Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
.....................................................................
Sumário
1 Introdução 3
2 Conceitos Gerais 4
3 Hiperbolicidade 8
3.1 Conjunto Hiperbólico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
3.2 Teorema de Hartman-Grobman . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
5 Dinâmica Hiperbólica 19
5.1 Lema de Sombreamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
5.2 Conjunto Hiperbólico Maximal . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
5.2.1 Estrutura de Produto Local . . . . . . . . . . . . . . . 25
5.3 Lambda-Lema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
6 Kupka-Smale 31
6.1 Morse-Smale . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
7 Ω-Estabilidade 34
7.1 Decomposição espectral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
7.2 Filtração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
8 Difeomorfismo de Anosov 45
9 Endomorfismo Expansor 50
10 Teoria Ergódica 54
11 Medidas Invariantes 58
14 Desintegração de medidas 82
14.1 Decomposição ergódica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
15 Entropia 88
15.1 Entropia Métrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
15.2 Entropia Topológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
15.2.1 Princı́pio Variacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
16 Apêndice 98
16.1 Teoria da Medida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
16.2 Outros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
Dinâmica Hiperbólica e Teoria Ergódica - Régis Varão Filho 3
1 Introdução
Use estas notas com cuidado: Elas estão incompletas e contêm erros. A
seção do teorema da variedade estável e entropia estão bagunçadas, ignore-
as.
Estas notas ainda estão em fase inicial, por isso é possı́vel que certos
conceitos apareçam antes da sua definição; alguns resultados não tenham
a demonstração; assim como erros tipográficos. No entanto, ao longo do
tempo, espera-se que todos esses problemas sejam sanados.
Para ampliar o entendimento da teoria, ao longo do texto acrescentei
algumas observações. Em geral, estes comentários fornecem resultados mais
gerais cuja demonstração foge do enfoque destas notas.
A versão mais recente deste trabalho está disponı́vel em
www.impa.br/˜jregis
jregis@impa.br
Dinâmica Hiperbólica e Teoria Ergódica - Régis Varão Filho 4
2 Conceitos Gerais
Se nada for dito assumiremos X um espaço topológico, localmente compacto
e Hausdorff.
Proposição 2.1.
• Ω é fechado e f (Ω) ⊂ Ω.
f
X /X
h h
² g ²
Y /Y
vemos que esses dois sistemas possuem mesma dinâmica. Um ponto fixo no
zero que repele todo mundo, mas não seriam conjugadas.
Dinâmica Hiperbólica e Teoria Ergódica - Régis Varão Filho 6
1
Pugh,C; An improved closing lemma and a general density theorem, Amer.
J. Math, 89 (1967)
Dinâmica Hiperbólica e Teoria Ergódica - Régis Varão Filho 7
Exercı́cios
Exercı́cio 2.1. Os conjuntos ω,α-limite são fechados e invariantes.
• Y ⊂ X é minimal ⇔ ω(y) = Y ∀y ∈ Y ;
3 Hiperbolicidade
Conjuntos hiperbólicos possuem muitas propriedades importantes. Esta ri-
queza permite desenvolver uma vasta teoria para a dinâmica sobre estes
conjuntos.
1. Tx M = E s (x) ⊕ E u (x);
Demonstração. Se v s ∈ E s e v u ∈ E u definimos
n−1
X n−1
X
||v s ||2∗ = ||df j v s ||2 ; ||v u ||2∗ = ||df −j v u ||2 .
j=0 j=0
Note que as normas acima provêem de métricas, dado que temos uma
soma de métricas. Com isso podemos definir a norma ||.||∗ que provém de
uma métrica.
p
||v||∗ := ||v s ||2∗ + ||v u ||2∗ (1)
n−1
X n−1
X n
X
||df v||2∗ = j
||df (df v)|| = 2
||df j+1 2
v|| = ||df j (df v)||2 (2)
j=0 j=0 j=1
n−1
X
= ||df j (v)||2 + ||df n v||2 − ||v||2 ≤ ||v||2∗ + Cλn ||v||
j=0
Estamos supondo que C > 1, caso contrário não haveria nada a fazer.
n−1
X
||v||2∗ = ||df j v||2 ≤ ||v||2 + C 2 λ2 ||v||2 + . . . + C 2 λ2(n−1) ||v||2
j=0
Portanto
||df v||2∗ ≤ (1 − (1 − (Cλ)2 )/C 2 n)||v||2∗
Fazendo o mesmo para v u assim, obtemos que ||.||∗ definida como em (1)
é uma norma do “tipo que procuravamos”.
Apenas provamos que a decomposição do fibrado tangente em E s ⊕ E u
é apenas contı́nua, portanto para considerar uma métrica suave devemos
tomar uma métrica suficientemente próxima da que construimos acima.
Definição 3.2. Dizemos que uma transformação linear ou a matriz que ela
representa A : Rn → Rn de hiperbólica se todos os autovalores de A possuem
norma diferente de 1.
Lema 3.2. Existe ² > 0 tal que se φ1 , φ2 ∈ Cb0 (Rn , Rn ) possuem constante
de Lipschitz menor que ², então A + φ1 e A + φ2 são conjugadas.
(I + u) ◦ (A + φ1 ) = (A + φ2 ) ◦ (I + u)
φ1 − φ2 (I + u) = Au − u(A + φ1 )
L(u) = Au − u(A + φ1 )
Definimos L0 (u) = u − A−1 u(A + φ1 )
Considere α : Cb0 (Rn , Rn ) → Cb0 (Rn , Rn ) dada por α(u) = L−1 (φ1 −
φ2 (I −u)). Vejamos que α é uma contração. ||α(u1 )−α(u2 )|| = ||L−1 (φ2 (I +
u2 ) − φ2 (I + u1 ))|| ≤ ||L−1 || ||φ2 || ||u2 − u1 || ≤ 2²/(1 − a)||u2 − u1 ||. E como
² é pequeno, temos uma contração. Portanto existe um único ponto fixo u
α(u) = u
Dinâmica Hiperbólica e Teoria Ergódica - Régis Varão Filho 13
(A + φ1 )(I + v) = (I + v)(A + φ2 )
Demonstração. Considere uma função suave γ : R → R tal que γ(t) ∈ [0, 1];
para t ≤ 1/2 γ(t) = 1; para t ≥ 1 γ(t) = 0.
f = A + ψ onde ψ(0) = 0 e Dψ0 = 0. Seja r > 0, defina φ(x) =
γ(||x||/r)ψ(x). Para x, y ∈ B(0, r)
Exercı́cios
Exercı́cio 3.1. Prove o resultado de Hartman-Grobman em dimensão 1.
Dinâmica Hiperbólica e Teoria Ergódica - Régis Varão Filho 14
fm : Rk ⊕ Rn−k → Rk ⊕ Rn−k
+
Wm = {(x, φ+ k +
m (x)) | y ∈ R } = graph φm
−}
2) uma única famı́lia {Wm 1
m∈Z de variedades C k-dimensionais e
−
Wm = {(x, φ−
m (x)) | y ∈ R
n−k
} = graph φ−
m
−1
Analogamente, se ||fm+L ◦ . . . ◦ fm (z)|| < Cν −L ||z|| ∀L ∈ Ne para
algum C > 0, então z ∈ Wm+;
Gφm : Rk → Rk
x 7→ Am x + α(x, φ(x))
é uma contração.
e φ (x) − G
||G e φ (y)|| = ||A−1 ( α(x, φ(x)) − α(y, φ(y)) )||
m m m
≤ µ−1 δ(1 + γ)||x − y||
e
||Gφm (x) − Gφm (y)|| = ||Am x + α(x, φ(x)) − Am y + α(y, φ(y))|| ≥ ||Am x
− Am || − ||α(x, φ(x)) − α(y, φ(y))|| ≥ µ||x − y||
− δ(1 + γ)||x − y|| = (µ − δ − δγ)||x − y||.
Assim,
||φ(x) − ψ(x)||
d(φ, ψ) = sup
x∈Rk \{0} ||x||
Com esta métrica Cγ0 (Rk ) é um espaço métrico completo. Com esta
métrica provemos, com o lema abaixo, que (fm )∗ é uma contração
Lema 4.2.
λ + δ(1 + γ)
d((fm )∗ φ, (fm )∗ ψ) ≤ d(φ, ψ), ∀φ, ψ ∈ Cγ0 (Rk )
µ − δ(1 + γ)
e
λ + δ(1 + γ)
< 1.
µ − δ(1 + γ)
Demonstração. Denotemos φ0 = (fm )∗ φ e ψ 0 (fm )∗ ψ. Usaremos nas desi-
gualdades abaixo o fato que ψ 0 ∈ Cγ0 (Rk ).
γ 1
γ≤1⇒ ≤ .
1+γ 2
Então
γ(µ − λ) (µ − λ) λ + δ(1 + γ)
δ≤ 2
≤ ⇔ 2δ(1 + γ) ≤ µ − λ ⇔ < 1.
(1 + γ) 2(1 + γ) µ − δ(1 + γ)
f : Cγ0 −→ Cγ0
{φm }m∈Z 7→ {(fm )∗ φm }m∈Z .
Φ : Rk × Rn−k → Rk × Rn−k
(x, y) 7→ (x − φs (y), y − φu (x))
5 Dinâmica Hiperbólica
O Teorema da variedade estável, visto seção 4, terá sua tecnicalidade su-
perada por meio da riqueza de resultados que obteremos nesta seção. O
principal resultado desta seção, chamado de Lema de sombreamente, é um
mecanismo de se “criar“ pontos periódicos. As outras subseções seguem
como uma aplicação deste resultado com exceção do Lambda-Lema. Este
último resultado é apenas a formalização de um resultado muito intuitivo.
Ele afimra que um disco tranversal a variedade estável de um ponto fixo se
aproxima da variedade instável deste ponto.
1. Se j1 = −∞ e j2 = ∞, então y é único;
2. Se {xi }ji=j
2
1
for periódica então y é ponto periódico;
3. Se Λ for isolado, então y ∈ Λ.
Se Λ não for isolado, é possı́vel que y não pertença a Λ. Para isso basta
considerar um conjunto minimal não trivial. De fato construimos um tal
conjunto na ferradura no Exemplo 5.6.
Corolário 5.1. Existe uma vizinhança, Vf , de f na topologia C de modo
que as constantes do Lema de Sombreamento valem igualmente para toda
g ∈ Vf . Isto é, dado epsilon existem δ e η como no teorema satisfazendo a
condição de sombreamento para toda g ∈ Vf .
Demonstração. Segue da demonstração, olhando que basta tomar Vf para
que sejam satisfeitas as mesmas condições que a f .
Λ = {p} ∪ O(q)
d(xn+1 , f (xn )) ≤ d(xn+1 , f n+1 (y)) + d(f n+1 (y), f (xn )) ≤ δ + L0 d(f n (y), xn )
≤ δ + Lδ = δ(1 + L) < ²0 /2
Provando assim a afirmação. E portanto existe um y0 ∈ Λ (aqui usamos que
é isolado) que ² sombreia esta pseudo órbita.
Note que para n ≥ N0
Exemplo 5.6. Existe minimal não trivial (i.e. não é órbita de um ponto
periódico), na ferradura.
Pegue Rα uma rotação irracional em S 1 . Seja x0 ∈ S 1 , tome x1 = f (x0 )
e y0 = f (x1 ). Sejam I0 , I1 abertos conexos tais que S 1 \{x0 , x1 } = I0 ∪ I1 .
Defina θ(n) para n ≥ 0 por f n (y0 ) ∈ Iθ(n) . Por fim, defina η ∈ {0, 1}Z por
η(n) = θ(|n|).
Vejamos que ω(η) não contém pontos periódicos. Por absurdo, suponha
que exista sequência de naturais ni → ∞ tais que d(σ ni (η), p) → 0. Onde
σ é a função shift e p um ponto periódico. Seja k o perı́odo do ponto p. A
rotação irracional Rkα tem a propriedade: existe n0 tal que para todo ponto
x ∈ S 1 o conjunto {Rkα n (x)}n0
n=0 possui elementos em I0 e em I1 . (Para
provar esta afirmação basta ver que vale pontualmente, pois a rotação é
transitiva, então vale localmente e usa o fato que S 1 é compacto.)
Mas d(σ ni (η), p) → 0 implica que podemos achar iterados consecutivos
que caiam dentro de I0 (ou I1 ). Ou seja,
Rαl0 (y0 ), Rαl0 +k (y0 ), Rαl0 +2k (y0 ), . . . , Rαl0 +mk (y0 ) ∈ I0
por conseguinte,
f
Λf / Λf
h h
² g ²
Λg / Λg
Definimos a função
h : Λf → Λg
x 7→ h(x)
d(f n (h−1 (x)), f n (h−1 (y)) ≤ d(f n (h−1 (x)), g n (x)) + d(g n (x), g n (y))
e + δ/3
+ d(g n (y), f n (h−1 (y)) < δ/3 e + δ/3 e
= δe
e
usamos que d(g n (x), f n (h−1 (x)) e d(g n (y), f n (h−1 (y))) são menores que δ/3
n −1
pois como definimos acima {f (h (x))} ²-sombreia {g (x)}. Portanto n
• Então para todo β > 0, existe um α > 0 tal que toda α-pseudo-órbita
x = {xn } ⊂ Λ é β-sombreada por um ponto y ∈ Λ.
Dinâmica Hiperbólica e Teoria Ergódica - Régis Varão Filho 26
De fato precisamos ver que yk está bem definida. A prova é por indução,
vimos que para k = 1 é verdade. Aplicando a hipótese de indução yk ∈
W²s (xk ) ∩ Λ, então f (yk ) ∈ Wλ²
s (f (x )) e pela definição de α isto implica que
k
yk+1 está bem definida.
Note que yk ∈ W²u (f (yk−1 )), assim f −j (yk ) ∈ Wθuj (yk−j ), onde θj =
Pj i −n (y ) β-sombreia
i=1 λ ² < γ := ²/(1 − λ). Vejamos que o ponto y = f n
x. Como f −(n−j) j u
(yn ) = f (y) ∈ Wγ (yj ) temos
Portanto, y1 = y2 .
d(f (xn ), xn+1 ) ≤ d(f (xn ), f (f n (z))) + d(f n+1 (xn ), xn+1 ) ≤ δ/2 + δ/2 = δ
A Proposição 5.10 diz que existe um ponto y ∈ Λ que ² sombreia. Para todo
inteiro n
5.3 Lambda-Lema
A seguir o Lambda-Lema, também conhecido como Lema da Inclinação.
onde z1 = f (z).
Exercı́cios
Exercı́cio 5.1. Mostre que se Λ é hiperbólico, então a decomposição Tx M =
E s ⊕ E u é única.
• Ω(f|Ω ) 6= Ω(f );
• P erf|Λ 6= Ω(f|Λ ).
d) Construa a conjugação h : Λf → Λg .
6 Kupka-Smale
Gostarı́amos de entender, e se possı́vel, classificar todos os difeomorfismo.
Infelizmente o sonho de encontrar um aberto e denso de conjuntos estru-
turalmente estáveis não se tornou realidade, falaremos sobre isso na seção
7. Podemos entretanto encontrar uma quantidade muito grande de um tipo
especı́fico de difeomorfismos, conhecidos como Kupka-Smale. Em seguida
veremos os Morse-Smale, que foram uma primeira tentativa de encontrar o
tal conjunto aberto e denso de difeomorfismos estruturalmente estáveis.
Abertura: Vemos facilmente que KS(n) é aberto, dado que temos finitos
pontos periódicos de ordem menor ou igual a n, assim como finitos pontos de
interseção das variedades de tamanho n. Logo por uma pequena perturbação
todos os pontos periócos continuam hiperbólicos e as interseções transversais
persistem. A única observação é que fazemos a perturbação fina o suficiente
para não criarmos interseções.
Defina
6.1 Morse-Smale
Um resultado devido a Peixoto, mostrou que pelo menos no cı́rculo podemos
encontrar um aberto e denso de estruturalmente estáveis. Sendo estes os
difeomorfismos Morse-Smale.
Exercı́cios
Exercı́cio 6.1. Os difeomorfismos Morse-Smale do toro bidimensional não
são densos.
Dinâmica Hiperbólica e Teoria Ergódica - Régis Varão Filho 34
7 Ω-Estabilidade
O objetivo desta seção é apresentar os difeomorfismos conhecidos como Axi-
oma A. Antes da sua definição veremos alguns resultados que culminarão
com a apresentação dos mesmos. Veremos como estes difeomorfismo estão
intimamente ligados com a estabilidade do sistema.
P er(f ) = Λ1 ∪ . . . ∪ Λr
Por fim, resta observar que tomamos os Λi como sendo esses finitos H(p).
O que demonstra o teorema.
Demonstração. Pelo Teorema 7.1 basta provarmos que P er(f ) = L(f ). Sa-
bemos que P er(f ) ⊂ L(f ). Resta mostrar a outra inclusão.
Seja x ∈ L(f ), então x é acumulado, digamos, por xn ∈ ω(yn ). Como
queremos aproximar x por periódicos basta provar que se z ∈ ω(y), então
podemos aproximar z por um periódico que está ²-próximo de z. Tome
² = ²0 /2 no Lema de sombreamento e considere o δ e η dados pelo teorema.
Defina a vizinhança
7.2 Filtração
Seja f : M → M um homeomorfismo. Uma Filtração F de f , é uma
sequência encaixada de subvariedades compactas com bordo de codimensão
zero tais que
∅ = M0 ⊂ M1 ⊂ . . . ⊂ Mk = M ;
f (Mi ) ⊂ Int.Mi , 0 ≤ i ≤ k.
Denotamos F −1 a filtração de f −1 , dada por
∅ = M − Mk ⊂ M − Mk−1 ⊂ . . . ⊂ M − M0 = M ;
f −1 (M − Mi ) ⊂ Int.(M − Mi ), 0 ≤ i ≤ k.
Dada uma filtração, definimos os seguintes conjuntos compactos invari-
antes \
Ki (F) = f n (Mi − Mi−1 )
n∈Z
f (Ui ) ∩ Uj = ∅, i 6= j.
No caso em que não temos ciclos, podemos reindexar os ı́ndices e obter uma
ordem total. Ou seja
Λi >> Λj ⇒ i > j
chamamos esta ordenação de ordem da filtração.
Para construir uma tal ordenação pegamos todos os Λi ’s tais que não
exista nenhum Λi que seja menor (<<) que eles. Deve existir por não
haver ciclo. Esses serão os de menores ı́ndices. Agora desconsidere esses
Λi ’s e repita o processo. Estes novos devem ser maiores que os anteriores.
Repetindo o processo até obter a ordem da filtração.
Teorema 7.3. Seja f : M → M um homeomorfismo tal que L(f ) ⊂ Λ =
Λi ∪ . . . ∪ Λr , Λ0i s fechados e invariantes. Então
Λi = Ki (F), 1 ≤ i ≤ r, para alguma filtração F de f .
m
Λi não possuem ciclos e a ordem dos ı́ndices é a ordem da filtração.
Demonstração. (⇓) Seja F uma filtração para f . É fácil ver
Isto implica que não podemos ter r-ciclo para r > 1, já que não posso ter
Ki (F) >> . . . >> Kj (F) com i < j. Vejamos que não existe 1-ciclo. O fato
de W s e W u serem invariantes e que Ki (F) = ∩n∈Z f n (Mi − Mi−1 ) implica
x ∈ W u (Λj ) ⇒ α(x) ⊂ Λj
Então α(x) ⊂ W u (Λi ) ∩ Λj .
Lema 7.4.
S
a) W u (Λi ) ⊂ j≤i W u (Λj );
S
b) j≤i W u (Λj ) é fechado.
S s (Λ )
S u (Λ
Lema 7.5. j≤i W j é vizinhança aberta de j≤i W j)
ϕ:M →R
fr−1 e ϕ(x) ∈ [0, 1], ∀x ∈ M
ϕ−1 (0) = M
Pelo Teorema de Sard existe ² > 0 tão pequeno quanto se queira de forma
que seja valor regular e assim
é uma variedade com bordo. Tomando este ² tão pequeno quanto se queira,
por continuidade e compacidade ainda temos a propriedade
fr−1 ⊂ int Mr−1
f (Mr−1 ) ⊂ int M
Dinâmica Hiperbólica e Teoria Ergódica - Régis Varão Filho 40
Ω estabilidade
a) Ω(f ) = L(f );
b) f é Ω-estável.
O outro caso é análogo. Terı́amos por absurdo, que existe n0 ∈ N tal que
x ∈/ f n0 (Mi − Mi−1 ) ⇒ f −n0 (x) ∈ Mic , mas existe uma vizinhança que
iterando negativamente nunca volta a se intersectar, absurdo.
\
x∈ f n (Mi − Mi−1 ) = Ki (F) ⊂ L(f ).
n∈Z
compacto Mi − int Mi−1 , logo posso diminuir ainda mais Vf para que o
mesmo aconteça quando olharmos para g nesses pontos. Isto implica que o
ei não pode conter pontos de Ω(g). E portanto, devido a filtração,
conjunto U
temos que Ω(g) = L(g). Concluı́mos com isso que f é Ω-estável.
Exemplo 7.5.
Figura 1: Axioma A
6
Hyperbolic nonwandering sets on two-dimensional manifols, Dynamical Systems 1973
7
On Smale‘s Axioma A dynamical systems, Ann. of Math. (2), 1978
Dinâmica Hiperbólica e Teoria Ergódica - Régis Varão Filho 42
Observação 7.3. Como observado em [2], não se sabe se Axioma A são den-
sos em superfı́cie com topologia C 1 . No caso da topologia C 2 (em superfı́cie)
Axioma A não são densos, isto segue do fenômeno de Newhouse.
Dinâmica Hiperbólica e Teoria Ergódica - Régis Varão Filho 44
Exercı́cios
Exercı́cio 7.1. Se f é Axioma A sem ciclos, então uma das peças é um
atrator.
a) R(f ) = P er(f );
Dica: Use que R(f |R(f ) ) = R(f ) (Vide proposição 3.6, página 16, de
[14]).
c) f é R(f ) estável.
8 Difeomorfismo de Anosov
Estudaremos agora uma classe importante de exemplos de sistemas dinâmicos.
Definição 8.1. Dizemos que um difeomorfismo f : M → M é de Anosov se
M for um conjunto hiperbólico para f .
Seja SL(Z, n) o conjunto das matrizes com entradas inteiras e determi-
nante igual a ±1. Note que se A ∈ SL(Z, n) então A(Zn ) ⊂ Zn . Também
temos que A−1 ∈ SL(Z, n) assim A−1 (Zn ) ⊂ Zn e, portanto, A(Zn ) = Zn .
Consequentemente, a transformação linear A induz um difeomorfismo no
Toro Tn = Rn /Zn . Denotaremos este difeomorfismo por fA , chamado
também de Anosov Linear. Ou seja, temos que o diagrama abaixo co-
muta, onde π : Rn → Tn é a projeção canônica.
A / Rn
Rn
π π
² fA ²
Tn / Tn
P er(fA ) = M
fA (Q(k)) ⊂ Q(k)
isto implica que fASfaz apenas uma permutação entre esses pontos. Logo
periódicos. E como ∞ n
k=1 Q(k) é denso em T provamos o que querı́amos.
f
M
π
²
M
(a) Ω(f ) = M ;
(d) f é transitiva;
Exercı́cios
Exercı́cio 8.1. Se f é Anosov, então não há ciclos entre as peças da de-
composição espectral.
• f não é Anosov.
9 Endomorfismo Expansor
Todas as variedades serão supostas compactas e conexa a menos que dito
explicitamente o contrário.
ge ◦ φ = ρ(φ) ◦ ge
² ρ ²
Aut(π) / Aut(π)
• e
hφ = φe
h ∀φ ∈ Aut(π)
• e
hfe = gee
h
Dinâmica Hiperbólica e Teoria Ergódica - Régis Varão Filho 51
H = {e f|e
f→M
h:M hφ = φe
h, ∀φ ∈ Aut(π)}
d(e
h1 , e
h2 ) = sup d(e
h1 (x), e
h2 (x)).
f
x∈M
e⊂M
Só precisamos verificar que d, como definida, é finita. Seja B f uma
e
bola compacta, grande o suficiente para que π(B) = M . Por compacidade,
existe L ∈ R+ tal que supx∈Be d(e h1 (x), e f
h2 (x)) < L. Assim, dado x ∈ M
existe φ ∈ Aut(π) tal que φ(x) ∈ B. e Haja vista que φ é uma isometria
e e e e
d(h1 (x), h2 (x)) = d(h1 (φ(x)), h2 (φ(x))). Implicando a finitude
d(e
h1 , e
h2 ) = sup d(e
h1 (x), e
h2 (x)) = sup d(e
h1 (x), e
h2 (x)) < L.
f
x∈M e
x∈B
fe−1 ◦ e
h ◦ ge ◦ T = fe−1 ◦ e
h ◦ ρ(T ) ◦ g = fe−1 ◦ ρ(T ) ◦ e
h ◦ g = T ◦ fe−1 ◦ e
h◦g
fe ◦ e
h=e
h ◦ ge
O próximo resultado além de ser útil para nós mais a frente, justifica o
nome adotado de expansora.
Demonstração. Seja B = B(x, ²) uma bola tal que ² < δ, onde δ é uma
constante que esteja definida os ramos inversos de f . Para n grande o
suficiente sabemos que f n (B) = M . Considere o ramo inverso f −n : B → B,
pelo Teorema do Ponto fixo de Brower existe um ponto fixo, que é portanto
um ponto periódico para f .
Dinâmica Hiperbólica e Teoria Ergódica - Régis Varão Filho 53
Exercı́cios
Exercı́cio 9.1. a) Prove o Lema de Sombreamento para aplicações ex-
pansoras:
10 Teoria Ergódica
Apresentamos nesta seção um dos resultados mais básicos e importantes da
teoria ergódica. O Teorema de Recorrência de Poincaré; e, Birkhoff.
Seja (X, B, µ) um espaço de medida, i.e. X é um conjunto qualquer,
B uma σ-algebra de X e µ uma medida. Quando µ(X) = 1 chamamos
a tripla (X, B, µ) de espaço de probabilidade. Trabalharemos com funções
mensuráveis, T : X → X que preservam a medida µ: dado A ∈ B então
µ(f −1 (A)) = µ(A).
f : S1 → S1 (3)
x 7→ 2x (mod 1) (4)
É fácil ver que se A = (a, b), então λ(f −1 (A)) = λ(A), onde λ é a medida
de lebesgue e B(S 1 ) é a sigma-álgebra de borel.
Defina o conjunto A = {B ∈ B(S 1 ) | λ(f −1 (B)) = λ(B)}. Note que
A é uma classe monótona contendo os intervalos, então a σ-álgebra gerada
pelos intervalos está contida em B. Mas esta é a σ-álgebra de borel, logo
A = B(S 1 ). Consequentemente f preserva λ.
N = {x ∈ E | f j (x) ∈
/ E, j = 1, 2, 3, . . .};
An = {x ∈ N | f n (x) ∈ Mk }.
Temos An = N ∩ f −n (Mk ) = f −n (f n (N ) ∩ Mk ). Note que {f n (N )}n∈N
são disjuntos. Então
X X
µ(An ) = µ( f n (N ) ∩ Mk ) ≤ µ(Mk )
TA : A → A
x 7→ T n(x) (x)
−1
µ(B) = µ(T −1 (B)) = µ((∪ni=1 B−i ) ∪ B−n
0
) = µ((∪∞
i=1 B−i ) = µ(TA (B))
Exercı́cios
Exercı́cio 10.1. Seja A ⊂ Dif f 1 (S 1 ) o conjunto dos difeomorfismo para
os quais as únicas medidas invariantes sejam atômicas. Então o conjunto A
é denso.
Dinâmica Hiperbólica e Teoria Ergódica - Régis Varão Filho 58
11 Medidas Invariantes
A menos que dito o contrário, M será um espaço métrico compacto.
a)
f : [0, 1] → [0, 1]
x 7→ x2
O conjuntos dos pontos recorrêntes para f é {0, 1}. Portanto o suporte
de uma medida invariante está contido em {0, 1}. Por isso as únicas
medidas possı́veis são da forma
αδ0 + βδ1
b)
f : [0, 1] −→ [0, 1]
x 7−→ x2 , x ∈
/ {0, 1}
f (x) = 1/2 , x ∈ {0, 1}
c)
f : (0, 1) −→ (0, 1)
x 7−→ x2
Iφ : M → R
Z
η 7→ φ dη
onde φ : M → R é contı́nua.
Uma base para esta topologia seria portanto os conjuntos da forma
½ °Z Z ° ¾
° °
Vµ (f1 , . . . , fn ; ²) = m ∈ M(X) | ° fi dm − fi dµ° ≤ ², i = 1, . . . , n.
° °
d:M×M → R
∞
X Z Z
1
(η1 , η2 ) 7→ | φk dη1 − φk dη2 |
2k
k=1
onde
l
\
V0 = Iφ−1
α
(Iφα (µ0 ) − δ, Iφα (µ0 ) + δ)
α=1
Proposição 11.3.
Z Uma sequência
Z {ηk }k∈N ⊂ M converge a η em M se, e
somente se, lim φdηk = φdη, ∀φ ∈ M.
k→∞
Para i ≥ i0 tem-se
Z Z Z Z Z Z
| φdηi − φdη| ≤ | φi dη − φk dηi | + | φk dηi − φk dη|
Z Z
+ | φk dη − φdη| ≤ ²/4 + ²/2 + ²/4 = ²
Dinâmica Hiperbólica e Teoria Ergódica - Régis Varão Filho 61
(⇐) : Exercı́cio.
R
Corolário 11.1. Seja (ηi )i∈N um sequência em M Se ( φdηi )i∈N converge
para toda φ ∈ C 0 (M ), então a sequência (ηi )i∈N converge fracamente a uma
medida.
Demonstração. Defina
I : C 0 (M ) → R
Z
φ 7→ lim φdηi
i→∞
Z ¯ ¯Z Z ¯
¯ ¯ ¯
− φk dµmj ¯ + ¯ φk dµmj − φdµmj ¯¯
¯ ¯
R
Vemos que { φdµmi }i∈N é cauchy ∀φ ∈ C 0 (M ). O corolário acima
implica a convergência das medidas {µmi }, como querı́amos.
Exemplo 11.6. Seja f : [0, 1] → [0, 1], definida por f (0) = 0, f (x) = 1
se x 6= 0. Tome φ ∈ C 0 ([0, 1]) dada por φ(x) = x. Note que φ ◦ f = f .
Sabemos que as medidas δ1/n , delta de Dirac centradas em 1/n, convergem
fracamente a δ0 . Entretanto f∗ δ1/n 9 f∗ δ0 , já que
Z Z Z
φ d(f∗ δ1/n ) = φ ◦ f dδ1/n = f dδ1/n = 1
Z Z
6= 0 = f dδ0 = φ d(f∗ δ0 )
• ηn → η, na Topologia Fraca∗ ;
nX
i −1 nX
i −1
1 1 1 1
f∗ µ0 = f∗ lim f∗j µ = lim f∗j µ + f∗ni µ − µ
i→∞ ni i→∞ ni ni ni
j=0 j=0
= µ0 .
Exercı́cios
Exercı́cio 11.1. a) A transformação
f : [0, 1] → [0, 1]
x 7→ 10x (mod 1)
Então Z
f dµ ≥ 0, ∀n ∈ N.
En
Demonstração. Defina
à j−1
!
X
Fn (x) = max 0, f (T i (x)) : j ≤ n
i=0
Fn+1 = max(0, f + Fn ◦ T ).
Z Z Z
f dµ = (Fn+1 − Fn T )dµ ≥ (Fn+1 − Fn T )dµ
En+1 En+1 X
Z
= (Fn+1 − Fn )dµ ≥ 0
X
Como querı́amos.
∞
[ Z
Corolário 12.1. Se E∞ := En , então f dµ ≥ 0.
n=0 E∞
Dinâmica Hiperbólica e Teoria Ergódica - Régis Varão Filho 65
Corolário 12.2. Z
φ dµ ≥ 0
en (α)
E
• f + ∈ L1 (µ).
Eu,v = {x ∈ X | lim sup Sn (f, x) > v > 0 ≥ u > lim inf Sn (f, x)}
n n
Provemos que µ(Eu,v ) = 0. Veja que tomar v > 0 não é de fato uma
restrição, caso exista x e racionais u, v tais que
Crescendo A para todo X (aqui usamos que é σ-finito), usando o fato que
f é integrável, então µ(X) < ∞. Usando este fato, vemos que u − f ∈ L1 (µ)
e que para algum n,
n−1
1X
u− f (T i (x)) > 0
n
i=0
b) Se f ∈ L1 (µ), então Z Z
+
f dµ = f dµ.
X X
Dinâmica Hiperbólica e Teoria Ergódica - Régis Varão Filho 67
Demonstração. a) Seja g uma função em L∞ (X, µ), logo em Lp (X, µ). Sabe-
mos que Sn (g) convergem quase certamente a g + . Logo |Sn (g, x)−g + (x)| →
0 quase certamente, pelo teorema da convergência dominada ||Sn (g)−g + ||p →
0.
Seja f ∈ Lp (µ). Provemos que {Sn (f )} é uma sequência de cauchy.
Dado ² > 0, seja g ∈ L∞ (µ) tal que ||f − g||p < ²/4. Pelo feito acima, seja
n0 ∈ N para o qual ||Sn (g) − Sn+k (g)||p < ²/2, ∀k > 0. Assim para n > n0
ek>0
||Sn (f ) − Sn+k (f )||p ≤ ||Sn (f ) − Sn (g)||p + ||Sn (g) − Sn+k (g)||p
+ ||Sn+k (f ) − Sn+k (f )||p ≤ ²/4 + ²/2 + ²/4 = ².
Logo Sn (f ) converge a uma função f ∗ que deve ser portanto f + .
Por fim, observe que
µ ¶
n+1 f (x)
(Sn+1 (f )) − (Sn (f ))(T (x)) =
n n
Fazendo n tender a infinito
f + ◦ T = f +.
b) Como temos convergência em L1 (µ) então
Z n−1 Z
+ 1X
f dµ = lim f ◦ T j dµ
X n→∞ n X j=0
1 XZ
n−1 Z
= lim f dµ = f dµ.
n→∞ n X X
j=0
Exercı́cios
Exercı́cio 12.1. Exemplo em que µ seja medida σ-finita,
R T R: X → X, µ
seja uma medida invariante por T , φ ∈ L1 (µ), mas φ+ dµ 6= φ dµ.
Dinâmica Hiperbólica e Teoria Ergódica - Régis Varão Filho 69
a) φ+ é constante µ-q.t.p. ∀φ ∈ L1 ;
R
b) φ+ = φ dµ ∀φ ∈ L1 ;
R
b’) φ+ = φ dµ ∀φ em um subconjunto denso de L1 ;
c 7→ µ(Ac )
Sendo
{x | φ(x) 6= c0 } = (∪∞ ∞ c
k=1 Ac−1/k ) ∪ (∪k=1 (Ac0 +1/k ) )
B : L1 (µ) → L1 (µ)
φ 7→ φ+
que é linear e contı́nua dado que ||B|| ≤ 1 (||φ+ ||1 ≤ ||φ||1 ). Seja
D ⊂ L1 (µ) um conjunto denso como na hipótese. Sendo B contı́nua
B(D) ⊂ B(D). Então
Definição 13.2. Dizemos que (f, µ) é ergódica se satisfaz uma das propri-
edades acima.
Exemplo 13.3.
b) Seja n
Pnα = (α1 , . . . , αn ) ∈ Z um vetor racionalmente independente, isto
/ Z, ∀(a1 , . . . , an ) ∈ Zn . Uma rotação irracional no toro é
é i=1 ai αi ∈
uma aplicação da forma
T : Tn → Tn
(x1 , . . . , xn ) 7→ (x1 + α1 , . . . , xn + αn )
Analogamente
P ao item a), seja φ ∈ C 0 (Tn ) que comuta com T , então
φ(X) = Z∈Zn aZ e2πi<Z,X> . E concluı́mos que aZ = 0, ∀Z 6= 0 ∈ Zn .
Em : [0, 1] → [0, 1]
x 7→ mx (mod 1)
Dinâmica Hiperbólica e Teoria Ergódica - Régis Varão Filho 71
T : [0, 1) → [0, 1)
T (x) = 2x mod 1
então T preserva a medida de Lebesgue. Considere x = a1 /2 + a2 /22 +
. . . que possui expansão binária única (os que não possuem são um con-
junto enumerável, por isso os desconsideramos). Contamos a quantidade
de 10 s na expansão de x, definindo a funcão f = χ[1/2,1) e notando que
P
a soma nk=1 f (T k ) fornece a quantidade de 10 s que aparecem nos coefici-
ente a1 , . . . , an . Portanto dividindo por n tomamos a média. O Teorema
Ergódico implica
n Z
1X k
f (T ) → χ[1/2,1) = 1/2
n
k=1
1X
n−1 XZ
n−1
lim µ(A ∩ f −1 (B)) = lim 1/n ψ(x)χf −1 (B) (x)dµ(x) =
n→∞ n n→∞
j=0 j=0
Z n−1
X
= lim ψ(x)1/n χf −1 (B) (x)dµ(x) =
n→∞
j=0
Z n−1
X
(Teo. Conver. Dominada) = ψ(x) lim 1/n φ(f j (x)) dµ(x) =
n→∞
j=0
Z
= µ(B) ψ(x)dµ(x) = µ(B)µ(A).
⇒ µ(A) = 0 ou 1 ⇒ f é ergódica.
logo ν = µ, já que vale a igualdade acima para toda função integrável φ.
µ(E ∩ A) µ(E ∩ Ac )
µ1 (E) = e µ2 (E) =
µ(A) µ(Ac )
o que é um absurdo.
onde M0 = M(f ). R
Como a função ν 7→ φi+1 é contı́nua, o conjunto Mi+1 é fechado, logo
compacto. Como Mi+1 forma uma sequência encaixada de compactos temos
\
Mi 6= ∅
i∈N
Xn
h(x) = inf { φ ◦ T j (x)}.
n=1,2,...
j=0
Xn Xn
j+1
h(T x) = inf { φ◦T (x)} = inf { φ ◦ T j (x) − φ(x)}
n=1,2,... n=2,...
j=0 j=0
Xn
≥ inf { φ ◦ T j+1 (x) − φ(x)} = h(x) − φ(x)
n=1,2,...
j=0
nk −1 nk −1
1 X 1 X 1
K(T j (x)) = φ(T j (x)) + (h(T n (x)) − h(x)) → 0 + 0 = 0
nk nk nk
j=0 j=0
R
Portanto K dµ = 0 ⇒ φ(x) = h(x) − h(T (x)) quase certamente. E
en
novamente para x ∈ A 0
nk −1
1 X 1
φ(T j (x)) = (h(T n (x)) − h(x))
nk nk
j=0
Pnk −1
ou seja, j=0 φ(T j (x)) é limitado, absurdo.
(i) f é ergódica;
S
(ii) Para todo A ∈ B(M ) com µ(A) > 0, então µ( ∞
n=1 f
−n (A)) = 1;
(iii) Para todo A, B ∈ B(M ) com µ(A) > 0 e µ(B) > 0, então existe n > 0
tal que µ(f −n (A) ∩ B) > 0.
T
• (ii) ⇒ (iii): Como µ(∪∞ n=1 f
−n (A)) = 1 então ∪∞ f −n (A)
n=1 B tem
−n
medida total, e portanto deve haver n > 0 como tal que µ(f (A) ∩
B) > 0.
Pn−1
c) Existe µ ∈ M(f ) f-invariante tal que ∀φ ∈ C 0 (M ) 1/n j=0 φ ◦ fj
R
converge pontualmente a φdµ;
d) f é unicamente ergódica.
Demonstração. a) ⇒ b): Trivial.
b) ⇒ c): Definamos a seguinte função
B : C 0 (M ) → R
φ 7→ φ+
que pela hipótese está bem definida. Note que B é linear, contı́nua (já que
||B|| ≤ 1) e se φ ≥ 0 ⇒ B(φ) ≥ 0. O Teorema de Representação de Riez
garante que existe probabilidade µ tal que
Z
B(φ) = φdµ, ∀φ ∈ C 0 (M )
q q
² R R ²
1 Pn−1
n j=0 φdν φdµ
R R
obtemos φdν = φdµ ⇒ ν = µ.
d) ⇒ a): Façamos por absurdo. Então existem φ integrável, ² > 0, uma
sequência de pontos xn , inteiros kn (estritamente crescentes) tais que
¯ ¯
¯ kn −1 ¯
¯1 X ¯
¯ φ(f (xn )) − φdµ¯¯ ≥ ²
j
¯n
¯ j=0 ¯
n−1
X
R
note que f dνn = 1/n φ(f j (xn )). Portanto a relação anterior fornece
j=0
¯Z Z ¯
¯ ¯
¯ φdνn − φdµ¯ ≥ ²
¯ ¯
(i): Basta provar que dados dois abertos de supp µ A, B com medida
positiva se intersectam, todavia segue direto da Proposição (13.5).
Shift de Bernoulli
Dinâmica Hiperbólica e Teoria Ergódica - Régis Varão Filho 79
P
d:= {1, . . . , d}Z = {(xn )n∈Z | xn ∈ {1, . . . , d}}.
Dados an , . . . , an+m ∈ {1, . . . , d} chamamos de cilindros os conjuntos
definidos por:
.
[
A ∩ σ −m (B) = [n; an , . . . , an+m , c1 , . . . , cs , bp , . . . , ap+q ]
c1 ,...,cs ∈{1,...,d}
Consequentemente
d X
X d
µ(A ∩ σ −m (B)) = µ([n; an , . . . , an+m , ci , cj , bp , . . . , ap+q ])
i=1 j=1
X X
= µ(A)µ(B) pi pj = µ(A)µ(B).
i j
Exercı́cios
Exercı́cio 13.1. (a) supp µ é fechado;
(b) µ(X\supp µ) = 0;
14 Desintegração de medidas
Seja (M, µ, B) um espaço de probabilidade, onde M é um espaço métrico
compacto, µ uma probabilidade e B a σ-álgebra de borel. Dada uma partição
P de M por conjuntos mensuráveis, associamos o espaço mensurável
(P, µ e
e, B)
Definição 14.1. Dada uma partição P. Uma famı́lia {µP }p∈P é um sistema
de medidas condicionais para µ (com respeito a P) se
R
i) Dada φ ∈ C 0 (M ), então P 7→ φµP é mensurável;
ii) µP (P ) = 1 µ
b-q.t.p.;
Z Z Z
iii) Se φ ∈ C 0 (M ), então φdµ = ( φdµP )de
µ
M P P
Demonstração. Suponha por absurdo que exista Q ⊂ Be com µ e(Q) > 0 tal
que µP 6= νP para todo P ∈ Q. R
R Afirmação: Existe Q0 ⊂ QR com µ e(Q)R > 0 e φ ∈ C 0 (M ) tal que P dµP >
P dνP para todo P ∈ Q0 ou P dµP < P dνP para todo P ∈ Q0 .
De fato, seja {φk } um conjunto denseo enumerável de C 0 (M ). Defina os
conjuntos Z Z
Ai = {P ∈ Q | dµP 6= dνP }
P P
Como µ e(∪i Ai ) = µ
e(Q) > 0, existe i0 tal que µ
e(Ai0 ) com µ
e(Qi0 ) > 0. E
a afirmação segue.
Sejam φ e Q como na afirmação.
Z Z Z Z Z
φχπ−1 (Q) dµ = ( φχπ−1 (Q) dµP )de µ(P ) = ( φdµP )de µ(P )
Q
Z Z Z
> ( φdνP )de µ(P ) = φχπ−1 (Q) dµ
Q
S(α, β) = {z ∈ M | lim inf ψn (z) < α < β < lim sup ψn (z)}
Definamos os conjuntos
[ [
Ai = Paz (i) (z), Bi = Pbz (i) (z)
z∈S z∈S
X Z
βµ(Bi ) = µ(Pbz (i) (z))β ≤ ψdµ ≤
Pbz (i) Bi
Z X Z X
≤ ψdµ = ≤ µ(Paz (i) (z))α ≤ αµ(Ai )
Ai Paz (i) Paz (i) Paz (i)
e ≤ αµ(S)
Mandando i a infinito temos que βµ(S) e e portanto µ(S)
e =0
e = 0 como querı́amos.
pois β > α. Logo µ(S) ≤ µ(S)
|ϕ
en (z) − ϕ
em (z)| ≤ |ϕ ] (z)| + |φ(α)
en (z) − φ(α) ] (z) − φ(α)] (z)|
n n m
] (z) − ϕ
+ |φ(α) em (z)| ≤ ²/3 + ²/3 + ²/3
m
≤ ²
C 0 (M ) → R
ϕ 7−→ ϕ(P
e )
Por fim, vejamos que para µ(P ) > 0 então µP (P ) = 1. A última igual-
dade abaixo vem quando n é grande.
Z Z
µP (P ) = χP dµP = lim 1/µ(Pn ) χP dµ = 1
n→∞ Pn
Com isso provamos o teorema.
B = {z ∈ M | existe φ+ (z), ∀φ ∈ C 0 (M )}
n−1
X
Lembre que φ+ (z) = lim 1/n φ ◦ f j (z). Defina a seguinte classe de
n→∞
j=0
equivalência em B, x ∼ y se, e somente se, φ+ (x) = φ+ (y), ∀φ ∈ C 0 (M ).
Defina a partição PB como as classes de equivalências em B união M \B.
• Seja x ∈ P e P ∈ PB , então ηx = µP µ
e-q.t.p.
1 Pn−1
onde ηx = limn→∞ n j=0 δf j (x)
An,m = {x ∈ B | φ+
n (x) > qm }
W
Considere a partição P = n,m An,m . É fácil ver que esta partição é a
que procuramos.
Z Z
φdµP e ) = lim φen (z ∈ P ) = lim µ(Pn )
= φ(P φdµ
Pn
Z Z
= lim µ(Pn ) φdµ = φ ◦ f dµP
Pn
Exercı́cios
Exercı́cio 14.1. Sejam Rα uma rotação racional no cı́rculo e λ a medida
de lebesgue no cı́rculo.
15 Entropia
15.1 Entropia Métrica
Um partição P, é uma coleção P = {Ai }ki=1 de conjuntos mensuráveis, tais
T
que: Ai ∩ Aj = ∅, se i 6= j e X = ki=1 Ai .
P≺Q
é estritamente convexa.
Demonstração. Temos
Xk k
X
−φ( αi xi ) ≥ − αi φ(xi )
i=1 i=1
P
se xi ∈ [0, ∞), αi positivo e ki=1 αi = 1; a igualdade ocorre se, e somente
se, os xi ’s com αi 6= 0 são iguais.
Logo, o corolário segue tomando αi = 1/k e xi = µ(Ai ).
Definição 15.3. Dada duas partições P = {Ai }ki=1 e Q = {Bj }lj=1 , defini-
mos P ∨ Q por
P n = P ∨ f −1 P ∨ . . . ∨ f −(n−1) P
Demonstração. Provemos o item a). Por absurdo, suponha que existam ² >
0, ni ∈ N, xi , yi ∈ Pi ∈ ∨nj=−n T −j γ talque d(xi , yi ) > ². Por compacidade,
podemos supor que xi e yi convergem a x0 e y0 . Por continuidade d(x0 , y0 ) >
² e d(T j (x0 ), T j (y0 )) ≤ δ. Absurdo.
A demosntração do item b) é análoga.
N
_ n−1
_ _N
−j 1 −i
h(T, β) ≤ h(T, T α) = lim H( T ( T −j α)
n→∞ n
j=−N i=0 j=−N
N +n−1 2N_+n−1
1 _ 1
= lim H T −j α = lim H T −j α
n→∞ n n→∞ n
j=−N j=0
2N_+n−1
2N + n − 1 1
= lim H T −j α
n→∞ n 2N + n − 1
j=0
= h(T, α).
P
Corolário 15.2. Seja Y ⊂ d um conjunto fechado e invariante pelo shift,
σ(Y ) = Y . Então
h(T |Y ) = lim (1/n)logθn (Y ).
n→∞
Onde θn (Y ) é o número de cilindros de tamanho n em Y que não sejam
vazios.
Demonstração. Ver walters pagina 178
Ver walters pagina 178
Exemplo 15.7. Mostremos agora que para todo número real positivo existe
um sistema cuja entropia tológica atinge este número.
Ver walters pagina 178
Ver walters pagina 178
Dinâmica Hiperbólica e Teoria Ergódica - Régis Varão Filho 91
Demonstração. Por continuidade uniforme, existe β < 1/4 positivo tal que
se d(x, y) < β então d(T −1 (x), T −1 (y)) < 1/4.
Seja ² < β. Provemos que existe α > 0 tal que rn (², S 1 ) ≤ nα.
Vejamos como escolher α. Seja Z ⊂ S 1 um conjunto finito em S 1 tal qoe
todo ponto do cı́rculo dista ² de algum ponto de Z. Definamos α por
α := #Z.
A = Y ∪ T −n Z.
Consideremos 2
Pj em X 2a métrica d dada por d(x, y) = di (x, y)/i se x,
Py∞∈ Λi ;
d(x, y) = α=i 1/α se x ∈ Λ i e y ∈ Λ j (i < j); d(x ∞ , y) = α=i se
y ∈ Λi . Munido X de uma métrica que o torne compacto, agora definamos
a aplicação T : X → X. T (x) = Ti (x) se x ∈ Λi e T (x∞ ) = x∞ . Assim
h(T ) ≥ log(i) para todo i ∈ N, por conseguinte h(T ) = ∞.
Dinâmica Hiperbólica e Teoria Ergódica - Régis Varão Filho 92
Hµ (∨n−1 −i n−1 −i
i=0 T η) ≤ log N (∨i=0 T η)
onde N (∨n−1 −i
i=0 T η) é a quantidade de conjuntos não vazios da partição
∨n−1 −i
i=0 T η.
Portanto
Hµ (∨n−1 −i n−1 −i n
i=0 T η) ≤ log (N (∨i=0 T β)2 )
⇒ hµ (T ) ≤ h(T ) + log2 + 1
⇒ hµ (T n ) ≤ h(T n ) + log2 + 1
⇒ hµ (T ) ≤ h(T ) + (log2 + 1)/n
Dinâmica Hiperbólica e Teoria Ergódica - Régis Varão Filho 93
hµ (T ) ≤ h(T ).
Corolário 15.3.
h(T ) = h(T |Ω(T ) )
c) Se h(T ) < ∞ e Mmax (X, T ) 6= ∅, então Mmax (X, T ) tem uma medida
ergódica;
N
X N
X
hµ (T ) = 1/2n hµn + 1/2N hν ≥ 1/2n hµn ≥ N.
n=1 n=1
Implicando hµ (T ) = ∞.
Dinâmica Hiperbólica e Teoria Ergódica - Régis Varão Filho 97
Exercı́cios
Exercı́cio 15.1. Prove que h(T ) = h(T |∩∞
n=0
T n X).
Exercı́cio 15.4. Exemplo que tenha entropia finita e que não haja medida
de máxima entropia.
16 Apêndice
16.1 Teoria da Medida
Definição 16.1. Seja M um conjunto de subconjuntos de Ω. Dizemos que
M é uma classe monótona se:
S
i) Ai ∈ M; Ai ⊂ Ai+1 ; i ∈ N, implica que A = ∞
i=0 Ai ∈ M;
T∞
ii) Ai ∈ M; Ai ⊃ Ai+1 ; i ∈ N, implica que A = i=0 Ai ∈ M.
Teorema 16.2. Seja A uma álgebra e M uma classe monótona. Se A ⊂ M,
então σ(A) ⊂ M.
Definição 16.3. Uma medida µ na σ-álgebra de Borel é dita regular se dado
B mensurável com medida positiva e ² > 0 então existe compacto K² ⊂ B
e u aberto U² ⊃ B tal que µ(U² \K² ) < ².
Teorema 16.4. Uma probabilidade na σ-álgebra de Borel em um espaço
métrico é regular.
Proposição 16.1. Em espaço de medida finita temos
L1 ⊃ L2 ⊃ . . . ⊃ Ln ⊃ . . .
Demonstração. Usamos a desigualdade de Jensen. Seja f ∈ Lp queremos
p
ver que f ∈ Lp−1 . Tome φ(t) = t p−1 e portanto
Z Z µZ ¶ p Z
p−1 p
p−1
φ( f ) ≤ φ(f ) ⇒ |f | ≤ (|f |p−1 ) p−1
16.2 Outros
Teorema 16.5. Seja X um espaço compacto de Hausdorff. São equivalentes
• X é metrizável;
• X admite base enumerável de abertos;
• C(X) = {f : X → C | f contı́nua } possui subconjunto enumerável
denso.
Dinâmica Hiperbólica e Teoria Ergódica - Régis Varão Filho 99
Referências
[1] Billingsley, P., Probability and Measure, Wiley Interscience, 1995.
[2] Bonatti, C., Dias L. J. and Viana, M., Dynamics Beyond Uniform
Hyperbolicity: A Global Geometric and Probabilistic Perspec-
tive, Springer-Verlag, 2004.
[9] Palis Jr, J. and Melo, W. de, Geometric Theory of Dynamical Sys-
tems, an introduction. Springer-Verlag, 1982.
Bernoulli Shift, 79
Medida de, 79
Shift de , 78 Teorema
da R-estabilidade, 44
Caracterı́stica de Euler, 53 de decomposição espectral, 35
Conjunto hiperbólico, 8 de desintegração de Rokhlin, 83
Isolado, 8 de Hadamard-Perron, 14
de Hartman-Grobman, 10
Difeomorfismo de Krylov-Bogolubov, 62
de Anosov, 45 de desintegração ergódica, 85
Kupka-Smale, 31 de Kac, 78
Morse-Smale, 33 Teorema Ergódico de Birkhoff
Estabilidade Estrutural em espaço de probabilidade, 66
Conjunto hiperbólico isolado, 24 para medida σ-finita, 65
Conjunto hiperbólico, 30 Topologia Fraca∗ , 59
Transformação de gráfico, 17
Lambda-Lema, 27
Lema
da inclinação, 27
de Borel-Cantelli, 98
Ergódico Maximal, 64
Lema de sombreamento
de aplicações expansoras, 53
Média de Birkhoff, 64
Métrica adaptada, 9
Matriz hiperbólica, 10
Medida
de máxima entropia, 95
Ergódica, 70
condicional, 82
Desintegração de, 82
Suporte de uma, 77
Misturadora, 77
Mixing, 77
Morse-Smale, 33
101