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População da China: bônus demográfico e envelhecimento

José Eustáquio Diniz Alves


Doutor em demografia, link do CV Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2003298427606382

A China é o país mais populoso do mundo e, desde 2014, possui a maior economia (quando
medida em paridade de poder de compra). Desde o início das reformas promovidas por Deng
Xiaoping, em 1978, a China apresentou – em 40 anos - o crescimento do Produto Interno Bruto
(PIB) mais robusto de toda a história econômica global. Diversos fatores contribuíram para este
desempenho excepcional e dentre os mais importantes está a dinâmica demográfica e a janela
de oportunidade criada pela mudança da estrutura etária.

O gráfico abaixo, com dados das novas projeções demográficas divulgadas pela Divisão de
População da ONU (revisão 2019), mostra a população total e por grupos etários da China entre
1950 e 2100. Como a China passou pela transição demográfica no século XX, terá, no século
atual, uma grande mudança na estrutura etária. A população total que era de 554 milhões de
habitantes, em 1950, cresceu nas décadas seguintes e deve atingir o pico de 1,46 bilhão em
2031. A partir daí vai iniciar um processo de decrescimento até ficar com 1,06 bilhão em 2100.
Do pico ao final do século a China vai perder 399 milhões de habitantes.

Como a taxa de fecundidade chinesa começou a cair rapidamente no início da década de 1970,
a população de 0 a 14 anos passou de 188,7 milhões de jovens para o pico de 370 milhões em
1976, iniciando um longo período de declínio, devendo ficar com 146,8 milhões de jovens em
2100 (uma redução de 223,5 milhões em 124 anos). Já a população em idade ativa (PIA) – que é
fundamental para o desenvolvimento econômico de qualquer país – passou de 341 milhões de
pessoas em 1950 para o pico de 1,02 bilhão em 2015. Portanto, a quantidade de pessoas em
idade de trabalhar na China já está diminuindo e deve ficar com 579 milhões em 2100. Cabe
destacar que a PIA vai ter uma perda de 443,6 milhões de pessoas em 85 anos, valor superior à
perda da população total.

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Enquanto caem a população de 0-14 anos e a população de 15-64 anos, cresce a população
idosa. O envelhecimento populacional na China vai ser intenso e rápido. A população de 60 anos
e mais que era de 41 milhões em 1950 vai continuar crescendo, mesmo depois do declínio da
população total chinesa, e deve atingir o pico em 2052 com um montante de 490 milhões de
idosos, caindo posteriormente para 402,8 milhões em 2100. A população de 65 anos e mais vai
atingir o pico em 2057 com 400,1 milhões de idosos (quase o dobro da população brasileira). E
a população de 80 anos e mais que era de somente 1,5 milhões de pessoas em 1950 deve atingir
o pico de 157,6 milhões em 2072 e cair para 151 milhões em 2100. Todos estes números estão
resumidos na tabela abaixo.

O que os dados da dinâmica demográfica da China mostram é que o momento mais favorável
do bônus demográfico já passou, conforme mostra o gráfico abaixo. Em 1966, a População em
Idade Ativa (PIA) representava 55,1% da população total e a Razão de Dependência (RD) estava
em 81,4%. Portanto, a proporção de pessoas em idade de trabalhar era a mais baixa e a
proporção de pessoas dependentes (jovens e idosos) era a mais alta. Mas a partir de 1967 a
estrutura etária ficou mais favorável e, em 2011, a PIA representava 73,2% e a RD representava
36,6%. Ou seja, tinha alta proporção de pessoas em idade produtiva e baixa proporção de
dependentes. Portanto, era o auge do bônus demográfico.

A partir de 2012 a PIA chinesa começou a crescer menos que a população total e a RD começou
a subir. Portanto, a janela de oportunidade chegou ao ponto de abertura máxima e passou a
reduzir a abertura. O impacto sobre o crescimento econômico é imediato, pois enquanto a
janela se abria o crescimento do PIB chinês ficou em torno de 10% ao ano, mas depois que a

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janela começou a se fechar o crescimento do PIB diminuiu para a faixa de 6,5% ao ano. A PIA
chegou ao pico em 2015 (1,02 bilhão de pessoas) e a disponibilidade de pessoas em idade ativa
começou a diminuir e deve ser reduzida em 442,6 milhões de pessoas até 2100. Para lidar com
esta diminuição na oferta de trabalho, a China tem investido em automação e robotização da
linha produtiva. Assim mesmo, não será fácil elevar a produtividade para compensar a redução
da PIA.

O principal desafio futuro será o intenso e rápido processo de envelhecimento populacional.


Como vimos antes a população de 60 anos e mais que era de 41 milhões de pessoas em 1950
subiu e deve atingir o pico de 490 milhões em 2052. A população de 65 anos e mais era de 24,6
milhões em 1950 e deve atingir o pico de 400 milhões em 2057. A população de 80 anos e mais
era de 1,5 milhão em 1950 e deve subir até o pico de 157,6 milhões (um aumento de cerca de
100 vezes). Depois do pico, as 3 categorias de idosos diminuem em termos absolutos. Mas como
mostra o gráfico abaixo, o Índice de Envelhecimento vai continuar crescendo ao longo de todo
o século XXI.

Considerando o IE para o grupo de 60 anos e mais, a China vai se tornar idosa em 2021, quando
houver mais habitantes com 60 anos e mais do que jovens de 0-14 anos. Considerando o IE para
o grupo de 65 anos e mais, a China vai se tornar idosa em 2029, com IE acima de 100.
Considerando o IE para o grupo de 80 anos e mais, a China vai ter uma estrutura etária idosa em
2098, quando houver mais habitantes de 80 anos e mais do que jovens de 0-14 anos. Em 2100,
o IE para a categoria de 60 anos e mais será de 274 idosos para cada 100 jovens, o IE de 65 anos
e mais será de 231 idosos para cada 100 jovens e o IE de 80 anos e mais será de 103 idosos para
cada 100 jovens de 0-14 anos.

Em síntese: o período mais favorável da estrutura etária já passou. Na década de 2020 a janela
de oportunidade vai, progressivamente, se fechar. Mas as dificuldades maiores surgirão após
2030, quando uma estrutura etária idosa reduzirá a disponibilidade da oferta de força de
trabalho. Tudo indica que os dias de alto crescimento do PIB vão ficar para trás e a China tem
pouco tempo para enriquecer antes de envelhecer.

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