qualquer
processo de negociação. O Reino Unido também rompeu todas as relações comerciais com a Argentina, e começou a buscar
aliados diplomáticos com êxito muito maior que a Junta Argentina.

Durante o conflito bélico, que causou a imediata ruptura das relações diplomáticas entre ambos os países, o Peru representou os
interesses diplomáticos da Argentina no Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte e, por sua vez, a Suíça representou os
interesses diplomáticos da Grã-Bretanha na Argentina. Assim, os diplomatas argentinos residentes em Londres se converteram
em diplomatas peruanos de nacionalidade argentina, e os britânicos em Buenos Aires, como diplomatas suíços de nacionalidade
britânica. Durante o transcurso do conflito, o adido do Serviço de Inteligência britânico à Embaixada peruana em Londres e a
seus diplomatas foi tal que originou como resposta mensagens de distração.

No dia 9 de abril, a Grã-Bretanha obteve o pleno apoio da Comunidade Econômica Europeia (hoje União Europeia), da OTAN,
da Comunidade Britânica das Nações (Commonwealth) e da ONU. Surgem propostas de paz por parte do Secretário Geral das
Nações Unidas, o peruano Javier Pérez de Cuéllar, e do presidente peruano Fernando Belaúnde Terry.
Porém, no dia 30 de Março, quando se fez óbvio de que a invasão era um fato, o Governo britânico ordenou que o destróier HMS
Antrim, seguido de outros dois navios de superfície e de três submarinos nucleares, se dirigissem à Geórgia do Sul para apoiar o
HMS Endurance. O resto das unidades da marinha britânica foi posto em alerta de quatro horas.

Alexander Haig, Secretário de Estado dos Estados Unidos, percorreu milhares de quilômetros tentando evitar a guerra entre seus
dois aliados. Não teve êxito. A União Soviética, por sua parte, se dedicou a observar o decorrer dos acontecimentos com alegria
dissimulada: dois aliados dos Estados Unidos, ambos com governos de direita — o Reino Unido, liderado pelo Partido
Conservador e a Argentina, uma ditadura anti-comunista —, se enfrentavam. Moscou estava consciente de que, cedo ou tarde,
Washington teria que escolher um dos dois. Fazendo isto poderia romper a OTAN ou romper o TIAR. Qualquer das duas opções
era benéfica aos soviéticos.[9]

Na prática, a neutralidade era impossível. No final do mês de abril, o presidente norte-americano Ronald Reagan apoiou os
britânicos. Ao fazê-lo descumpriu o TIAR, aplicável em casos de guerra, para favorecer a um membro da OTAN. Sua
unilateralidade, em vez de manter a neutralidade por pertencer a dois tratados de defesa, lhe valeu o descrédito internacional por
flagrante descumprimento dos tratados. Tanto a URSS como Cuba criticaram os Estados Unidos por este abandono do mais fraco,
e Fidel Castro chegou a oferecer o seu apoio à Junta Militar argentina.

Existe uma visão dos fatos que considera que o Chile, por sua parte, ao optar por apoiar a Grã-Bretanha, descumpriu também seu
compromisso com o TIAR , deixando um de seus postulados permanentes de política exterior na qual era a intangibilidade no
cumprimento dos tratados internacionais. Este fato foi, segundo esta visão, o produto das relações muito estreitas cultivadas há
anos com a Grã-Bretanha no âmbito da marinha, ao qual se agregam as relações especialmente delicadas entre a Argentina e o
Chile, que chegaram em 1978 a uma situação pré-bélica por causa da questão do Canal de Beagle.

É possível que o Chile, nas proximidades da guerra com a Argentina no Conflito de Beagle, tivera poucas opções e mais: exigir o
cumprimento dos princípios de não agressão baseado nas Nações Unidas e constatar que o TIAR[10] descartava em seu
"considerando" qualquer apoio a uma ditadura agressora. A partir deste ponto de vista, este novo ímpeto de recuperação da
soberania argentina poderia chegar até as fronteiras chilenas reconhecidas pelo multilateral Laudo Arbitral de 1971-1978, porém
a Argentina havia declarado nulo de forma unilateral. O Chile não poderia apoiar a Junta nesta agressão, pois mais tarde ela
poderia voltar-se contra ele. Por esta razão, as relações entre o Chile e a Grã-Bretanha[11] evoluíram, transformaram-se em
cooperação.

Desde os últimos dias de abril, o Reino Unido contou com todo este apoio diplomático, com a inteligência norte-americana via
satélite, com as últimas versões dos armamentos norte-americanos Sidewinder, mísseis Stinger, etc e com dados tecnológicos
essenciais do que se considerava — e que se demonstraria — a arma mais perigosa dos argentinos: os mísseis antinavio Exocet de
fabricação francesa. Há duas versões sobre a conduta dos mísseis Exocet:

1°) o Reino Unido obteve acesso aos códigos para desativá-los em fase operacional, salvo os introduzidos na república do Peru.
2°) não obstante as detalhadas informações obtidas pelo construtor Aérospatiale sobre as características dos Exocet e
especificamente sobre seu sistema de pontaria final (homing) ficaram inúteis: este míssil ficou mais perigoso do que se temia e
em nenhum momento da guerra puderam estabelecer contramedidas eficazes contra ele.

Não houve declaração oficial de guerra por nenhuma das duas partes; porém, conforme passava o mês de abril, o mundo viu os
dois países entrar em guerra.

A reocupação: Operação Corporate


Conforme passava o mês de abril, mais e mais navios da Royal Navy se dirigiam à zona de conflito em uma ação improvisada
sob o comando do Lorde Almirante Sir John Fieldhouse que recebeu o nome de Operação Corporate. Seu objetivo era a
reconquista das ilhas Malvinas, Geórgia do Sul e Sandwich do Sul para a Coroa Britânica, e se estenderia desde o dia 9 de abril
de 1982 até o final da Guerra, no dia 14 de Junho de 1982.
Operação Paraquat: reconquista das ilhas Geórgia do Sul

Ordem de batalha
Forças argentinas Forças britânicas
Forças da Operação Paraquat:
Comandante: capitão Brian Young
• Submarino S-21 Santa Fé
• Destróier com mísseis guiados D-18 HMS Antrim (6.800 t) com 1 lança-
(1.526 t) (ex-USS Catfish SS
mísseis Seaslug Mk.2 (2 tubos), 1 lança-mísseis MM-38 Exocet (4 tubos); 2
339) com dez tubos lança-
lança-mísseis Seacat antiaéreos (4 tubos), 1 x 2 canhões de 11,4 mm tipo
torpedos de 254 e 533
45 Mk.6; 2 canhões de 20 mm e 1 helicóptero Westland Wessex com
milímetros (1944, modernizado
capacidade para lançar torpedos (1970).
em 1960).
• Fragata antissubmarina F-126 HMS Plymouth (2.800 t) com 1 lança-
mísseis Seacat antiaéreos, 1 canhão duplo de 40 mm, 1 canhão de
11,4 mm tipo 45 Mk.6 e 1 helicóptero Wasp com capacidade para lançar
torpedos (1961, modernizado).
• Fragata F-90 HMS Brilliant (2.800 t) com 1 lança-mísseis MM-38 Exocet (4
tubos), 2 lança-mísseis Seawolf antiaéreos com (6 tubos) guiados por laser,
os quais estavam em fase experimental, 2 canhões de 20 mm, 2 lança-
torpedos anti-submarinos Mk.44 o Mk.46 (3 tubos) e 2 helicópteros Lynx,
Sea King HAS.5 o Merlin (1981).
• Navio de patrulha ártica HMS Endurance (3.600 t), com dois helicópteros
Wasp.
• Navio petroleiro e de suprimentos HMS Tidespring (27.400 t) com casco
reforçado para operações polares (1963).
• Submarino nuclear S-48 HMS Conqueror (7.200 t), com seis tubos lança-
torpedos de 533 mm (1971).
• Guarnição: 130 fuzileiros
• 42 °Comando royal marines
navais.
• Comandos SAS e SBS.
(Comandante: tenente-
(Comandante: major J.M.G. Sheridan)
comandante Luis Lagos)

Desde o princípio, foi evidente que o primeiro objetivo teria que ser nas ilhas Geórgia do Sul. Não somente havia um navio
britânico na área, o HMS Endurance, como também que os dados da inteligência notificavam que a presença argentina nestas
ilhas praticamente desabitadas era reduzida. Reconquistar as ilhas Geórgia do Sul proporcionaria um pequeno ponto de apoio
terrestre à Frota Britânica, porém sobretudo teria um efeito propagandístico de grande importância sobre a população argentina,
britânica e internacional: a Royal Navy chegou. Pelo contrário, um fracasso nesta recuperação poderia implicar graves problemas
internos para Margaret Thatcher e o descrédito internacional definitivo do Reino Unido. Denominada Operação Paraquat,
consistiu em uma série de improvisações e despropósitos táticos e estratégicos que saiu bem por pura sorte e pela fraqueza das
forças opositoras. Dado às críticas desta operação, o almirante Fieldhouse havia organizado em segredo e com uma cadeia de
comando distinta da que utilizavam às forças que se preparavam para reconquistar as Malvinas.

O primeiro que chegou, no dia 19, foi o submarino nuclear HMS Conqueror. Sua presença, em princípio, expulsava da área a
frota argentina e garantia a segurança do HMS Endurance: o HMS Conqueror era um submarino projetado para combater a
armada soviética, com uma tripulação treinada para lutar contra os cruzadores e submarinos russos, pelo que não era provável que
nenhum elemento da frota argentina oferecesse uma resistência significativa. No dia 20, um avião de cartografia e
reconhecimento por radar Handley Page Victor retornava a ilha de Ascensão depois de levantar novos mapas do arquipélago
(sempre variáveis devido aos glaciares) e de cobrir 150.000 milhas quadradas de mar. Com 14h45m de duração, trata-se da maior
missão de reconhecimento de todos os tempos. Fez mapas estupendos, porém na missão de observação retornou com mãos
vazias: a frota de superfície argentina não estava na área.

Durante o dia 21, o restante da força britânica chegou nas proximidades das ilhas Geórgia do Sul. Desde o primeiro momento, pôs
em evidencia a pobre gestão da operação: não estava claro quem mandava sobre quem, não atendeu aos experientes cientistas do
British Antarctic Survey, perfeitos conhecedores da zona, o que deixou ao 19 °Comando do 22º Regimento do SAS (Special Air
Service: serviço aéreo especial, tropas de elite) engajados no glaciar Fortuna em meio a um clima hostil: ventos de quase
200 km/h e ondas de força 11, com o barômetro chegando a marcar os 965 milibares de pressão.

E no dia 23, um fraco eco no sonar localizou a presença do submarino argentino S-21 ARA Santa Fé; todas as operações foram
rastreadas de imediato, o HMS Tidespring foi enviado para as águas afastadas, outros dois petroleiros em aproximação se
desviaram e a frota britânica se despregou em ordem de combate para interceptá-lo.

A Operação Paraquat havia se transformado em uma operação de resgate de montanha, e houve a estranha perseguição de um
submarino diesel-elétrico construído durante a II Guerra Mundial, enquanto as tropas de Lagos e Astiz em Grytviken e Leith
permaneciam distraídas ao que se passava.

Resgatar as tropas retidas lhes custou três helicópteros, até que finalmente 16
homens cansados e com frio vieram aterrissar no HMS Antrim a bordo do único
helicóptero carregado além de suas especificações. Os britânicos se
concentraram agora em achar um ponto de inserção adequado —ouvindo desta
vez os conselhos dos cientistas do British Antarctic Survey— e perseguir o
Santa Fé.

O capitão Bicain, no comando do Santa Fé, não estava ali por gostar. Suas
ordens consistiam em evitar a possível presença britânica para desembarcar os
parcos reforços em Grytviken. Por isto, seu submarino estava abarrotado de
O submarino a diesel ARA Santa Fé.
gente, porém a pouca intimidade era o menor de seus problemas. Ele ordenava Essa foto é de 1956, quando ele
evitar a terceira frota do mundo com um navio que vira um dique seco pela ainda se chamava USS Catfish e
última vez em 1960. Estava tão deteriorado que não podia controlar sua servia a Marinha dos Estados
profundidade; só tinha duas possíveis posições, na superfície ou submergido a Unidos.
cota fixa. Operar os tubos lança-torpedos implicava o risco de sofrer uma
explosão. Frente a isto, estão navios e submarinos pensados para lutar na Terceira Guerra Mundial.

Apesar de tudo, o capitão Bicain fez chegar muito longe. Porém, era uma peleja impossível. Às 11h do dia 25 de abril de 1982,
um helicóptero do HMS Antrim o detectou outra vez e, antes de deixar o local novamente, lançou duas cargas de profundidade
tão obsoletas como o submarino ao que dirigia (o único armamento que levava a bordo). Uma delas explodiu muito perto e
inundou os tanques de flutuação do Santa Fé, que se viu obrigado a sair da superficie. Agora é um alvo fácil para toda sorte de
canhões, mísseis e torpedos, Bicain tratou desesperadamente de chegar a Grytviken.

Os britânicos não iriam deixar escapar uma presa tão fácil. Outro helicóptero lançou dois mísseis AS-12. Atingiram na torreta,
porém, como foi feito durante a reforma de 1960, havia sido reconstruído em materiais plásticos, não ofereceu suficiente
resistência para ativar a sua espoleta e os mísseis passaram tranquilamente adiante. Ainda o atacaram pela terceira vez, com
torpedos dirigidos contra as suas hélices, porém naquela época os torpedos anti-submarinos não explodiram ao alcançar alvos de
superficie por razões de segurança. Para assombro de todos, especialmente de seus ocupantes, o Santa Fé veio chegar
trabalhosamente a Grytviken e ser evacuado. Ficou avariado e partiu adiante.
Entretanto, as tropas do SAS e do SBS acharam finalmente os pontos de inserção adequados. Na ausência de patrulhas argentinas,
simplesmente caminharam até Grytviken e Leith. Ao chegar na primeira, encontraram-se bandeiras brancas fincadas nos
edificios. O tenente-comandante Luis Lagos, ao cargo das ilhas Geórgia do Sul, havia decidido não lutar diante de forças tão
enormes. Na manhã do dia 26, Lagos firmava a rendição na base do British Antarctic Survey em King Edwards Point. Alfredo
Astiz, responsável pelos quinze mergulhadores táticos em Leith não aceitou, a princípio, este fato. Porém, diante do que se tinha
acima, pela tarde firmaria também a rendição a bordo do HMS Plymouth, copiando desnecessariamente o ato de Lagos. Incapaz
de resistir ao ataque britânico, Alfredo Astiz se rendeu a uma pequena força de comando britânica e assinou o documento de
rendição incondicional sem disparar um único tiro, o que violaria o código militar: "Um soldado será condenado à prisão por três
a cinco anos se, em combate com um inimigo estrangeiro, se entregar sem ter esgotado seu suprimento de munição, ou sem ter
perdido dois terços dos homens sob seu comando."

A imagem de Astiz assinando o documento de rendição deu a volta ao mundo. A Union Jack tremulava de novo sobre as ilhas
Geórgia do Sul.[12]

Black Buck I: bombardeiros nucleares sobre Puerto Argentino

Ordem de batalha
Forças argentinas Forças britânicas
• Porta-aviões HMS Invincible e escoltas.
• 2º esquadrão de bombardeiros Canberra
• 2 bombardeiros Vulcan operando a partir da ilha de
operando a partir do território continental
Ascensão.
argentino.
• Aviões COIN Pucará estacionados nas ilhas • 800º esquadrão de aviões táticos Sea Harrier na
Malvinas. configuração de ataque operando a partir do HMS Invincible.
• 6º esquadrão de caça-bombardeiros IAI • 801º esquadrão de aviões táticos Sea Harrier em
Dagger operando a partir do território configuração de patrulha aérea de combate (CAP) operando a
continental argentino. partir do HMS Invincible.
• 8º esquadrão de caças Mirage III operando
a partir do território continental argentino.
• Defesa antiaérea terrestre nas Ilhas
Malvinas.

Apesar de ter tomado as ilhas Geórgia do Sul, o Reino Unido necessitava demonstrar algumas coisas tanto para a Argentina como
para a opinião pública internacional. A primeira delas é que dispunha da capacidade de atacar pelo ar tanto as ilhas Malvinas
como o território continental argentino. Paralelamente, o almirante Fieldhouse não queria ver jatos inimigos operando a partir do
arquipélago. Por tudo isto, foi planejado uma série de operações de ataque a terra contra o aeroporto de Puerto Argentino que se
desenvolveria mediante bombardeiros Vulcan baseados na ilha de Ascensão.

O Vulcan, um bombardeiro projetado para ataque nuclear estratégico, não tinha tanto alcance. Foi necessário planejar complexas
operações táticas de reabastecimento de combustível em voo utilizando aviões tanque Victor. Porém, os Victor tampouco iam tão
longe, pelo que era necessário reabastecê-los por sua vez. Em suma, para cada dois Vulcan que chegavam às ilhas Malvinas a
partir da Ilha de Ascensão, eram necessários onze aviões de reabastecimento em voo, sendo o ataque a maior distância jamais
realizado até então.[13]

O primeiro destes ataques foi realizado sobre o aeroporto de Puerto Argentino em 30 de abril de 1982 às 8h da manhã, com 21
bombas convencionais, com ogiva de 429 kg (Mk 84) de alto poder explosivo, das quais somente uma acertou a lateral da pista.
Uma destas aeronaves foi protagonista de um entrave
diplomático entre Brasil, Inglaterra e Argentina. Em 3 de junho
de 1982, um Vulcan sofre uma pane, impedindo seu
reabastecimento em voo e, com nível crítico de combustível, o
piloto Neil McDougall solicita ao controle aéreo da Base Aérea
do Galeão, no Rio de Janeiro, autorização para efetuar um pouso
de emergência.[14] Em seguida foram enviados dois caças F5
para interceptar e escoltar o Vulcan até o o Galeão. O governo
brasileiro reteve a aeronave por alguns dias, até ser devolvido ao
britânicos sem o armamento, após um apelo formal da embaixada
inglesa em 5 de junho, no qual afirmava que aquela situação
O bombardeiro nuclear Avro Vulcan ou acarretaria "sérias consequências para as amistosas relações entre
«bombardeiro V», utilizado nas operações Black Grã-Bretanha e Brasil ".[15]
Buck.
Mais devastadores tornaram os ataques que se seguiram
imediatamente, realizados pelos aviões Sea Harrier do esquadrão 800º operando a partir do porta-aviões britânico HMS Invincible
que já havia chegado à zona. Atacaram o aeroporto de Puerto Argentino com bombas de fragmentação, causando alguns danos
nas infraestruturas anexas. Porém o maior dano foi realizado no aeródromo de Goose Green, de onde os argentinos haviam
estacionado aviões de ataque ligeiro Pucará do 3o. Grupo. Mais ou menos às 8h25min, um dos Pucará ficou destruído, dois
danificados sem qualquer possibilidade de reparo e as instalações do aeroporto severamente afetadas. O tenente Jukic morreu a
bordo do seu Pucará enquanto tratava de decolar.

Nesse momento, a Força Aérea Argentina já havia reagido e enviou caças Mirage do 8º Grupo, IAI Daggers do 6º Grupo e
bombardeiros Canberra do 2º grupo: o destróier HMS Glamorgan e as fragatas HMS Arrow e Alacrity sofreram danos menores,
porém o preço pago foi elevado. Nos combates aéreos posteriores aos dois Harriers do Esquadrão 801 se enfrentaram com um
número similar de Mirages. As táticas de combate aéreo dos Mirage argentinos foram muito deficientes, já que voavam ao estilo
"corpo a corpo" e no confronto os britânicos derrubaram um Mirage, e danificaram outro com disparos de mísseis guiados. No
confronto posterior derrubaram um IAI Dagger e um Canberra sem sofrer baixas britânicas, e mesmo assim, acabaram
danificando um Turbo Mentor.

O Mirage avariado no combate com os Harrier, pilotado pelo capitão García Cuerva, tenta pousar em Puerto Argentino. Porém, a
defesa antiaérea o confunde com um avião britânico e o derruba, o que acabaria com a sua vida; foi um lamentável incidente de
fogo amigo. Outros três pilotos argentinos ficaram mortos ou desaparecidos no mar.

A Operação Black Buck I teve êxito com


um brilhante alcance operacional, porém Saldo da batalha
foi um fracasso quanto aos seus resultados Perdas argentinas Perdas britânicas
práticos, já que o aeroporto de Puerto • Graves danos no aeroporto de Puerto Argentino. • Nenhum.
Argentino nunca ficou totalmente
• Graves danos no aeródromo de Goose Green.
inutilizado e os voos de transporte do C-
130 Hércules se mantiveram até à última • 1 + 2 aviões táticos Pucará

noite da guerra. Sem dúvida, o Reino • 1 + 1 caças Mirage III


Unido havia demostrado sua capacidade • 1 caça-bombardero IAI Dagger
para atacar o arquipélago, inclusive o
• 1 bombardeiro Canberra
território continental argentino, a partir de
Baixas civis
bases tanto em terra como no mar,
assistindo ao segundo golpe • 2 mortos + 2 desaparecidos (declarados mortos). • Nenhum.
propagandístico e destruindo várias
aeronaves no ar e em terra, tudo isto sem sofrer nenhuma perda. Porém, o almirante Fieldhouse queria algo mais.
O afundamento do ARA General Belgrano

Ordem de batalha
Forças argentinas Forças britânicas
Força de operações 79.3:
• Submarino nuclear S-48
• Cruzador (C-4) General Belgrano (12.242 t), com quinze canhões de 152 mm, 8
HMS Conqueror (7.200 t),
canhões antiaéreos de 127 mm, vários canhões antiaéreos de 40 mm e de
com seis tubos lança-
20 mm, 1 lança-mísseis antiaéreo Sea Cat e 2 helicópteros (1938, atualizado en
torpedos de 533 mm
1968).
(1971).
• Destróier (D-26) ARA Hipólito Bouchard (3.315 t) com quatro lança-mísseis
antinavio com um míssil MM-38 Exocet cada um, 6 canhões de 127 mm, 23
canhões antiaéreos de 40 mm e de 20 mm, 10 lançadores de cargas de
profundidade e 10 tubos lança-torpedos de 533 mm (1944, atualizado em 1976).
• Destróier (D-29) ARA Piedra Buena (3.315 t) com quatro lança-mísseis antinavio
com um míssil MM-38 Exocet cada um, 6 canhões de 127 mm, 23 canhões
antiaéreos de 40 mm e de 20 mm, 10 lançadores de cargas de profundidade e 10
tubos lança-torpedos de 533 mm (1944, atualizado em 1979).

Se bem com a chegada da Royal Navy e a inutilização do submarino Santa Fé, a frota argentina havia deslocado para posições
mais próximas do continente. O almirante Fieldhouse desejava firmemente ser atracada no porto. Não estava disposto a arriscar
seus preciosos navios em batalhas navais como as da Segunda Guerra Mundial. Para isto, necessitava provocar um golpe brutal,
algo que convencera aos seus almirantes e a Junta de que sair ao mar era a pior das ideias possíveis. Também fazia falta um golpe
propagandístico definitivo do que oferecer a Londres, mais além da recuperação de ilhotas obscuras e o êxito das operações de
bombardeio todavia meio secretas.

Para o dia 30 de abril, as unidades mais relevantes da força de operações


britânica já haviam configurado dois grupos de operações na zona das Malvinas,
compostos por dois porta-aviões (HMS Hermes e HMS Invincible), quatro
destróiers (HMS Glamorgan, HMS Conventry, HMS Glasgow e HMS Sheffield),
quatro fragatas (HMS Broadsword, HMS Alacrity, HMS Arrow e HMS
Yarmouth) e dois navios petroleiros e de suprimentos (Olmeda e Resource). Com
sua posição assim consolidada, o Reino Unido declarou uma «zona de exclusão
total» (TEZ) de 200 milhas náuticas ao redor do arquipélago, cujo centro não
O cruzador ligeiro ARA General
estava bem definido. Qualquer navio ou aeronave argentina que passar dentro
Belgrano minutos antes de afundar
destas águas poderia ser atacado sem prévio aviso. O certo é que, como temos em maio de 1982.
visto, a frota argentina havia decidido retirar-se da área por iniciativa própria em
três grupos muito dispersos. O General Belgrano e suas duas escoltas
patrulhavam o Banco Burdwood, situados no limite sul desta zona de exclusão. Não parece provável que navios tão antigos
cometeram a imprudência de penetrar na zona proibida. Naquele mesmo dia, foram detectados pelo submarino nuclear HMS
Conqueror, procedente da reconquista das ilhas Geórgia do Sul.

Londres havia preferido ter colocado o 25 de Mayo, único porta-aviões da Marinha Argentina como alvo. O General Belgrano,
sem dúvida, era o segundo maior navio do Grupo de Tarefas 79 (nome dado à Frota Marítima argentina durante o conflito das
Malvinas. Ao meio-dia do dia 2 de Maio de 1982, e apesar de haver uma proposta de paz do Presidente em suas mãos, o governo
de Margaret Thatcher autorizou o afundamento do General Belgrano com seus 1.093 tripulantes.

Às 15h do dia 2 de Maio de 1982, com ondas de 12 m de altura, ventos de 120 km/h e temperatura ambiente em torno de -10 °C ,
o capitão do HMS Conqueror, Chris Wreford-Brown ordenou o desfecho de combate e carregar os tubos lança-torpedos com os
obsoletos Mk 8 (considerados mais confiáveis do que os novos Tigerfish).
Cada um destes torpedos não guiados carregava 363 kg de alto explosivo. Em nenhum momento o grupo de tarefas 79.3 se deu
conta de que o ataque era iminente. Às 16h, e a curta distância, Wreford-Brown deu a ordem de disparar os três torpedos. Um
deles poderia alcançar o Hipólito Bouchard, porém errou o alvo. Os outros dois acertaram em cheio o General Belgrano. O
primeiro acertou a sala de máquinas de popa às 16h01min, abrindo um rombo de 20 m no casco, partindo a quilha e matando 272
tripulantes. O segundo acertou na proa, o que fez desaparecer 15 m do barco, porém aparentemente sem causar vítimas.

O navio estava perdido. Às 16h24min, o capitão Héctor Bonzo ordenou evacuá-lo. Seu destróier de escolta Piedra Buena se
lançou à caça do submarino inimigo, porém Wreford-Brown escapou facilmente de um navio tão antigo. Não obstante, durante os
dias seguintes haveria tentativas sucessivas de afundar o HMS Conqueror, todas elas sem sucesso. Voltaria ao Reino Unido
depois da guerra, tremulando a Jolly Roger (a bandeira pirata preta com a caveira e os dois ossos cruzados brancos, símbolo de
vitória na Marinha Britânica desde os princípios da Idade Moderna).

323 marinheiros argentinos perderam a vida (a metade do total de mortos argentinos durante o conflito) em consequência do
afundamento do General Belgrano, acontecimento este que não foi bem recebido no cenário internacional. Em muitos países
consideravam isto como uso desproporcionado da força sobre um navio obsoleto, com muitas tripulações a bordo —em boa parte,
marinheiros recrutas— e fora da TEZ, reforçando as posturas pacifistas em governos e cidadãos de todo o mundo. Não obstante,
no Reino Unido foi ocasião de comemorações populares e primeiras-páginas de jornais como esta do diário The Sun (http://newsi
mg.bbc.co.uk/media/images/40067000/jpg/_40067978_gotchalong.jpg). Por outro lado, outros meios de imprensa, começaram a
assumir posturas moderadas e inclusive contrárias à guerra, diante de tal perda de vidas. Há posições que consideram o
afundamento do General Belgrano como um crime de guerra, já que este se encontrava fora da zona de exclusão imposta pelo
Reino Unido no momento em que afundou.

Este foi o primeiro, e até hoje o único ataque realizado por um submarino nuclear.

Ainda que os planos navais argentinos tinham sido


frustrados, todavia a Argentina escondia uma coisa Saldo da batalha
debaixo dos seus panos: a sua Força Aérea, que a Perdas argentinas Perdas britânicas
partir do afundamento do General Belgrano • Cruzador C-4 General Belgrano afundado,
• Nenhuma.
começaria a infligir importantes baixas sobre à junto com o helicóptero Alouette.
Força Tarefa Britânica. Baixas humanas
• 323 mortos. • Nenhuma.

O Exocet entra em cena: o afundamento do HMS Sheffield

Ordem de batalha
Forças argentinas Forças británicas
• Força de operações da Marinha Real:
• 1 avião de reconhecimento P-2 Neptune. • 2 porta-aviões (HMS Hermes y HMS Invincible).
• 2 aviões táticos Super Étendard (2ª Esquadrilha • 5 destróiers lança-mísseis (HMS Antrim, HMS
Aeronaval de Caça e Ataque) equipados com mísseis Glamorgan, HMS Conventry, HMS Glasgow e HMS
Exocet. Sheffield).
• 1 grupo de IAI Daggers em missão de escolta • 4 fragatas (HMS Broadsword, HMS Alacrity, HMS
armada. Arrow e HMS Yarmouth).
• 2 aeronaves auxiliares. • Numerosos navios auxiliares.
• Várias patrulhas aéreas CAP compostas de aviões
Sea Harrier.
Em Buenos Aires fazia muito frio, e não somente pela proximidade do inverno austral. O que começou como uma grande
aventura patriótica para recuperar o prestígio social estava convertendo rapidamente em um fracasso. Apesar da férrea censura de
informações imposta pela ditadura, o entusiasmo entre as camadas populares sensíveis a este tipo de ações se esfriava tão
depressa como o clima bonairense. Rapidamente um mês depois das celebrações populares pela recuperação dos arquipélagos, e
apesar de toda a propaganda, nada se escapava, já que o regime havia lançado represálias contra uma grande potência e esta havia
aceito o desafio. Para a Junta, devolver os golpes recebidos como um fato espetacular se converteu em uma prioridade absoluta.
Tal fato não podia ser outro além do afundamento de um grande navio de guerra britânico, sob as camadas populares e uma
vingança pelo afundamento do General Belgrano. Com uma guerra em grande escala em marcha, era essencial devolver a
esperança à gente e fazer-lhes crer na vitória.

Antes de por em prática em seus portos, a frota argentina havia determinado com bastante precisão a área geral de operações de
dois grupos de batalha britânicos pelo procedimento de detectar suas transmissões radioeletrônicas. Na manhã do dia 4 de Maio
de 1982, um avião de patrulha P-2 Neptune da Força Aeronaval Argentina (COAN) estabelece por radar as posições da Força de
Operações britânica. De imediato, dois aviões de fabricação francesa Dassault-Breguet Super Étendard da 2º Esquadrilha
decolaram de Río Grande às 09h45min com um míssil Exocet AM.39 cada um para, quando estarem no céu, realizar um grande
voo semicircular que os aproxime aos navios inimigos, sendo pilotados pelos capitães Augusto Bedacarratz e Armando Mayora.
Por trás disto, um grupo de IAI Daggers para dar-lhes cobertura ar-ar e um Learjet em missão de alerta.

Havia um problema com os Exocets. Eles acabavam de chegar da França e, devido ao embargo imposto pela OTAN contra a
Argentina, os instrutores franceses não se haviam apresentado. Os técnicos da Base de Río Grande tinham em suas mãos armas
muito sofisticadas… só que eles não sabiam como usar. Sem dúvida, eles não se desencorajaram e fizeram o possível para
aprender todos os seus segredos, lendo os seus manuais e foram desmontando e montando algumas partes do míssil,
cuidadosamente. Quando finalmente os instalaram a bordo dos Super Étendard, não estavam muito seguros de que eles realmente
funcionariam.

Por outro lado, o Reino Unido prossegue suas operações militares. Executa a
segunda série de bombardeios Black Buck sobre as Malvinas, buscam o
submarino San Luis que está na área, supervisionam de longe as operações de
resgate da tripulação do General Belgrano e de suas aeronaves e se aventuram
até às proximidades da costa argentina para inspecionar possíveis objetivos,
apesar de que a Junta estabelecia por sua vez uma zona de exclusão. É uma
superpotência, fazendo a guerra "segundo o manual". De longe, no mar, ao leste
das Malvinas, os dois porta-aviões e seus navios auxiliares atuam de retaguarda Dassault-Breguet Super Étendard da
avançada, bem protegidas do cerco das fragatas com seus mísseis de curto Marinha Argentina.
alcance Sea Wolf e, a umas 20 milhas náuticas, pelos destróieres do tipo 42
(entre os que acompanhavam o HMS Sheffield) com seus sofisticados radares e seus mísseis de médio alcance Sea Dart, apoiados
por sua vez pela fragata HMS Yarmouth.

Às 10h35min, O P-2 Neptune faz uma última subida a 1,2 km de altitude e localiza um alvo grande e dois pequenos nas
coordenadas 52º33'55" Sul e 57º40'55" Oeste. Retransmite as informações a Bedacarratz e retorna a base.

Às 10h50min, os dois Super Étendards —que vinham voando acima da crista das ondas— realizaram uma pequena subida a 160
m de altitude para confirmar as coordenadas fornecidas pelo Neptune, porém não encontraram nada. Bedacarratz decide
continuar. Quarenta km mais adiante voltam a tentá-lo e logo ali estão. Um alvo grande e três pequenos. Voltaram a voar bem
baixo pelo local, carregaram os dados nas ogivas dos AM.39 Exocets e os dispararam às 11h04min. Depois de fazê-los, deram a
volta para retornar a Río Grande. Os lançamentos foram realizados em altitude muito baixa, com mísseis montados sem qualquer
assistência do fabricante e justamente no limite do alcance nominal dos Exocet: quase 50 km. Por estes motivos, durante o
regresso Bedacarratz e Mayora duvidaram de que a complexa missão tinha servido de algo.
Ainda hoje, os sucessos seguintes são motivos de disputa. O único fato seguro é de que, às 11h07min do dia 4 de Maio de 1982,
um dos dois mísseis Exocet atinngiu em cheio o destróier HMS Sheffield, o navio mais moderno da Royal Navy. Algumas fontes
disseram que a ogiva de guerra não detonou, e o que se produziu foi um incêndio causado pelos gases de combustão do Exocet,
que se espalhou rapidamente. O capitão do Sheffield, ao sair, assegura que o míssil explodiu, destruindo o centro de operações e o
de engenharia. Seja como for, em poucos segundos, o moderno destróier estava em chamas. 22 homens morreram e 24 ficaram
gravemente feridos, entre eles o chefe de informática que tratava de por os computadores em marcha de novo sem sucesso.

A principal razão era de que o HMS Sheffield e a fragata HMS Yarmouth não
detectaram a presença do Exocet, até que um marinheiro de primeira viagem o
viu aproximar-se, 4 segundos antes do impacto, permanece oculta. Uma versão
diz que nesse momento estavam realizando as retransmissões via satélite, que
faziam o radar ficar cego. Outra, que os monitores do radar o identificaram como
um projétil amigo devido a sua origem francesa. Ainda uma outra, que afirma
que a tripulação dos navios britânicos ficara demasiadamente confiada, com o
alerta muito fraco. Tudo isto ficava incompreensível, apesar de os britânicos
terem levado toda a manhã detectando as transmissões do Neptune e inclusive O HSM Sheffield, afundado pelos
mísseis da Argentina.
havia já uma patrulha de Harriers no ar para interceptá-lo. Apesar de tudo, o
Exocet só fez aquilo para o que foi fabricado: aproximar-se sub-repticiamente a
um navio de alta tecnologia e afundá-lo sem prévio aviso.

Mais controvertido ainda é o que o ocorreu com o segundo Exocet. A versão geral é que falhou o seu alvo e se perdeu. Sem
dúvida, marinheiros a bordo do Yarmouth asseguram que o viram passar diante de seus olhos. A pouca atividade que o porta-
aviões HMS Hermes empregou na guerra a partir desse momento fez pensar a alguns que aliás o segundo Exocet dedicara ao
"alvo grande" dos radares.

Rapidamente, vários navios pediram ajuda ao HMS Sheffield. Evacuaram os sobreviventes e lograram controlar o incêndio. Não
obstante, o navio estava à deriva, já perdido. Tentaram rebocá-lo de volta ao Reino Unido, porém se afundou no caminho.

A notícia deu a volta ao mundo. A «soldadesca terceiro-


mundista» de que falava a imprensa londrina — uns com Saldo da batalha
desprezo, outros com lástima — acabava de abater o navio Perdas argentinas Perdas britânicas
mais moderno da frota britânica. O frio se estendeu agora • Nenhuma. • Destróier HMS Sheffield afundado.
por Whitehall, apesar de que no Hemisfério Norte brilhava
Baixas humanas
a primavera. Foi um duríssimo golpe no prestígio britânico
ante as nações, que reviveu com as celebrações patrióticas • Nenhuma. • 20 mortos e 24 feridos graves.

na Argentina, de onde Bedacarratz e Mayora foram


recebidos como heróis, e deu uma máscara de oxigênio à Junta. A "questão das Malvinas" se converteu prontamente na "crise das
Malvinas". O Exocet ganhou fama entre o público de todos os países, assistindo pela primeira vez a uma guerra aeronaval
baseada no uso de mísseis. Com a maior descrição possível, o almirante Fieldhouse afastou as suas unidades da costa tanto
quanto foi possível, o qual significava um grave problema, porque o seu propósito era exatamente o contrário: dominar as águas
ao redor das ilhas Malvinas e reconquistá-las. Impunha-se uma aproximação diferente.

Guerra marítima
Já conscientes de que eles enfrentavam um oponente muito perigoso, a partir do dia 10, numerosos navios de guerra e de apoio
britânicos saíram do Reino Unido para reforçar a Força Tarefa deste país e ajudar ao desembarque previsto nas ilhas Malvinas no
final do mês. Por sua parte, a Argentina teve de manter-se geralmente na expectativa, sobretudo tratando de reforçar a guarnição
no arquipélago e garantir a segurança das comunicações com o continente. No dia 15, teve que retirar do serviço os aviões de
reconhecimento P-2 Neptune por ser obsoleto e por falta de peças de reposição, o que deixou à nação austral sem os «olhos
eletrônicos» mais capazes das Malvinas. Em geral, o Reino Unido se preparava
para a reconquista e a Argentina esperava a tentassem. Sugeriram-se vários
planos de paz; porém, ambos os lados negavam-se a aceitá-los por diversas
razões. Ficou claro que a intensidade do conflito seria mais violenta.

Este período de preparativos, que se estenderia até o 21 de Maio, esteve


salpicado de cuidadosas ações aero-navais. Por trás da experiência do HMS
Sheffield, o almirante Fieldhouse não se sentia tentado a aproximar seus navios
mais valiosos às Malvinas; seriam as fragatas quem poderiam arcar com a A fragata britânica HMS Brilliant.
perigosa tarefa de permanecer nas águas malvinenses para denegrir a Argentina
na medida do possível e dar apoio aos aviões que operavam na área.

Sucedem-se vários incidentes, em que ambas as partes perdem aviões, e à Argentina, alguns pequenos barcos de transporte, de
carga e de reconhecimento. As unidades britânicas incrementam nitidamente o seu nível de agressividade, chegando a atacar pelo
menos em duas ocasiões as embarcações e aeronaves de salvamento argentinas, atos esses que acabaram ferindo os princípios
mais elementares do Direito Internacional.

No dia 12, aviões A-4 Skyhawk argentinos tentaram destruir com bombas o
HMS Glasgow e o HMS Brilliant, que se encontravam bombardeando Puerto
Argentino. O ataque resultou num fracasso, com a perda de 4 aviões (um deles
por fogo amigo). Apesar disto, o Glasgow recebe o impacto de uma bomba que
não chegou a detonar, porém causou danos suficientes para obrigá-lo a voltar ao
Reino Unido.

No dia 14, uma operação de tropas SAS em ilha Borbón (Peeble Island), apoiada
O navio de guerra inglês HMS
pelos navios HMS Hermes, HMS Broadsword e o HMS Glamorgan obtiveram
Antelope durante a guerra.
um grande êxito ao destruir os 11 aviões ali estacionados. Esta operação marca o
início da escalada da atividade militar britânica. Os bombardeios costeiros
ficaram mais intensos. Os argentinos compreendem que a invasão é iminente e se preparam para a defesa.

Um incidente que pôs em evidência a cooperação chilena com o Reino Unido aconteceu no dia 18. Ao amanhecer, descobriram
os restos de um helicóptero britânico Sea King (ZA-290) abandonado e destruído pelos seus ocupantes próximo à Punta Arenas,
Chile. Desde o lado argentino se argumentou que este helicóptero procedia do país andino, porém atualmente sabe-se que se
tratava de um abre-alas da Operação Mikado. A Operação Mikado era uma ação praticamente suicida, ao cargo do esquadrão B
do SAS, destinada a destruir os aviões Super Étendard e os mísseis Exocet da 2ª Esquadrilha em Río Grande. A partir da
destruição do HMS Sheffield, colocar e eliminar estes perigosíssimos mísseis se converteu em uma prioridade tão alta para o
Almirantado Britânico que justificava qualquer tipo de sacrifício. A visão de que eles não compartilhavam os homens que de fato
iam sacrificar-se, que eram soldados veteranos e corajosos; porém, o que eles compreendiam é que estavam caminhando para a
morte.

Não obstante, às 00h15min do dia 18 de Maio, o tenente Hutchings — engajado no HMS Hermes — decolou do HMS Invincible
com seu helicóptero Sea King ZA-290 e um grupo de 9 soldados de elite. Sua missão era penetrá-los nas proximidades da base de
Río Grande, donde estavam os Super Étendards com seus Exocets, para observar seus movimentos e preparar a chegada de duas
lanchas com cinquenta soldados que destruiriam com bombas esta base essencial para Argentina. Depois seriam evacuados ou
fugiriam até o Chile, de onde o regime autoritário de Augusto Pinochet havia garantido em segredo apoio para serem evacuados.
Já dias antes havia chegado ao Chile um certo capitão Andrew H. sob cobertura diplomática, para realizar um reconhecimento
preliminar. Seus movimentos não foram restringidos em nenhum momento. Reagan havia advertido a Thatcher de que uma
operação assim em território continental argentino poderia envolver na guerra os outros países do TIAR, como Peru e Venezuela,
porém evidentemente o governo britânico optou por ignorar esta consideração e as objeções de suas próprias unidades de
comandos.

Tal como eles temiam, o ZA-290 foi detectado por radares argentinos, e o
tenente Hutchings decidiu cancelar a operação e dirigir-se diretamente ao Chile.
Sem combustível, pousaria na praia de Água Fresca, já em território chileno. Foi
abandonado e destruído por seus ocupantes, porém o certo é que estes
retornaram ao Reino Unido por voo regular e sem nenhum problema, o que
confirmaria a implicação chilena no conflito do lado britânico (oficialmente,
"renderam-se às autoridades chilenas", porém em nenhum momento foram
tratados como prisioneiros de guerra, mas sim, como combatentes aliados). O
Dois aviões argentinos Étendard.
general chileno Fernando Matthei confirmou em uma entrevista concedida ao
Armados com mísseis Exocet, eles
Centro de Investigação e Documentação da Universidade Finis Terrae em 1999 representavam uma séria ameaça à
que durante toda a guerra existia uma constante cooperação do mais alto nível marinha britânica. Vários navios
com o Reino Unido, pois "temiam ser os seguintes". Pouco antes, Margaret ingleses foram danificados e ao
Thatcher também o faria público para defender a Pinochet durante sua estada no menos um cruzador foi afundado, ao
custo de diversas destas aeronaves
Reino Unido. O helicóptero de apoio, um outro Sea King com matrícula ZA-
que foram abatidas pelo fogo
292, retornou ao HMS Invincible. A Operação Mikado foi cancelada e o
antiaéreo britânico.
Almirantado prosseguiu com os seus planos de reconquista sob a ameaça dos
Exocet.

Em efeito, no dia 18, o governo britânico deu ao almirante Woodward o sinal verde para um desembarque na costa leste do
Estreito de San Carlos, que separa as duas ilhas principais do arquipélago malvinense. Uma operação arriscada que obrigaria os
navios a entrar em um estreito rodeado de montanhas; o lugar perfeito para sofrer ataques a baixa altitude por parte da aviação
argentina.

O Dia D: Operação Sutton

Ordem de batalha
Forças argentinas Forças británicas
• Força de desembarque da Marinha Real:
• 1 destróier lança-mísseis (HMS Antrim).
• 6 fragatas (HMS Ardent, HMS Argonaut, HMS Brilliant, HMS Broadsword, HMS
Yarmouth e HMS Plymouth).
• 2 navios de assalto (HMS Fearless e HMS Intrepid).
• 5 navios de desembarque (Sir Percival, Sir Tristram, Sir Geraint, Sir Galahad e Sir
Lancelot).
• 4 navios de apoio logístico (Europic Ferry, Norland, Fort Austin e Stromness).
• 1 transatlântico para transporte de tropas (Canberra).
• Outros navios e aviões em operações de ataque e apoio cerrado.
•Guarnição de San
• Esquadrão D de comandos SAS.
Carlos.
•Guarnição de
• 40º, 42º e 45 °Comandos da 3ª Brigada de Comandos.
Darwin.
• 2º e 3º de Paraquedistas.
Ao anoitecer do dia 20 de maio de 1982, 12.000 soldados argentinos bem
equipados de material sabiam que o ataque britânico era iminente, pois
durante os dois dias anteriores já vinham observando numerosas detecções
no radar e um forte incremento da atividade inimiga. Pela manhã, o
Secretário Geral da ONU Javier Pérez de Cuéllar reconhece o fracasso de
suas gestões em favor da paz. Uma proposta peruana é também rechaçada.
Segundo as informações do capitão Roberto Vila, destinado ao
arquipélago: No dia 20 continuam as novas missões, com o capitão
Grünert e o tenente Calderón. Às 18h30min, apareceram ecos de radar dos
dois helicópteros que logo foram vistos pela Rede de Observadores
Aéreos. Às 22h30min, houve alarmes de iminentes ataques e desembarque
aerotransportado; nesse dia os soldados dormiram com o FAL carregado.

Esta importante força militar sofria uma fraqueza essencial: uma parte
significativa estava composta por infantaria de recrutamento obrigatório, Área de desembarque (topônimos
não voluntários profissionais. Entre eles, inclusive, havia estudantes ingleses).
dissidentes com o regime que foram enviados de castigo, e cujo moral de
combate era evidentemente baixa. As comunicações navais com o
continente estavam cortadas, e as comunicações aéreas sofriam graves
alterações em suas operações devido à constante presença de patrulhas de
caças inimigos. Não obstante a isto, a Força Aérea Argentina esteve à
altura das circunstâncias e manteve o contingente no arquipélago
abastecido até a última noite da guerra, apesar de condições tão adversas.

Em torno deles, a prática totalidade da Royal Navy: mais de 120 navios, 33


deles navios de guerra de primeira linha, com vários milhares de soldados
profissionais e de elite preparando-se para o desembarque. Os submarinos
britânicos já eram completamente donos de todas as águas ao redor das
Malvinas, pelo que a frota argentina permaneceu no porto. Não obstante
essa superioridade tecnológica e militar britânica, a guarnição das
Malvinas e a Força Aérea Argentina prepararam-se para a defesa. Zonas de desembarque (topônimos
Acreditavam ter uma oportunidade e de fato a tinham. ingleses).

Durante a noite do dia 20 de Maio de 1982, a operação Sutton, dirigida


pelo contra-almirante Woodward e o comodoro Clapp, pôs-se em marcha. Dezenove navios da Marinha Real (o transatlântico
Canberra, os navios de assalto Fearless e Intrepid; os navios de desembarque Sir Percival, Sir Tristram, Sir Geraint, Sir Galahad e
Sir Lancelot; os navios de apoio logístico Europic Ferry, Norland, Fort Austin e Stromness; escoltados pelo destróier Antrim e as
fragatas Ardent, Argonaut, Brilliant, Broadsword, Yarmouth e Antelope) dispersaram-se pelo Estreito de San Carlos. Às 1h do dia
21 de Maio de 1982, as primeiras tropas britânicas chegavam em terra na Baía de San Carlos, ao extremo ocidental da Ilha
Soledad (de onde está a capital Puerto Argentino). Sem encontrar resistência, estabeleceram rapidamente três cabeças de praia e
avançam até a localidade de San Carlos, de onde produziriam as primeiras lutas. Entretanto, diversas unidades aeronavais
britânicas realizam ataques de apoio cerrado em outros pontos do arquipélago, bombardeavam alvos selecionados e enviavam
tropas para Darwin e Goose Green.

A decisão de desembarcar pelo Estreito de San Carlos foi muito controvertida, sobretudo à luz de suas consequências. Por um
lado é certo que as montanhas circundantes pareciam proteger as unidades britânicas e pô-las a salvo dos radares inimigos.
Porém, pelo outro lado, a aviação argentina já havia demonstrado em ocasiões precedentes ser muito capaz de aproveitar esta
classe de obstáculos em seu próprio benefício; aliás, este desembarque afastava as unidades implicadas da força principal situada
ao Leste da Ilha Soledad. Um ataque direto sobre Puerto Argentino ou aos suas periferias não teria sido adequado, pois ali se
concentrava a maior parte da guarnição
argentina, porém muitos historiadores não Saldo da batalha

explicam por que Woodward e Clapp Perdas argentinas Perdas britânicas


escolheram um dos três piores lugares • Nenhum. • 2 helicópteros Gazelle derrubados.
possíveis para iniciar o ataque. Seja como
• 1 avião tático Harrier GR.3 derrubado.
for, assim ocorreu. E pagaram caro pelas
Baixas humanas
consequências.
• Não precisas (poucas). • Pelo menos 4 mortos.
Às 9h, um Aermacchi MBB 339 argentino
Resultados estratégicos
utilizou pela primeira vez as
características geográficas do Estreito de • 3 cabeças de praia britânicas
na Baía de San Carlos.
San Carlos para sobrevoar à força de
desembarque britânica sem ser derrubado. • Guarnições de Darwin e de
San Carlos imobilizadas.
Este aparato confirmaria que se falavam
ante o «Dia D» das Malvinas, e inclusive
fez alguns disparos com seus lança-foguetes Zuni, provocando danos menores na fragata Argonaut. Apenas meia hora depois, a
Força Aérea Argentina ficava ao seu encargo os seus aviões para responder com uma série de ataques de excepcional ousadia que
rebatizariam o Estreito de San Carlos como «o corredor das bombas». Era o momento que demoravam um mês esperando. E esta
era a sua oportunidade.

O Dia D: O corredor das bombas ou O Vale da Morte

Ordem de batalha
Forças argentinas Forças britânicas
• Força de desembarque da Marinha Real:
• 20 aviões táticos IAI Dagger (do grupo 6º)
• 1 destróier lança-mísseis (HMS Antrim).
armados com bombas de 250 e de 500 kg
• 30 aviões táticos Skyhawk (do grupo 5º) • 6 fragatas (HMS Ardent, HMS Argonaut, HMS Brilliant,
armados com bombas de 250 e de 500 kg HMS Broadsword, HMS Yarmouth e HMS Antelope).
• 6 caças Mirage III (do grupo 8º) armados com
• 2 navios de assalto (HMS Fearless e HMS Intrepid).
mísseis Magic em função de escolta.
• 5 navios de desembarque (Sir Percival, Sir Tristram, Sir
• Diversas aeronaves de apoio em retaguarda.
Geraint, Sir Galahad e Sir Lancelot).
• 4 navios de apoio logístico (Europic Ferry, Norland, Fort
Austin e Stromness).
• 1 transatlântico para transporte de tropas (Canberra).
• Patrulhas CAP compostas por aviões Sea Harrier.
•Guarnição de San Carlos. • Armas antiaéreas de infantaria.

Sem dúvida, Woodward e Clapp esperavam algum tipo de reação argentina. Para o que não estavam preparados, segundo
demostraram os acontecimentos, foi para as furiosas formações de ataques aéreos que choveram bombas por cima das tropas
inimigas durante as cinco horas seguintes.

Trouxe um primeiro ataque sem consequências ao cargo de dois Daggers às 10.25, e posteriormente seguiram cinco minutos
depois a duas esquadrilhas de três Dagger cada uma. Com seus canhões e bombas danificaram severamente a fragata HMS
Broadsword e deixaram fora de serviço (com uma bomba sem explodir a bordo) o destróier HMS Antrim, perdendo um avião
com um míssil Sea Cat da Plymouth.
Quase simultaneamente cinco A-4B Skyhawk do Grupo 5 de Caça lançaram sobre a Argonaut, danificando-a gravemente com
duas bombas de meia tonelada que não explodiram. Uma hora mais tarde, dois A-4B se adentraram no estreito, bombardeando
erradamente o casco avariado do navio Río Carcarañá, enquanto que o líder atacava sem sucesso a fragata Ardent. Ao mesmo
tempo quatro A-4C do Grupo 4 de Caça eram interceptados por uma PAC, que derrubou com seus Sidewinder a dois deles:
ambos os pilotos perderam a vida.

Produziram então uma trégua que terminou abruptamente às 14h40min. Três Dagger (o quarto avião havia sido derrubado por um
Sea Harrier pouco antes sem que os seus companheiros o notassem) descobriram a Ardent que navegava rumo ao norte e a
alcançaram com duas bombas, uma das quais explodiu, destruindo o helicóptero Lynx e o lançador de mísseis Sea Cat e matando
quatro homens.

Cinco minutos depois, outros três Daggers atacaram com fogo de canhão a fragata Brilliant, deixando alguns feridos e danos
menores: por outro lado, pouco depois a esquadrilha de Daggers foi aniquilada sobre a Grande Malvina pelos Sea Harriers,
embora felizmente os três pilotos puderam ejetar-se.

Finalmente, às 15h10min três A-4Q Skyhawk da 3° Esquadrilha da aviação naval fizeram a sua aparição e descobriram a
malsucedida Ardent, que tentava desesperadamente unir ao grosso dos britânicos. De imediato a atacaram, alcançando-a com
várias bombas de ação retardada Snakeye de 227 kg. A formação argentina foi imediatamente interceptada por um PAC, que
derrubou dois aviões e avariou o terceiro de tal forma que o piloto ejetou da cabine do avião sobre Puerto Argentino/Port Stanley
diante da impossibilidade de aterrissar.

Sem dúvida o ataque havia firmado a sentença de morte da Ardent: com 22 mortos e 37 feridos a bordo, os incêndios se
espalhando impiedosamente e a água do mar penetrando em grande velocidade na linha de flutuação, só ficava uma decisão por
tomar. A fragata Yarmouth foi colocada junto à Ardent e procedeu a evacuação dos feridos e ao resto da tripulação. Depois de
arder em chamas durante horas, o navio afundou às duas horas da madrugada do dia seguinte.

Entretanto, os navios de desembarque dentro da baía de San Carlos seguiram levando unidades de combate à terra. Desembarcam
os carros de combate de The Blues and the Royals e as quatro baterias de canhões de 105 mm do 29 °Comando e do 4º
Regimento. Os sobreviventes da Ardent são transportados ao transatlântico Canberra. O desembarque foi feito com êxito. Porém
a um preço elevadíssimo.

Saldo da batalha
Perdas argentinas Perdas britânicas
• 5 aviões IAI Dagger. • Fragata HMS Ardent afundada.
• 6 aviões Skyhawk. • Fragata HMS Argonaut severamente danificada.
• Destróier lança-mísseis HMS Antrim e a fragata HMS
Brilliant consideravelmente danificados.
• Fragata HMS Broadsword e HMS Alacrity levemente
danificadas.
• 3 aviões Pucará e um helicóptero CH-47
• 2 aviões Sea Harrier.
Chinook (em ações paralelas)
Baixas humanas
• Pelo menos 12 pilotos mortos. • Pelo menos 29 mortos e numerosos feridos.

Terra, água, ar e fogo


Em terra, o desembarque na Baía de San Carlos prosseguia ininterruptamente. Durante os dias 22 e 23, as tropas inglesas
asseguraram numerosos pontos táticos essenciais e acumularam grandes quantidades de armas e suprimentos chegados por via
marítima. A fragata HMS Antelope substituiu a Ardent. Numerosos navios logísticos, entre eles o cargueiro MV Atlantic
Conveyor estacionaram no Estreito de San Carlos para descer mais e mais homens e material. O general Julian Thompson —
chefe das forças terrestres britânicas— estabeleceu oficialmente o seu quartel general em San Carlos, de onde já tremula a
bandeira Union Jack. Apesar das terríveis perdas sofridas no dia 21, o desembarque foi um êxito. Nada faz crê que, com todas
estas medidas, a aviação argentina apareça de novo no Estreito de San Carlos.

Não obstante, a meio-dia do dia 23 detectaram aviões argentinos ao sul do estreito. Recebem fogo antiaéreo da Antelope e da
Broadsword, afugentando-os. Porém os britânicos desconhecem que esta pequena incursão forma parte na realidade de uma dupla
formação de 12 Daggers e 6 Skyhawks que não foram detectados e cujo primeiro escalão faliu. A aviação argentina voltou.

De pronto, três A-4B Skyhawk reaparecem pelo norte a grande velocidade e altitude muito baixa. Desta vez, as forças britânicas
reagiram de imediato produzindo uma densa cortina de fogo antiaéreo. O avião líder é alcançado em seguida, e o seu piloto, o
capitão Carballo desapareceu atrás das montanhas para voltar ao continente. Sem dúvida, de maneira suicida os dois aparelhos
restantes prosseguem ao ataque enquanto os mísseis e as metralhadoras os envolvem. Se encaram diretamente até a recém-
chegada HMS Antelope. O alferes Hugo Gómez lança sua bomba Mk.17 de 500 kg que alcança a fragata, sem explodir, e
consegue fugir. O primeiro tenente Luciano Guadagnini lança por sua vez e é imediatamente alcançado pela asa direita: O avião
de Guadagnini se desintegra contra o míssil da Antelope e um instante depois sua bomba alcança o barco sem explodir.

A Antelope ficou fora de combate. Com duas bombas sem explodir a bordo e um incêndio controlado, os britânicos decidem
evacuar a fragata, exceto pelo pessoal essencial para desativação de bombas e controle de danos. Na noite do dia 23 ao dia 24,
enquanto o pessoal de desativação tentava desativar uma das bombas, esta detona e o incêndio seguinte alcança o paiol de mísseis
Sea Cat: a Antelope se vê atingida por uma terrível explosão. Partida em dois, afundará na manhã do dia 24.

Não houve trégua. A aviação argentina golpeia de uma e de outra vez as forças
navais de desembarque, apesar de que os britânicos estejam esperando e percam
cada vez mais e mais aviões. Não obstante, são alcançados pelos navios de
desembarque HMS Sir Galahad e Sir Lancelot. Os ataques do dia 24 fizeram
perder três Daggers e um Skyhawk, todos eles abatidos por Sea Harriers sem
sofrer nenhuma perda.

O dia 25 de Maio é um feriado nacional argentino. Todo o mundo, em ambas as


partes, sabe que haverá ação e estão em alerta máximo. Em efeito, desde a
O avião de pouso e decolagem
primeira hora da manhã começam os ataques argentinos sob forte pressão aérea e
vertical ou de pista curta (VSTOL)
antiaérea inimiga. Às 8h37min, o primeiro Skyhawk é atingido por um míssil do
Sea Harrier, protagonista britânico
destróier HMS Coventry, da mesma classe do malfadado Sheffield. Em torno do das batalhas aéreas nos céus
meio-dia produziu um outro ataque sobre as forças de desembarque no Estreito malvinenses.
de San Carlos: um Skyhawk é derrubado por um míssil Rapier disparado em
terra e outro cai nas mãos do Coventry. É a segunda vitória do dia para este
moderno destróier, porém foram justamente os êxitos que os selam seu destino: a Força Aérea Argentina decide eliminar a
"armadilha 42/22" a qualquer preço.

Um ataque de quatro Skyhawks cai às 15h20min sobre o destróier Coventry e a fragata Broadsword. A Broadsword é
severamente danificada na popa e seu helicóptero Lynx ficou destruído, porém sobrevive. O Coventry, ao invés, recebe o impacto
direto de três bombas que fizeram matar 19 homens. Nenhum avião atacante ficou abatido. O destróier está perdido e eles
evacuaram o navio de imediato. Em meia hora, o navio dá uma pequena volta e afunda.
O Almirantado britânico fica nervoso. Haviam considerado que o Sheffield era um erro tático pontual, algo que não se repetira.
Agora, já são quatro os navios de guerra britânicos de primeira linha que apodrecem no fundo dos mares malvinenses, entretanto
outra dezena arcou como pode com os seus danos. Não era o previsto em absoluto. Decidem acelerar as operações terrestres.
Começa a pairar no ar o desejo de terminar o antes possível com este "obscuro incidente colonial" que se converteu em uma
guerra de verdade.

Balanço dos combates aeronavais dos dias 24 e 25 de Maio de 1982.


Perdas argentinas Perdas britânicas
• 7 aviões Skyhawk. • Destróier lança-mísseis HMS Coventry afundado.
• 5 aviões Dagger. • Fragata HMS Antelope afundada.
• Navio porta-containers MV Atlantic Conveyor destruído. Dez helicópteros
destruídos.
• Fragata HMS Broadsword gravemente danificada. Helicóptero destruído.
• Navios de desembarque Sir Lancelot e Sir Galahad avariados.
Baixas humanas
• Pelo menos 10 pilotos
• Pelo menos 62 mortos e numerosos feridos.
mortos.

Por si algo lhes faltava para convencer. Às 16h30min, uma ou duas fortes explosões sacodem o porta-contêineres MV Atlantic
Conveyor ao norte da Ilha Soledad, bem próximo do porta-aviões HMS Hermes. A explosão produz um incêndio que nada podia
controlar. São os Super Étendards do 2º Esquadrão Aeronaval. Sem ser detectados e a partir de uma distância de 50 km, foram
lançados dois Exocets contra os alvos distantes que apareciam em seus radares. O Atlantic Conveyor há de ser evacuado e arde
como uma tocha com dez helicópteros e milhares de toneladas de material a bordo, até ficar reduzido a um peixe calcinado que
flutua a duras penas.

Haviam-se perdido dois grandes navios em um só dia, e outros seis foram danificados. Por outro lado, a aviação argentina perdeu
somente três aviões. Pessoas em todo o mundo olhavam a Argentina com simpatia pelo seu ímpeto, porém a lástima por sua
inevitável derrota começam a perguntar quem está ganhando verdadeiramente a guerra. No Reino Unido também, e todas as
expectativas se dirigem para Margaret Thatcher. Algo deve mudar de imediato. A "questão das Malvinas" estava transformando-
se em uma derrota maior para a superpotência e o seu Governo.

Batalha de Goose Green


Entre as poucas pessoas do lado britânico que não estavam atribuladas para o dever dos acontecimentos se contavam,
curiosamente, o Contra-Almirante Woodward e o General Thompson. Ambos tinham seus motivos.

Apesar das severas perdas sofridas, Woodward, como bom marinheiro, conhecia de sobra um princípio básico da guerra naval:
sem importar as coisas espetaculares que seriam os golpes propinados ou recebidos, no mar ganha quem fica. A Marinha
Argentina se desgastava no porto desde o afundamento do General Belgrano enquanto que a Royal Navy, maltratada ou não,
permanecia no mar. O que fez, uma vez completado o desembarque, foi retroceder suas posições tanto como pôde sem denegrir o
apoio às unidades presentes em Ilha Soledad. Importantes forças de reserva, como os milhares de homens a bordo do Queen
Elizabeth II, foram à deriva nas ilhas Geórgia do Sul. Seus suprimentos e reforços, em vez de viajar diretamente às Malvinas,
descreviam um semicírculo que os colocava fora do alcance da aviação argentina. Sim, a Royal Navy havia sofrido severas
perdas, porém não era a primeira vez que ocorria em sua história nem seria a última. O fato é que continuava sendo a dona do
mar.
O general Thompson, responsável pelas forças terrestres, também tinha seus
próprios motivos para não perder o moral. Em último recurso as guerras são
ganhas quem conquistam a terra e, a partir do seu ponto de vista, o desembarque
havia se tornado um êxito total, somente obscurecido pela destruição dos
equipamentos a bordo do Atlantic Conveyor e do Sir Lancelot. Em geral, todos
os seus homens haviam chegado a terra junto com a maior parte do seu material,
estavam bem estabelecidos e protegidos contra ataques aéreos tanto por seus
próprios sistemas antiaéreos como pelas patrulhas de Harriers e suas linhas
logísticas, embora ameaçadas, seguiam abertas. Frente a isto, 12.000 homens do
Exército e da Marinha argentinos. Porém 12.000 homens essencialmente
apostos, exceto pelo par de contêineres que os aviões de transporte Hércules
transportavam a cada noite a partir do continente.

O Brigadeiro Thompson decidiu que era imprescindível fechar a bolsa que o


inimigo fazia o antes possível, confinando-o nos arredores de Puerto Argentino, Soldados argentinos em batalha.
agarrando-o entre suas próprias forças e o mar dominado pela Royal Navy. E ao
mesmo tempo, estabelecer rapidamente uma cabeça de praia desde o interior na costa leste da Ilha Soledad, de tal modo que sua
linha logística não tivera que penetrar nas perigosas águas do estreito de San Carlos, agora conhecido como "o corredor das
bombas". Dessa forma, os suprimentos e reforços poderiam chegar diretamente a partir do oceano, o seu oceano.

Ordem de batalha
Forças argentinas Forças británicas
• 12º Regimento de Infantaria. • 4 companhias del 2 PARA.
• 1 companhia do Regimento de
Infantaria 25 (tipo Ranger).
• 1 bateria de artilharia com canhões de • 3 peças de artilharia do 29 °Comando com quase mil projéteis de
105 mm. calibre 105mm e uma unidade Milan antitanque.
• 1 seção do Regimento de Infantaria 8
(3º seção da companhia C).
• defesa antiaérea AAA pesada
• 2 unidades Blowpipe.
(Oerlikon de 35 mm e similares).
• helicópteros Scout de reconhecimento e apoio aéreo de 3 Harriers
• apoio aéreo limitado pelo mau tempo.
ao anoitecer do dia 28.
• breve apoio naval da fragata HMS Arrow com 135 projéteis de
calibre 114mm.
Total RRHH:
• Mais de 700. • 600 homens.
(Comandante: tenente-coronel Italo (Comandantes: tenente-coronel Herbert Jones —morto— e o major
Piaggi) Chris Keeble)

O primeiro ponto de ataque ficava, pois, evidente; e já durante as primeiras inserções o tiveram em conta. O lugar seria Goose
Green (Pradaria do Ganso). Se as forças do Batalhão de Paraquedistas 2 (2 PARA) estacionadas em Darwin logravam tomar esta
posição (e de propósito, o seu aeródromo), as forças argentinas ficariam rodeadas na metade norte da Ilha Soledad, ao outro lado
das montanhas, e ele teria acesso a um corredor costeiro até o oceano. A primeira batalha terrestre da Guerra das Malvinas só
podia ocorrer, pois, em Goose Green.
Pouco depois da meia-noite do dia 28 de Maio de 1982, o 2
PARA partiu do lado ocidental do extremo norte do istmo que
divide Ilha Soledad em dois. As companhias B e D penetraram
no istmo, enquanto que a companhia A se situou ao leste. A
companhia A iniciaria o ataque desde ali, tomando Burntside
House sem achar presença argentina. Às 03h30min, as
companhias B e D se dirigiram à posição de Boca Hill. De
pronto, receberam fortes rajadas de fogo inimigo. A batalha de
Goose Green havia começado.

Parte norte da Ilha Soledad (topônimos ingleses).


Observe-se que a conquista do corredor entre
Darwin e Goose Green parte da Ilha Soledad em
duas metades e libera o passo a partir do ponto de
desembarque em San Carlos até o oceano, ao
Leste.

Entretanto, a companhia A, do major Dair Farrar-Hockley seguiu seu caminho até o


sul para encontrar-se com uma seção do 25o. Regimento de Infantaria na colina
Darwin. Na luta seguinte, os argentinos detiveram o avanço da companhia A, apesar
de sofrerem severas perdas que incluíram o seu comandante, o tenente Roberto
Estévez. O ataque britânico havia sido detido.

O soldado recruta Sergio Rodríguez do Regimento 25 (tipo Ranger) foi ferido nesse
combate disparando as últimas balas de sua metralhadora MAG. En uma edição
Mapa da batalha de Goose especial do diário Tiempo Argentino (Maio de 1983, pág. 10) relata assim a morte
Green. do tenente Estévez:

" … chegou a minha posição o tenente Estévez ferido com dois tiros no corpo, na
perna direita e no braço, que o teria atravessado. Me perguntou se estava ferido, que o dele não era nada (…) seguia dando ordens
e fazendo-os manter o combate, entretanto ele com o único braço se comunicava con o comando, dando toda a informação sobre
o inimigo. Não sei como os ingleses haviam tomado posições tão altas. Estava falando pelo rádio no meu lado, quando recebi um
tiro de raspão na cabeça que o entrou pelo pulmão direito. O impacto bateu por trás a Estévez. Eu já não tinha medo de nada. Era
como que esperava ter um tiro a um inglês, e eu o matava, ou ele me mataria. E o tenente sangrando… houve um momento em
que lançaram dois fragmentos de bala na cabeça, e o tenente Estévez, que agonizava em silêncio, pede-me que ponha o casaco de
um morto. Caíam os filetes de sangue pelo rosto. Quando voltei a olhá-lo, o tenente Estévez estava morto…"

O tenente-coronel H. Jones, ao comando da operação, não desejava ver-se envolto em uma batalha estática com forças
ligeiramente inferiores em número, e as suas ordens eram tomar Goose Green com a maior rapidez possível. Fez ato de presença
na companhia A e dirigiu pessoalmente um grupo contra a colina Darwin. Às 10h30min aproximadamente, cairia mortalmente
ferido no seguinte episódio: em circunstâncias que o Tenente-Coronel H. Jones e dois de seus homens tentam tomar por assalto
uma trincheira com soldados do RI 12, são observados desde um "pozo de zorro" pelos AOR (aspirantes a Oficiais de Reserva -
Soldados Recrutas) Guillermo Huircapan e Jorge Ledesma, quem com fogo de metralhadora e fuzil desbarataram este avanço do
Chefe do II Batalhão de Paraquedistas, caindo este mortalmente ferido.

Isto se depreende das investigações feitas pelos próprios argentinos e dos testemunhos de seus protagonistas, corroboradas aliás
pelo lugar exato de onde morreu o Tenente-Coronel Jones, na colina de Darwin, aonde foi construído um monumento em sua
memória. A colocação do monumento não coincide em absoluto com a posição de onde combateu o Subtenente Gomez
Centurión, o que faz cair por terra a versão militar argentina que afirmava que Jones mata Gómez Centurión logo depois de uma
conversa.

Esta versão militar argentina ficou desvirtuada 25 anos depois do término da Guerra, após as conclusões às quais chegaram os
próprios argentinos através das obras "Partes da Guerra" dos Licenciados Speranza e Cittadini e "Pradaria do Ganso - Uma
Batalha da Guerra das Malvinas" do investigador-escritor Oscar Teves do qual se conclui que o mais alto oficial inglês caído na
Guerra das Malvinas abatem 2 Soldados Recrutas no cerro Darwin.

Agora havia dois combates em marcha nas alturas de Darwin: uma ao redor da baía Darwin, e outra de igual ferocidade em frente
a Boca House, defendida pelo subtenente Guillermo Aliaga ao comando da 3a Secção de Atiradores do Regimento 8. A defesa é
tenaz, apesar do pesado assalto com morteiros, metralhadoras e projéteis antitanques. Na colina Darwin, o pelotão do Regimento
12 ao comando do subtenente Ernesto Peluffo e os AOR do já falecido Tenente Roberto Esteves, defendiam ferozmente suas
trincheras. Se destaca o valor do subtenente Peluffo e de muitos soldados não profissionais que esgotam sua munição e se
reabastecem várias vezes com a do pessoal morto. Aqui «os defensores argentinos lutaram encarniçadamente», segundo os
autores Max Hastings e Simon Jenkins.

Com o apoio da unidade Milan antitanque, que destruiu numerosas posições argentinas, a companhia A do 2 PARA fez
finalmente com as colinas Darwin Boca. Porém, a resistencia é feroz e o plano concebido originalmente pelo falecido
comandante Jones, um fracasso. Por trás de uma severa reorganização no meio do combate, os paraquedistas britânicos logram
por fim superar as altitudes de Darwin à primeira hora da tarde do dia 28 e descer até Goose Green. Porém, o combate não pára:
enquanto as companhias C e D estão tomando a base aérea e a escola do povoado, seguem os tiroteios. Pouco antes do anoitecer
— às 5 da tarde, tão rigoroso está o inverno — e aproveitando um instante de bom tempo para produzir um ataque aéreo
argentino e outro britânico, que apenas possam causar danos em terra. Sem dúvida um Pucará e um Aeromacchi argentino caem
abatidos.

Saldo da batalha de Goose Green


Perdas argentinas Perdas britânicas
• Aprox. 50 mortos. • 15 Paras (+2 outros) mortos .
• 64 feridos (fonte (https://web.archive.org/web/20020113181638/http://www.sama82.or
• Aprox. 120 feridos.
g.uk/news/june13a.htm))

• 1.083 prisioneiros.
• Abundante material.
• 3 Pucará. • 1 Sea Harrier (4 de Maio) 1 Harrier GR.3 (27 de Maio)
• 1 Aeromacchi MB.339. • 1 helicóptero Scout.
Resultados estratégicos
• Goose Green capturado pelos
britânicos.

Durante o anoitecer, Keeble oferece a Piaggi que se renda em termos honoráveis. Ante a extrema violência dos combates e a
elevada perda de vidas, Piaggi cede. Goose Green caiu em mãos britânicas depois de 14 horas de combate. Quando amanheceu
jaziam 15 paraquedistas, 1 Engenheiro Real e 1 piloto britânico mortos, além de 64 feridos. Em torno de 50 argentinos morreram,
outras centenas ficaram feridas e mais de mil argentinos foram feitos prisioneiros. Estes serão repatriados via Montevidéu. A
posição estratégica britânica em Ilha Soledad está consolidada e seus inimigos expulsos. A partir de agora, é só uma questão de
tempo até que a guarnição argentina nas Malvinas entre em colapso.

Em San Carlos, o general Thompson estava contente. Porém, tinha outro problema: os helicópteros com que contava para uma
rápida ação aeroterrestre contra Puerto Argentino não eram mais do que ferragens a bordo do calcinado Atlantic Conveyor. As
tropas britânicas terão que avançar a pé, através das montanhas geladas. Será um longo caminho.
Golpes entre os gelos
No dia 30 foi realizada a operação mais importante da Força Aérea Argentina cujo saldo, apesar dos êxitos dos dias precedentes,
é confuso. Sabiam que o almirante Woodward havia retirado seus navios como fazia no leste como o foi possível, sem deixar
desprotegidas às suas forças nas Malvinas, e também sabiam que com 3.800 britânicos já desembarcados e suas forças
embolsadas, somente uma série de golpes devastadores podiam evitar a derrota. Em particular, era de essencial importância deter
as patrulhas de Harriers, que vinham demonstrando ser abertamente superiores em combate aéreo a qualquer coisa que a força
aérea e aero-naval argentina pudesse opor-lhes. Por mais arriscado que fosse, tinha que atacar os porta-aviões, com o mesmo
coração da frota britânica. Durante os dias anteriores se havia estabelecido firmemente a posição do HMS Invincible em 51°38'S
53°38'W. Seria, pois, o Invincible.

Na manhã do dia 30 decolaram de Río Grande quatro Skyhawks


com bombas de 250 kg retardadas por paraquedas — para evitar
as falhas de detonação que impediram a destruição de grandes
alvos nos dias anteriores — e dois Super Étendards, um dos quais
transportava o último Exocet AM.39 ar-terra da Argentina.

Após reabastecer-se em voo, atacaram a partir do sul. O primeiro


a disparar foi um Super Étendard, lançando seu Exocet contra um
alvo de grande tamanho nitidamente detectado em seu radar.
Cumprida sua missão, os Super Étendards deram a volta para
retornar à base. Sem mais Exocets disponíveis, seu papel na
O porta-aviões britânico HMS Invincible em 1990.
guerra havia se encerrado.

Os Skyhawks, ao contrário, utilizaram o rastro do Exocet para guiar-se até o alvo. De pronto, observaram "uma grande coluna de
fumaça preta no horizonte". O Exocet, uma vez mais, havia alcançado algo. Porém, ao mesmo tempo havia posto em alerta os
porta-aviões e sua escolta, a fragata HMS Avenger. Quando os pilotos argentinos chegaram, se encontraram com densas camadas
de fumaça preta e de névoa branca geradas pelos dois navios para ocultar-se, pelo que não puderam avaliar que tipo de danos
havia ocasionado pelo Exocet (segundo a versão britânica, foi detectado aproximando-se e destruído com um disparo DP de
114 mm, porém parece bastante improvável que um disparo de 114 mm intercepte um ágil míssil antinavio). Também se
encontraram com algo mais: uma densa barreira de fogo antiaéreo. Quando já tinham claramente o HMS Invincible em suas
miras, um míssil Sea Dart derrubou o avião líder, e o fogo antiaéreo do 1o. tenente Omar J. Castillo, tão próximo que um de seus
motores caiu sobre o elevador de aeronaves do porta-aviões, produzindo um pequeno incêndio. Ambos os pilotos morreram.

Porém, os outros dois lograram lançar suas bombas e escapar da área a grande velocidade, perseguidos por mísseis e balas.
Acharam a última vista de seu alvo de longe, e asseguram tê-lo visto envolto em "uma fumaça densa e preta". Sem dúvida, a
versão britânica da história tampouco está de acordo. Assegura que os pilotos argentinos, entre tantas névoas, confundiram al
Invincible com o Avenger e suas bombas foram parar no mar.

Nesse mesmo dia, ocorreu um incidente em terra que demonstrou a coragem do pessoal de quadros do Exército Argentino.
Durante as operações preliminares de reconhecimento para o avanço até Puerto Argentino/Port Stanley, 19 homens da Brigada de
Comandos 3 ao comando do capitão Rod Boswell, apoiado por um helicóptero Sea King entraram em contato com a 1a. Seção de
Assalto a cargo do capitão José Vercesi, da Companhia de Comandos 602 estabelecida no chamado Casarão de Top Malo.
Durante o combate, morreram o tenente Ernesto Espinoza e o primeiro-sargento Mateo Sbert.

O primeiro soldado britânico ferido em combate foi um que destruiu a bazuca do tenente Espinoza (que era um atirador especial),
com um fuzil Magnum 300 com mira telescópica noturna. Porém depois o tenente recebeu um impacto de lança-foguete
descartável e detonou, junto com os explosivos e as granadas que a sua equipe levava. A casa se incendiou, e os comandos
argentinos saíram combatendo. O primeiro-tenente Horacio Losito saiu ferido da casa, tinha cravado um fragmento na cabeça e
buscou acobertar-se, porém antes recebeu outro disparo na coxa. Os comandos argentinos estavam equipados com munição
perfurante e letal. Losito tomou cobertura em uma sala, de onde pela perda de sangue começou a sentir que suas forças estavam
acabando. Viu como dois soldados britânicos aproximaram-se, disparando suas pistolas-metralhadoras. Apontou a um deles e deu
os tiros. Quando foi apontar ao outro, ficou sem forças, a vista dele escureceu e não pôde disparar o seu fuzil FAL. Tudo isso
sucedeu em quarenta minutos. Em seguida, foi tomado prisioneiro e atendido de suas feridas pelos soldados britânicos. Dois
argentinos foram mortos, seis feridos e os últimos cinco caíram prisioneiros. Os britânicos sofreram quatro baixas.

Entre os dias 29 e 31 de maio de 1982, aconteceram violentos combates sobre as encostas do monte Kent. Os chefes das
Companhias de Comandos 601 e 602 planejavam uma operação para ocupar as colinas mais ou menos sobre a linha do monte
Kent. Os majores Mario Castagneto e Aldo Rico iam levar duas companhias de comandos a "enterrá-las" para depois tomar os
helicópteros britânicos de surpresa. Mandaram cinco patrulhas em 29 de maio, e no outro dia ia juntar-se ao Esquadrão de Forças
Especiais 601 da Guarda Nacional sob as ordens do major José Spadaro. Porém, no dia seguinte, os helicópteros já não podiam
sair por causa dos alertas aéreos. Somente fez decolar um Puma, com dezessete comandos, sob as ordens do capitão Jorge San
Emeterio da Guarda Nacional, porém foi alcançado pelo fogo terrestre (possivelmente próprio) e morreram 6 soldados.

O capitão Tomas Fernández enviou um grupo para explorar o caminho até o cume do monte Bluff Cove Peak, porém, na primeira
encosta, ao subir a ladeira íngreme, caíram numa emboscada. Ali caíram imediatamente os boinas verdes Ruben Eduardo
Márquez e Oscar Humberto Blas. O golpe devastador era obra dos comandos britânicos (SAS) do major Cedric Delves.

Como simples mostra do vivido nos combates com as patrulhas do Esquadrão D do Special Air Service (SAS) reproduz um
fragmento do Informativo Oficial do Exército Argentino referido "Cruz do Heróico Valor em Combate" outorgada ao primeiro-
tenente Rubén Márquez, que se põe à frente da 2a. Seção, seguido a curta distância pelo primeiro-sargento Oscar Blas.

"Opor-se a uma facção inimiga superior em número em ocasião que integrava uma patrulha de exploração que operava em uma
zona ocupada pelo inimigo. Alertar com sua ação a seus camaradas e combater até lograr que estes se enfrentaram, oferecendo
sua vida nesta ação."

Ambos os soldados são abatidos pelo fogo automático do inimigo, porém permitem ao resto da patrulha da 602 enfrentar-se. Por
sua conducta, ambos receberam a mais alta condecoração argentina - a "Cruz ao Heroico Valor em Combate".

A 3a Seção de Assalto, sob às ordens do capitão Andrés Ferrero foram deixados por um helicóptero Bell UH-1H a 500 metros do
monte Kent. Os soldados da 602 iam separados por 50 metros, portando duas metralhadoras, mísseis Blowpipe e granadas de
fuzil. O primeiro-tenente Francisco Maqueda ia adiante, para que sua experiência de montanhista servisse à patrulha. Em
determinado momento, o capitão Ferrero, junto com o sargento Arturo Oviedo, se adiantou para comunicar algo ao primeiro-
tenente Maqueda: nesse preciso instante uma chuva de fogo cruzado se abateu sobre os soldados que caminhavam atrás. O
capitão Ferrero com Maqueda e Oviedo caíram e os deram como mortos. Sem dúvida, uma troca de tiros de munição traçante nas
encostas do monte os fez saber que nem todos os seus homens haviam sucumbido.

Depois da emboscada no monte Kent, os capitães Fernández e Ferrero e os sobreviventes das patrulhas da 602 trocaram tiros com
o inimigo apostado nas alturas e responderam até o fundo do vale e encontraram covas de onde puderam esconder-se.
Permaneceram ali isolados durante três dias, observando os helicópteros britânicos que se decolavam de San Carlos até o monte
Kent.

As patrulhas do SAS tiveram quatro feridos graves nas partes altas do monte Kent e Bluff Cove Peak, entretanto o que aconteceu
aos soldados argentinos da 602 e da Guarda Nacional foi oito mortos e nove feridos (a maioria soldados de patrulha do capitão
San Emeterio).

No dia 1° de junho de 1982, 5.000 homens da Brigada de Infantaria 5º, dos Gurkhas e da Guarda Galesa e Escocesa
desembarcam em San Carlos, de onde se suspeita que já opera uma pista para os Harriers. Agora as forças terrestres estão quase
igualadas em número. Um míssil Roland de fabricação francesa abate de Puerto Argentino/Port Stanley um Sea Harrier FRS.1.
Agora os avanços britânicos a 20 km de Puerto Argentino/Port Stanley e o Batalhão 42 de Comandos tomaram os montes Kent e
Challenger, donde se concentram a acumular suas forças em meio a um tempo espantoso. Agora, os navios, a artilharia e os
aviões britânicos bombardeiam quase constantemente a linha argentina estendida sobre os morros Longdon-Dos Hermanas-
Harriet. Nestas circunstâncias deve destacar-se a valorosa atitude do capitão Carlos López Patterson, que, sob o fogo inimigo,
recorre às posições no morro Dos Hermanas dando apoio moral ao pessoal da Companhia C do Regimento 4.

Nessas recorridas, uma coisa que sempre me emocionava era que, enquanto saudava ao subtenente Llambias Pravaz, os soldados
dessa seção aplaudiam e comemoraram vitórias. Deve ser porque notavam que lhes reconhecia o valor que estavam adquirindo
nesse lugar. Porque estavam muito sós, esperando o inimigo, só eles e suas almas. Ou talvez, porque ao ver o chefe que vá dizer-
lhes duas palavras - gesto fraternal de uma pessoa jovem a outras pessoas jovens - sentiam reviver suas vitórias. Um dia, me
aproximei de um rapaz e me disse "Já que nos dançamos nesta, vamos fazê-lo bem. Vamos apoiar o subtenente que está enfermo
e segue igual com a gente. Temos que ajudar antes que congelem os pés, ou ao que se assuste. Porque daqui saímos todo mundo
ou não sai ninguém." O que podia contestar?

Como chefe da Companhia B do Regimento de Infantaria 6 "General Viamonte", o major Oscar Ramón Jaimet fala de seus
subordinados desde então.

Aliás, todo o mundo compartilhou os mesmos riscos, as mesmas privações e as mesmas atividades, apesar do mesmo frio e dos
mesmos poços que encheram de água. Havia uma tendência de criar diferenças - ou fazer crê-las - entre a vida que desenvolvia o
oficial, o suboficial e o soldado. Meus chefes de seção [os subtenentes Aldo Franco, Augusto La Madrid, Guillermo Robredo e
Guillermo Corbella] dormiam junto com os soldados. Eu dormia com os soldados na posição. (Malvinas: Contrahistoria, página
84)

Numerosos soldados recrutas resgatam e valorizam com objetividade a tarefa dos quadros nas Malvinas. Rubén Gaetán integrou a
Companhia de Engenharia de Combate 601 durante a contenda.

Meu chefe imediato era o cabo Domingo Villarreal que nos dirigia com eficiência e camaradagem. Porém, minha melhor
recordação que tenho é o primeiro-cabo Miguel Galarza, um soldado profissional, e acima de tudo um exemplo de homem. Nos
cuidava como um pai. Siga este exemplo. Nos primeiros dias de Junho, durante uma madrugada em que nós aguentamos um
intenso canhoneio naval e ataque de artilharia inimiga, e como os projéteis caíam diretamente sobre nossas posições, Galarza nos
fez retirar a sítios mais seguros. Villarreal e o tenente Horacio Blanco ficaram onde nós estávamos. Recordo que me pediu a
minha FAP e me entregou sua FAL. Naquele canhoneio foi a salvá-los, e Galarza e seus companheiros terminaram retirando-se
também e chegaram até nós. Menos mal que foi assim. Quando o perguntei por minha arma, me disse que a havia perdido ao
regressar. Um projétil havia acertado de cheio de onde eles estavam como um rato antes. Ele e os que ficaram a seu lado sentia a
proteção do soldado profissional até nós, humildes recrutas e desde logo, o imenso valor que tais oficiais e suboficiais
demonstraram. (Así peleamos, página 154)

Sobre o aprovisionamento daqueles dias, Julio Lago (soldado de campo do Regimento 7 "Coronel Conde") mostra sua particular
visão.

De entrada fazíamos três refeições por dia, depois duas e ao final, uma. Levantavas-te às quatro da manhã e preparavas um mate
cozido; depois já entravas com a comida que se repartia ao meio-dia, outra mais que era repartida às quatro, cinco da tarde, e a
preparar tudo para o outro dia. E assim era continuamente. O problema era que amanhecia às dez da manhã ou às nove, e
escurecia às três e meia. Com o toque de recolher não podia circular de noite, ou seja, não havia tempo para andar repartindo a
comida.

Continuando com esta linha de pensamento o soldado recruta classe 63 Francisco Montenegro, do Regimento de Infantaria 1
"Patricios" explica seu modo de analisar a realidade.
Por suposto que o aprovisionamento era deficiente, por uma razão muito sensível, era o aprovisionamento em condições de
guerra, o terreno não permitia o deslocamento de um jeep rebocando uma cozinha de campanha, sem falar da contínua
observação do inimigo. Não há guerra em que o soldado não tenha passado fome e frio, isso é parte do negócio. (Así Peleamos,
página 216).

Em 3 de Junho, um ataque dos Black Buck destrói um radar de controle de fogo Skyguard. Nessa noite, uma nova missão de
exploração a cargo de uma patrulha ao mando do primeiro-tenente Jorge Vizoso Posse da 602 detecta escassa presença inimiga no
monte Challenger, o qual oferece um flanco favorável para atacar a artilharia inimiga, embora a ocasião é perdida pelos
responsáveis da defesa. Durante a noite de 4/5 de Junho, o radar Rasit do Regimento 7 no monte Longdon detecta o movimento
de três atiradores especiais do 3 PARA, abrindo fogo no pessoal com morteiros e artilharia. Os paraquedistas se protegem como
consequência do fogo recebido.

Em 5 de Junho a 3a Seção da 602 a cargo do capitão Andrés Ferrero ao qual acompanha o major Aldo Rico logra desalojar do
monte Wall ao pelotão a cargo do tenente Tony Hornby, do Batalhão de Comandos 42, com o apoio coordenado de fogo do Grupo
de Artilharia 3 embora devem abandonar a posição algumas horas mais tarde para não ser pego pelo dispositivo inimigo. Em 6 de
Junho, a 2a Seção da 601 liderada pelo capitão Rubén Figueroa se propõe a abrir uma emboscada na ponte sobre o Rio Murell
com elementos avançados do 3 PARA, surpreendidos a partir de uma elevação rochosa por duas patrulhas ao mando dos cabos
Paul Haddon e Peter Brown, e logo depois de uma eficaz troca de tiros, teve um soldado ferido porém logram pôr em fuga 30
paraquedistas britânicos capturando equipamentos de comunicações, códigos e material. Entretanto o Conselho de Segurança das
Nações Unidas aprovou a resolução 505, que designa como mediador a Pérez de Cuéllar. No dia 5, Estados Unidos e o Reino
Unido vetam um novo projeto de cessar-fogo.

Para o general Moore, agora comandante das forças terrestres britânicas, a "crise das Malvinas" está praticamente resolvida. O
cerco sobre Puerto Argentino/Port Stanley já estava quase fechado. Tão somente devem desembarcar algumas unidades das
Guardas Galesa e Escocesa em Fitzroy e Bahía Agradable, diretamente ao sul da capital malvinense. Junto com eles chegam
numerosas peças de morteiro e mísseis antiaéreos Rapier.

A Brigada 5 britânica havia recebido a missão de abrir uma nova frente ao sudoeste de Puerto Argentino/Port Stanley, e no dia 2
de junho, o único helicóptero Chinook que havia sobrevivido ao afundamento do Atlantic Conveyor deixou em dois voos 156
soldados do Batalhão 2 de Paraquedistas em Fitzroy. Este contingente foi reforçado na noite de 5 de Junho por Guardas Escoceses
transportados pelos quatro LCU do Intrepid: a travessia não careceu de imprevistos, e somente no último momento se evitou que
o destróier HMS Cardiff atacasse por engano o pequeno comboio (o ansioso capitão do Cardiff havia derrubado uma hora antes
com um Sea Dart um helicóptero desconhecido, que finalmente foi o próprio Gazelle: os quatro tripulantes morreram). Na noite
seguinte, o procedimento foi repetido pelo Fearless com os Guardas Galeses a bordo, porém, a impossibilidade de desembarcá-
los a todos motivou o regresso do navio a San Carlos para evitar ser surpreendido pela luz do dia fora do cais: a fim de não voltar
a arriscar os preciosos navios de desembarque e decidiu então que o Sir Galahad transportaria os trezentos soldados restantes a
Fitzroy, acompanhado pelo Sir Tristram, carregado de munição e suprimentos.

A atividade da aviação argentina durante as duas semanas anteriores havia sido relativamente fraca e, quando às sete da manhã do
dia 8 de Junho, o Sir Galahad ancorou em Fitzroy, nada previu que a tragédia prontamente se desencadearia. Os Guardas Galeses,
que deviam concentrar com as duas companhias restantes em Bahía Agradable, se negaram a realizar a marcha a pé e insistiram
em permanecer no navio, até que este os levasse a seu destino final: com esta decisão selaram a sua sorte.

Sucedeu, então, o inevitável. Às 13h50min, cinco A-4B Skyhawk se avançaram sobre os navios britânicos, alcançando o Sir
Galahad com três bombas e o Sir Tristram com duas: 51 homens morreram e em torno de 150 ficaram feridos, muitos deles com
graves queimaduras. Este ataque coincidiu com o de cinco Dagger contra a fragata HMS Plymouth no lado norte do estreito de
San Carlos: se bem que o objetivo da formação era Fitzroy, em uma decisão compreensível, porém questionável; os pilotos
atacaram o navio de guerra, alcançando-o com quatro bombas que não explodiram e provocando um grave incêndio. Um segundo
ataque de Skyhawks perdeu três aviões ao ser interceptado por uma patrulha de Sea Harriers, embora pôde afundar antes a lancha
de desembarque Foxtrot 4 (os seis tripulantes morreram), quando esta tentava alcançar San Carlos.

Dois dias mais tarde, a 602, reagrupando todos os seus efetivos disponíveis a mando do major Rico, se mobiliza por terra até às
proximidades do Río Murrell, colocando-se a 700 m do morro Dos Hermanas junto ao Esquadrão de Forças Especiais 601 da
Guarda Nacional, utilizando novamente o apoio de fogo, coordenado pelo Grupo de Artilharia 3 a partir de Puerto Argentino/Port
Stanley. A ação resulta em um duro combate, com cinquenta homens a cargo do tenente David Stewart, do Batalhão de
Comandos 45, cujo balanço resulta em dois mortos destes últimos, confirmadas, nas mãos do primeiro-tenente Vizoso Posse,
apesar de encontrar seriamente ferido e a morte do sargento Mario Cisneros. (Veja a versão britânica BRUCE QUARRIE, The
Worlds Elite Forces, páginas 53-54, Octopus Books Limited, 1985)

Em 11 de junho de 1982, o Papa João Paulo II chegou a Buenos Aires em viagem apostólica com o objetivo de promover o
entendimento e o final do conflito. Paralelamente, a diplomacia vaticana estava também tentando chegar a um cessar-fogo
negociado, com a aliança ocidental ficando demasiadamente prejudicada pelo conflito.[16]

Anteriormente, João Paulo II já havia visitado a Grã-Bretanha, onde chegou em 28 de maio de 1982 com a mesma missão de
buscar um entendimento entre os dois países.[17]

O colapso
No dia 11 de junho de 1982, ao anoitecer, as forças britânicas iniciam o
assalto final sobre Puerto Argentino e de seus arredores. A Armada dos
defensores permanece ancorada no porto, e sua aviação apenas dá o mais
de si: foram perdidos dezenas de aviões e pilotos, o material está muito
deteriorado pelas constantes operações e alcances, não tinham mais
Exocets; apenas algum avião de transporte consegue lançar um ou dois
containers protegido pela noite. O bombardeio de suas posições a partir do
mar, do ar e da terra é contínuo. Circulam rumores sobre a eficácia e
letalidade das tropas britânicas. Os soldados recrutas que ainda defendem
Imagem de satélite das ilhas Malvinas
as Malvinas começam a perder o moral.
(verão austral de 1999).
O comando britânico considera que um ataque diurno é demasiadamente
perigoso, e decidem proceder através dos montes que rodeiam a Puerto Argentino pela noite para não incorrer na mesma falha
ocorrida em Goose Green. Durante a noite do dia 11 ao dia 12, os Royal Marines britânicos tomam o monte Harriet através de um
campo minado e sob intenso fogo de artilharia pesada. O capitão Tomas Fox, por sua parte, relatou:

Começou a ficar insustentável a posição e o chefe do Regimento decidiu ir pessoalmente até a Companhia B para organizar um
contra-ataque ali à frente. Ele o havia mandado a pedir uma seção, porque a questão é que o pedido não chegou ou demorou. Ante
a previsão de que o posto de comando caísse, ordenou que nós queimássemos os códigos; estava ali um suboficial rádio-operador
e eu, que havia estado colaborando com a direção do fogo. Uma vez que o chefe do Regimento se foi, o general Jofre quis lhe
falar e pediu ao suboficial que comunicara com ele; eu lhe disse que havia constituído o posto de comando na companhia B.
Então, o general disse ao suboficial: "E você, o que faz aí? Vá com seu chefe que eu quero falar com ele!" O suboficial
respondeu: "Sim, meu general", e saiu com o rádio. E fiquei somente eu dentro do buraco colocando fogo nos documentos.

Entretanto, o tiroteio prosseguia: "Era um fogo totalmente disperso, a intensidade do combate havia diminuído exceto pela frente,
de onde estava o primeiro-tenente Carlos Alberto Arroyo com sua companhia", relembrou o primeiro-tenente Jorge Alejandro
Echeverría," e se vê que puderam mudar de posição, porque estavam combatendo muito forte". (Así Lucharon, página 152)
Sobrepassado pela Companhia L do Batalhão de Comandos 42, durante toda essa noite, um soldado recruta da Companhia B do
Regimento 4, o fustigou e perturbou como atirador noturno, até ser mortalmente ferido. Os soldados do Regimento 4, no monte
Harriet receberam 1.000 disparos de artilharia procedentes de 6 peças de artilharia situados no monte Challenger. O monte Harriet
foi capturado às custas de 2 vidas dos fuzileiros navais britânicos e 24 feridos. O monte Longdon e Dos Hermanas caem também
nas mãos do 3 PARA e do Batalhão de Comandos 45, porém não sem um feroz combate.

No morro Dos Hermanas, os soldados britânicos voltaram a encontrar outra companhia do Regimento 4 que lhes demandou
supera um esforço sério. A batalha durou mais de 6 horas. Os fuzileiros navais do Batalhão de Comandos 45, sob as ordens do
tenente-coronel Andrew Whitehead perderam 4 homens e tiveram 11 feridos. Entre os feridos argentinos da Companhia C
contaram os subtenentes Jorge Pérez Grandi, Juan Nazer e Julio Mosquera. Entre os dez mortos da companhia estava o tenente
Luis Carlos Martella.

Foi no morro Dos Hermanas de onde o tenente Luis Martella, do Regimento 4 faleceu ao cobrir a entrada de seus soldados
recrutas. Em um momento determinado do ataque, a Companhia Z do Batalhão de Comandos 45 foi detida em seu avanço
durante horas, primordialmente pelo soldado Oscar Poltronieri, sob as ordens do subtenente Aldo Franco, da Companhia B do
Regimento 6. Relata Poltronieri:

Eu estava no monte Dos Hermanas. Adiante nós estávamos no Regimento 4 de


Corrientes. Ao costado, tínhamos o Regimento de Infantaria 7 de La Plata. Passávamos
todo o dia na trincheira. Às vezes descíamos o morro para matar um par de ovelhas,
prepará-las assim mesmo e comê-las. Quando vinha um companheiro de curso do
tenente que me mandava, que se chamava Llambías Pravaz, eu lhe pedia os binóculos e
ele me emprestava. Assim vi como desembarcaram os ingleses. Passaram uns dias
desde o desembarque, até que chegaram de onde nós estávamos. Tomaram todas as
corridas. Os gurkhas mataram um monte de gente do Regimento 4 de Corrientes. E a
nós assim nos rodearam, em forma de meia-lua. Eu estava em cima, no monte, quando
os vimos, seriam as cinco ou as seis da manhã, no meio da neblina. Ali mataram três ou
quatro dos nossos soldados, todos próximos de mim: um que deu um tiro de morteiro que
cai próximo de mim e um fragmento voa a tampa da roda, limpa, e sangra; quando chega
ao hospital de Puerto Argentino chega sangrando. no outro um fragmento entrou nas
costas. E a outro que sobe o monte um pouco para montar a metralhadora, também o
mataram com uma rajada de metralhadora. Esse era Ramón, meu amigo…

Como simples mostra do vivido na noite, se reproduz um fragmento do relato do capitão Ian Gardiner, do Batalhão de Comandos
45 no livro Above All Courage (‘Mais além da coragem’, Pen & Sword Books, 2002) referido às capacidades e o espírito de luta
da 3a Seção de Atiradores do subtenente Marcelo Llambías Pravaz nas encostas do morro Dos Hermanas nas cercanias do rio
Murrell:

Um quadro duro de uns vinte homens [argentinos] havia permanecido por trás e havia
lutado, e eram homens valentes. Os que ficaram e lutaram tinham algo. Eu, por minha
parte não desejaria fazer frente aos meus fuzileiros em batalha.

Em duas ocasiões, repeliu-os pelo fogo argentino, porém, uma terceira tentativa do capitão Gardiner teve êxito. Ao todo, os
soldados e quadros do pelotão do subtenente Llambias Pravaz tiveram 5 mortos e 16 feridos.

A batalha do monte Longdon começou quando o cabo britânico Brian Milne pisou uma mina antipessoal que arrancou uma perna.
A explosão da mesma, e o alarido posterior, puseram de sobreaviso o chefe da Companhia B do Regimento 7, lotado no monte
Longdon, major Carlos Carrizo Salvadores e foi falar com o subtenente Juan Domingo Baldini na ladeira oeste. A batalha pelas
posições do subtenente Baldini nas proximidades do rio Murrell rugiu constante. A 1a. Seção de Atiradores, do subtenente
Baldini combatia de diferentes posições, dificultando ao major veterano Mike Argue - ex SAS -, chefe da Companhia B que
atacava o monte Longdon. ãs 02h teve que empregar a 1a. Seção do subtenente Raul Castañeda da Companhia C do Regimento 7
a ordens do capitão Hugo García para reforçar e contra-atacar no monte Longdon.
Estes soldados recrutas lutaram como leões. Dessa seção era o soldado Leonardo Rondi, que armado com seu fuzil FAL chegou à
luta corpo a corpo como estafeta a pé até que esgotaram as munições do pelotão e voltou com um troféu de valor singular: uma
boina colorida com distintivos do 3o. PARA. Somente 21 argentinos dos 46 que haviam participado no contra-ataque alcançam
suas posições em Wireless Ridge. O resto ficou morto, ferido ou feito prisioneiro. O brigadeiro Julián Thompson disse acerca do
contra-ataque no monte Longdon:

Em um determinado momento estive a ponto de retirar meus paraquedistas do monte


Longdon. Não podíamos crer que estes adolescentes disfarçados de soldados
estivessem causando tantas baixas. (Veja Jon Cooksey, 3 PARA Mount Longdon: The
Bloodiest Battle, página 98, Pen & Sword Books Ltd)

No dia 12 de Junho de 1982, entre as 4h e 4h30min, os soldados britânicos controlavam a maior parte do monte Longdon. Porém
tiveram 13 mortos e 27 feridos na Companhia B do Batalhão 3 de Paraquedistas, e a resistência continuava próximo ao posto de
comando do segundo chefe do Regimento 7.

Aproximadamente às 5h, o soldado recruta Horacio Cañeque viu como alguns paraquedistas (os remanescentes dos pelotões 4 e 5
da Companhia B do 3 PARA), avançavam no posto de comando no monte Longdon (nas proximidades de Wireless Ridge), do
major Carlos Carrizo sobre seu flanco direito. Cañeque disparava sua FAL com dois projéteis comuns e um traçante para precisão
da pontaria, entretanto estouravam bengalas e explosivos por todas as partes.

Ante os autores de Así peleamos: Malvinas (testimonios de veteranos del ejército), (Biblioteca Soldados, 1999), Cañeque recorda:

Escutam-se gritos e ordens em inglês. Começo a


insultá-los em seu idioma. Os insultos são os
primeiros que se aprende e eu tinha uma
pronúncia americana bastante boa. Insulto aos
gritos, vociferando, durante uma perseguição.
Talvez por ações como esta, os ingleses logo
diriam que nas Malvinas teve osAmerican
Special Forces ou American Snipers.

Os argentinos sobreviventes das 1ª, 2ª e 3ª seções avançadas pugnavam por


seguir combatendo até esgotar a munição perto do posto de comando do Militares argentinos capturados em Porto
Stanley.
major Carrizo Salvadores. Assim o relata o aludido Cañeque, quem havia
guiado a tenente Castañeda e seu pelotão até os paraquedistas britânicos:

Alejandro Rosas e o cabo Oscar Mussi se penduraram a um pico rochoso e disparavam,


com grande risco, desenfreadamente, contra uma das MAG que nos fustigavam (teria
sido o cabo Vincent Bramley). Pouco depois, o lugar se converte em um inferno de balas.
Não podem manter a posição. Por sorte, logram juntar-se.

Frente a essa situação crítica, aproximadamente às 06h30min, o major Carrizo ordenou juntar-se aos 78 homens da Companhia B
que ficavam no monte Longdon até Wireless Ridge. Para isto, o soldado recruta Jorge Colombo fez disparar sua metralhadora
Browning 12.7 a fim de defender a retaguarda dos que se retiraram do monte Longdon.

Segundo Julia Solana Pacheco, autora do livro Malvinas: ¿y ahora qué?, seis soldados argentinos do Regimento 7 (os recrutas
Ramón Quintana, Donato Gramisci, Aldo Ferreyra, Enrique Mosconi, Alberto Petrucelli e Julio Maidana), feridos e feitos
prisioneiros, foram fuzilados ou baionetados pelos paraquedistas britânicos no monte Longdon, diante dos olhos do soldado
recruta Néstor Flores e do cabo Gustavo Pedemonte do pelotão do subtenente Juan Baldini.
Entre os feridos, estava o cabo José Carrizo. Quando foi em 1993, conheceu o livro Viagem ao inferno do ex-paraquedista
britânico Vincent Bramley, que denunciou o fuzilamento de argentinos no monte Longdon, Carrizo contou sua história. Relatou
que naquela madrugada no monte Longdon, sentiu que lhe puseram a boca de um fuzil nas costas. Levantou os braços em sinal de
rendição e um inglês "com olhos de chinês" fez um gesto com a mão como de que iam cortar o pescoço. Logo uma curta rajada
de metralhadora arrancou parte da massa encefálica e um olho. Deram-no por morto e o abandonaram ali. Mais tarde, um médico
britânico o salvou.

Durante esta noite morreriam os três únicos civis caídos no conflito, três mulheres malvinenses de Puerto Argentino, cuja casa foi
alcançada por um obus britânico. Ao amanhecer do dia 12, a capital malvinense está à vista. Na manhã cedo do dia 12 de Junho
de 1982, foram destacados para as ladeiras do morro Tumbledown — ao lado de Moody Brook — o major Guillermo Berazay e a
Companhia A do Regimento 3, a fim de fazer forte aí para logo tomar as posições perdidas no monte Longdon. Essa oportunidade
jamais se daria.

A carência de munição e meios ofensivos adequados era crítica, e a improvisação teve de suprir sua falta: no mais absoluto
segredo, os argentinos montaram um míssil Exocet sobre uma precária construção terrestre e desenvolveram durante semanas a
engenharia reversa necessária para fazê-lo operacional. O sistema foi chamado humoristicamente "ITB", sigla de "Instalação de
Tiro Berreta" (berreta significa "de má qualidade"). Às 3h do dia 12 de Junho, um reduzido grupo, liderado pelo então capitão de
fragata Julio M. Pérez logrou dispará-lo com resultado eficaz. A bordo do destróier lança-mísseis classe County HMS
Glamorgan, o oficial de navegação Ian Inskip detecta o míssil em trajetória e ordena lançar contramedidas e virar o navio
tentando virar para popa. O míssil alcança o navio pelo lado de trás no hangar de helicópteros, destruindo o helicóptero Wessex,
matando treze homens e provocando um forte incêndio. Rancoroso e levantando fumaça, o destróier se estropia. Sobreviverá,
porém a guerra acabou para ele.

Um sentimento muito parecido com a histeria surge no almirantado inglês. Se a aviação argentina conseguiu mais mísseis Exocet,
então, a situação atual de toda a frota é muito perigosa e o que já parece uma iminente vitória pode tornar-se em um novo
desastre. Londres move todos os fios possíveis para saber de onde saiu esse míssil, porém, nada sabe.

Na realidade, a aviação argentina não havia conseguido nenhum novo míssil. Tampouco é o primeiro Exocet que dispara contra
um navio britânico desde a Isla Soledad (o primeiro falhou sem ser detectado). Resulta que embora a frota argentina esteja
ancorada no porto, seus preciosos lança-mísseis superfície-superfície não têm o por quê de ficar ali. Modificar um Exocet MM38
superficie-superficie para convertê-lo em um AM39 ar-superficie estava além do alcance dos engenheiros argentinos, porém não
é assim desmontar um conjunto de lançadores do destróier ARA (D-25) "Seguí" junto com seu sistema de guia, aerotransportá-lo
sobre reboques às Malvinas, pô-lo em funcionamento e acioná-lo até o alvo, tudo com uma pequena margem de erro. Se trata de
uma aplicação improvisada desta arma letal; sem dúvida, ao segundo disparo efetivo (no total de 3 tentativas, um dos quais não
obteve lançamento e o outro se perdeu sem acertar alvo) fizeram inutilizar o HMS Glamorgan em uma ação inédita e histórica.
Depois da guerra, o Reino Unido, tendo capturado e estudado o engenhoso dispositivo, retomaria a ideia para comercializá-lo
como «sistema de defesa costeira Excalibur».

No momento, a ação contra o Glamorgan detém o ataque terrestre britânico durante todo o dia 12, pois o apoio desde o mar ficou
impedido. Não será até a noite do dia 13 que o 2 PARA e o Segundo Batalhão da Guarda Escocesa tomam Wireless Ridge e o
monte Tumbledown sob intensos combates contra o Batalhão de Fuzileiros Navais 5 e o Regimento 7 de Infantaria e a
Companhia A do Regimento 3, que a apoiava. O assalto britânico demorava ante a desesperada e enérgica resistência. As três
companhias do Batalhão de Fuzileiros Navais 5, com seus 700 homens às ordens do capitão de fragata Carlos Hugo Robacio
agora esperavam lutar contra o invasor na zona do monte Tumbledown-monte William-colina Sapper. Entretanto os esperavam
com ansiedade crescente, o major Aldo Rico montou emboscadas para proteger o perímetro e enviou a vários comandos a instalar
uma emboscada em frente ao monte William.
Um infernal dilúvio de balas abateu sobre as Companhias A e C do Regimento 7 que seria a unidade com mais baixas da guerra:
36 mortos e 152 feridos. As bocas de fogo da artilharia britânica esmagaram constantemente as posições argentinas com um
intenso e preciso fogo, ferindo gravemente os majores José Banetta, Emilio Nani e José Bettolli e os capitães Hugo García, Jorge
Calvo, Carlos Ferreyra e Luis Limia.. «Durante as doze últimas horas de luta, descarregaram seis mil tiros de artilharia», disseram
Max Hastings e Simon Jenkins (La batalla por las Malvinas, p. 326, Emecé, Buenos Aires, 1984).

Ali estava o soldado Carlos Daniel Sotelo, um dos 21 sobreviventes do pelotão do subtenente Castaneda: "Nos mandaram uns
poucos reforços, cinco ou seis soldados e três oficiais com uma metralhadora pesada MAG, que foram para frente, a posições que
conhecíamos bem e que sabíamos que eram muito complicadas: te davas conta de que havia um esforço desesperado por resistir.
O pior era escutar como havíamos escutado pela rádio do comando, os pedidos de ajuda das outras posições: isso fica na tua
cabeça para sempre."

Perto de Puerto Argentino o soldado Raúl Menéndez, do Grupo de Artilharia Aerotransportada 4, em 14 de Junho de 1982, saiu
disparando as últimas munições de sua Bateria C.

"Tínhamos seis obuses de 105 mm e a amanhecer todavia mantínhamos um belo duelo de artilharia com os ingleses. porém,
pouco a pouco nos foram desgastando a maior parte das peças, porque tinhamos que disparar a uma média de dez projéteis por
minuto, nós disparávamos trinta por minuto. Perto do amanhecer, havia um canhão Sofma de 155 mm que disparava desde
Sapper Hill e uma peça do meu grupo: eram as únicas que disparavam. Me recordo que defendíamos a retirada do BIM 5
(Batalhão de Fuzileiros Navais 5) que se retirava desde o Monte William."

Longe de Puerto Argentino e muito mais próximo do inimigo, o tenente Miguel Cargnel batalhava em Wireless Ridge juntos às
partes dos tenentes Luis Karbiner e Jorge Guidobono:

No dia 12 de Junho de 1982, quando os ingleses atacaram Longdon, vimos que estávamos muito comprometidos. E dizemos: «A
bandeira, não». Com o tenente Jorge Guidobono colocamos o mastro e os ferros na nossa posição de combate. Guidobono
costurou o pano no interior da jaqueta de frio. E eu fiquei com a gravata e a fita e repartimos as condecorações entre outros
oficiais. Assim nos retiramos no dia 14 a Puerto Argentino, quando já se sabia da rendição.

Karbiner foi o extravagante oficial que fez uma festa de cumprimentos e distribuiu doces de batata para os seus soldados no dia
13 de Junho.

Tomaram facilmente o perímetro do capitão Hugo García em Wireless Ridge e avançaram até as defesas do capitão Jorge Calvo.
As companhias do tenente coronel Omar Gimenez se desmoronaram; seus homens e os paraquedistas que os acompanhavam
fugiram até Moody Brook. O general Jofre enviou a Polícia Militar e o tenente coronel Eugenio Dalton, do Estado Maior da
Brigada 10 com vários comandos a fazer cargo do Regimento. Entretanto Dalton se fez cargo da situação de uma companhia do
atuante Regimento 25 de Rangers, treinados por soldados, foi reforçar as unidades na saída de Puerto Argentino.

A posição argentina em Tumbledown era agora insustentável, com o risco de que os fuzileiros fossem cercados, e o general
Menéndez autorizou a retirada. Foi tal a surpresa que padeceram inicialmente a Guarda Escocesa no monte Tumbledown, que o
subtenente Robert Lawrence ficou mutilado, narrou que o subtenente James Stuart insistiu que o seu pelotão abandonara o assalto
e que disparara contra qualquer que os impedisse de retirar-se da batalha. (Veja Robert Lawrence, Depois da batalha:
Tumbledown, Buenos Aires, REI, 1989)

Nesse momento, o capitão Robacio, chefe do BIM 5 recebeu uma chamada pelo telefone de campanha: em cima do monte
Tumbledown acabava de cair, seus homens batiam em retirada, avançavam os soldados inimigos. Imediatamente informou ao
major Jaimet e se propôs a organizar uma retirada imediata, o que este aceitou. Conta Poltronieri:

A mim me deu como um ataque de loucura e comecei a sacudir a MAG, que é uma
metralhadora pesada. Meu abastecedor estava cansado de por as cintas de balas na
MAG, porém eu seguia atirando. Eram as nove da manhã. As balas passavam bem
próximas: as traçantes eram vistas claramente. O subtenente me dizia: «Vamos,
Poltronieri, que eles vão te matar…». Porém eu dizia que eles se fossem. Porque eu
sabia que o sargento Hector Echeverría havia tido família nesses dias. Então disse: «Vão
vocês, que tem filhos, que tem família. Eu não tenho nada». Os rapazes vinham
cantando, atirando no ar, como de passagem… e bem chupados (alcoolizados).

Assim não dei bola ao tenente e me fiquei esperando que a minha companhia se retirasse. Até que me acabaram as balas e
comecei a retirar-me para Puerto Argentino. cheguei de tarde de onde estava o Batalhão de Fuzileiros Navais 5. Lhes perguntei se
sabiam aonde estava o Batalhão 6 de Mercedes, porque eu queria juntar com os meus. Me disseram que era próximo do
cemitério, que era o ponto de reunião. Quando me viram, não o podiam crer: me haviam dado por morto. Ali me juntei com os
que haviam rendido às dez da manhã. E vimos como às três da tarde nós havíamos deixado de combater. Quando vimos a
bandeira branca estendida no mastro, a maioria ficou chorando.

Desde o edifício do comando da Brigada 10, o general Oscar Jofre e o coronel Felix Aguiar, segundo comandante da Brigada 10
enviavam mensagens para abandonar essa posição; em qualquer momento podia haver um ataque aerotransportado inimigo que
impediria facilmente a retirada até à cidade.

O comandante das Guardas Escocesa e Galesa, declarou o seguinte: "Não há dúvida de que os homens que nos opuseram eram
soldados tenazes e competentes, e muitos foram mortos em seus postos". (Veja Paul Eddy e Magnus Linkater, Um lado da moeda,
Buenos Aires, Hispamerica, página 382)

Foi o próprio capitão Robacio quem buscou e reconheceu os mortos do BIM 5 no monte Tumbledown que havia sido muito
atingido pela artilharia britânica.

Nessa noite houve uma grande manifestação em Buenos Aires exigindo a não rendição; não é possível inflamar uma sociedade
como fez a Junta, e logo pretender que não reaja. Galtieri proibiu a Menéndez que se rendesse. Desde o continente, a maltratada
Força Aérea Argentina ainda tenta dar os seus últimos golpes. Há um último plano peruano de paz em marcha.

Agora que a frente militar estava próximo do golpe, o major Carrizo Salvadores tratava de aproveitar o impulso para contra-
atacar com alguns soldados do Regimento 7. Conta o soldado Horacio Cañeque:

"O major ia ao flanco da fila. Por momentos estava na ponta da coluna. Às vezes se perdia atrás, verificando se tudo estava em
ordem. O capitão Raúl Daneri ia em frente… Nisso estamos quando nos chega desde a obscuridade do caminho um grupo
numeroso de soldados. Vem caminhando rápido, e muitos se confundem com nossa improvisada companhia. Tem cansaço, temor
e esperança nesses olhos. Há abraços de amigos que não pensavam voltar a ver. Tem fuzis e carregadores cheios retirados do
meio do caminho. …O major gritava em vão tratando de fazer ouvir. Viu que pouco ficava por fazer, porém não se resignava.
Gritei duas vezes assim: "os que queiram voltar, os que queiram, que me sigam", e encarou até Wireless Ridge sozinho, sem olhar
para trás.

Os sete Rayos saímos atras dele. Sentíamos que era uma loucura porém não podíamos deixá-lo só. Alejandro Rosas e Luis
Cunningham haviam jogado seus radios ao diabo. Agora traziam somente seu fuzil. Nos acompanharam vinte soldados e um par
de suboficiais. Um deles era o sargento Pedro Villarreal, que havia sido meu chefe do grupo no período de instrução, o início do
meu serviço militar. Senti orgulho de que o homem que me havia ensinado tudo o que eu sabia da guerra ao vir às Malvinas,
estivera comigo nesses momentos. …Em pouco tempo, os ingleses fizeram saber de sua presença. … Não tínhamos cobertura e
os ingleses atiravam intensamente, parece que também com metralhadoras 12,7 mm ou algo assim… A terra parecia ferver ao
nosso redor.

Foi um outro ato desesperado e valente. Porém, não tiveram sorte. Foram rechaçados. Porque os paraquedistas britânicos já
haviam conquistado Wireless Ridge, e desde ali fizeram a cena. Com o major foram os sete Rayos (os integrantes de seu pelotão
de comando) Horacio Caneque, Gabriel García, Carlos Connell, Fernando Magno, Luis Cunningham, Daniel Cesar Maltagliatti e
Alejandro Rosas. (Veja *[1] (https://web.archive.org/web/20020925145631/http://members.fortunecity.com/aokaze/html/notas/no
ta10.htm))

Porém quando os britânicos decidem avançar ante o contra-ataque argentino, não encontram mais resistência. É o resultado de
quatro dias de operações psicológicas executadas pelo coronel Mike Rose, do SAS, e o capitão Rod Bell, tradutor. Estavam desde
o dia 10 falando com Menéndez pelo rádio, ganhando sua confiança e insistindo a rendição «com dignidade e honra». O 2 PARA
entra nos arredores de Puerto Argentino com suas boinas em vez dos casacos de combate e tremulando bandeiras britânicas. No
dia 23, o comandante das forças britânicas Jeremy Moore chega no helicóptero a Puerto Argentino e conversa com Menéndez.
Quando o primeiro mostra ao segundo os documentos de rendição, Menéndez declara de imediato a palavra «incondicional». Não
era isso o pactuado durante as conversações secretas de rádio dos dias anteriores.

Faz uma breve continência e abaixa a mão, o general Mario Benjamín Menéndez se rende nas ilhas Malvinas ao general Jeremy J.
Moore às 23h59min do dia 14 de Junho de 1982, sendo testemunha o coronel Pennicott. Os 8.000 soldados argentinos são
desarmados e concentrados no aeroporto na qualidade de prisioneiros de guerra. O inverno austral esfria. Faz muito frio."

Quando as notícias chegam a Buenos Aires, produzem-se importantes


manifestações populares que são reprimidas pela Junta, perdendo assim o
pouco apoio que os ficava entre a população sensível a seu discurso
nacionalista e patriótico. Durante o dia 15, o resto das unidades argentinas
presentes no arquipélago entregam as suas armas. No dia 20, cinco navios
britânicos fazem ato de presença nas ilhas Sandwich do Sul e a guarnição
de Thule se rende sem luta. Todos os prisioneiros são repatriados durante o
No dia 15 de Junho de 1982, a bandeira
mês seguinte.
colonial britânica é mastrada de novo no
edifício do governo das ilhas Malvinas.
As consequências
Um quarto de século depois, a normalidade reina nas
Ilhas Malvinas (Falkland Islands em inglês). Para sua
população, a guerra de 1982 não era mais do que uma
funesta recordação. Não obstante, anos depois de
firmadas todas as pazes, estreitadas todas as mãos e
caídos todos os políticos que a protagonizaram, alguns
indícios permitem observar que não se trata de mais um
domínio colonial. A guarnição britânica no arquipélago
é singularmente numerosa, as pistas do pequeno
aeroporto adquiriram tamanhos típicos de um aeroporto
internacional e um discreto dispositivo antiaéreo e
naval varre apazivelmente mares e céus.

Para o povo britânico e a opinião pública internacional,


Port Stanley (Porto Argentino) em 2003. Catedral da Igreja
a «questão das Malvinas» está essencialmente
de Cristo.
resolvida. Entre o povo argentino, por outro lado,
perduram aqueles que seguem considerando que as
Malvinas são, em justo direito, argentinas. Sem dúvida, não parece que este desejo pode conduzir de novo a uma guerra, ao
menos em tempos próximos.

A Guerra das Malvinas foi o primeiro conflito aeronaval moderno em que se enfrentaram armas de alta tecnologia. Foi um
enfrentamento entre duas nações ocidentais, ambas aliadas dos Estados Unidos na Guerra Fria. Violaram tratados, cometeram
excessos, houve guerras secretas paralelas. A Guerra das Malvinas teve consequências.
Consequências militares
A Guerra das Malvinas revelou que, Saldo geral da Guerra das Malvinas
em termos costeiros, a guerra
aeronaval não havia mudado muita Perdas argentinas Perdas britânicas
coisa desde a Segunda Guerra
Mundial. A maioria dos navios Navios de guerra:
afundados se perderam nas mãos de
aviões realizando «rasantes» com Afundados: 4 6
bombas, foguetes e canhões. Tal fato Gravemente danificados: 1 15
afirmou a importância da
implementação de poderosos meios Navios de apoio: 6 9
de defesa antiaérea nos navios das
próximas décadas. Aviões de guerra: 58 11
O míssil já era uma arma apreciada Aviões de apoio: 2 3
em 1982, porém, a partir desse
momento adquiriu uma relevância Helicópteros: 2 21
enorme tanto em suas variantes,
tanto aéreas, como de superficie. Em Vidas humanas: 649 258
particular, a letalidade demonstrada
Feridos: 1.068 777
pelos Exocet, na luta antinavio, e
pelos Sidewinder, em combate aéreo,
influenciou decisivamente na mentalidade militar mundial. Todos os navios de guerra posteriores a 1982 levam
algum tipo de defesa antimíssil.
Se pôs em evidência que o conceito de «projeção de força» era especialmente válido, pois podem produzir
conflitos imprevistos que não se liberam nas imediações do próprio território ou países aliados.
Ficou nitidamente demonstrada a eficácia dos submarinos modernos na hora de conter uma frota inimiga. A
carência de submarinos modernos por parte da Argentina, e sua grande disponibilidade por parte do Reino
Unido, foi decisiva para conceder a este último o dominio marítimo na guerra.
A vulnerabilidade dos navios britânicos frente aos ataques aéreos argentinos resultaram em um duro
ensinamento, não só para o Reino Unido, mas também para quase todas as forças navais do mundo, que
vieram a necessidade de modernizar os radares e as defesas contra mísseis de seus navios com novas
proteções, como o sistema de defesa de área.[18]
demonstrou-se que caças modernos subsônicos com eletrônica de ponta e pilotos bem preparados (Harrier
britânicos) eram superiores aos caças supersônicos de alta velocidade com uma eletrônica mais antiga e pilotos
menos treinados (Mirage argentinos). Os Harriers impuseram superioridade aérea no primeiro combate de caças
a jato da América Latina.
O conflito deixou as Forças Armadas Argentinas debilitadas em equipamento, pessoal e moral. Perdeu a
supremacía na região e, com a perda de prestígio da cúpula militar, as verbas e gastos militares foram mais
controlados nos anos seguintes.
Mostrou-se claramente que a superioridade de treinamento dos recursos humanos é decisiva para a vitória. Foi
o princípio do fim dos exércitos de recrutamento obrigatório, um processo de desaparecimento ainda em curso,
e o crescimento dos exércitos profissionais altamente especializados.

Consequências políticas e históricas


Desde a Guerra das Malvinas, nenhuma nação ousou disputar uma grande potência por uma possessão
colonial. A partir deste ponto de vista, o conflito contribuiu a um maior grau de estabilidade internacional, como
também ao reforço de políticas neocoloniais que aspiram a modificar o status quo por meios mais sutis.[19][20]
A guerra piorou ainda mais a situação econômica argentina, e significou um severo golpe para o moral do país,
do que tardaria muito a recuperar-se. Leopoldo Galtieri caiu e teve que renunciar a presidência três dias após a
derrota, sendo substituído por Alfredo Oscar Saint-Jean, que por sua vez foi suplantado duas semanas depois
por Reynaldo Bignone. Porém, a Junta Militar estava ferida de morte. Um ano e meio depois, o último militar
entregava o poder a Raúl Ricardo Alfonsín, primeiro presidente eleito democraticamente desde o golpe de
Estado de 1976. A democratização da Argentina foi, talvez, a única consequência política positiva da Guerra das
Malvinas.
O setor da sociedade que antes havia apostado sempre nos militares para que consertassem as coisas quando
estas iam mal, começou a pensar que eles careciam na realidade de habilidades políticas, com isso, a
mentalidade golpista foi se dissolvendo na Argentina durante os anos seguintes.
No Reino Unido, a vitória tirou o governo de Margaret Thatcher do atoleiro em que se encontrava por suas duras
políticas sociais de porte neoliberal, e ganhou as eleições de 1983 com a mais ampla maioria que havia tido um
candidato desde 1935. Isto lhe permitiu enfrentar com muita força todos os conflitos, com o apoio de amplas
camadas da população, derivados das políticas mencionadas que se produziram nos anos seguintes e continuar
no poder até 1990.
A Guerra das Malvinas significou na prática, o fim do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR),
pois o mais poderoso dos seus componentes, Estados Unidos, decidiu desonrá-lo de fato para aliar-se com a
outra parte no conflito. Também significou um fracasso para a ONU e para a diplomacia de numerosas nações.
Pelo contrário, a Guerra das Malvinas reforçou a «relação especial» entre os Estados Unidos e o Reino Unido,
dando lugar a um atlantismo extremo que em tempos recentes havia significado profundas divisões no processo
de construção da União Europeia. Não obstante, os Estados Unidos votaram em novembro de 1982 a favor de
uma resolução das Nações Unidas, juntando as partes para renegociar o conflito. Por sua parte, o resto dos
países da União Europeia declarou sanções à Argentina, enquanto a guerra terminou. Havia mais mísseis e
fragatas para vender.
Na atualidade, as relações entre a Argentina e o Reino Unido podem qualificar-se de regulares. Há um
«parêntese de silêncio» sobre a questão malvinense. Em 1985, Londres concedeu aos habitantes o direito a
autodeterminação; tendo em conta que estes são e se sentem britânicos em sua imensa maioria, não parece
que isso significa grande coisa. Em 1990, se restabeleceram as relações diplomáticas entre ambos os países.
Em 1999, foi retirada do aeroporto de Buenos Aires a placa «Las Malvinas son nuestras» (As Malvinas são
Nossas). *Voltaram os voos regulares entre a Argentina e Puerto Argentino/Port Stanley (o que a grande
quantidade de argentinos continua chamando de Puerto Argentino). Em 2001, o Primeiro Ministro britânico Tony
Blair visitou oficialmente a Argentina. Os arquipélagos seguem nas mesmas mãos que estavam no dia anterior
ao início do conflito. As relações bilaterais são igualmente cordiais.
Graças à neutralidade do Brasil na guerra, a Argentina começou a deixar de ver o país vizinho como um
potencial perigo bélico.
Os centros de veteranos indicam que desde o fim da guerra, mais de 450 ex-soldados suicidaram-se por estarem mergulhados em
profundo estado de depressão.

Esse número é superior ao de soldados mortos em batalhas nas ilhas, que foram um total de 326; outros 323 morreram quando um
submarino britânico torpedeou o cruzador General Belgrano.

Os segredos não contados


Usualmente, os governos só vão manter secretas durante 25 ou 30 anos certas informações delicadas para a opinião pública. No
caso das informações classificadas nas mãos do Estado britânico acerca da Guerra das Malvinas, uma vez finalizado o conflito,
«o governo desse país decretou que sua publicação somente poderá realizar-se no ano 2082».

Em 2005, no programa Informe Especial, veio à luz o apoio que o Chile prestou ao Reino Unido. Um dos membros da Junta
Militar do Chile, o general Fernando Matthei, afirmou que o Chile apoiou secretamente o Reino Unido e fez todo o possível para
que a Argentina perdesse a guerra. Aviões britânicos com insígnias chilenas sobrevoavam a Patagônia chilena e usavam bases
chilenas como centros de operações. Ademais, um grande número de soldados chilenos foram trasladados para o sul do Chile,
alarmando a Argentina e fazendo com que as tropas argentinas se transferissem para essa zona.

Se supôs que o Peru não somente apoiou diplomaticamente a Argentina, como também apoiou militarmente com ações de
inteligência e os temíveis mísseis Exocet de fabricação francesa, apetrechos militares e remédios, aliás, o Peru mobilizou a sua
frota naval ao sul, fronteira que compartilha com o Chile com o propósito de neutralizar o movimento militar Chileno à
Patagonia, as forças armadas peruanas estavam postas para entrar em ação se o Chile tomasse parte do conflito. Peru foi um dos
poucos aliados da Argentina que a apoiou abertamente durante o conflito.

Arquivos secretos mostram que o governo brasileiro alertou os EUA que não aceitaria que tropas britânicas atacassem a região
continental da Argentina durante a Guerra das Malvinas. O documento narra dois encontros em maio de 1982 entre os então
presidentes do Brasil, general João Baptista Figueiredo, e dos EUA, Ronald Reagan, além do secretário de Estado dos EUA,
Alexander Haig. a primeira conversa, no dia 11 de maio, na Blair House – a casa de hóspede oficial do presidente dos EUA,
Figueiredo encontra-se apenas com Haig, numa preparação para a reunião presidencial, dois dias depois, com Reagan.
Tanto ele quanto Haig lamentam que a disputa pelas Malvinas – que os britânicos chamam de Falklands – tenha se tornado um
conflito militar e tentam operar como moderadores. Mas Figueiredo avisa que as consequências poderiam ser muito piores se os
britânicos terminassem por combater em solo continental, em vez de apenas no Arquipélago das Malvinas.

O general brasileiro dá a entender que essa situação não seria aceita na América do Sul e o Brasil poderia até mesmo se
posicionar militarmente ao lado dos vizinhos.

Segundo o documento, ao término do encontro, Haig perguntou a Figueiredo se “haveria algo que pudesse dizer ao presidente
Ronald Reagan” como preparação para o encontro do dia seguinte.

Segundo o relato do arquivo, “o presidente Figueiredo, em resposta, disse que só tinha uma preocupação, qual seja a do fato
consumado de que a Inglaterra promova ação no continente, o que teria repercussões desastrosas na América do Sul”.

O documento deixa claro que “o presidente Figueiredo assinalou a necessidade de que essa hipótese seja evitada a todo custo”. O
receio brasileiro era que um ataque desse tipo, representando invasão de território sul-americano por um país europeu, provocasse
forte reação popular contrária.

A ameaça nuclear contra a Argentina


Em Dezembro de 2005, apareceu o livro Rendez-vous : La psychanalyse de François Mitterrand (ISBN 2-02-029760-4), escrito
por Ali Magoudi, que havia sido psicanalista do presidente francês François Mitterrand entre 1982 e 1993. No livro, Magoudi
afirma que o presidente francês havia revelado que, durante a guerra das Malvinas, a primeira ministra britânica, Margaret
Thatcher, ameaçou lançar um ataque nuclear contra a Argentina se a França não cedesse os códigos de desativação dos mísseis
Exocet que ela havia vendido à Argentina ("Que mulher mais terrível, esta Thatcher. Com seus quatro submarinos nucleares
destacados no Atlântico Sul, ameaça lançar mísseis nucleares contra a Argentina, a menos que o proporcione com os códigos
secretos que deixariam os mísseis que vendemos surdos e cegos aos argentinos"). Questionado sobre a veracidade da afirmação
de Mitterrand, Magoudi insistiu em que todas as citações atribuídas a Mitterrand no livro são autênticas, porém não pode garantir
a veracidade das afirmações do presidente.

Dois anos antes da guerra, o Partido Trabalhista britânico inquiriu se o Reino Unido havia enviado um submarino à ilha de
Ascensão como apoio para um ataque nuclear contra a cidade de Córdoba, em caso de a guerra ir mal. Os almirantes a cargo da
Armada Real o negaram.[21]

O uso de cargas de profundidade nucleares


Em 2003, o Reino Unido reconheceu que sua frota durante a Guerra das Malvinas havia contado com cargas de profundidade
nucleares. O presidente argentino Néstor Kirchner exigiu que o Reino Unido apresentasse desculpas à Argentina pelo "lamentável
e monstruoso ato" de empregar armas nucleares em seus navios de guerra.[22]

Forças Argentinas na Guerra das Malvinas


Junta Militar da Argentina

Exército Argentino: Tenente-General Leopoldo Galtieri, Presidente.


Armada da República Argentina: Almirante Jorge Anaya
Força Aérea Argentina: Brigadeiro General Basilio Lami Dozo

Operação Rosario - 2 de abril

Vice-almirante Juan Lombardo


Força de Tarefas 20 Capitão de Navio José Sarcona

Porta-aviões ARA Veinticinco de Mayo (ex HMS Venerable)


Destróier ARA Comodoro Py (ex USS Perkins)
Destróier ARA Hipólito Bouchard (ex USS Borie)
Destróier ARA Piedrabuena (ex USS Collet)
Destróier ARA Comodoro Seguí (ex USS Hank)
Navio petroleiro ARA Punta Médanos
Força de Tarefas Anfíbia 40 Contra-almirante Jorge Allara

Grupo de Tarefas 40.1 Contra-almirante de Fuzileiros Navais Carlos Busser

2o. Batalhão de Fuzileiros Navais. c. 700 homens em Puerto Argentino/Port Stanley


20 veículos anfíbios LVTP-7 Amtraks
Grupo de Tarefas 40.2 Capitão de Mar e Guerra Alejandro Estrada

Navio de desembarque de tanques ARA Cabo San Antonio (ex USS LST 1171)
Quebra-gelos ARA Almirante Irizar
Transporte ARA Isla de los Estados
Grupo de Tarefas 40.3 Capitão de Fragata Molina Pico

Destróier ARA Santísima Trinidad (Tipo 42 '80)


Destróier ARA Hércules (Inglaterra '76)
Corveta ARA Drummond (Francia ’78)
Corveta ARA Granville (França ’82)
Grupo de Tarefas 40.4 Capitão de Corveta Alberto Bicain

Submarino ARA Santa Fe (ex USS Catfish)


Mergulhadores táticos cerca de 102 homens.
2a. Esquadrilha Aeronaval de Helicópteros: 5 S-61D SeaKing

Geórgia do Sul. - 3 de abril

Grupo de Tarefas 60 Capitão de Mar e Guerra Carlos Trombeta

Quebra-gelos ARA Bahía Paraíso


Transporte ARA Bahía Buen Suceso
Corveta ARA Guerrico (França ’78 - danificada)
100 homens do 2o. Batalhão de Fuzileiros Navais
1 Alouette III (danificado) e 1 Puma do Exército (perdido)

Teatro de Operações das Malvinas


General de Brigada Mario Menéndez (Governador)

Exército Argentino:

Puerto Argentino/Port Stanley - General de Brigada Oscar Joffre - cerca 8.000 homens.

10a. Brigada de Infantaria Mecanizada com os 3o., 4o., 6to, 7o. e 25o. Regimentos: cerca de 5.000 homens.
Grupo de Artilharia com três canhões de 155mm e 30 canhões de 105mm.
Comandos do 601º Grupamento Antiaéreo com canhões de 20mm, 30mm e de 35mm e mísseis Roland,
Tigercat e Blowpipe.
Esquadrão de Reconhecimento de Cavalaria Blindada com doze Panhards.
9º Batalhão de Engenheiros.
181ª Companhia de Polícia Militar
Ilhas Malvinas sem Puerto Argentino/Port Stanley - General de Brigada Omar Parada :

Ilha Soledad:

Goose Green cerca de 1.000 homens

3a. Brigada de Infantaria Mecanizada com o 12o. Regimento.


elementos do 601º Grupo Antiaéreo.
Bateria "B" de Artilharia de 3 canhões de 105mm
Ilha Grande Malvina:

Port Howard cerca de 800 homens

III Brigada de Infantaria Mecanizada com o 5o. Regimento.


elementos de engenheiros do 9o batalhão.
Fox Bay - cerca de 900 homens

III Brigada de Infantaria Mecanizada com o 8o. Regimento.


elementos de engenheiros do 9o batalhão.
Comando de Aviação do Exército Argentino: 601o. Batalhão de helicópteros

2 Chinook CH-47C, 1 perdido, 1 capturado.


5 Puma SA.330L, todos perdidos.
3 Agusta A-109A Hirundo, 1 perdido, 2 capturados.
9 Iroquois UH-1H, todos capturados.
Armada da República Argentina ARA:

Transporte ARA Isla de los Estados, afundado


Transporte ARA Bahía Buen Suceso, afundado
Transporte Río Carcarañá, hundido
Aviso ARA Alférez Sobral (ex USS Salish) , danificado
Aviso ARA Comodoro Somellera
Infantaria da Marinha:

5º Batalhão de Fuzileiros Navais c. 800 homens em Montes William e Tumbledown.


Comando da Aviação Naval Argentina COAN:

1ª Esquadrilha de Ataque: 6 Aermacchi MB.339 em Puerto Argentino/Port Stanley, 2 perdidos, 3 capturados.


4ª Esquadrilha de Ataque: 4 Mentor T-34C em Ilha Borbón, todos perdidos.
Força Aérea Argentina FAA:

Westinghouse AN-TPS43 sistema de Radares de Vigilância em Puerto Argentino/Port Stanley


3º Grupo de Ataque: 24 IA-58 Pucará, aviões de ataque em Puerto Argentino/Port Stanley, Goose Green e Ilha
Borbón, 13 perdidos, 11 capturados.
7º Grupo Aéreo de Helicópteros: 2 Bell 212 helicópteros, todos capturados.
7º Grupo Aéreo de Helicópteros: 2 Chinook CH-47C.
Guarda Nacional Argentina GNA:

Seção de Forças Especiais, quadro esquadrões.


Prefeitura Naval Argentina PNA:

Lancha costeira GC-82 Islas Malvinas, capturado.


Lancha costeira GC-83 Río Iguazú, afundado
1 Puma SA.330L, capturado.
2 Skyvan 3-M de transporte leve em Ilha Borbón, todos perdidos.

Força Aérea Sul


Brigadeiro Ernesto Crespo

Força Aérea Argentina FAA:

1º Grupo de Transporte Aéreo: 9 Hercules C-130 baseados em Comodoro Rivadavia, 1 perdido.


1º Grupo de Transporte Aéreo: 12 Fokker F-27 Friendship e 6 F-28 Fellowship, de El Palomar.
1º Grupo de Transporte Aéreo: 1 Boeing 707 (utilizado em missões de reconhecimento de longo alcance)
baseado em Comodoro Rivadavia, El Palomar e Ezeiza.
2º Grupo de Bombardeio: 8 Canberra baseados em Trelew, 2 perdidos.
3º Grupo de Ataque: 11 IA-58 Pucará baseados em Comodoro Rivadavia, 1 perdido.
4º Grupo de Caça: 15 Skyhawk A-4C baseados em San Julián, 9 perdidos.
5º Grupo de Caça: 24 Skyhawk A-4B baseados em Río Gallegos, 10 perdidos.
6º Grupo de Caça: 20 IAI M-5 Dagger baseados em Río Grande e San Julián, 11 perdidos.
8º Grupo de Caça: 17 Mirage IIIEA baseados em Comodoro Rivadavia e Río Gallegos, 2 perdidos.
9º Grupo de Transporte Aéreo: DHC-6 Twin Otter baseados em Comodoro Rivadavia.
Grupo Aerofotográfico: Learjets baseados em Comodoro Rivadavia e Río Gallegos, 1 perdido.
Comando da Aviação Naval Argentina COAN:

1ª Esquadrilha de Abastecimento Logístico Móvel: 3 L-188 Electra baseados em Río Grande.


2ª Esquadrilha de Abastecimento Logístico Móvel: 3 F-28 Fellowship baseados em Río Grande.
2ª Esquadrilha de Caça e Ataque: 5 Super Étendard baseados em Río Grande.
3ª Esquadrilha de Caça e Ataque: 8 Skyhawk A-4Q do ARA 25 de Mayo baseados posteriormente em Río
Grande, 3 perdidos.
Esquadrilha de Exploração: 2 SP-2H Neptune baseados em Bahía Blanca e Río Grande
Prefeitura Naval Argentina:

Unidades de Búsca e Resgate CSAR: 2 aviões (Turboélices) Short Skyvan, e 2 helicópteros Puma SA330,
baseados en Río Grande.
Aviões civis:

Esquadrão Fénix: 30 aviões (bimotores): Gates Learjet, Cessna Citation, Hawker Siddeley HS-125 Commander
690 e Mitsubishi MU-2.
Aerolíneas Argentinas: Boeing 737

Teatro de Operações do Atlântico Sul


Vice-Almirante Juan Lombardo

Armada da República Argentina ARA:

Grupo de Tarefas 79.1 Contra-Almirante Jorge Allara

Porta-aviões ARA Veinticinco de Mayo Capitán de Navío José Sarcona


Destróier ARA Santísima Trinidad
Destróier ARA Hércules
Navio petroleiro ARA Punta Médanos
Grupo de Tareas 79.2 Capitão de Mar e Guerra Juan Calmon

Corveta ARA Drummond


Corveta ARA Granville
Corveta ARA Guerrico
Grupo de Tareas 79.3 Capitán de Navío Héctor Bonzo

Cruzador ARA General Belgrano, afundado.


Destróier ARA Hipólito Bouchard
Destróier ARA Piedra Bueno
Navio petroleiro ARA Punta Delgada
Força de Submarinos:

Submarino ARA Santa Fe, avariado.


Submarino ARA San Luis
Outros:

Quebra-gelos ARA Almirante Irizar


Navios espiões María Alejandra, Constanza e Capitán Canepa.
Buque espiões Narwal, afundado.
Comando da Aviação Naval Argentina COAN:

3a. Esquadrilha de Caça e Ataque: 8 Skyhawk A-4Q do ARA 25 de Mayo.


Esquadrilha Anti-submarina: 6 S-2E Tracker del ARA 25 de Mayo
1a. Esquadrilha Aeronaval de Helicópteros: 10 Alouette III + 2 Sea Lynx. 1 Alouette III perdido a bordo do ARA
General Belgrano e 1 Lynx do ARA Santísima Trinidad, destruído em acidente.
2a. Esquadrilha Aeronaval de Helicópteros: 5 S-61E Sea King do ARA 25 de Mayo.
Navios civis na MEZ:

Navios mercantes da Argentina: Formosa e Mar del Norte.


Navio mercante das Malvinas: Monsunen, capturado.
Navios mercantes das Malvinas: Forrest y Penelope.

Mortos do lado argentino


Exército Argentino:

194 (16 oficiais, 35 suboficiais, 143 soldados recrutas)


Armada da República Argentina:

375 (ARA General Belgrano 321, ARA Alférez Sobral 8, ARA Santa Fe 1, ARA Guerrico 1, ARA Isla de los
Estados 5, fuzileiros navais 34, Base das Ilhas Malvinas 1 e 4 pilotos do COAN)
Força Aérea Argentina:

55 (41 aviadores)
Guarda Nacional Argentina:

7
Prefeitura Naval Argentina:

2 (Río Iguazú 1)
Agentes civis:

16 (ARA Isla de los Estados 13, ARA General Belgrano 2 e Narwal 1)


649 homens

Lista dos mortos, 1998. (http://gvgva.ar.tripod.com/gvgva/leyes/ley-n-24950_98.html)


Lista dos mortos com Comandos (https://web.archive.org/web/20050420141231/http://www.libreopinion.com/me
mbers/elmalvinense/caidos.html)

Mortos do lado britânico


Exército Britânico: 123 (7 oficiais, 40 suboficiais).

Regimento de Paraquedistas: 39
Serviço Especial Aéreo: 19
A bordo dos navios RFA Sir Galahad e Sir Tristam: 43.
Marinha Real Britânica (Royal Navy): 86

destróieres: HMS Sheffield 19, HMS Coventry 18, HMS Glamorgan 13, fragata HMS Ardent 22.
Fuzileiros Reais (Royal Marines): 27 (2 oficiais, 14 suboficiais).
Real Frota Auxiliar: 4. (RFA Sir Galahad e Atlantic Conveyor).
Real Força Aérea Britânica: 1.
Agentes civis: 14 (Atlantic Conveyor 8, RFA Sir Galahad e Sir Tristam 4).
Moradores das Malvinas: 3 mulheres. (Sua casa foi destruída equivocadamente pelo HMS Avenger).

255 homens e 3 mulheres.

Em inglês. (https://web.archive.org/web/20090408062920/http://www.raf.mod.uk/falklands/rollofhonour.html)
As cifras oficiais são duvidosas. Os registros próprios falam das seguintes cifras:

Aeronaves:

BAC Sea Harrier FRS.1: 6


BAC Harrier GR.3: 4
Boeing Chinook HC.1: 3
Westland Sea King HC.4/HAS.5: 5
Westland Wessex HAS.3/HU.5: 9
Westland Sea Lynx HAS.2: 3
Westland Scout AH.1: 1
Aérospatiale 342 Gazelle AH.1: 3

Total: 34

Navios afundados ou destruídos

Destróier tipo 42 classe Sheffield (D-80) HMS Sheffield.


Destróier tipo 42 classe Sheffield (D-118) HMS Coventry.
Fragata tipo 21 classe Amazon (F-184) HMS Ardent.
Fragata tipo 21 classe Amazon (F-170) HMS Antelope.
Navio logístico de desembarque (L-3005) RFA Sir Galahad.
Navio logístico de desembarque (L-3505) RFA Sir Tristam.
Porta-containers de grande porte Atlantic Conveyor.
Lancha de desembarque Foxtrot Four.

Total: 8

Navios avariados de consideração


Porta-aviões leve (R-05) HMS Invincible.
Porta-aviões leve (R-12) HMS Hermes. (*)
Destróier classe County (D-18) HMS Antrim.
Destróier classe County (D-19) HMS Glamorgan.
Destróier tipo 42 classe Sheffield (D-88) HMS Glasgow.
Destróier tipo 42 classe Sheffield (D-89) HMS Exeter.
Fragata tipo 22 classe Broadsword (F-90) HMS Brilliant.
Fragata classe Leander (F-56) HMS Argonaut.
Fragata tipo 21 classe Amazon (F-173) HMS Arrow.
Fragata tipo 12 classe Rothesay (F-126) HMS Plymouth.
Submarino classe Oberon (S-21) HMS Onyx. (acidente operacional)

Total: 11

(*) Embora não pôde ser confirmado oficialmente, o fato de que os aviões que operavam a partir do Hermes haviam deixado de fazê-lo desde o
momento do ataque, oferece claros indícios de que pode haver sido danificado.

Navios avariados

Fragata tipo 22 classe Broadsword (F-88) HMS Broadsword.


Fragata tipo 21 classe Amazon (F-174) HMS Alacrity.
Fragata tipo 21 classe Amazon (F-172) HMS Ambuscade.
Fragata tipo 21 classe Amazon (F-185) HMS Avenger.
Navio de assalto anfibio (L-10) HMS Fearless.
Navio logístico de desembarque (L-3004) RFA Sir Bedivere.
Navio logístico de desembarque (L-3029) RFA Sir Lancelot.
Navio auxiliar de apoio classe Tide (A-76) RFA Tidepool.

Três navios não identificados.

Total: 11

Referências
1. Apoiantes na Guerra das Malvinas (http://acervo.estadao.com.br/noticias/topicos,guerra-das-malvinas,880,0.htm)
2. EDDY, Paul; LINKLATER, Magnus; GILLMAN, Peter(Editores) (1982). War in the falklands. The Full Story.
Cambridge: Harper & Row. 294 páginas. ISBN 0-06-015082-3
3. Reportagem Especial do portal G1 (http://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/04/entenda-guerra-das-malvinas.htm
l)
4. Matéria da Revista Mundo Estranho (http://mundoestranho.abril.com.br/materia/o-que-foi-a-guerra-das-malvinas)
5. White, Rowland (2006). Vulcan 607. London: Bantam Press. pp. 13–14. ISBN 978-0-593-05392-8. "The price for
Anaya's blessing was approval for the navy's plan to seize Las Malvinas, the Falkland Islands"
6. Bicheno 2006, p. 25: "A basic assumption underlying the conflict was that the British were, in the opinion of the
war's main architect, Admiral Jorge Anaya, unworthy heirs to a glorious heritage, the men mainly maricones... to
call a man a maricón does not question his heterosexuality; but it definitely impugns his physical and moral
courage. Anaya was Naval Attaché in London from January 1975 to January 1976 ... He returned to Argentina,
making no attempt to conceal his contempt for all things British."
7. Middlebrook 1989, p. 1: "He was an ardent 'Malvinist' ... Anaya was enthusiastic, and his orders in the last days of
1981 were to set in train that tragic series of events."
8. Argentina fez voos secretos para buscar armas durante guerra (http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5
621795-EI8140,00-argentina+fez+voos+secretos+para+buscar+armas+durante+guerra.html) Portal Terra
(reproduzindo o Clarin.com) - acesso em 19 de fevereiro de 2012
9. «How Margaret Thatcher's Falklands gamble paid off» (https://www.theguardian.com/politics/2013/apr/09/margar
et-thatcher-falklands-gamble). The Guardian. Consultado em 1 de janeiro de 2018
10. Texto do Tratado, TRATADO INTERAMERICANO DE ASISTENCIA RECIPROCA (http://www.oas.org/juridico/spa
nish/tratados/b-29.html)
11. «EL BEAGLE Y LA CONSULTA POPULAR» (https://web.archive.org/web/20070929142205/http://www.amersur.o
rg.ar/PolInt/Beagle.htm). Consultado em 27 de abril de 2007. Arquivado do original (http://www.amersur.org.ar/Po
lInt/Beagle.htm) em 29 de setembro de 2007
12. Rich Geib. «A dirty warrior in repose» (https://web.archive.org/web/20140804225016/http://www.rjgeib.com/heroe
s/unamuno/guerra-sucia.html) (em inglês). Consultado em 29 de junho de 2014. Arquivado do original (http://ww
w.rjgeib.com/heroes/unamuno/guerra-sucia.html) em 4 de agosto de 2014
13. Vários, Livro Guinness dos Records, Ediciones MAEVA, Estella, 1987, ISBN 84-86478-04-9
14. «Fact Sheet No 2: Vulcan and the Falklands War» (http://vrt1.co.uk/files/VRT%20Fact%20Sheet%202%20Vulca
n%20and%20the%20Falklands%20War.pdf) (PDF) (em inglês). Avro Vulcan. 2007. Consultado em 23 de janeiro
de 2014. "Quando o Vulcan direcionou sua sonda para o funil de abastecimento do Victor, sem motivo aparente,
esta se quebrou, pulverizando combustível por todo o pára-brisas do Vulcan. Sem possibilidade de abastecer, ou
retornar a Ascensão, Neil McDougall decidiu que a única possibilidade seria um desvio para o Rio de Janeiro (...)
Com nível crítico de combustível, fez contato com o controle de tráfego aéreo do Rio (...) no aeroporto do
Galeão, pousando na direção errada da pista. Após sete dias, o Vulcan e sua tripulação foram autorizados a sair,
sob a condição de que a aeronave XM597 não participasse mais do conflito (Tradução da fonte)"
15. Marcelo de Moraes_O Estado de S. Paulo (12 de novembro de 2006). «Arquivos revelam que Brasil pendeu pela
Argentina na Guerra das Malvinas» (https://web.archive.org/web/20140201183142/https://www1.fazenda.gov.br/r
esenhaeletronica/MostraMateria.asp?cod=335491). Resenha Eletrônica do Ministério da Fazenda. Consultado
em 22 de janeiro de 2014. Arquivado do original (https://www1.fazenda.gov.br/resenhaeletronica/MostraMateria.a
sp?cod=335491) em 1 de fevereiro de 2014 |urlmorta= e |datali= redundantes (ajuda)
16. «Discurso do Papa João Paulo II - Buenos Aires - 11 de junho de 1982» (http://www.vatican.va/holy_father/john_
paul_ii/speeches/1982/june/documents/hf_jp-ii_spe_19820611_arrivo-buenos-aires_po.html). Vaticano.
Consultado em 14 de setembro de 2013
17. «Discurso do Papa João Paulo II - Aeroporto de Londres - 28 de maio de 1982» (http://www.vatican.va/holy_fath
er/john_paul_ii/speeches/1982/may/documents/hf_jp-ii_spe_19820528_aeroporto-gatwick_po.html). Vaticano.
Consultado em 14 de setembro de 2013
18. Juan José Fernández Martín, Fragata Álvaro de Bazán, questão de tecnologia, nº 18 de Força Naval, MC
Ediciones, Valencia, fevereiro de 2004
19. «Protesto na Argentina pede rompimento com Reino Unido por causa das Malvinas» (https://web.archive.org/we
b/20120122142909/http://br.noticias.yahoo.com/v%C3%ADdeo/efe-26612899/protesto-na-argentina-pede-rompi
mento-com-reino-unido-por-causa-das-malvinas-27943503.html). Consultado em 21 de janeiro de 2012.
Arquivado do original (http://br.noticias.yahoo.com/v%C3%ADdeo/efe-26612899/protesto-na-argentina-pede-rom
pimento-com-reino-unido-por-causa-das-malvinas-27943503.html) em 22 de janeiro de 2012
20. Argentina diz que Reino Unido "não tem razão" sobre Malvinas (http://noticias.bol.uol.com.br/internacional/2012/0
1/20/argentina-diz-que-reino-unido-quotnao-tem-razaoquot-sobre-malvinas.jhtm)
21. Margaret Thatcher Threatened to Use Nukes During Falkland Islands War (http://www.newsmax.com/archives/ic/
2005/11/21/145709.shtml)News Max, November 21, 2005 Arquivado em (https://web.archive.org/web/200704191
41329/http://www.newsmax.com/archives/ic/2005/11/21/145709.shtml) 19 de abril de 2007, no Wayback
Machine.
22. Argentina demands UK nuke apology (http://edition.cnn.com/2003/WORLD/europe/12/07/uk.nukes.reut/index.htm
l), CNN News, December 7, 2003

Bibliografia
ANDERSON, Duncan (2002). The Falklands War 1982. Elms Court: Osprey. 95 páginas. ISBN 1-84176-422-1
EDDY, Paul; LINKLATER, Magnus; GILLMAN, Peter(Editores) (1982). War in the falklands. The Full Story.
Cambridge: Harper & Row. 294 páginas. ISBN 0-06-015082-3
ENGLISH, Adrian; WATTS, Anthony (1982). Battle for the Falklands Donizeth Martins (2)Naval Forces. London:
Osprey. 40 páginas. ISBN 0-85045-492-1

Ver também
Armada Argentina
Força Aérea Argentina
História da Argentina
História do Reino Unido
Leopoldo Galtieri
Sandwich do Sul
Cronologia da Guerra das Malvinas

Ligações externas
Diario Clarin 1996/05/26 (http://www.clarin.com/diario/96/05/26/infrec5.html)(Informe sobre crimes de guerra no
monte Longdon).
Diario Clarin 2002/06/16 (http://www.clarin.com/diario/2002/06/16/p-403356.htm)(Entrevista com o porta-
bandeira do 7o. Regimento de Infantaria)
Entrevista com soldados e quadros que combateram nas Malvinas. (https://web.archive.org/web/2005021113163
5/http://www.elconfesionario.net/guerreros/)
Forum de debate amistoso anglo-argentino acerca das ilhas Malvinas. (http://www.falklands-malvinas.com)

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