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MINISTÉRIO PÚBLICO DO CEARÁ

PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA


XXª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE FAMÍLIA

Processo nº XXXXXXXXXXXX

AÇÃO DE INTERDIÇÃO
Requerente: xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Interditando: xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Manifestação do Ministério Público

C/Vista
Meritíssima Juíza,

Em exame ação de interdição aforada por ***********


colimando exercer a curatela de seu genitor ************* que se
acha acometido de doença de Alzheimer de início tardio,
enfermidade catalogada no CID - 10, sob o alfanumérico G 30.1,
que o torna pessoa com deficiência que gera impedimento de
natureza mental, de longo prazo, na forma prevista no art.2º, caput,
da Lei Federal nº 13.146, de 06 de julho de 2015.
Legitimidade comprovada pelos documentos
acostados às fls.****
Prognóstico da enfermidade às fls.****
Acentua a Autora que o seu pai, após o
acometimento da enfermidade, deixou de apresentar discernimento
para praticar os atos da vida civil, notadamente os de ordem
patrimonial.
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Para candidatar-se à curatela de seu genitor, a
Requerente conta com a anuência da consorte do reportado
interditando.
Alvitrou a concessão de curatela provisória.
O Interditando foi entrevistado em Juízo (fl.****),
ocasião em que a Requerente foi nomeada curadora provisória.
Ultrapassado o quinquídio legal, sem impugnação do
pedido, o Interditando foi submetido à perícia médica, nos termos do
art.1.183, do CPC.
Laudo pericial acostado às fls.*******.
Autos com vista ao Ministério Público.

Eis o perfil da demanda.

Segue manifestação:

A interdição, pelas consequências que acarreta às


garantias fundamentais previstas pela Constituição Federal, deve ter
por escopo a proteção da dignidade do interditando, e por tal motivo
necessita ser graduada e adequada individualmente.
Assim, cada interdição deve ser individualmente
analisada para limitar o mínimo possível o exercício dos interesses
existenciais do interditando, garantindo-lhe uma maior integração
social incidindo a restrição tão somente sobre determinados atos e
situações pontuais.
Nesse sentido, a Lei 13.146, de 06 de julho de 2015
que instituiu o Estatuto da Pessoa com Deficiência e que entrou em
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vigor, em 06 de janeiro do corrente ano, em atenção à Convenção
sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência da Organização das
Nações Unidas a que o Brasil aderiu por força do Decreto Legislativo
nº 186, de 09 de julho de 2008, impôs a todos os Poderes e
instituições do País, a obediência a um rigoroso sistema de
salvaguardas, de modo a preservar, ao máximo, a autodeterminação
e autonomia das pessoas com deficiência, preservando-lhe direitos
básicos inerentes ao exercício da cidadania, tais como: contrair
matrimônio, votar, direito à sexualidade, dentre outros.
Nesse passo, dispõe o art.6º, da mencionada lei:
o
“Art. 6 A deficiência não afeta a plena
capacidade civil da pessoa, inclusive para:

I - casar-se e constituir união estável;


II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;
III - exercer o direito de decidir sobre o número
de filhos e de ter acesso a informações
adequadas sobre reprodução e planejamento
familiar;
IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a
esterilização compulsória;
V - exercer o direito à família e à convivência
familiar e comunitária; e
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à
curatela e à adoção, como adotante ou
adotando, em igualdade de oportunidades com
as demais pessoas.”
Reforçando, tal entendimento, vê-se do art.84 e 85,
da mencionada lei que a interdição e a consequente curatela afetará
somente os atos relacionados aos direitos patrimoniais e negociais,
não alcançando o direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao
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matrimônio, à privacidade, à educação, à saúde e ao trabalho, sendo
medida excepcional.
Malgrado prevejam os mencionados preceptivos
legais um sistema de salvaguardas, deve-se ponderar se a
enfermidade tem a robustez de retirar do curatelado, as capacidades
eleitorais ativa (votar) e passiva (ser votado), tendo em vista que a
Constituição Federal em seu artigo 15, prevê que os incapazes civis
absolutos perdem tal condição.
Considerando que a Lei Ordinária não derroga
preceitos constitucionais, há de ser mantida a vedação para que
enfermos mentais sem o mínimo discernimento, possam votar e ser
votado, sob pena de obrar em rematada inconstitucionalidade.
Ainda que prevaleça o incipiente entendimento de
que sob a égide da nova lei, desapareceu a figura da interdição total,
não há impedimento para que o Magistrado declare a incapacidade
eleitoral do interditando.
Não é sem razão que o art.84, § 3º c/c o art.1.773, do
Código Civil preveem a necessária modulação dos limites de atuação
do curador, ou seja, determina que o Magistrado ao declarar a
interdição do incapaz, deverá, fundamentadamente, indicar os
aspectos da vida civil em que o curador agirá em nome do
curatelado, de modo que o silêncio judicial importará na capacidade
para os demais atos.
E não poderia ser diferente, eis que ao vedar ao
Magistrado o exame de aspectos da capacidade além daqueles de
natureza patrimonial e/ou negocial, estar-se-ia equiparando a
interdição por deficiência mental à interdição por prodigalidade.
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Por isso é que se deve sindicar, desde a entrevista,
passando por estudos multiprofissionais, as habilidades, capacidades
e preferências do interditando, a fim de delimitar a atuação do
curador.
Em exame detido dos autos, divisa-se que o
interditando é pessoa com deficiência de natureza mental, de longo
prazo, que reclama, pela sua excepcionalidade, a nomeação de
curador para coadjuvá-la no exercício de alguns atos da vida civil.
A enfermidade que embota a sua compreensão sobre
a realidade, doença de Alzheimer de início tardio (CID – 10: G
30.1), segundo a perícia médica, o torna incapaz para o exercício
dos direitos e deveres eleitorais.
Somente se entremostra possível às pessoas com
deficiência mental exercer o direito ao voto, quando o seu
comprometimento intelectual não as impeça de manifestar
livremente a sua vontade.
Pelo conteúdo da entrevista com o interditando cujo
termo repousa às fls.******, permaneceu em completo mutismo,
alheio à realidade que o circunda.
O art.1.772, do Código Civil com a nova redação dada
pela Lei 11.146/2015 dispõe:
“Art.1.772 – O juiz determinará, segundo as
potencialidades da pessoa, os limites da
curatela, circunscrito às restrições constantes
do art.1.782, e indicará curador.
Parágrafo único – Para a escolha do curador, o
juiz levará em conta a vontade e as
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preferências do interditando, a ausência de
conflito de interesses e de influência indevida,
a proporcionalidade e a adequação às
circunstâncias da pessoa.”

O art.1.782, do reportado codex, no que toca aos


limites da curatela estatui:

“Art. 1.782. A interdição do pródigo só o


privará de, sem curador, emprestar, transigir,
dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou
ser demandado, e praticar, em geral, os atos
que não sejam de mera administração.”

Efetivamente, diagnosticou o experto que o


interditando é pessoa com incapacidade de importância psiquiátrica
e necessita do auxílio de terceiros para o exercício dos atos da vida
civil.

Em face do diagnóstico médico e demais provas do


processo, manifesta-se o Ministério Público pela decretação da
INTERDIÇÃO PARCIAL do interditando, devendo constar na
sentença que a curatela limita-se aos atos patrimoniais e contratuais
e à incapacidade eleitoral, não interferindo nos demais atos da vida
civil, com a nomeação de XXXXXXXXX como curadora de
XXXXXXXXX.
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Após a prolação da sentença, impõe-se a intimação
da Autora para prestar compromisso, em livro próprio, constante do
acervo deste Juízo, determinando-se a inscrição do decisum no
Registro de Pessoas Naturais, sob conduto do art.92 c/c o art. 93,
Parágrafo único da Lei 6.015/73, mediante publicação de edital, por
três vezes no Diário da Justiça, intervaladas de 10(dez) dias.

É a manifestação.

Fortaleza, XXXX de XXXXX de 2016.

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Promotor(a) de Justiça

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