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Técnicas de BD

Lição 6
A Magia da Cor

“Choveu. Ao longe ainda continua a chuviscar embora o sol brilhe naquela


manhã de Maio. No céu ergue-se majestoso um arco-íris; que cores, que
frescura... Que fenómeno!”

Está a imaginar esta cena, não é verdade? O fenómeno pode ser explicado
facilmente: a luz do sol, ao incidir nas gotas de humidade decompõe-se nas
seis cores do arco-íris. As gotas da chuva actuam assim como um filtro de
prismas cristalinos decompondo a luz branca naquilo que ela é na realidade:

- LUZ COLORIDA -

— Mas o que é que eu estou para aqui a dizer? A luz não é branca?

— Não, a luz não é branca, a luz somente “pinta” dá “vida” a tudo o que nos
rodeia!!

Vamos ver como. Na realidade a luz é composta por três cores: vermelho,
verde e azul escuro, as chamadas cores luz primárias que, ao serem
misturadas duas a duas, formam um novo grupo de três cores, as cores luz
secundárias: amarelo, púrpura e azul claro.

Luz verde + luz vermelha = luz amarela.

Luz azul + luz verde = luz azul claro.

Luz vermelha + luz azul = luz púrpura.

Estas são as seis cores do arco-íris, três cores que ao serem misturadas duas
a duas nos dão outras três cores completamente distintas.

Mas que aconteceria se em vez de misturar duas a duas as juntássemos uma


sobre a outra?

Luz verde + luz azul + luz vermelha = luz branca ( luz do dia ) ou seja, a
recomposição da própria luz.

É estranho mas é verdade, e quem chegou a esta conclusão foi um físico de


nome Thomas Young há mais de duzentos anos. Ele fez assim: Preparou três
projectores, a um aplicou um filtro vermelho; ao outro, um filtro verde, e ao
último, um filtro de cor azul. Acendeu-os e apontou-os a uma parede fazendo
coincidir os três focos de luz num mesmo ponto... MILAGRE! As três cores
juntas dão-nos a “cor” branca. Depois disso o ser humano continuou a estudar
o fenómeno e chegou a uma conclusão:

“Todos os corpos opacos ao serem iluminados reflectem toda ou parte a luz


que recebem”, — Como? — Vejamos!

Tenho diante de mim quatro rectângulos de cartolina: um de cor branca, um


vermelho, um amarelo e um negro. Que sucede quando a luz ilumina o
rectângulo de cartolina amarela? Como já sabemos a luz é branca porque essa
é a mistura das três cores luz primárias. Essas três cores invisíveis aos nossos
olhos “bombardeiam” esse rectângulo de cartolina que as absorve e ao mesmo
tempo reflecte duas, o verde e o vermelho, que sendo reflectidas juntamente
nos proporcionam a luz amarela, a cor da cartolina.

Luz verde + luz vermelha = luz amarela.

A cartolina vermelha igualmente absorve as três cores componentes da luz,


aliás como tudo, mas reflecte somente a cor vermelha, esse é o motivo pela
qual neste momento esse pequeno rectângulo de cartolina aos meus olhos é
vermelho.

A cartolina branca também absorve as três componentes luz, as quais são


reflectidas ou projectadas na sua totalidade e sabemos que ao juntar as três
cores o resultado é o branco. A cartolina negra, porque é negra? Há luz negra?

— Não!!

O negro é somente a ausência de cor, na realidade a cartolina negra está a


receber a mesma quantidade de luz que as outras cartolinas só que não
devolve nenhuma delas, por esse motivo a vemos como um "buraco", sem luz
e por sua vez sem cor. A este ponto chegámos a uma conclusão: o que se está
a passar com estas cartolinas sobre a minha mesa, passa-se
contemporaneamente com tudo o que nos rodeia. Ao acender uma luz ela não
vai iluminar os objectos mas sim vai “pintar” com as suas cores ditos objectos.

À noite no nosso quarto quando apagamos a luz e nos preparamos para


dormir, fica escuro. Porquê?

A resposta mais lógica seria porque existe uma ausência total de luz, mas aqui
entra em jogo uma outra pergunta, um outro porquê que pode ser explicado da
seguinte forma: ao apagar a luz todos os objectos que nos rodeiam, neste caso
no nosso quarto, perdem a cor, tornam-se “transparentes”, invisíveis pois falta-
lhes a cor. Eles existem, estão lá, mas não tendo cor não os podemos ver e
neste ponto podemos dizer com toda a certeza que a luz não ilumina mas tinge
de cor tudo o que ela possa atingir. A ausência total de cor é, portanto, o negro,
o escuro, tal como nesse pedaço de cartolina negra sobre a minha mesa de
trabalho.
— Quem diria!?

Chegados aqui peço-lhe que esqueça todas estas normas e misturas para
evitar confusões na pintura pela razão de que um artistas não pinta com cores
luz mas sim com cores pigmento, que são algo diferentes, embora estas
reajam à cor da luz.

Reconheço que estamos a fugir um pouco daquilo que é a BD mas como hoje
em dia ela é cor, senti a necessidade de o fazer entrar neste maravilhoso
mundo para que no futuro você possa colorir as suas pranchas com alguma
segurança na matéria.

Teoria da cor

Existem três cores que fazem parte obrigatória da paleta de um artista, são as
chamadas cores primárias. (Não confundir com as cores luz primárias). As
primárias pigmento são: amarelo limão, magenta e azul ciano ou azul claro,
como é vulgarmente conhecido. Estas três cores misturadas entre si nas
proporções exactas dão-nos as cores SECUNDÁRIAS.

Amarelo + magenta = vermelho

Amarelo + ciano = Verde

Ciano + magenta = azul escuro

Como vê, misturando as três primárias duas a duas obtemos as secundárias.


Por sua vez misturando estas últimas com as primárias, conseguimos um novo
grupo de seis cores, as ternárias.

Vermelho + magenta = Carmim

Verde + amarelo = verde claro

Azul escuro + ciano = azul ultramar

Vermelho + amarelo = laranja

Magenta + azul escuro = violeta

Ciano + verde = verde esmeralda

Com este processo e continuando a misturar cores entre si conseguimos uma


gama infinita com todas as cores da natureza. Veja na figura 74 o círculo
cromático das doze cores que fazem parte desse grupo de primárias,
secundárias e ternárias.
Iniciando do amarelo e no sentido dos ponteiros do relógio temos:

Amarelo, verde claro, verde médio, verde esmeralda, azul ciano, azul ultramar,
azul intenso, violeta, magenta, carmim, vermelho e laranja.

Como se poderá dar conta as cores primárias são únicas e não poderão ser
conseguidas com nenhuma outra mistura, por essa razão são as três cores que
fazem parte obrigatória da paleta de um artista. Todas as outras podem ser
conseguidas por mistura.

Para que a gama fique completa deveremos utilizar o branco que ajudará na
mistura, aclarando as cores.

O negro “perfeito”, para um pintor, é aquele que se consegue também através


de mistura. Podemos construir negros com tonalidade quente ou fria e assim
harmonizando-o com as restantes cores da pintura.

Azul intenso + carmim e muito pouco amarelo = Preto quente.

Azul intenso + Carmim = Preto azulado.

Muito azul + um pouco de amarelo e carmim = Preto verdoso.

Chegado a este ponto dou-me conta que estamos numa aula de pintura, mas
não estou a esquecer a banda desenhada, como possa parecer, somente o
quero fazer entrar num mundo maravilhoso, o da cor.

É certo que nada disto é muito importante para o seu futuro como artista visto
que hoje em dia o mercado nos oferece uma gama ilimitada de cores e, assim,
estas misturas não fazem sentido mas é sempre bom saber algo mais sobre
aquilo que nos interessa. Ser profissional num qualquer ramo requer saber tudo
o que diga respeito à nossa escolha.
Cor Fria, Cor Quente

As cores do espectro dividem-se em três grupos; quentes, frias e intermédias.

Cores quentes: A mais representativa deste grupo é sem dúvida o vermelho,


mas também o são os amarelos, laranjas, terras (castanhos), carmins e
púrpuras ou magentas. As cores quentes representam aproximação e
exaltação.

Cores frias: Este segundo grupo de cores dá a sensação de calma e longitude


sendo o mais representativo o azul; seguem-se-lhe alguns verdes, violetas e
cinzentos.

Cores Intermédias: Este terceiro grupo de cores é composto pela mistura de


uma cor quente com uma fria, não fazendo esse parte nem de um nem de
outro grupo.

Por exemplo: um verde construído por partes iguais de azul e amarelo pode ser
associado tanto à gama de tons quentes como àquela de tons frios, mas pelo
contrario se o azul interferir em maior quantidade na mistura, então esse verde
seria uma cor fria ou vice-versa, sendo o amarelo a dominar a mistura, o verde
seria de tonalidade quente.

Do Contraste ao Equilíbrio

Já falámos anteriormente como se deverá proceder para fazer realçar o centro


de interesse através de linhas ou manchas; vejamos agora como o fazer
realçar através do contraste de cor.

Quando colorimos uma vinheta com tons quentes e nessa vinheta queremos
fazer realçar o centro de interesse, o mais aconselhável seria pintar o dito
centro de interesse com tons frios ou vice-versa.

Um ciano contrasta com um amarelo, mas mais com um laranja e muito mais
com um vermelho; para isso veja na figura 75 as mesmas cores do círculo
cromático da figura anterior alinhadas duas a duas provocando assim o
máximo contraste de cor.
O contraste de cor dentro da vinheta dá um maior dramatismo à cena que esta
narra.

Para cenas repousadas sem nada que deva saltar à vista é aconselhável o
equilíbrio cromático com cores todas da mesma gama, quentes ou frias. Uma
paisagem, por exemplo, a tons quentes obriga-nos a tingir parte das cores frias
nela existente, tais como o azul do céu ou o verde da vegetação, com
amarelos, terras e vermelhos. Assim o verde pode tomar um matiz mais quente
se misturado com amarelo, e o céu, um violeta se lhe juntar-mos um pouco de
vermelho.

Na maioria dos casos não é obrigatório que as coisas tomem a sua cor própria.
O importante é dar à cena a importância de que ela necessita para melhor ser
entendida. Por exemplo, o primeiro plano de um indivíduo em cólera pode ser
completamente vermelho já que só assim é que se poderia entender o seu
estado de alma.

Por último a valorização dos planos. Já lhe tinha falado anteriormente na


perspectiva tonal, ou seja, que o ar intermédio aclara os escuros e escurece os
brancos. Pois bem, com a pintura a cores essa norma deve persistir. Para uma
paisagem com alguma profundidade de campo devemos intensificar o tom dos
planos que se encontram mais próximos, suavizando-os à medida que se
afastam.

A Luz na Noite

Como colorir uma vinheta nocturna sem qualquer fonte luminosa? Aqui teremos
de falsear a realidade: a cor das coisas não existe; assim, tudo será
completamente azul e violeta com sombras a negro. Veja figura 76. A cor da
carne, as roupas, a natureza... Tudo, tudo é negro, azul e violeta, não receie
exagerar.

Fig 76 - © Le Lombard / Kas


Numa vinheta nocturna onde exista uma fonte luminosa também a cor das
coisas não existe, toda a vinheta será inundada por matizes quentes, só o céu
poderá ser negro mas também pode ser violeta. Em torno a essa fonte
luminosa, que pode ser branca, tudo será amarelo claro que se escurece à
medida que se afasta até atingir um vermelho e um ocre onde a luz já chega
em pouquíssima quantidade. Os últimos planos, se se tratar de uma cena no
exterior, serão violeta com muitas sombras negras. Veja figura 77.

Fig 77 - © Le Lombard / Hermann

Técnicas de Coloração

Como colorir uma BD? Qual o processo?

Hoje em dia existem diversos tipos de coloração, desde os mais simples aos
mais complicados que nos apresentam as vinhetas como se fossem quadros
de Rembradt, Renoir ou Dali expostos num qualquer museu. Vejamos algumas.

O Falso offset e o Directo Sobre Prova de Azul

Dentro de todos os processos de coloração existem dois que praticamente já


não se usam, que são: o falso offset e o directo sobre prova de azul. Em que
consistem?
O Falso Offset consiste em aplicar a cor em papel à parte com lápis de cor,
pode ser sobre fotocópia da prancha desenhada, o colorido com todo o jogo de
degradados e brilhos, este processo também inclui zonas de cor plana como os
céus. Todo o trabalho viria depois a ser feito por processos de impressão, o
artista limitava-se a desenhar a prancha a negro e a acompanhar a impressão
para trabalhar em conjunto com o gravador, dizendo o que pretendia e o que
tinha imaginado. Este processo caiu em desuso, não vale a pena aprofundar,
mas é bom saber que existiu.

O Directo Sobre prova de Azul tem mais trabalho do artista e é muito


semelhante ao utilizado hoje em dia, que é a coloração sobre o original. Este
processo embora completo não faz mais sentido nos dias de hoje pois as
máquinas de impressão actuais podem separar cores com uma perfeição
fotográfica. O processo consistia em, depois que o original a tinta da china
estava terminado, era enviado para a editora a qual fazia uma cópia das
pranchas com os desenhos a azul sobre um cartão, era sobre este cartão que
o artista pintava a aguarelas guiando-se pelo desenho a azul. Este sistema
também permitia pintar zonas que anteriormente não tinham sido desenhadas
tais como nuvens no céu ou brilhos na água.

Com este processo fica-se, então, por um lado, com a história completa a tinta
da china e, pelo outro, com uma história a cores, sem traços negros. O passo
seguinte será dado pelo fotogravador que sobreporá ambas as técnicas.
Cores Planas

Este tipo de coloração é muito utilizado em BD infantil. Veja a figura 78. As


cores são planas e carecem de sombras e brilhos. Como se faz?

O desenhador limita-se a desenhar as pranchas a tinta da china negra


indicando no verso da prancha a lápis de cor ou canetas de feltro a cor que
deseja que o fotogravador aplique nas páginas que irá imprimir. Para isso terá
de ver a prancha em transparência para assim poder indicar a cor no sitio
certo. Outra maneira de o fazer seria aplicar sobre a prancha desenhada um
papel transparente e aí colorir com lápis de cor.

O desenhador pode ainda escolher uma terceira opção, a de fotocopiar o


original a tinta e aplicar a cor para referencia sobre a fotocópia. O processo das
cores planas não obriga o desenhador a esmerar-se na pintura pois ao
fotogravador basta uma simples indicação da cor que o artista posteriormente
pensou para cada vinheta.

Fig 78 - © Le Lombard
Pintura Sobre o Original

Na figura seguinte, 79, temos um exemplo da pintura a aguarelas sobre o


original. Depois do desenho a tinta da china o artista pinta a prancha com todo
o jogo de cores com tintas de água, pode ser aguarela, anilinas ou ecolinas. O
mercado oferece-nos uma gama cores a água que deveremos conhecer e
utilizar a que mais nos convenha. Estas cores são transparentes pelo que, o
desenho a tinta da china, fica sempre visível. O resultado final é muitíssimo
bom pelo que eu o aconselho vivamente.

Fig 79 - © Le Lombard / Rosinski


Em Busca da perfeição

O processo mais perfeito é sem dúvida o que encontramos na figura 80. Veja
esta página de Enki Bilal da história “A Caçada”. Ele utilizou vários materiais
sobre o desenho a lápis, a tinta da china é utilizada somente para alguns
contornos. A prancha é tratada como se pintássemos um quadro com cores
opacas.

Fig 80 - © Enki Bilal


O Futuro

Em 1997 a BD começou a ser produzida nos ecrãs de computador utilizando


programas de manipulação de imagem. Veja a figura 81.

Para produzir uma prancha com esta qualidade o desenhador procede ao


trabalho de sempre, tinta sobre papel, em seguida, através de um scaner passa
o desenho para o computador e pinta-o com cores planas num programa de
desenho, tal como o "Colorize". Importa-o de seguida para um outro programa
de manipulação de imagem, neste caso utiliza-se o poderoso PhotoShop, aqui
fazem-se sombras e brilhos, nas cores já feitas anteriormente, e pode até
aplicar-se filtros de efeitos especiais, o resultado é o que temos aí nessa
prancha da Marvel. Para construir fundo, ambientes, mundos com alto
conteúdo realista e, até, naves espaciais ricas em detalhes utiliza-se um
programa a 3 dimensões: Bryce ou Extrem 3D. Os textos, e os balões podem
ser escritos no CorelDRAW. O resultado final é compensador, como vê, vale a
pena. Sobre a pintura de uma prancha nada mais resta dizer.
Agora temos, para finalizar esta última lição, uma apaixonante e difícil técnica
para aprender: a criação de uma capa. Não o quero assustar mas só alguns
consegue realizar capas de alto valor expressivo, vamos tentar, talvez você
seja um desses.

A Capa

A capa de um álbum de BD não serve de protecção à história nem tão pouco


tem de ser vista como uma arte menor. A capa só por si é uma arte completa e
complexa que nem todos os banda desenhistas se podem gabar de ter
conseguido concretizar.

Para criar uma capa não basta saber desenhar, pintar ou compor, há que ter
um “DOM” especial, e artistas especialistas como Frank Frazetta existem
poucos, infelizmente.

Quando criamos uma capa sabemos a priori que ela vai ser exposta junto a
muitas outras numa livraria ou quiosque; então, a nossa primeira preocupação
deverá ser a de desenhar uma capa que, no meio de tantas outras, possa gritar
mais alto, chamar a atenção do futuro comprador, que o faça reter-se uns
momentos, a contemple, porque por isso a desenhámos, e por fim compre a
obra. A capa deve portanto atrair, seduzir e convencer. Quantos de nós não
fomos já seduzidos por boas capas? Eu pessoalmente já várias vezes e,
nesses casos, posso dizer que comprei a obra seduzido por uma boa capa,
porque a história era de baixa qualidade e de outra maneira não a compraria.
Elas fizeram a sua missão, não a de enganar, mas a de atrair e convencer
alguém, até mesmo quem do assunto tenha um certo conhecimento.

Que Deve Figurar Numa Capa

O centro de interesse deverá ser claríssimo, ou seja, deve ser entendido com
uma simples passagem de olhos. A confusão desvia o olhar do futuro
comprador.

Não deve desenhar numa capa mais de duas ou três figuras.

Os fundo deverão ser pouco trabalhados, mais homogéneos, para assim fazer
realçar o centro de interesse.

Deve existir contraste de cor entre o fundo e as figuras; estas aparecerão,


assim, mais realistas e apelativas, prendendo as atenções

A capa deve reflectir o conteúdo da história, isto é, se a história é bélica a capa


deverá ser desenhada sobre esse mesmo tema e não outro que possa enganar
ou defraudar o público, tentando vender “gato por lebre”.
Como Fazer uma Capa

Geralmente as capas são pintadas a morder, isto é, sem deixar margens,


pintando até aos bordos. Há, portanto, que concentrar o motivo do desenho no
centro da página para que não venha a sofrer quando a reprodução seja
guilhotinada às medidas onde foi impressa. Outro factor importante é o espaço
para o título, que pode ser impresso tanto na parte superior como na inferior ou
lateral da página; portanto, convém deixar livre de desenho a zona onde será,
mais tarde, impresso o título da obra, caso contrario o desenho confundir-se-ia
com as palavras, causando confusão na leitura das mesmas.

Quase todos os materiais podem ser utilizados para pintar uma capa: aguarela,
guache, etc. mas, ultimamente, a pintura a óleo ganhou terreno e já são poucas
as obras que não contam com uma capa pintada com este material. A capa a
óleo é, sem duvida, a mais cotada do mercado e, se o seu criador é realmente
um artista na matéria, pode ser chamado a realizar trabalhos muito variados
tais como capas de discos, vídeos, DVD's ou, até, das mais variadas revistas.

Pessoalmente aconselho o óleo, isto porque é a técnica que melhor domino,


mas está nas suas mãos o caminho a seguir. É obvio que não vamos pintar
sobre uma tela esticada num bastidor dado o incomodo que isto causaria no
transporte ou enviar por correio para a editora, mas podemos pintar sobre
cartão prensado de 2 ou 3 milímetros.

Deve, para isso, impregnar o cartão com tinta acrílica branca antes de começar
a desenhar pois o cartão absorve muito rapidamente o óleo e torna-se difícil
pintar.

Outro método é cobrir o cartão com verniz ou cola transparente e pintar em


cima ou até, porque não, colar tela muito fina sobre o cartão.

Se optar pelo verniz ou cola transparente é aconselhável desenhar a capa


antes de aplicar esse produto.

Deve começar a pintura do desenho pelos fundos, seguindo a pintura por


planos e, só no fim, realizar brilhos e pequenos pormenores.

Dê à ilustração uma tonalidade base, quente ou fria, e trabalhe em torno a ela,


o objectivo é que a capa não fique muito “berrante” e mais sóbria, mais
profissional.
Os Títulos

Como escrever o título da obra numa capa?

Na verdade esse não é trabalho que nos compita, mas sim, do impressor. Nós
limitamo-nos somente a aplicar sobre a capa já pintada um papel transparente
com uma dobra, que é colada no verso da ilustração; sobre esse papel que
cobre assim a figura pintada escrevemos a lápis de cor o título no sítio preciso
onde ele deva figurar e para o qual, como disse anteriormente, foi deixado um
espaço livre de desenho. Há casos em que um título pode ser pintado por nós
mas isso somente quando queremos um tipo de letra por nós inventado, que
não exista para impressão, como na Figura 84 pintada por Victor Mesquita.

Veja também nas figuras 82 e 83 dois bons exemplos de capas pintadas a


óleo.

E estamos a chegar ao fim desta aventura, vou ainda deixar alguns conselhos
de interesse para o guionista, será a última lição de guião desta viagem
alucinante, espero que tenha aprendido algo, se assim é fico imensamente
feliz.
Guião

Lição 6
Temas de Interesse Para o Guionista

Para poder escrever um bom guião o guionista tem de estar preparado. Esta
preparação consegue-se ao longo de anos de intenso trabalho de estudo e
pesquisa. No fundo é um trabalho que pode divertir mas, seja como for, é um
trabalho que deve ser feito sempre com a finalidade da busca e do estudo.

Quando lemos um livro, vemos um filme ou viajamos podemos divertir-nos mas


esse divertimento deve ser sempre acompanhado de um maior interesse em
reter imagens, frases, situações, datas históricas e tudo aquilo que, mais tarde,
possa vir a enriquecer os nossos guiões, tornando-os assim mais reais e
interessantes, isto dá-nos uma boa dose de cultura geral, a matéria
indispensável para qualquer guionista.

Ao ver um filme não devemos somente viver a sua história para a poder
entender, devemos, sim, ver como essa história foi escrita, as situações, as
três partes fundamentais do guião que lhe falei anteriormente, os planos, as
frases etc.

Um erro comum do guionista inexperiente é iniciar o guião já dentro do drama


da história.

Nos filmes, por exemplo, pode aprender que o drama, a parte escaldante, o
“desenvolvimento” do argumento se inicia um pouco antes do meio da história
sendo o princípio dedicado inteiramente a apresentar personagens e situações
aparentemente sem interesse mas que terão o seu papel fundamental do meio
do filme em diante, não apenas inicie o drama no qual o guião criou as suas
bases. Veja nas aventuras de 007 ou Indiana Jones aquilo que acabo de dizer:
um início calmo que aumenta de intensidade à medida que o guião vai
desenrolando.

Atenção, Muita Atenção

Nada deve ser copiado de um filme ou romance, velam por eles os direitos de
autor, o famoso © Copyrigth.

Se sentir a necessidade de adaptar à BD uma obra literária existente deverá


pedir autorização ao detentor dos direitos ou mudar parte do argumento, as
possíveis datas existentes na história, desde que não sejam históricas, e os
nomes das personagens para que o seu autor, ou o seu actual proprietário, não
lhe venha a cobrar somas exorbitantes por violação de uma criação original.
E com isto digo tudo!

Exactamente! Com isto digo tudo. Estamos no fim deste tratado e penso que
nada mais há a dizer, só espero que tenha aprendido o bastante para encarar a
Banda Desenhada ou como se chama por esse mundo fora: the Comic, i
Fumetti, a Manga, los Tebeos, las Historietas, os quadrinhos ou les Bandes
Dessinés... Enfim, a 9ª arte, uma arte jovem, embora velha quanto o homem,
que ainda está em desenvolvimento.

Agradeço ter chegado comigo a esta meta, agora só nos resta lutar, lutar, lutar
para que a BD no nosso país alcance os níveis e as metas que conseguiu na
América ou nos países europeus.

Chegou a hora de deixar o passado para trás e olhar o futuro, que não está
muito nítido; comemorar o passado não melhora o amanhã e é hora de que
todos, até mesmo os governantes deste país, se mentalizem de que no futuro
está o nosso futuro.

Porquê esquecer o passado? Porque as histórias nacionalistas sobre nós e


nossos feitos e antepassados nunca conseguirão passar as fronteiras enquanto
as obras estrangeiras, às vezes de pouca qualidade, nos chegam todos os dias
fazendo com que os nossos bons artistas vivam à sombra de um pouco de
inveja por não conseguir o que os seus colegas, lá fora, nos países das
maravilhas, alcançaram. O talento do homem é universal, não se resume a
uma fronteira política.

Uma pintora portuguesa disse um dia: “Um artista vem ao mundo para deixar
uma mensagem do seu tempo às gerações futuras”.

Vamos pois lutar por isso. Os países fazem-se com homens, e estes, com os
livros numa simbiose perfeita. Seguiremos, pois, o exemplo dos desenhadores
italianos, franceses, americanos, fazendo histórias de ficção relativas à
humanidade e que possam interessar outras culturas, só assim poderemos
glorificar o nosso bom nome além fronteiras.

Preparamo-nos, pois, para as conquistas do amanhã, as conquistas do futuro


feitas com a BD.

...E já nos encontraremos um dia, prometo.

Amigo, amiga, colega, até lá passe muito bem e... Bom trabalho.

Francisco Chinita 1991/2002


ANIMEN (Animal Homem) - 1999

Vemos nesta ilustração a história da evolução do homem, terminando com uma


antevisão do que poderá vir a acontecer se este continuar a utilizar a
inteligência em favor da destruição.

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