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BRASILIANISMOS,

'BRAZILIANISTS' E
DISCURSOS BRASILEIROS

Fernanda Peixoto Massi


realmente ficou entre nós do mteresse


1. Inlroduçtlo norte-americano pelo Brasil.


idéia deste artigo é delinear diferen· "De uns tempos prá cá ap areceram no
tes discursos sobre o brasilianismo Brasil uns seres misteriosos intitulando­
como fenômeno geral, a partir da se brazilianislS para grande pasmo da
análise de algumas publicaçOes acadêmicas população nativa e inveja dos cientistas
e de órgãos da grande imprensa e da locais" (Jaguar, Pasquim.I7/lln7).

chamada "imprensa alternativa" dos anos


70, além de prefácios, apresentaçOes e ore­ Brasilianista é termo que (ainda) não
lhas de livros de brasilianistas aqui faz pane de nenhum dicionário, mas que
editados. I Dar início a um balanço da todos por aqui sabem o que significa De
receptividade das obras dos brasilianistas modo literal, refere-se ao especialista
no Brasil, onde possamos começar a estrangeiro em assuntos brasileiros. Trata­
esboçar uma espécie de "fonuna cótica" a se de uma noção cunhada no Brasil, usada
partir da qual possamos ler mais clareza pela primeira vez em 1969 por Francisco de
sobre O impacto dessa produção estran­ Assis Barbosa em apresentaÇão ao livro de
geira junto à comunidade acadêmica T. Skidmore, Brasil: de Getúlio a Castelo,

brasileira e ao público mais amplo, eis ainda que alguns atribuam sua origem à
nosso objetivo básico. 1
imprensa dos anos 70. Embor.: o sig­
A escolha do recorte orientou-se no sen­ nificado da noção seja claro, compartilho a
tido de trazer elemenlos novos para a nível de senso comum e, inclusive, adotado
reflexão sobre o brasilianismo, de recuperar pelos referidos norte-americanos (apesarll�
os ecos do debate apaixonado sobre O as­ um certo mal-estar), paradoxalmente reina
sunto na década de 70 e de avaliar o que um certo mistério em torno deste per-

No..: Ap-ilj- .Itodriao NIVC6, que mcCacililOU OIC''70 lomawrial de impcu" equi F,'I
Waa do.

r. ','Nu" oio:u.Rio.J. irD.-..oI.3,1l.5.IHO,p.2!J-44.


30 ES1l1OOS J-OSTORICOS - 1990/5

sonagem, como bem aponta o trecho acima posteriormente, chamá·los "brasilianistas


mencionado. Muito se fala dele, mas suas históricos" parece·nos equivocado. Tal no­
idéias s!Io pouco conhecidas. 'Muitos slIo çllo é utilizada por José Carlos Sebe em seu
eles, mas o discurso genérico trata-()s como trabalho Introdução ao nacionalismo aca·
um só e único tipo caracterlstico, sem traços dêmico - os brasilianistas (1984), com o
distintivos nem meios·tons. intuito de traçar uma linha contínua unindo
O biasilianismo é um fenômeno clara· os estrangeiros que vieram ao Brasil, dos
mente datado dos anos 6O{l0 quando o in· primeiros viajantes dos séculos XVI, XVII
teresse norte-americano pelo Brasil se tra· e XVIII aos brasilianistas. Neste contínuo
duzia em generosos rmanciamentos para homogeneizador, biasilianistas seriam to·
pesquisa. O motivo fundamental desse in· dos aqueles estrangeiros que estudaram o
teresse. é a revoluçllo cubana e, em um Brasil a partir dos anos 20 e 30, sejam os
momento posterior, o golpe de 64. Grandes franceses, integrantes da missão uni·
levas de pesquisadores - antropólogos, so· versitária dos anos 30, sejam os americanos
ciólogos, cientistas políticos e, so-bretudo, vinculados aos grandes projetos de in·
historiadores - chegavam ao Brasil anual· .vestigaç!lo na Bahia, nos anos 40 e 50.
mente para explicar a história política, Ora, lançar mão de um conceito datado
econômica e social do pais, e conhecer o e deslocá· lo de seu contexto j á é por
seu perfil como nação. princípio um procedimento equivocado.
Já há algum tempo os norte·americanos Mas, além disso, essa má utilizaç!lo obs·
pesquisavam em território brasileiro, prin· curece a compreensllo mesma do fenômeno
cipalmente após a Segunda Guerra Mun· que não SÓ se liga aos anos 60 como
dial. Mas o contexto social e polftico era também. ao sistema institucional norte·
outro e as relações que estabeleceram com americano. É claro que MO há apenas
o país, distintas; os estudiosos locais apren· norte·americanos entre os brasilianistas
diam a fazer pesquisa com os estrangeiros, (Eul·So Pang, por exemplo) mas, sejam
produziam seus primeiros trabalhos. Por· quais forem as nacionalidades, eles estão
tanto, a recepç!lo "nativa" aos estrangeiros ligados à rede universitária e ao financia·
foi, naquele momento, calorosa. A partir de mento norte·americano, que se volta em
60, o quadro se modifica inteiramente. Há massa para a América Latina nos anos 6O ?
uma vigorosa geraç!lo de cientistas sociaiS Isto posto, nosso próximo passo será
e historiadores formados aqui, o sistema acompanhar esses personagens em algumas
universitário brasileiro encontra·se mais páginas biasileiras, sublinhando O seu perfil
vertebrado com o início dos primeiros curo nas diferentes publicações: quem fala deles,
sos de pós·graduaç!lo e o panorama político como e onde; de que modo aparecem nos
- m a r c a d o por tensOes s o c i a i s e debates dos anos 70 e 80 no Brasil; e até que
econômicas que culminaram no golpe mili· ponto foram incorporados como inter·
tar de 64 - caracteriza·se pela forte represo locutores pela comunidade intelectual
s!Io à intelectualidade local. Neste contexto, . brasileira.
a recepçllo aos estrangeiros, sobretudo nor·
te·americanos, ganha uma outra coloraç!lo.
Nesse sentido, ainda que figuras como 2. Os 'brazlllanlsts' e a grande
Charles Wagley e Richard Morse, que Imprensa: o alarde generalizado
trabalharam no Brasil desde os aoos 40,
tenham sido fundamentais na fOlillaç!lo de "Acho mesmo que os brazilianislS ga·
vários dos brasilianistas que aqui chegaram nharam uma aura mítica devido à
BRASIUANlSMOS, 'BRASIUANlSTS' EDIScuRSOS BRAS"mos 31

imprensa ( ... )" (Ralph DeUa Cava,Veja, riodicamente (Veja, 1976a e 1977). Tais
24/11n6). afirmaçOes, entretanto, são invariavel­
mente impreÔsas e genéricas. Por exemplo,
Os brasilianistas se fazem presentes na um mesmo artigo menciona o decréscimo
imprensa nacional a partir dos anos 70, dos estudos sobre o Brasil nos EUA já no
momento em que seus livros são ma­ começo dos anos 70 e, ao mesmo tempo,
ciçamente editados entre nós. Seguindo os aponta sua extrema vitalidade (O ESIa<Wtú.
ral>bos desses personagens em resenhas de São Paulo, 1974). Ao lado disso, raramente
livros, artigos e entrevistas, é possível dizer

há tentativas de explicar fenômeno llIo


que O brasilianismo foi um "prato cheio" extraordinário.
para a imprensa ·biasileira dos anos 70. É Se ó interesse pelo Brasil como objelO
preciso frisar : o brasilianismo. Os de estudo é vislO como motivo de orgulho
brasilianistas, por sua vez, tiveram seus li­ nacional, de modo geral atemoriza. Afinai,
vros pouco resenhados e suas idéias a idéia de invasão está aliada à noção de
mal-discutidas. Isso hão impediu que perigo: "Esse interesse norte- americano­
inúmeros artigos fossem escritos alardean­ existem quase mil brasilianistas - revela­
do a 'voga brasilianista'. Até mesmo nas se um fator inquietante, não SÓ para o
resenhas e entrevistas, onde normalmente é Brasil, mas para muilOs outros países. Por­
focalizado um único autor, não faltam que com esse sistema, eles obtêm um
parágrafos (ou perguntas) sobre o interesse volume de informaçOes que supera os co­
mais geral dos norte-americanos pelo nhecimentos que o próprio governo
Brasil. Em suma, não se fala em brasilianis­ brasileiro tem a sua disposição" (Folha tú
tas sem referências ao brasilianismo.

São Paulo. 1977).
E possfvel perceber algumas manelf8S Brasilianista, no entanto, é uma noção

de designar o grupo de especialistas norte­ anterior à controvérsia sobre o grupo e sua


americanos em assunlOS brasileiros: fala-se atuação. Mas se, em 1969 Francisco de
na "companhia de virtuoses de nome Assis Barbosa em sua apresentação ao livro
( •

brnzilianists" Veja, 1975), no "balé dos de Thomas Sk.idmore, Brasil: de Getúlio a


b r a z i l ianistas" ( i dem ibidem) e no Castelo, u t i l i z a-a para indicar uma
" d i l i g e n t e e x ército dos c h a m a dos especialidade, o termo vai, proglessiva­
brazilianistas" (Veja, 1976). Esta última mente, deixando de ser uma designação
expressão explicita a idéia de invasão, temática e vira um rotulo pejorativo, farta­
sempre presente nos artigos sobre o mente utilizado pela imprensa.
fenômeno. Dizem algumas matérias que, a Sempre entre aspas (reticente) e com
partir dos anos 60, o Brasil foi "tomado grafias variadas ("brasilianistas", "brazi­
pelos norte-americanos". "São centenas de lianistas", "brazilianists"), ganha destaque
u n i v e rs i t á r i os e professores norte­ nos jornais, encabeçando o título das
americanos pesquisando no Brasil" (Veja, matérias: "Brazilianist fala sobre política
1977), afirmam outras. Fala-se ainda nos brasileira", "Previsão de brazilianista era
norte-americanos que estão "vasculhando correta só em parte, "Brasilianista acha
nossos arquivos e nossa cultura" (Jornal do. quadro frustrante", e assim por diante.
Brasil, s.d.). De qualquer maneira, a idéia Mesmo que uma grande pane dos ar­
central é de que há uma "febre brasilianista" tigos de jornais e revistas faça referências
(Jornal <UI Brasil, 1978), ou uma "moda" constantes a um grupo mais ou menos
dos estudos brasileiros nos EUA, alimen­ h o m og ê n e o ou, p e l o m e nos, com
tando essas enormes levas de pesquisadores características semelhantes, é possível
norte·americanos que "invadem" o país pe- desenhar com alguma clareza os vários per-
32 ES1\JOOS HISTóRICOS -1990/5

fis dos personagens que compOem este ma que nllo gosta de ser c hamado de
grupo. Há diferentes tipos de distinção brasilianista (Folha de São Paulo, 1987).
possíveis, segundo brasileiros: Kenneth Maxwell reage: "NlIo pertenço
a) "Há estrangeiros e estrangeiros, norte­ propriamente ao que se chama grupo de
americanos e norte-americanos"; isto é, brasilianistas" (JorllDl de Brasil, 1978).
exiSIC a "boa" contribuiçllo estrangeira, 'Ralph DeUa Cava pergunta-se: "Eu?
lnIZida por "intelectuais desinteres�os", B rasilianista?" (Pasquim, 1977). Mas a im­
que nos permite rer acesso às novidades prensa que, de modo geral, sobrevive de
tOOricas. e a presença "nociva" de intelec­ r6tulos e polêmicas, nlIo facilita talaarefa
"I"is que têm contatos com altos escalões Há um artigo exemplar neste sentido: uma
do govemo brasileiro, que fazem planos matéria de 1978, onde todo o esforço do
para a ação (Veja, 1975a); norte-americano entrevistado é de se
b) há os brasilianistas que mostram uma diferenciar do grupo dos brasilianistas, tem
história "tensa", mas que SlIo as exceções, e como título "Sempre um brasi lianista".
os que funcionam como uma "imensa su­ A gIande polêmica, excessivamente ex­
perestrutura diagnosticadora, uma espécie plorada pela imprensa é a disputa entre os
de vanguarda, de linha de frente para o estrangeiros e os nacionais. SlIo diversos os
investimento posterior de capitais", estes artigos que enfatizam esse aspec to da
sim a maioria (Veja, 1975b). relação entre brasilianistas e intelechIais
Brasilianistas também falam de brasi­ brasileiros. As pesquisas americanas sobre
lianistas e fazem uma auto diferenciaçllo. o Brasil "enchem de frustração a intelec­
Eis algumas formas possíveis: tualidade brasileira", sublinham as matérias
a) há brasilianistas sem interesse p0- (Veja, 1975c). Os estrangeiros - "os foras­
lítico, os intelectuais; há os ligados mais teiros" - apatecem como privilegiados, na
diretamente à política e os que se voltam medida em· que possuem verbas para
para os direitos humanos (Veja, 1975a e pesquisa e têm acesso a arquivos fechados
Jornal de Brasil, 1978); aos pesquisadores nacionais (Veja, 1975).
b) há os que têm uma "explicaçllo Mesmo com esses privilégios, nlIo logram
p a d r o nizada" do B r a s i l (o r e g i m e trabalhos de qualidade, eis a vingança
autorilário seria uma decorrência natural da nacional: "Um professor brasileiro expul­
história brasileira) e os que nllo o fazem sou há meses um professor estrangeiro que
(Jornal de Brasil, 1978); aqui chegou com um vistoso par de botas e
c) existem aqueles que falam bem o muito bem recomendado, mas que ..ada
português, pois aqui viveram longo tempo sabia sobre a nossa história" (Veja, 1975).
e, portanto, têm acesso a um outro n!vel de Outro exemplo curioso é um artigo sona
compreensllo da sociedade brasileira (Jor­ Hist6ria geral da civilização brasileira,
nal de Brasil, 1978;Jornal da Tarde, 1979 onde colaboram vários brasilianistas no
e Pasquim, 1977); volume sobre República. Diz o jornalista:
d) há os que criaram "laços afetivos" "Para orgulho nacional, resta, pelo menos,
com o país (esta, decorrência direta da de que as melhores partes de O Brasil
forma de distinção anterior): "Por isso é que republicano nllo foram escritas pelos
me considero além dos brazilianistas. Criei­ estrangeiros" (Veja, 1975c).
me aqui e os laços afetivos me salvam deste Mas se, frequentemente; a qualidade do
rótulo tlIo discutido" (Jornal da Tarde, trabalho dos brasilianistas é em
1979). dúvida pela imprensa - nlIo SlIo poucas as
Fugir. do rótulo: eis uma preocupação vezes em que tais trabalhos SlIo des(:jilOS
geral dos norte-americanos. R. Morse afir- como mero acúmulo de dados -, também
BRASnJANlSMOS, 'BRASD.JANlSTS' E DISCURSOS BRAS".FIR.OS 33

é verdadeira a existência de artigos internacionaí, por sua vez, o jornal defende


elogiosos. O resgate de nomes e Utulos uma posição visivelmente antiimpualista:
enfatiza, porém, o caráter excepcional das "Nesse contexto, é plcci so que o jornal
obras e autores elogiados. Lave, Levine e combata todas as agressOes e
Wirth, por exemplo, destacam-se pela defenda com fInDeza a autodeterminação
"criatividade com que usaram os dados dos povos" (Movimento. 1981).
levantados" (O Estado de SiúJ Paulo. 1980) Há uma continuidade quase "natural"
ou "O livro A devassa da devassa (de Ken­ entre a fInDe posição antiimperialista do •

nell MaxweU) destaca-se por ser um estudo jornal e o antibrasilianismo expl!cito em


crítico e inédito de um período de fonnação cada linha escrita sobre o assunto. Armai,
do Brasil" (Jornal da Tarde. 1978). nao seriam os brasilianistas representantes
O ineditismo de certos eswdos, ou me­ fiéis da pol!tica norte-americana?
lhor, a abertura de novas frentes de pesquisa A maneira pela qual os pesquisadores
é o aspecto mais destacado como qualidade norte-americanos aparecem nas páginas
do trabalho dos brasilianistas (Veja. 1973 e desse jornal nao o afasta muita da grande
1975b; O Estada de SiúJ Paulo, 1980 e imprensa. Isto é, os livros dos brasilianistas
1981). Mas o elogio. quando aparece na sao muito p!>uco resenhados - constam
imprensa, é sempre relativizado: "Temos apenas três resenhas -, mas os co­
muito que aprender com o olhar adventício. mentários s o b r e o fenõmeno geral
Depende do brasilianista" (Folha de São. aparecem com freqüência. A diferença
Paulo. 1984). efetiva é que no Movimento os artigos têm
um tom de denúncia mais contundente. O
jornal teria o compromisso de trarer a pú­
blico a verdade sobre os brasilianistas: seus
3. A Imprensa "alternativa" : uma reais objetivos e inte resses.
. alternativa discursiva? Os aspectos mais fortemente criticados
sao as ligações desses intelectuais com a
pol!tica imperialista norte-americana. Por
Ao falar da grande imprensa. foi tal motivo, seus trabalhos slIO acusados de
inevitável fare.lo de modo mais geral. já "nao estarem comprometidos com a
que se mostrOu impossível detectar linhas transfonnação da sociedade brnsileira". O
defmidas sobre o fenômeno brasilianista brasilianista T. Slcidmore. por exemplo,
em um detenninado órgao. A ",zao de "expõe com clareza algumas infonnações
manter a imprensa "alternativa" como um sobre o 31 de março, bem organizadas, mas
item separado reside justamente neste que omitem dados sobre as relações dos
ponto: aí sim é possível perceber uma EUA com o Brasil. O autor que jantava
posição mais OU menos clara sobre o assun­ com o embairndor Lincoln Gordon no dia
to em cada um dos velculos, ainda que eles 31 aproveita para juntar um apêndice no
apresentem algumas atiwdes semelhantes livro desmentindo a participação norte­
às da gr8/lde imprensa americana no movimento" (Movimento.
O Movimento surge em 1975. como uma 1977, o grifo é nosso). OutrO artigo exem­
dissidência do jornal OpiniiúJ. e se mantém plar deste tipo de critica irÔnica e
alé o anode 1981,totalizand0334 números. denunciadora, intitula-se "Um brazilianist
A 'Utulo geral, podemos direr que se trata no planalto - O que o brazilianist Alfred
de um semanário de esquerda, preoc upado Stepan veio conversar com o ministro
com a "cena brasileira", como ele mesmo Veloso1" A conclusllO do texto naopoderia
afinna em seu programa inicial. No cenário ser outra: "Nao será de espantar, porém, se
34 ESnJOOS IDSTORlCOS -1990iS

no futuro próximo, Stepan vollar ao Brasil movimentos ditos 'messiânicos', a obra de


com alguma missão oficial. A safia dos Della C a v a pode ser considerada
brazilianistaS parece começar a dar outros revolucionária" (Movimento. 1977a).
frutos mostrando que os norte-americanos, Warren Dean é uma outra exceção.
quando inveslem na pesquisa científica, Traia-se do único brasilianista a colaborar
raramente o fazem de modo diletante" com o jornal (aliás, com dois artigos de
(Movimento. 1977a). denúncia à política norte-americana). O
O caráter "científico" do trabalho dos curioso é que, ao assinar tais lextos, Dean
brasilianistaS é colocado em dúvida, na me­ aparece, no rodapé das malérias. como "his­
dida em que seus objetivos seriam menos toriador norte-americano" e não como
inlelectuais e mais políticos. Outro fator brasilianisla. Destaca-se, entlio, do grupo
compromete a "cientificidade" dessas "típico", diferencia-se. Logo, pode ser in­
obras: o empirismo desenfreado. Os brasi­ corporado como um "mais-igual" pelos
lianislas "são sempre melhor informados brasileiros.
que os brasileiros, mesmo que não saibam
tralar correlamente tais informações e ofe­ OpinilÜJ (1972-77), lambém um jornal à
recer análises concretas sobre a história esquerda, possui perfil distinto. Trata-se de
recenle do Brasi!': (Movimento. 1977). Ou, uma publicação mais "cultural" e ligada à
como indica o resenhador do livro de June cena internacional, ainda que, evidente­
Hahner, Relações entre civis e militares no m e n t e . p r e o c u p a d a com a s i t u a ç ã o
Brasil (1889-1898): "Ao que parece, June brasileira. Traz, por exemplo, uma edição
Hahnerpreferiu seguir a norma ditada pelos semanal do Le Monde e publica lextos de
'brazilianislS': localizar e penetrar nas bi­ jornais como The Washington Posto The
bliotecas e arquivos brasileiros, para. com New York Review of Books. The Guardian
isso, acumular dados e reunir material para e New Statesman. Tem uma linha mais
a realização futura de investigações real­ plural e menos "partidária" que o Movimen­
menle científicas" (Movimento,1975). to. se é que assim podemos falar.
Um artigo assinado por Nelson Werneck Com artigos mais analíticos e menos
Sodré. publicado no terceiro número do sensacionalistas do ponto de vista da
Movimento (1975a), pode ser definido co-' denúncia e da informação bombástica, em
mo um "concentrado" de todo o tipo de relação ao que aqui nos interessa - o
crítica dirigida aos brasilianistaS: aperigosa brasilianismo -, OpinilÜJ lambém tem
invasão do Brasil por pesquisadores norte­ uma postura mais discreta. Ao contrário da
americanos, os trabalhos "encomendados" imprensa em geral, esse jornal traz um
de certos brasilianistas, a acumulação maior número de resenhas de obras do que
desnecessária de dados e o privilégio dos de matérias alardeando o fenômeno.
estrangeiros ao lerem acesso a arquivos Mesmo nas críticas de livros, quase nunca
brasileiros. a obra é utilizada como prelexto para se
Se essas ressaJvas dirigem-se à maioria fazer um discurso mais amplo sobre o
dos brasilianistaS definindo um perfil de brasilianismo. Para se ler uma idéia, são
pesquisador e de obra "típicos", há os que sete autores resenhados (ao contrário dos
fogem à regra. Ralph Della Cava é um três do Movimento), e o único artigo sobre
deles: "Se, em geral, a obra dos brasilianis­ o fenômeno desloca-o em relação ao im­
taS não !em fecundado nossa historiografia. perialismo norte-americano, discutindo O
como prometia, inicialmente, na década de "brasilianismo europeu" (Opinião. 1976).
60, Della Cava entao é um brasilianisla Sobre o brasilianismo, podemos dizer
atípico ( ... ). Para os estudiosos dos que o OpinilÜJ é, de fato, uma aIlemativa
.lAN1 TS' E DISCURSOS BRAS"FTROS
BRASD.JAN1SMOS. 'BRASD.S

discursiva, não apenas em relação à glande 1989). Os antropólogos que lidam com ou­
i!"prensa, mas à própria imprensa alter­ trasqueslOes - os assuntos wbonos, por
nativa. exemplo , estes sim podem ser deso:riros
-

como brasilianistas. A de
Thales de Azevedo ao l ivro de Anthony e
Elizabeth Inds. A sociologia do Brasil
4. publlcaçOes nacionais urbano (1978), é prova dislO.
dedicadas à história 8 o Como são os historiadores o grupo mais
braslllanlsmo: silêncio quase numeroso e mais correntemente iden·
absoluto tificado com a legenda 'brasilianistas',
pareceu importante avaliar a recepçllo de
Do ponto de vista disciplinar, os his­ suas obras junlO a veículos de histOriadores
toriadores constituem O grupo mais brasileiros. Acompanhamos, entao aRevis-
numeroso de brasilianistas (32.5%), . ta de História d a U S P desde o seu
seguido pelos antropólogo� (21.6%) e lançamento (janJmar. 1950) até 1985.
economistas (20.2%) (MiSeIi, 1989:44). O primeiro número da publicaçllo traz,
SlIo os historiadores, sobretudo, os per­ em suas páginas iniciais, uma confCJf.ncia
sonagens tratados preferencialmente pela de Lucien Febvre (em 2 de setembro de
imprensa quando o debate é sobre 1949) intitulada "O homem no século
brasilianismo. Cientistas políticos e XVI", onde' os primeiros parágrafos são
economistas também aparecem ligados ao dedicados à " fecundidade da comunhão
assunto, porém com menor freqüência. O entre França e Brasil". À medida que
curiosO é que os antropólogos (segundo caminhamos enue volumes e pelos anos, é
grupo mais numeroso, de acordo 'com o possível perceber que o texto inaugural de
National Directory of La/in Americanists, Febvre nllo está ali por acaso. O diálogo
1985) quase nunca são definidos como intenso (e extenso) da revista com a F rança
brasilianistas nos jornais e revistas. e seus historiado�é uma realidade incon­
H á p a r t i cularidades no trabalho testável.4
anlropológico que talvez ajudem a entender Até os anos 60, a publiração conta com
a posição peculiar da disciplina em relação uma maciça colaboração de franceses: L.
ao brasilianismo. O interesse de pesquisa Febvre, C. Morazé, R. Dion, Émile G.
dos antropólogos é preferencialmente por Léonard, E. Coomaert, F . P. Braudel,
grupos indígenas. Portanto, os norte­ Philippe Wolff, Jean Gagé, Jean Glénisson,
americanos vêm pesquisar no Brasil Yves Bruand. Fréderic Mauro e Paul
questões relativas às Iribos com as quais Hugon. Tais colaboradores são, naquele
trabalham. Quer dizer, o objeto de estudo momento. ou foram, todos - com exceçllo
desses especialistas não é o Brasil: "Em de L. Febvre - integrantes da missão fran­
termos dos estudos etnológicos, po­ cesa da USP, nos anos 30 (Massi, 1989).
deríamos dizer que os pesquisadores, A partir de 60, vemos os primeiros none­
preocupados com as suas tribos e com a americanos chegar às páginas da revista,
comparação entre elas, recortam o terrilÓri? com um ou outro artigo: Lewis Hanke,
nacional segundo uma lógica particular. E Frank Goldman. Richard Grahan, Stanley
como se O uabalho com índios colocasse Stein. Bradford Bums, Richard Morse,
diante do eswdioso um mapa da América June Hahner, Darrel Levi e Warren Dean.
Latina onde estivessem localizadas as Nesse período mais recente, portanlO, os
várias tribos. Os contornos do Brasil, no franceses não são mais os únicos esuan- .
caso, nllo estllo em destaque" (Massi. geiros a colaborarem com a revista, mas
36 ESruoos HISTÓRICOS - ) 9901S

continuam tendo um peso imponante: M. história, além de escrita, ensinada por


BataiUon, M. Lombard, M. Guéroult, J. professores norte-americanos. Ele está
Godechol, A1bert SoOOul, Paul Lemerle, preocupado, especificamente, com um en­
Michel MoUal.5 contro da Associaçao de Historiadores
Em relaçao aos brasilianistas, chama Norte-Americanos (em 1976), onde o tema
atençao o pouco espaço a eles destinado, em questllo CJ1!III "As oportunidades de en­
tendo em vista a publicaçao entre nós de sino no Brasil para norte-americanos". Diz
mais de 120 títulos de autores norte­ ele: "Vão, assim, professores americanos
americanos sobre o Brasil (pontes, 1990). disputar cargos, ocupá-los, este é o fato, e
Em 35 anos da Revista de Hist6ria foram simplesmente porque nao temos pessoal
registrados cinco artigos escritos por qualificado" (Rodrigues, 1976: 192).
brasilianistas (dois de Morse, 1975; um de Sugere, entllo, um limite· de professores
J. Hahner, 1975; um de D. Levi, 1975 e

estrangeiros nos de partamentos de história,
outro de W. Déan, 1976) e 15 resenhas de senao estaremos diante "da ameaça de ver­
livros, sendo três sobre o livro de Warren mos nossa história multinacionalizada,
Dean, A industrialização em São Paulo ensinada e escrita por profissionais norte­
( 1969). As resenhas são, em geral, textos americanos e de outros países. Sempre lhes
curtos e descritivos, ou seja, neutros do f a l t a rá a integração e a consciência
ponto de vista da avaliaçao da qualidade da nacional indispensáveis ao exercício da
. obra (mais resumem OS trab áJhos do que os missao. A diferença essencial entre hoje e
comentam). Quando algum juízo de valor é ontem é que antes eles escreviam e estavam
emitido, normalmente refere-se ao aspecto ganhando a batalha da produçao sobre os
empírico dos trabalhos como seu principal estudos brasileilos, e agora eles se can­
defeito ou sua maior virtude. didatam e sao procurados para ensinar aos
Finalmente, dois artigos longos sao brasileiros problemas nacionais e a nossa
publicados sobre o brasilianismo. Um de história do Brasil (ibid, p.197, o grifo é
Dulce Ramos, na verdade um levantamento nosso).
das teses norte-americanas sobre o Brasil Mas, adverte ainda J. H. Rodrigues, "ao
(1974) e outro deJ. HonórioRodrigues, "Os farer estas consideraçOes, nao me move
estudos brasileiros e os brazilianists" nenhum ressentimento contra a vinda de
(1976). J. H. Rodrigues nao discute, ex­ professores americanos. Recordo que
clusivamente, os estudos norte-americanos quando se fundou a Universidade do Rio de
sobre Brasil, mas também os especialistas Janeiro e a de sao Paulo contrataram-se
europeus no assunto. Porém, na primeira grandes nomes da historiografia francesa.
parte do texto, quando o seu foco sao os Na sua maioria, nao eram especialistas em
EUA,elementos interessantes para o debate história do Brasil, mas em história an­
aparecem. tiga, moderna e contemporânea" (ibid,
O eixo central do argumento de p. 194).
Rodrigues é, mais uma vez, a ameaça da Tal advertência toca em problemas
invasão norte-americana no que tange aos b á s i c o s . Em t r i n t a a n o s, o q u a d r o
estudos históricos. Porém, a invasão a que universitário brasileiro se altera Nos anos
ele se refere nao é exatamente a mesma de 30, as universidades nacionais sao fundadas
que falava Nelson Werneck Sodré no com estrangeiros, motivo de orgulho
Movimento, ou seja, O perigo de ser nossa nacional. Tratava-se de trazer à província o
história escrita por norte-americanos. que de mais "moderno" poderia haver, de
O perigo maior sobre o qual chama a construir uma universidade em moldes
atençao J. H. Rodrigues é o de ser a nossa europeus. Nos anos 60, essa mesma univer-
BRASlUANlSMOS, 'BRASlLIANlSTS' E DISCURSOS BRAsnEIROS 37

sidade já fonnou quadros próprios. pres­ produção historiográfica nane-americana,


cinde de professores estrangeiros para em geral. e com os brasilianiSlas, em par­
sobreviver. Por outrO lado. no caso das ticular. na Revista Brasileira de História,
ciências humanas e da hislÓria. os imer­ onde não há um único modelo e os JI(lrte­
locutores imelectuais ainda são os mestres americanos aparecem mais amiúde, os
franceses. que tiveram um papel fonnador brasilianislas estão ausentes: não são rese­
fundamental ne� área_ Sendo assim. a nhados nem resenlladores. As l*esenças de
possibilidade de ter docentes norte­ Michael HalI e Peter Eisenberg, à primeira
americanos entre nós nos anos 60 lOCa em visla, parecem exceções.já que se traiam de
uma série de problemas: a concorrência profissionais oriundos d o sistema
desigual com os profissionais locais e o fato universitário norte-americano_ Porém,
de não serem os norte-americanos modelos como se radicaram no Brasil, vinculando-se
intelectuais no periodo. a universidades brasileiras. tomaram-se. a
Finalmente. os franceses nunca lecio­ partir desse momento, d i f icilmente
naram hislÓria do Brasil. como lembraJ. H. classificáveis como brasilianislas.
Rodrigues. o que constitui uma ameaça a
menos. Pois. segundo essa linha de
raciocínio. o perigo maior é o de tennos
estrangeiros escrevendo a hislÓria nacional; 5. Dados e C/!bnlp:dlálogo
a[mal. quem pode contar nossa hislÓria a privilegiado
não ser nós mesmos?
Embora os ciemislas políticos não se
Com O objetivo de eSlabelecer um con­ deslaquem no repertório dos brasilianislas
trapomo à veterana Revista de História da do ponto de visla numérico (15.7%).
USP. r e s o l v e m o s acompanhar uma pareceu-nos imporlante destacá-Ios,já que,
publicação mais recente. imaginando en­ das ciências sociais brasileiras, a ciência
contrar uma postura distinla em relação à política exemplifica um caso particular de
produção dos brasilianislas. isto é. uma relação com os EUA. Toda uma geraçllo de
incorporação mais efetiva desses trabalhos. cientislas políticos brasileiros. por exem­
O veículo escolhido foi aR evistaBrasileira plo, fonnou-se na América do Norte. ao
de História, órgão da Associação Nacional contrário dos sociólogos e antropólogos:
dos Professores Universilários de História "Na verdade. os cientislas políticos de:;sa
(ANPUH). cujo primeiro número foi geração pioneira e responsável pela
lançado em março de 1981. implantação da disciplina no país talvez
A revisla possui um perfil baslante dis­ possam ser considerados aqueles cientistas
tinto da publicação anterior. Traia-se de um sociais brasileiros que foram mais profun­
veículo mais "plural" do ponto de visla da damente marcados pe l a experiência de
d i v e rsidade de c o l a b o r a d o r e s . de estudar no exterior ou, màis precisamente,
orienlaçOes e assuntos abordados. Com as universidades norte-americanas (...).
vários números temáti�os e uma seção Nessa d i r e ç ã o. c u m p r e salientar a
regular de resenhas de livros. em relação à contribuição feita por esse grupo de cientis­
colaboração adventícia. a reviSIa faz des­ tas sociais americanizados à dicção
filar por suas páginas estrangeiros de conceitual marcada pela abertura à
dislÍnlas procedências. incorporação dos grandes teóricos (falcott
Se na Revista de História dos anos 50 foi Parsons. David Easton. Gabriel Almond,
possível perceber um modelo orienlador Lipset. Sauschneider, Juan L�, Vert>a,
francês e um frouxo diálogo com a entre outros)" (Miceli. 1989:23-4).
38 ESTUDOS ,OSTÓRlCOS - '990iS

Tal evidência se conflfllla quando pas­ às obras dos brasilianistas entre os cienús­
samos os olhos na revista Dados - publi­ tas sociais brasileiros deve-se ao fato de que
caçlio semesual do Insútuto Universitário os primeiros não ocupem lugar de destaque
de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ) no "panteão das influências teóricas"
-, dedicada à ciência políúca e que vem a (Miceli, 1989:38), no caso da ciência
público no segundo semestre de 1966. Ao política tal asserúva deve ser relaúvizada
contrário da Revisla d. Hislória, aí o que Primeiro, porque aí nlio se pode chamar de
chama a atenção é a forte colaboração "baixa" a recepúvidade dessas obras, pelo
norte- americana, não só auavés de artigos menos tendo Dados c o m o f o n t e de
como também em resenhas de livros; informaçãO e em comparação com as
americanos são resenhados e resenham a demais ciências sociais. Segundo, porque
produção brasileira e norte-americana. entre os brasilianistas, alguns são inter­
O número de resenhas não impressiona locutores do ponto de vista teórico (Stepan,
particularmente (foram levantadas seis Fishlow, etc.). Evidentemente, não estão no
críúcas a livros de brasilianistas), porém mesmo nível de um Habermas ou de um
como a seção "Livros" sempre foi irregular Sartori, a quem Miceli se refere quando fala
na revista, ora ocupando um espaço menor, em "influências paradigmáúcas", mas não
ora mesmo sendo suprimida, não pode ser slio, de modo algum, deseartáveis do ponto
considerada um termômetro da presença de vista da discussão intelectual.
none-americana. Os artigos. por sua vez, As publicações do Cebrap foram incor­
revelam a intensa colaboração esuangeira, poradas à análise não apenas com O objeúvo
em geral, e norte-americana, em particular. de ampliar o leque comparativo, mas
Em Dados escrevem constantemente: também porque representa uma parte sig­
Werner Baer, Albert Fishlow, James M. nificaúva da produçlio em ciências sociais
6
Malloy, William Perry, Adam Przeworske, no Brasil, a partir da década de 70.
Herbert Klein, R. Morse, J. Love, Ron O Cebrap lança dois tipos de publicaçlio,
Seckinger, Peter MacDonough, Philip em 1971, isso se dei xarmos de lado a edição
Maxwell, Linda M. Gondim, Ralph Hak­ eventual de livros: os Cadernos, compostos
hert e Thomas Bruncau, entre outros. de um ou dois artigos no máximo, e os
O que se observa aí é um diálogo bem ESludos, mais próximos de um modelo de
mais intenso entre brasileiros e norte­ revista. Ambas as pub1icaçOes circulam
americanos. O número 25(2) de 1982 sobre regularmente até 1980, e a partir de 1981,
América Laúna, pode ser um bom exemplo. com um projeto gráfico novo, é lançada a
Composto de sete artigos, quatro slio de revista Novos ESludos Cebrap (em 1987, o
norte-americanos e três de brasileiros mesmo título chega às li vrarias com um
(sendo um deles, Gláucio Dillon Soares, novo formato).
professor em uma universidade norte­ Evidentemente, não é nossa intenção
americana). Trata- se, de fato, de uma aqui farer uma análise desses veículos, mas
divisa0 mais balanceada do uabalbo, onde apenas avaliá-los do ponto de vista da
os brasilianistas, em nenhum momento, são colaboração estrangeira, isto é, da presença
c o n s i d e r a d o s i n t e r l o cu tores m e n o s dos brasillanistas em suas páginas. De
qualificados. Ao contrário, têm seus uaba­ modo geral, uata-se de ediçOes bastante
lhos citados, debatidos, incorporados, plurais no que diz respeito ao conjunto de
mesmo os que aqui não foram publi­ colaboradores. Ao lado dos membros do
cados. Cebrap - evidentemente os mais assíduos
Se é possível concordar com a afirmação articulistas -, os estrangeiros apah.:c.:m
de que a recepúvidade relativamente baixa com muita freqüência. De modo se�e-
BRASll.lANlSMOS, 'BRASlllANlSTS' E DISCURSOS BRASn..EIROS 39

lhante à revista Dados, não há um número Os espaços da imprensa e da academia


sequer onde não os encontremos. são interpenetráveis - e o eram fortemente
Os brasilianistas, em particular, par­ nas décadas de 60 e 70. Nas páginas dos
ticipam regularmente das. "revistas" com veículos da grande imprensa, estavam
artigos e, se suas obras não são objeto de freqUentemente os professores univer­
recensões críticas - já que SÓ muito recen­ sitários. assinando artigos, resenhando
temente a Novos Estudos inaugurou uma livros. concedendo entrevistas. Isso sem
seção fixa dedicada a livros -, elas falar nos jornais Opinião e Movimento, que
aparecem comentadas e citadas no interior tinham em seus conselhos de redação, em
de vários artigos. Dois brasilianistas as­ suas editorias e mesmo na reportagem,
sinam números dos Cadernos: Richard glandes nomes da intelectualidade brasi­
Morse, responsável pelo número 22, com O leira. Logo, ainda que inegavelmente a im­
artigo "A evolução das cidades latino­ prensa lenha alimentado a polêmica sobre
americanas" (1975) e Peter Evans, que,.ao o brasilianismo (com exceção de Opinião),
lado de Maurício Vinhas de Queiroz, assina os intelectuais dela participaram. Por isso,
o número 28, "Um delicado equilíbrio: o é preciso deixar claro que se, como
c a p i t a l i n t e r n a c i o n a l e o l o c a l na estratégia de pesquisa, foi inevitável
industrialização brasileira" (1977). Nas separar a imprensa das publicações
revistas propriamente ditas, a colaboração acadêmicas, isto não significa traçar uma
"brasilianista" é bastante significativa: R. oposição rígida entre u m "discurso
Morse, Ralph Della Cava, Albert Fishlow e jornalístico" e um "diSCurso acadêmico".
James Malloy, entre outros. Mais complicado ainda que opor os dois
Aí, do mesmo modo que na Dados, os discursos é construí-Ios como entidades ho­
especialistas norte-americanos em Brasil mogêneas. De que fala jornalística se trata?
aparecem como interlocutores, tendo suas E na academia, quem são seus porta-vozes?
idéias debatidas e contribuindo para a Os discursos sobre o brasilianismo
reflexão sobre a sociedade brasileira e sua começam a se delinear mais claramente a
história, ao lado dos nacionais. Não é partir de fins dos anos 60, começo de 70. A
perceptivel qualquer tipo de xenofobia in­ partir de 70, então. observa-se urna simul­
telectual nem de associação desses taneidade de discursos pró e contra o
estudiosos à política imperialista norte­ fenômeno. Enquanto a imprensa alardeia o
�ericana, postura, como vimos, bastante perigo da invasão brasilianista, intelectuais
comum, nos anos 70, entre uma certa in­ fazem apresentações elogiosas a livros aqui
telectualidade de esquerda no país editados. O mesmo J. Honório Rodrigues,

por exemplo, que escreve o já mencionado


artigo sobre a questão. faz uma orelha
favorável ao trabalho de Richard Graharn,
6. O "dIscurso escandaloso" Grã-Bretanha e o in (cio da modernização

no Brasil, 1850-1914.
E difícil classificar os discursos sobre o Os ecos de tal debate se fazelJll1resetttes
brasilianismo a partir dos referenciais de nos anos 80 com O mesmo 10m veemente,
�empo e espaço, isto é, localizar a "fala da ainda que de modo circunscrito. Sebe tenta
I
cátedra" em contraposl�ão a uma "fala resgatar o brasiliaÍlismo em dois trabalhos
jornalística" oU,ainda,um discurso anterior (1984 e 1988), onde denuncia o an­
a 70 (mais radicalmente "anti") e uma nova tibrasilianismo nacionalista e aproxima os
fase a partir desse mesmo período, como brasilianistas dos viajantes, suavizando a
propõe Sebe (1988). ligação dos brasilianistas com a política
40 ESlUDOS I-DSTORlCOS - 1990,IS

nane-americana: "Na mesma medida que a A partir desse amplo espectro de falas
situação interna se agravava, alguns que se inleJlX'Iletram e convivem em uma
brasilianistas, apesar da violência incontida mesma época, é possível dizer que o discur­
dos antibrasilianislaS, denunciavam os ab­ so sobre O brasilianismo, com raras exce­
surdos que aconteciam aqui: torturas, ções, é "escandaloso": se não é denúllcia, é
desaparecimentos, mortes" (1984: 101)_ elogio. Nao.se trata de um discurso inter­
Paula Beiguelman (1987) retoma ar­ rogativo ou relativizador, que singulariza e
gumentos já amplamen� utilizados e faz distingue. Ao contrário, é sempre um dis­
uma crítica feroz ao trabalho de alguns curso globaliz.ante e que se impõe às obras,
brasilianislaS, incluindo-se a própria ten­ impedindo a análise de seus conteúdos. O
tativa de resgate de Sebe_ O seu texto que é "lido" (em voz alta) é o fenômeno
denuncia - mais uma vez - o caráter mais amplo, quase nunca as obras.
"comprometido" dos trabalhos feitos pelos Tal "discurso escandaloso" sobre o bra­
nane-americanos, "pois o brazilianismo se silianismo - contra ou a favor - funciona
insere, com certeza, num projeto de como uma espécie de escudo que se
desestabilizaçao política e, em seguida, de antepõe ao texto e, sob determinado ângulo,
controle e acompanhamento da perfor­ dificulta a sua percepçao. De outro lado,
mance da ditadura C ..)" (1987:200). entretanto, pode facilitar certo tipo de
Enquanto Sebe vê continuidade entre os crítico afeito a fórmulas prontas, a chaves
viajantes de antanho e os brasilianislaS, explicativasjá dadas, pois, quando se aban­
Beiguelman só enxerga ruptura: "Nem os dona esta perspectiva linear, há que se
brazilianislaS funcionam como o 'estranho enfrentar os conteúdos, sem mediaçOes ?
sociológico' que nos revela a nós mesmos, Se os trabalhos dos nane-americanos
à maneira de Martius, Koster ou Saint-

têm traços comuns, como, por exemplo, o
Hilaire, vendo com olhos 'inocentes' aquilo viés empírico, há que se deixar de ver "o
que nao percebemos porque habituados. bicho brasi lianista como espécie
Mesmo com respeito a esses, Euclides da zoológica" e avaliar se sao bons ou maus
Cunha recriminava os que à sua época historiadores (Fausto, 1988: 165); con­
ainda 'buscavam em Saint-Hilaire nOlÍcias seguir "su perar duas posturas igualmente
do Brasil'. Além do que, os brazilianistas, perversas, o deslumbramento provinciano e
confonne veremos, não são inocentes·tI
I a rejeiçao xenófoba, para assumir final­
(Beiguelman, 1987: 201). mente a maioridade intelecwal que permite
Sob O discurso antibrasiliarlista escon­ assimilaçao crítica" (Novais e Cardoso,
dem-se outros: o discurso antiimperialista e 1982). Em suma, sair do discurso geral e
o nacionalista que denuncia a usurpaçao. descer às obras particulares.
Trata-se de uma fala que desqualifica o
"outro" a partir de uma representaçao po­
sitiva de um certo "nós". O discurso "pró"
invene os termos da equaçao: identifica-se 7_ ObservaçOes finaIs
com o estrangeiro mais moderno" e "desen­
volvido", tendo como antagonista o inte­ Traçando grosseiramente uma linha
lectual provinciano e nacionalista. Tais dis­ temporal no sentido de organizar de modo
cursos, embora com conteúdos distintos, mais nítido a chegada dos brasilianislaS ao
têm lógicas semelhantes: funcionam igual­ Brasil, o auge do alarde sobre o fenômeno
mente como um jogo de espelhos, a partir e o decréscimo do in teresse norte­
do qual desenham-se identidades e a1teri­ americano pelo pais, é possível direc queos
dades. anos 60 assistem ao início do 'impacto,
BRASD..lANISMOS, 'BRASn.lANISTS' E DISCURSOS BRAS"·
EIROS 4'

quando as obras desses pesquisadores constataçllo nllo é tllo inusitada. Os


começam a ocupar lugar importante no programas revelaram que os cursos de
me.tcado edítorial brasileiro. história do Brasil terminam na Revoluçllo
Os anos 70, por sua vez, slIO palco de de 30, estendendo-se, no máximo, ao Es-
uma profusllO de títulos lançados aqui e de tado Novo. Isto quer dizer que o grosso da

u m a reaçllo mais claramente ano produçAo dos brasilianistas - voltada


tibrasilianista, sobretudo att 1976·77 . preferencialmente para o período
FinaImente, a década de 80 caracteriza-se republicano, o regime Vargas e o p6s-ó4
pelo decréscimo dos estudos nor- te- (totaliumdo 86% dos livros publicados) ­
.
sobre Brasil e, entre n6s, pela nlIo faz parte do debate da historiografia
maior discriçllo discursiva e.tn relaçllo ao local, interessada, sobretudo, no período
fenômeno que, efetivamente, deixa de exis­ colonial brasileiro.8
tir como tal. A polêmica entre Paula Bei­ Por outro lado, os programas de ciências
guelrruin e Jost Carlos Sebe, que tem lugar sociais da tJSP do mesmo período, e prin­
no período, é uma espécie de "revival" do cipalmente os de ciência polltica, mostram
debate dos anos 70, mas de modo que al, durante um bom tempo, foi escrita a
localizado, sem grandes ressonâncias. hislÓria recente. Nesse contexto, as obras
Em leimos da recepçllo das obras, os dos brasilianistas aparecem como biblia­
anos 80 lêm outro perf,l. Diante do es­ grarlllObrigalÓria.
vaziamento do fenômeno lá e aqui -, o
- Pelo que foi dito até agora, é possível
"discurso escandaloso" cede lugar a um distinguir dois movimentos distintos em
olhar mais distanciado que pode voltar-se relaçllo aos brasilianistas: um primeiro, que
para obras particulares. O contexto polftico. se traduz em reaçllo contrária, com críticas
marcado pela abertura democrática, tem ao fenômeno geral e à perspectiva analítica
um papel importante nesta mudança de pos­ e metodológica das obras; e um segundo,
tura O debate torna-se menos ideológico, que significou incorporaçllo efetiva, obser­
no sentido político, e mais intelectual. E­ vada em diferentes níveis. .
xemplos claros disso slIO a recente polê­ Antes de mais nada, a profusAo de títulos
mica entre R. Morse e Simon Schwartzman traduzidos entre nós eo sucesso editorial de
(Novos Estudos Cebrap, n. 23 e 24) e a l!iguns trabalhos e autores (Skidmore, por
resenha sobre o último livro de Stuan exemplo) revelam que estas obras atin­
Schwartz (Segredos Intunos, SlIo Paulo, . giram um público mais amplo, sedento de
Companhia das Letras/CNPq, 1988) as­ informaçOes sobre o período brasileiro
\
sinada por Luiz Felipe de Alencastro e recente.
Francisco de Oliveira, no número 24 da Por outro lado, várias bibliografl3S e
Novos Estudos Cabrap. programas de cursos universitários
Como v i mos, e m termos das utilizaram de maneira significativa tais
.publicaçOes acadêmicas, ao lado do trabalhos, ao mesmo tempo que o alarde
relativo silêncio das revistas ,de história, as "antibrasilianista" corria solto. Finalmente,
revistas de ciências sociais foram os órgllos folheando alguns livros didáticos, foi
que efetivamente debateram a produçllo poss(vel percebcr que sem esses autores nllo
dos brasilianistas. Em um primeiro momen­ se ensina hislÓria do Brasil no pais.9
to, tal constataçllo parece estranha diante da Relativizando a idéia de incorporaçAo,
maioria de historiadores no grupo. Porém. não de pode deixar de dizer que esta se deu
ao tomar contato com os programas de de modo diferenciado. Richard Morse, por
curso de hislÓria do Brasil da USP, de 1970 exemplo, tomou-se bastante ligado à in­
a 1 9 85, pudemos perceber. q u e tal telectualidade paulista, tendo publicado O.
42 ESruDOS HISTÓRICOS -199015

espelho de Próspero (sao Paulo, Compa­


"
artigo de Heloisa Pontes., "Brasil com z . neste
nhia das Letras, 1989) primeiro na América número de Estudos HistINicos.

Latina. Ralph Della Cava, já de uma outra 4. Sobre a eslreila relaçio dos hislDriadores
do grupo do,A,.,.,lercom I América Latina, ver
geraçao, é outro bom exemplo de fone aco­
Guy Martiniêre, "L'école des AnnaI.. et \es
lhida pelo meio intelectual brasileiro; além
Amériques Lalines (1929·1949)" emAspects de
de presença freqUente em diversas pu­
la coop�ralion franco-brlsilien.tU!. Paris.
blicações nacionais e resenhas elogiosas, PUG/MSH, 19&2. Gostaríamos também de
fez parte do conselho Editorial da revista leml:rar que PonugaJ e os historiadores por­
Religião e Sociedade. J. Love, J. Wirth, R. tugueses constituem interlocutoresp1vUegiados
Levine e W. Dean, ao lado de E . Bradforf da publicoçio. Infelizmente, nlo oerá pollÍvel
Burns, foram convidados a participar dos explorar esta via nos limites deste artigo.
dois volumes de O Brasil republicano, da S. Os artigos -escritos exclusivamente para
a revista ou traduzidos plr ela - nlo refletem o
História geral da civilização brasileira, .
peso exato da marca francesana publicaçio. Nas
uma de n()!:sas maiores obras de hislÓria do
1O seções de resenha e de "crítica bibliográfica" fica
Brasil. .
evidente o volume de obras francesas comen­
Em síntese,' com o esvaziamento do tadas. A seção ''Noticiário'', Jxusua vez. peablite
brasilianismo como fenômeno, o termo bra­ acompanhar as trajetórias do., membros da
silianista pode deixar de ser um rótulo e missão francesa da USP: a revista segue passo a
voltar a designar uma especialidade. passo as carreiras e as publicações deI. G1,
��F.
Com isso, o "discurso escandaloso" Braudel, E. Coomaert, I. Glénis50n, 'Ie
toma-se descabido, fora de lugar. As obras Léonard e C. Morazé, enlre outro•. Lt:ndo-a, foi

podem ser, finalmente, lidas e avaliadas. possível avaliar como a missio francesa con­
tratada para inaugurar as atividades docentes da
Agora, sim, parece ser possível realizas
USP continuou durante muitos anos. no ClSO da
o que os dois Fernandos anunciavam em
história. a manter um trânsito vivo com o Brasi�
"Anotações para um preâmbulo a quatro seja através de public�, seja pela vinda de
mãos" (Novais e Cardoso, 1982): criticarou professores e conferencistas, mesmo a partir dos
elogiar os trabalhos pelo seu conteúdo e não anos 60. época em que os brasilianistas enttam
por serem de autoria de brasilianisras. em cena de modo mais efetivo.
Um anigo de F. Mauro publicado em An­
nales e reproduzido na Revista de História, 15
(32), 1957, "Au Brésil: la Revista de História",
revela de modo exemplar a inspiração francesa
da revisla da USP. � como se • publicoçlo
paulista fosse a versão brasileira de Annales.
Notas 6. O CenlrO Brasileiro de Análise e Pia·
nejamenID, como é sabido, foi criado em 1969
1 . o levantamento completo do material 50· por um gruJXI de intelectuais oriundo. em grande
bre os brasUianistas (artigos, resenhas de livros, pane. da Universidade de São Paulo, com ob­
prefácios e apresentações de obras) encontra-se jetivos claramente ligados à realização de pes­
em um relatório de pesquisa di5iX>nivel para quisas e à reflexão sobre a sociedade brasileira.
consulta, no IDESP, SP. ,Tratava-se da constituição de um espaço inter­
2. Vide enlrevisla de Ralph DeUa Cava ao disciplinar, em um momento em que as

Pasquim, 17/1I{77. condições para o desenvolvimento do uabalho


3 . Sobre o perfil acadêmico e institucional do intelecrual eram extremamente desfavorbeis.
grupo, ver o Irabalho de Sérgio Miceli. "A devido ao C9ntexto político. Sobre o Cebrap e
desilusão americana". A respe�to das con­ sua história, ver o trabalho de Bernardo Sorj e
tinuidades e rupturas existentes entre as Antonio Mitre. lnlelectuais, aUlorilarismo e
presenças estrangeiras no Brasil dos anos 30 aos polllica - o Cebrap e as ciindas sociais no

anos 60 e o gruJXl de brasilianistlS, conferir o Brasil, s.d., mimeo.


BRASllJANlSMOS, 'BRASnlANlSTS' E DIsaJRSOS BRASD...I.E ROS 43

7. Esta renexão foi inspirada no sugestivo preâmbulo a quatto mãos", em LOVE, J. A


ttabalho de RoberlO Da Maua (1982) sobre a locomotivo, Silo Paulo na federaçlJo bra­
violência e seus discursos. sileira, Rio de Janeiro, paz e Terra.
8. Sobre os livros dos brasilianistas aqui PONTES, Heloisa. 1990. "Brasil com z", Es­
editados e suas áreas temáticas preferenciais, ver tudos Históricos. Rio de Janeiro, Associação
o anigo de Heloisa Pontes neste número de de Pesquisa e Documentação Hist6nca.
EsIW/os Históricos, vo1.3, n.5.
9. Vide, por exemplo, o livro de José Jobson RODRIGUES, José Honório. 1976. "Os estudos
de A . Arruda, História moderna e con- brasileirôs e os brazilianisu", Revista de
,
História, São Paulo, USP, vo1.54. n. 107,
temporwa. São Paulo, Alica, 1985, e os lIês
p.189-219.
volumes de Antônio Mendes Jr., Luiz Ronca0 e
SEBE, José Carlos. 1984. Introdução ao
Ricardo Maranhão, Brasil história - lUlO e

nacionalismo acadêmico - os brasilianis­


consulta, São Paulo, Brasiliense, 1976.
tas, São Paulo, Brasiliense. '
10. Dos sete volumes anteriores. coor­ = -:- .1988. Os brasilianismos, s.ed.mimeo.
denados por Sérgio Buarque de Holanda, SOARES, Gláucio A. D. 1988 . Enttevista con­
participaram: Frank Goldman, com "Aspectos cedida à equipe do projeto "História das
das migrações norte-americanas após a guerra Ciências Sociais no Brasil". São Paulo,
civil" (tomo n. vol. m); Richard Grabam, com IDESP.
"Relações Brasil-Inglaterra" (IOmo lI, vo1. IV);
Jolm Schulz, "O exércilO e o Império" (tomo lI, 2. Artigos de jornais e revistas
vo1. IV).
FO LHA DE SÃO PAULO

1977. "Os porquês do Brasil, entrevista com


Bibliografia Michel Shoyans", Folhetim, n. 43.
1984. AUGUSTO, Sérgio. "Os brasilianistas
J . Livros e artigos pu.blicados em revistas estio descobrindo nosso cinema". 16 jul.
acadi"ucas 1987. "Expressão e pensamenlO na América
Latina". I1usttada, 1 i jul. pA-26.
.

BEIGUELMAN, Paula. 1 9 8 7 . "Cultura


acadêmica nacional e brazilianismo, em JORNAL DO BRASIL
BOSl, Alfredo, ClÚlwra brasileira, 1ema.J e
1978. SCHILD, Susan. "Kennelh Maxwell -
,

sitlUJÇ�. São Paulo, Atica. p.199-207.


DA MATrA, Roberto. 1982. "As raízes da um brasilianista nas eleições". 15 nov.
violência no Brasil: reflexões de um '.d. VIUAS-BOAS, LucianL "É tempo de
antropólogo social", em et alii, A vasculhar nossos arquivos e nossa cultura".
violência brasileira. São Paulo, BrasiJiense.
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FAUSTO, Bóris. 1988. "Organizando a hislÓria
geral da civilizaçio brasileira", Estudos 1978. SCHIEL, Berta- "Missão espcx:ial para o
HislÓricos, Rio de Janeiro, VértiCe/1L I, p.7l . brasilianista: u eleiçõe5 brasileiru". 18 novo
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