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INTRODUÇÃO
Dentre os crimes contra os bens jurídicos pessoais – crimes contra a vida, crimes contra a
liberdade, crimes contra a honra, crimes contra a reserva da vida privada e a estes equiparados
-, encontram-se também os crimes contra a integridade corporal, que constituem o objecto de
pesquisa no âmbito deste trabalho.

i. Objectivos da pesquisa
 Objectivo geral:
O presente trabalho tem como objectivo geral a investigação de noções básicas
gerais sobre os crimes contra a integridade corporal.
 Objectivos específicos:
 Conceituar crimes contra a integridade física;
 Saber a sua classificação no âmbito do Código Penal de 1886;
 Conhecer os elementos do tipo e seus sujeitos: sujeitos activo e passivo;
objecto material e bjecto jurídico imediato; tipo objectivo e subjectivo;
penalidade.

ii. Interesse da pesquisa


Poderá dizer-se, sem risco de erro, que a «Parte especial» é a que maior impacte tem na
opinião pública. É através dela que a comunidade politicamente organizada eleva
determinados valores à categoria de bens jurídico-penais. Nem todos os interesses
coletivos são penalmente tutelados, nem todas as condutas socialmente danosas são
criminalmente sancionadas. É por isso que fundadamente se fala do carácter
necessariamente fragmentário do direito penal. É nesta senda que tanto interessa
abordar sobre o presente tema.

iii. Metodologia
Para alcançarmos os objectivos preconizados, socorremo-nos dum método
interpretativo (hermenéutico), sob o enfoque qualitativo utilizando instrumentos ou
técnicas de análise documental. Isto quer dizer que a nossa pesquisa ficou limitada em
conteúdos normativos e de livros de autores que consideramos serem autorizados e
competentes em razão da matéria, estando apenas acrescido um elemento subjectivo
que é a nossa interpretação, procurando achar respostas claras e evidentes para as
questões.
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A abordagem do tema encotra-se distribuída em três partes principais:

 A primeira aborda sobre o sistemática e bem jurídico


 A segunda aborda sobre crime de ofensas corporais voluntárias simples –art. 359.º
 Por fim, a terceira está reservada crime de ofensas corporais voluntárias, qualificados
pelo evento – art.ºs 360.º e 361.º
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1. SISTEMÁTICA E BEM JURÍDICO


Os crimes contra a integridade corporal no Código Penal de 1886 (vigente em Angola)
encontram-se inceridos na secção IV (Ferimentos, contusões e outras ofensas corporais
voluntárias) do capítulo III (Dos crimes contra a segurança das pessoas) do Título IV (Dos
Crimes Contra as Pessoas) do Livro II (Dos Crimes em especial).

O bem jurídico aqui tutelado é a integridade corporal 1. Este bem jurídico tem relevância
constitucional, estando consagrado, no art.º 31.º da CRA, o direito a integridade corporal, o
que o enaltece como um direito fundamental.

Segundo Fernando CAPEZ, o crime de lesão corporal “é definido como ofensa à integridade
corporal ou saúde, isto é, como todo e qualquer dano ocasionado à normalidade funcional do
corpo humano, quer do ponto de vista anatômico, quer do ponto de vista fisiológico ou
mental”2.

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Fernando SILVA considera que a expressão “ofensa corporal” é menos abrangente que a designação
“integridade física da pessoa humana” (expressão actulmente utilizada no Código Penal Português) que
abrange a integridade física e psíquica da pessoa, o que equadra o bem-estar corporal e a saúde física e
psíquica – cfr. Fernando SILVA, Direito Penal Especial: Os Crimes Contra as Pessoas, 3.ª ed., Sociedade Editora
Ld.ª, Lisboa, 2011. Pag. 231.
2
Fernando CAPEZ, Direito Penal Simplificado: Parte Especial, Editora Saraiva, 16.ª ed. São Paulo, 2012. Pag.
109.
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2. CRIME DE OFENSAS CORPORAIS VOLUNTÁRIAS SIMPLES


–ART. 359.º
Aquele que, voluntariamente, com alguma ofensa corporal maltratar alguma pessoa, não
concorrendo qualquer das circunstâncias enunciadas nos artigos seguintes, será condenado
a prisão até três meses, mediante acusação do ofendido.

§ único – se o ofendido for menor de 16 anos ou incapaz, o procedimento criminal dependerá


de simples participação do ofendido ou do seu representante legal.

Toda e qualquer alteração à integridade física, independentemente de o ofendido sofrer ou não


lesão corporal ou incapacidade para o trabalho ou mesmo dor ou sofrimento físico.
Exemplos:
O cabeleireiro ou outro indivíduo que nos corta o cabelo sem o nosso consentimento,
não há dor ou sofrimento, mas sim uma alteração à integridade física. Dar uma injecção, dar
um comprimido sem o seu consentimento para provocar uma lesão.
Um indivíduo que às 04H00 da manhã começa aos gritos, incomodando um vizinho
ficando este nervoso, provocar-lhe náuseas, etc., pode incorrer no crime de ofensas à
integridade física simples, se o agente agiu com intenção.

2.1. Elementos do tipo e sujeitos do crime


2.1.1. Sujeito activo
Um sujeito activo é o agente da infracção, é aquele que comete o crime. No caso de ofensas
corporais voluntárias simples, qualquer pessoa, exceto o próprio ofendido pode ser sujeito
activo. A autolesão é considerada irrelevante penal, desde que a causação da ofensa física não
tenha finalidade lesiva de outro objeto jurídico.

2.1.2. Sujeito passivo


O sujeito passivo é o que sofre os efeitos da infracção, é o ofendido. A princípio, pode ser
qualquer pessoa neste tipo de crime.

2.1.3. Objecto material


Entende-se por objeto material as coisas ou pessoas sobre as quais incide a acção. Neste caso,
o objecto material é o corpo ou a saúde de outra pessoa (pessoa física).

2.1.4. Objecto jurídico imediato


São os valores ou interesses jurídicos tutelados pela norma penal, que a infracção viola. Neste
tipo de infração, o objeto jurídico imediato é a integridade física.

2.1.5. Tipo objectivo


Entende-se por tipo objectivo, o conjunto de elementos que determinam o quadro externo do
aparecimento do facto crime. Assim, pode ser tipo objetivo do crime de ofensas corporais
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voluntárias simples, qualquer comportamento susceptível de violar (ofender) a integridade


física, isto é, que imponha maus tratos ao corpo de uma pessoa, mas que não produza doença
(lesão). A lei não define ofensa corporal. Trata-se de um conceito ético-social.

2.1.6. Tipo subjectivo


Entende-se por tipo subjectivo, os elementos que definem a consciência e a vontade do aagente
de realizar o ilícito descrito em cada tipo. O tipo objetivo do crime de ofensas corporais
voluntárias simples é o dolo (directo, necessário ou eventual).

2.1.7. Penalidade:
A moldura penal do crime de ofensas corporais voluntárias simples é de 3 dias a 3 meses.

2.1.8. Crime particular


O crime de ofensas corporais voluntárias simples constitui um crime particular, porquanto o
procedimento criminal depende da acusação do ofendido; e constitui um crime semi-público,
porquanto o procedimento criminal se desencadeia com a participação do ofendido ou do seu
representante legal, quanto aquele for menor de 16 anos ou incapaz, por razão diferente da
idade.

2.1.9. Justificação
São consideradas justificadas pelo exercício de um direito, no pressuposto de que as normas
respectivas normas reguladoras são cumpridas e não há abuso: as ofensas corporais do
desporto; as ofensas corporais infligidas pelos pais aos filhos no âmbito do seu poder-dever de
educação-correcção.
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3. CRIME DE OFENSAS CORPORAIS VOLUNTÁRIAS,


QUALIFICADOS PELO EVENTO – ART.ºS 360.º E 361.º
Art.º 360.º - ofensas corporais voluntárias de que resulta doença ou impossiblidade
para o trabalho

A ofensa corporal voluntária de que resultar, como efeito necessário da ofensa, doença ou
impossibilidade de trabalho profissional ou de qualquer outro, será punida:

1. Se a doença ou impossibilidade de trabalho não durar por mais de dez dias, com
prisão até seis meses e multa até um mês.
2. Se a doença ou impossiblidade do trabalho se prolongar por mais de dez dias, sem
exceder a vinte, ou produzir deformidade pouco notável, com prisão até um ano
e multa até dois meses.
3. Se a doença ou impossibilidade de trabalho se prolongar por mais de vinte dias,
sem exceder a trinta, ou produzir deformidade notável, com prisão e multa.
4. Se a doença ou impossibilidade de trabalho se prolongar por mais de trinta dias,
com prisão nunca inferior a dezoito meses e multa nunca inferior a um ano.
5. Se da ofensa resultar cortamento, privação, aleijão ou inabilitação de algum
membro ou órgão do corpo, com prisão maior de dois a oito anos.
§ único – Nos casos previstos no n.º 1 só haverá lugar a procedimento judicial
mediante participação do fundo, excepto se as ofensas corporais puserem em
perigo a vida do ofendido ou forem cometidas com armas proibidas, armas de
fogo, ou outros meios gravemente perigosos.

Art.º 361.º - ofensas corporais voluntárias de que resulta a privação da razão,


impossibilidade permanente de trabalhar ou a morte

Se, por efeito necessário da ofensa, ficar o ofendido privado da razão maior ou
impossibilidade por toda a vida de trabalhar, a pena será a de prisão maior de dois a oito
anos.

O indivíduo praticou o facto, mas no decurso desse acto veio a causar um resultado para além
da intenção do arguido.

3.1. Elementos do tipo e sujeitos do crime

3.1.1. Sujeito activo


Qualquer pessoa, excepto o próprio ofendido.

3.1.2. Sujeito passivo


Qualquer pessoa.
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3.1.3. Objecto material


O objecto material é o corpo ou a saúde de outra pessoa (pessoa física).

3.1.4. Objecto jurídico imediato


O objeto jurídico imediato é a integridade física.

3.1.5. Tipo objectivo


Qualquer comportamento que ofenda a integidade física de uma pessoa, impondo-lhe maus
tratos e provocando-lhe, como efeito necessário (nexo de causalidade), doença ou
impossibilidade de trabalho, proficional ou qualquer outro (evento ou resultado).

3.1.6. Tipo subjectivo


Dolo (directo, necessário ou eventual)

3.2. Formas

3.2.1. Crime de ofensas corporais voluntárias de que resultou doença


ou impossibilidade para o trabalho não superior a dez dias –
art.º 360.º, n.º 1

3.2.1.1. Penalidade
três dias a seis meses de prisão e multa de um a trinta dias.

3.2.1.2. Crime semi-público


O procedimento depende da participação do ofendido, excepto quando as ofensas puserem em
perigo a vida daquele ou forem cometidas com armas proibidas, armas de fogo ou outros meios
gravemente perigosos.

3.2.2. Crime de ofensas corporais voluntárias de que dença ou


impossibilidade para o trabalho, por mais de dez dias e não mais
de vinte, ou de que, resultou, por efeito da ofensa, deformidade
pouco notável – art. 360.º , n.º 2

3.2.2.1. Deformidade
É uma alteração ou defeito estético (alteração negativa) operante, mas sem prejuízo da função.
É o Tribunal quem, perante o caso concreto, decide se a deformidade é pouco ou muito
notável.

3.2.2.2. Penalidade
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A penalidade é de três dia a um ano de prisão e de um dia a dois meses de multa.

3.2.3. Crime de ofensas corporais voluntárias de que resultou dooença


ou impossibilidade para o trabalho por mais de vinte dias, sem
exceder a trinta, ou que produziu deformidade notável – art.º
360.º , n. 3

3.2.3.1. Penalidade
A penalidade é de três dias a dois anos de prisão e um dia a dois anos de multa.

3.2.4. Crime de ofensas corporais voluntárias de que resulttou doença


ou impossibilidade para o trabalho por mais de trinta dias – art.º
360.º n.º 4

3.2.4.1. Penalidade
A penalidade é de dezoito meses a dois anos de prisão e um a dois anos de multa.

3.2.5. Crime de ofensas corporais voluntárias de que resultou


cortamento, privação, aleijão ou inabilitação de um membro ou
órgão do corpo hunamo – art.º 360.º, n.º 5

3.2.5.1. Cortamento, privação, aleijão ou inabilitação

Cortamento, privação, aleijão (alteração ou defeito estético aparente, com prejuízo


funcional. Aleijão=deformidade+inabilitação), inabilitação (prejuízo funcional que
consiste na perda ou na redução considerável da função de um membro ou órgão do
corpo humano), não são figuras jurídicas, mas conceitos exclusivamente médicos ou
médico-legais.

3.2.5.2. Penalidade
A penalidade é de dois a oito anos de prisão maior.

3.2.6. Crime de ofensas corporias voluntárias de que resultou morte


(homicídio preterintencional) – art. 361.º, § único
3.2.6.1. Tipo objecto
Qualquer comportamento que ofenda a integidade física de uma pessoa, impondo-lhe maus
tratos e provocando-lhe, como efeito necessário (nexo de causalidade), a morte.

3.2.6.2. Tipo subjectivo


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É misto de dolo e negligência no que se refere ao evento (morte). O agente só quer ofender
corporalmente, mas, como efeito necessário das ofensas, a vítima morre. A negligência
(infracção ao dever de cuidado) é elemento constitutivo do crime, uma vez que o dereito penal
exclui a responsabilidade objectiva..

3.2.6.3. Penalidade
A penalidade é de dois a oito anos de prisão maior, agravada.
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CONCLUSÃO
Em guisa de conclusão, podemos auferir que, os crimes contra a integridade corporal no Código
Penal de 1886 (vigente em Angola) encontram-se inceridos na secção IV (Ferimentos,
contusões e outras ofensas corporais voluntárias) do capítulo III (Dos crimes contra a segurança
das pessoas) do Título IV (Dos Crimes Contra as Pessoas) do Livro II (Dos Crimes em
especial). O bem jurídico aqui tutelado é a integridade corporal. Este bem jurídico tem
relevância constitucional, estando consagrado, no art.º 31.º da CRA, o direito a integridade
corporal, o que o enaltece como um direito fundamental.
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BIBLIOGRAFIA
 SILVA, Fernando, Direito Penal Especial: Os Crimes Contra as Pessoas, 3.ª ed.,
Sociedade Editora Ld.ª, Lisboa, 2011.
 CAPEZ, Fernando, Direito Penal Simplificado: Parte Especial, Editora Saraiva, 16.ª
ed. São Paulo, 2012. (livro em pdf, disponível em www.lelivros.com).
 Código Penal de 1886.
 Constituição da República de Angola, 2010.

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