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'BRAZILIANISTS' E
DISCURSOS BRASILEIROS
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idéia deste artigo é delinear diferen· "De uns tempos prá cá ap areceram no
tes discursos sobre o brasilianismo Brasil uns seres misteriosos intitulando
como fenômeno geral, a partir da se brazilianislS para grande pasmo da
análise de algumas publicaçOes acadêmicas população nativa e inveja dos cientistas
e de órgãos da grande imprensa e da locais" (Jaguar, Pasquim.I7/lln7).
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brasileira e ao público mais amplo, eis ainda que alguns atribuam sua origem à
nosso objetivo básico. 1
imprensa dos anos 70. Embor.: o sig
A escolha do recorte orientou-se no sen nificado da noção seja claro, compartilho a
tido de trazer elemenlos novos para a nível de senso comum e, inclusive, adotado
reflexão sobre o brasilianismo, de recuperar pelos referidos norte-americanos (apesarll�
os ecos do debate apaixonado sobre O as um certo mal-estar), paradoxalmente reina
sunto na década de 70 e de avaliar o que um certo mistério em torno deste per-
•
No..: Ap-ilj- .Itodriao NIVC6, que mcCacililOU OIC''70 lomawrial de impcu" equi F,'I
Waa do.
imprensa ( ... )" (Ralph DeUa Cava,Veja, riodicamente (Veja, 1976a e 1977). Tais
24/11n6). afirmaçOes, entretanto, são invariavel
mente impreÔsas e genéricas. Por exemplo,
Os brasilianistas se fazem presentes na um mesmo artigo menciona o decréscimo
imprensa nacional a partir dos anos 70, dos estudos sobre o Brasil nos EUA já no
momento em que seus livros são ma começo dos anos 70 e, ao mesmo tempo,
ciçamente editados entre nós. Seguindo os aponta sua extrema vitalidade (O ESIa<Wtú.
ral>bos desses personagens em resenhas de São Paulo, 1974). Ao lado disso, raramente
livros, artigos e entrevistas, é possível dizer
•
fis dos personagens que compOem este ma que nllo gosta de ser c hamado de
grupo. Há diferentes tipos de distinção brasilianista (Folha de São Paulo, 1987).
possíveis, segundo brasileiros: Kenneth Maxwell reage: "NlIo pertenço
a) "Há estrangeiros e estrangeiros, norte propriamente ao que se chama grupo de
americanos e norte-americanos"; isto é, brasilianistas" (JorllDl de Brasil, 1978).
exiSIC a "boa" contribuiçllo estrangeira, 'Ralph DeUa Cava pergunta-se: "Eu?
lnIZida por "intelectuais desinteres�os", B rasilianista?" (Pasquim, 1977). Mas a im
que nos permite rer acesso às novidades prensa que, de modo geral, sobrevive de
tOOricas. e a presença "nociva" de intelec r6tulos e polêmicas, nlIo facilita talaarefa
"I"is que têm contatos com altos escalões Há um artigo exemplar neste sentido: uma
do govemo brasileiro, que fazem planos matéria de 1978, onde todo o esforço do
para a ação (Veja, 1975a); norte-americano entrevistado é de se
b) há os brasilianistas que mostram uma diferenciar do grupo dos brasilianistas, tem
história "tensa", mas que SlIo as exceções, e como título "Sempre um brasi lianista".
os que funcionam como uma "imensa su A gIande polêmica, excessivamente ex
perestrutura diagnosticadora, uma espécie plorada pela imprensa é a disputa entre os
de vanguarda, de linha de frente para o estrangeiros e os nacionais. SlIo diversos os
investimento posterior de capitais", estes artigos que enfatizam esse aspec to da
sim a maioria (Veja, 1975b). relação entre brasilianistas e intelechIais
Brasilianistas também falam de brasi brasileiros. As pesquisas americanas sobre
lianistas e fazem uma auto diferenciaçllo. o Brasil "enchem de frustração a intelec
Eis algumas formas possíveis: tualidade brasileira", sublinham as matérias
a) há brasilianistas sem interesse p0- (Veja, 1975c). Os estrangeiros - "os foras
lítico, os intelectuais; há os ligados mais teiros" - apatecem como privilegiados, na
diretamente à política e os que se voltam medida em· que possuem verbas para
para os direitos humanos (Veja, 1975a e pesquisa e têm acesso a arquivos fechados
Jornal de Brasil, 1978); aos pesquisadores nacionais (Veja, 1975).
b) há os que têm uma "explicaçllo Mesmo com esses privilégios, nlIo logram
p a d r o nizada" do B r a s i l (o r e g i m e trabalhos de qualidade, eis a vingança
autorilário seria uma decorrência natural da nacional: "Um professor brasileiro expul
história brasileira) e os que nllo o fazem sou há meses um professor estrangeiro que
(Jornal de Brasil, 1978); aqui chegou com um vistoso par de botas e
c) existem aqueles que falam bem o muito bem recomendado, mas que ..ada
português, pois aqui viveram longo tempo sabia sobre a nossa história" (Veja, 1975).
e, portanto, têm acesso a um outro n!vel de Outro exemplo curioso é um artigo sona
compreensllo da sociedade brasileira (Jor Hist6ria geral da civilização brasileira,
nal de Brasil, 1978;Jornal da Tarde, 1979 onde colaboram vários brasilianistas no
e Pasquim, 1977); volume sobre República. Diz o jornalista:
d) há os que criaram "laços afetivos" "Para orgulho nacional, resta, pelo menos,
com o país (esta, decorrência direta da de que as melhores partes de O Brasil
forma de distinção anterior): "Por isso é que republicano nllo foram escritas pelos
me considero além dos brazilianistas. Criei estrangeiros" (Veja, 1975c).
me aqui e os laços afetivos me salvam deste Mas se, frequentemente; a qualidade do
rótulo tlIo discutido" (Jornal da Tarde, trabalho dos brasilianistas é em
1979). dúvida pela imprensa - nlIo SlIo poucas as
Fugir. do rótulo: eis uma preocupação vezes em que tais trabalhos SlIo des(:jilOS
geral dos norte-americanos. R. Morse afir- como mero acúmulo de dados -, também
BRASnJANlSMOS, 'BRASD.JANlSTS' E DISCURSOS BRAS".FIR.OS 33
discursiva, não apenas em relação à glande 1989). Os antropólogos que lidam com ou
i!"prensa, mas à própria imprensa alter trasqueslOes - os assuntos wbonos, por
nativa. exemplo , estes sim podem ser deso:riros
-
como brasilianistas. A de
Thales de Azevedo ao l ivro de Anthony e
Elizabeth Inds. A sociologia do Brasil
4. publlcaçOes nacionais urbano (1978), é prova dislO.
dedicadas à história 8 o Como são os historiadores o grupo mais
braslllanlsmo: silêncio quase numeroso e mais correntemente iden·
absoluto tificado com a legenda 'brasilianistas',
pareceu importante avaliar a recepçllo de
Do ponto de vista disciplinar, os his suas obras junlO a veículos de histOriadores
toriadores constituem O grupo mais brasileiros. Acompanhamos, entao aRevis-
numeroso de brasilianistas (32.5%), . ta de História d a U S P desde o seu
seguido pelos antropólogo� (21.6%) e lançamento (janJmar. 1950) até 1985.
economistas (20.2%) (MiSeIi, 1989:44). O primeiro número da publicaçllo traz,
SlIo os historiadores, sobretudo, os per em suas páginas iniciais, uma confCJf.ncia
sonagens tratados preferencialmente pela de Lucien Febvre (em 2 de setembro de
imprensa quando o debate é sobre 1949) intitulada "O homem no século
brasilianismo. Cientistas políticos e XVI", onde' os primeiros parágrafos são
economistas também aparecem ligados ao dedicados à " fecundidade da comunhão
assunto, porém com menor freqüência. O entre França e Brasil". À medida que
curiosO é que os antropólogos (segundo caminhamos enue volumes e pelos anos, é
grupo mais numeroso, de acordo 'com o possível perceber que o texto inaugural de
National Directory of La/in Americanists, Febvre nllo está ali por acaso. O diálogo
1985) quase nunca são definidos como intenso (e extenso) da revista com a F rança
brasilianistas nos jornais e revistas. e seus historiado�é uma realidade incon
H á p a r t i cularidades no trabalho testável.4
anlropológico que talvez ajudem a entender Até os anos 60, a publiração conta com
a posição peculiar da disciplina em relação uma maciça colaboração de franceses: L.
ao brasilianismo. O interesse de pesquisa Febvre, C. Morazé, R. Dion, Émile G.
dos antropólogos é preferencialmente por Léonard, E. Coomaert, F . P. Braudel,
grupos indígenas. Portanto, os norte Philippe Wolff, Jean Gagé, Jean Glénisson,
americanos vêm pesquisar no Brasil Yves Bruand. Fréderic Mauro e Paul
questões relativas às Iribos com as quais Hugon. Tais colaboradores são, naquele
trabalham. Quer dizer, o objeto de estudo momento. ou foram, todos - com exceçllo
desses especialistas não é o Brasil: "Em de L. Febvre - integrantes da missão fran
termos dos estudos etnológicos, po cesa da USP, nos anos 30 (Massi, 1989).
deríamos dizer que os pesquisadores, A partir de 60, vemos os primeiros none
preocupados com as suas tribos e com a americanos chegar às páginas da revista,
comparação entre elas, recortam o terrilÓri? com um ou outro artigo: Lewis Hanke,
nacional segundo uma lógica particular. E Frank Goldman. Richard Grahan, Stanley
como se O uabalho com índios colocasse Stein. Bradford Bums, Richard Morse,
diante do eswdioso um mapa da América June Hahner, Darrel Levi e Warren Dean.
Latina onde estivessem localizadas as Nesse período mais recente, portanlO, os
várias tribos. Os contornos do Brasil, no franceses não são mais os únicos esuan- .
caso, nllo estllo em destaque" (Massi. geiros a colaborarem com a revista, mas
36 ESruoos HISTÓRICOS - ) 9901S
Tal evidência se conflfllla quando pas às obras dos brasilianistas entre os cienús
samos os olhos na revista Dados - publi tas sociais brasileiros deve-se ao fato de que
caçlio semesual do Insútuto Universitário os primeiros não ocupem lugar de destaque
de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ) no "panteão das influências teóricas"
-, dedicada à ciência políúca e que vem a (Miceli, 1989:38), no caso da ciência
público no segundo semestre de 1966. Ao política tal asserúva deve ser relaúvizada
contrário da Revisla d. Hislória, aí o que Primeiro, porque aí nlio se pode chamar de
chama a atenção é a forte colaboração "baixa" a recepúvidade dessas obras, pelo
norte- americana, não só auavés de artigos menos tendo Dados c o m o f o n t e de
como também em resenhas de livros; informaçãO e em comparação com as
americanos são resenhados e resenham a demais ciências sociais. Segundo, porque
produção brasileira e norte-americana. entre os brasilianistas, alguns são inter
O número de resenhas não impressiona locutores do ponto de vista teórico (Stepan,
particularmente (foram levantadas seis Fishlow, etc.). Evidentemente, não estão no
críúcas a livros de brasilianistas), porém mesmo nível de um Habermas ou de um
como a seção "Livros" sempre foi irregular Sartori, a quem Miceli se refere quando fala
na revista, ora ocupando um espaço menor, em "influências paradigmáúcas", mas não
ora mesmo sendo suprimida, não pode ser slio, de modo algum, deseartáveis do ponto
considerada um termômetro da presença de vista da discussão intelectual.
none-americana. Os artigos. por sua vez, As publicações do Cebrap foram incor
revelam a intensa colaboração esuangeira, poradas à análise não apenas com O objeúvo
em geral, e norte-americana, em particular. de ampliar o leque comparativo, mas
Em Dados escrevem constantemente: também porque representa uma parte sig
Werner Baer, Albert Fishlow, James M. nificaúva da produçlio em ciências sociais
6
Malloy, William Perry, Adam Przeworske, no Brasil, a partir da década de 70.
Herbert Klein, R. Morse, J. Love, Ron O Cebrap lança dois tipos de publicaçlio,
Seckinger, Peter MacDonough, Philip em 1971, isso se dei xarmos de lado a edição
Maxwell, Linda M. Gondim, Ralph Hak eventual de livros: os Cadernos, compostos
hert e Thomas Bruncau, entre outros. de um ou dois artigos no máximo, e os
O que se observa aí é um diálogo bem ESludos, mais próximos de um modelo de
mais intenso entre brasileiros e norte revista. Ambas as pub1icaçOes circulam
americanos. O número 25(2) de 1982 sobre regularmente até 1980, e a partir de 1981,
América Laúna, pode ser um bom exemplo. com um projeto gráfico novo, é lançada a
Composto de sete artigos, quatro slio de revista Novos ESludos Cebrap (em 1987, o
norte-americanos e três de brasileiros mesmo título chega às li vrarias com um
(sendo um deles, Gláucio Dillon Soares, novo formato).
professor em uma universidade norte Evidentemente, não é nossa intenção
americana). Trata- se, de fato, de uma aqui farer uma análise desses veículos, mas
divisa0 mais balanceada do uabalbo, onde apenas avaliá-los do ponto de vista da
os brasilianistas, em nenhum momento, são colaboração estrangeira, isto é, da presença
c o n s i d e r a d o s i n t e r l o cu tores m e n o s dos brasillanistas em suas páginas. De
qualificados. Ao contrário, têm seus uaba modo geral, uata-se de ediçOes bastante
lhos citados, debatidos, incorporados, plurais no que diz respeito ao conjunto de
mesmo os que aqui não foram publi colaboradores. Ao lado dos membros do
cados. Cebrap - evidentemente os mais assíduos
Se é possível concordar com a afirmação articulistas -, os estrangeiros apah.:c.:m
de que a recepúvidade relativamente baixa com muita freqüência. De modo se�e-
BRASll.lANlSMOS, 'BRASlllANlSTS' E DISCURSOS BRASn..EIROS 39
nane-americana: "Na mesma medida que a A partir desse amplo espectro de falas
situação interna se agravava, alguns que se inleJlX'Iletram e convivem em uma
brasilianistas, apesar da violência incontida mesma época, é possível dizer que o discur
dos antibrasilianislaS, denunciavam os ab so sobre O brasilianismo, com raras exce
surdos que aconteciam aqui: torturas, ções, é "escandaloso": se não é denúllcia, é
desaparecimentos, mortes" (1984: 101)_ elogio. Nao.se trata de um discurso inter
Paula Beiguelman (1987) retoma ar rogativo ou relativizador, que singulariza e
gumentos já amplamen� utilizados e faz distingue. Ao contrário, é sempre um dis
uma crítica feroz ao trabalho de alguns curso globaliz.ante e que se impõe às obras,
brasilianislaS, incluindo-se a própria ten impedindo a análise de seus conteúdos. O
tativa de resgate de Sebe_ O seu texto que é "lido" (em voz alta) é o fenômeno
denuncia - mais uma vez - o caráter mais amplo, quase nunca as obras.
"comprometido" dos trabalhos feitos pelos Tal "discurso escandaloso" sobre o bra
nane-americanos, "pois o brazilianismo se silianismo - contra ou a favor - funciona
insere, com certeza, num projeto de como uma espécie de escudo que se
desestabilizaçao política e, em seguida, de antepõe ao texto e, sob determinado ângulo,
controle e acompanhamento da perfor dificulta a sua percepçao. De outro lado,
mance da ditadura C ..)" (1987:200). entretanto, pode facilitar certo tipo de
Enquanto Sebe vê continuidade entre os crítico afeito a fórmulas prontas, a chaves
viajantes de antanho e os brasilianislaS, explicativasjá dadas, pois, quando se aban
Beiguelman só enxerga ruptura: "Nem os dona esta perspectiva linear, há que se
brazilianislaS funcionam como o 'estranho enfrentar os conteúdos, sem mediaçOes ?
sociológico' que nos revela a nós mesmos, Se os trabalhos dos nane-americanos
à maneira de Martius, Koster ou Saint-
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têm traços comuns, como, por exemplo, o
Hilaire, vendo com olhos 'inocentes' aquilo viés empírico, há que se deixar de ver "o
que nao percebemos porque habituados. bicho brasi lianista como espécie
Mesmo com respeito a esses, Euclides da zoológica" e avaliar se sao bons ou maus
Cunha recriminava os que à sua época historiadores (Fausto, 1988: 165); con
ainda 'buscavam em Saint-Hilaire nOlÍcias seguir "su perar duas posturas igualmente
do Brasil'. Além do que, os brazilianistas, perversas, o deslumbramento provinciano e
confonne veremos, não são inocentes·tI
I a rejeiçao xenófoba, para assumir final
(Beiguelman, 1987: 201). mente a maioridade intelecwal que permite
Sob O discurso antibrasiliarlista escon assimilaçao crítica" (Novais e Cardoso,
dem-se outros: o discurso antiimperialista e 1982). Em suma, sair do discurso geral e
o nacionalista que denuncia a usurpaçao. descer às obras particulares.
Trata-se de uma fala que desqualifica o
"outro" a partir de uma representaçao po
sitiva de um certo "nós". O discurso "pró"
invene os termos da equaçao: identifica-se 7_ ObservaçOes finaIs
com o estrangeiro mais moderno" e "desen
volvido", tendo como antagonista o inte Traçando grosseiramente uma linha
lectual provinciano e nacionalista. Tais dis temporal no sentido de organizar de modo
cursos, embora com conteúdos distintos, mais nítido a chegada dos brasilianislaS ao
têm lógicas semelhantes: funcionam igual Brasil, o auge do alarde sobre o fenômeno
mente como um jogo de espelhos, a partir e o decréscimo do in teresse norte
do qual desenham-se identidades e a1teri americano pelo pais, é possível direc queos
dades. anos 60 assistem ao início do 'impacto,
BRASD..lANISMOS, 'BRASn.lANISTS' E DISCURSOS BRAS"·
EIROS 4'
Latina. Ralph Della Cava, já de uma outra 4. Sobre a eslreila relaçio dos hislDriadores
do grupo do,A,.,.,lercom I América Latina, ver
geraçao, é outro bom exemplo de fone aco
Guy Martiniêre, "L'école des AnnaI.. et \es
lhida pelo meio intelectual brasileiro; além
Amériques Lalines (1929·1949)" emAspects de
de presença freqUente em diversas pu
la coop�ralion franco-brlsilien.tU!. Paris.
blicações nacionais e resenhas elogiosas, PUG/MSH, 19&2. Gostaríamos também de
fez parte do conselho Editorial da revista leml:rar que PonugaJ e os historiadores por
Religião e Sociedade. J. Love, J. Wirth, R. tugueses constituem interlocutoresp1vUegiados
Levine e W. Dean, ao lado de E . Bradforf da publicoçio. Infelizmente, nlo oerá pollÍvel
Burns, foram convidados a participar dos explorar esta via nos limites deste artigo.
dois volumes de O Brasil republicano, da S. Os artigos -escritos exclusivamente para
a revista ou traduzidos plr ela - nlo refletem o
História geral da civilização brasileira, .
peso exato da marca francesana publicaçio. Nas
uma de n()!:sas maiores obras de hislÓria do
1O seções de resenha e de "crítica bibliográfica" fica
Brasil. .
evidente o volume de obras francesas comen
Em síntese,' com o esvaziamento do tadas. A seção ''Noticiário'', Jxusua vez. peablite
brasilianismo como fenômeno, o termo bra acompanhar as trajetórias do., membros da
silianista pode deixar de ser um rótulo e missão francesa da USP: a revista segue passo a
voltar a designar uma especialidade. passo as carreiras e as publicações deI. G1,
��F.
Com isso, o "discurso escandaloso" Braudel, E. Coomaert, I. Glénis50n, 'Ie
toma-se descabido, fora de lugar. As obras Léonard e C. Morazé, enlre outro•. Lt:ndo-a, foi
podem ser, finalmente, lidas e avaliadas. possível avaliar como a missio francesa con
tratada para inaugurar as atividades docentes da
Agora, sim, parece ser possível realizas
USP continuou durante muitos anos. no ClSO da
o que os dois Fernandos anunciavam em
história. a manter um trânsito vivo com o Brasi�
"Anotações para um preâmbulo a quatro seja através de public�, seja pela vinda de
mãos" (Novais e Cardoso, 1982): criticarou professores e conferencistas, mesmo a partir dos
elogiar os trabalhos pelo seu conteúdo e não anos 60. época em que os brasilianistas enttam
por serem de autoria de brasilianisras. em cena de modo mais efetivo.
Um anigo de F. Mauro publicado em An
nales e reproduzido na Revista de História, 15
(32), 1957, "Au Brésil: la Revista de História",
revela de modo exemplar a inspiração francesa
da revisla da USP. � como se • publicoçlo
paulista fosse a versão brasileira de Annales.
Notas 6. O CenlrO Brasileiro de Análise e Pia·
nejamenID, como é sabido, foi criado em 1969
1 . o levantamento completo do material 50· por um gruJXI de intelectuais oriundo. em grande
bre os brasUianistas (artigos, resenhas de livros, pane. da Universidade de São Paulo, com ob
prefácios e apresentações de obras) encontra-se jetivos claramente ligados à realização de pes
em um relatório de pesquisa di5iX>nivel para quisas e à reflexão sobre a sociedade brasileira.
consulta, no IDESP, SP. ,Tratava-se da constituição de um espaço inter
2. Vide enlrevisla de Ralph DeUa Cava ao disciplinar, em um momento em que as
1977. EntrevislAcom Ralph DellaCava. 17 novo 1975•. SODR�. Nelson W. "A invasão do co
nhecimento". n. 3. 21 jul.
VEJA 1977. MENDES Jr. Antônio; MARANHÃO.
Ricardo & MAAR. W. I.M> "Os livros de
1973. "Últimas novidades". 1 6 maio. março". n. 94.
1975. "História esquecida". 1 1 jun., p. 42. 1977a. OORIA. Carlos A. "Um brazilianislAno
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