DISCIPLINA: METODOLOGIA DO ENSINO DA MÚSICA ALUNO: ANTONIO ELIAS SILVA NETO
(1) ATIVIDADE DE RECUPERAÇÃO DE NOTAS:
PANORAMA DA EDUCAÇÃO BASEADA NO CONTEXTO HISTÓRICO-CULTURAL E POLÍTICO DO FILME “A MISSÃO” E OS DIAS ATUAIS. O filme “A Missão” (1986) trata sobre os conflitos que envolveram os jesuítas, as Coroas Ibéricas e com o Papa, culminando na expulsão dos primeiros em meados do século XVIII. O enredo desenrola-se na região de Sete Povos das Missões, disputada por espanhóis e portugueses, mas que com a assinatura do Tratado de Madrid (1750), foi finalmente reconhecida como possessão lusitana. O protagonista, um violento mercador de escravos, entra para a Ordem dos jesuítas como uma forma de se redimir dos seus pecados (ele matara seu irmão por um crime passional). Assim, de um carrasco, ele se torna um defensor dos índios contra os colonos sedentos por lucros, e contra os interesses das Coroas Ibéricas que começaram a ver nos missionários um grande inconveniente. Embora tivessem como objetivo a difusão da fé e a conversão dos nativos, as missões acabaram como mais um instrumento do colonialismo, onde em troca do apoio político da Igreja, o Estado se responsabilizava pelo envio e manutenção dos missionários, pela construção de igrejas, além da proteção aos cristãos, o que é conhecido como regime de padroado. Isto visava tornar as missões a tentativa mais bem-sucedida da Igreja Católica de cristianizar e assegurar um refúgio às populações indígenas, ameaçadas de absorção ou escravização pelos diversos bem-sucedidos descendentes de povoadores europeus, para organizá-las em novas bases, capazes de garantir sua subsistência e seu progresso. Porém, com as novas ideias iluministas que irão marcar todo o século XVIII, esse estado de coisas entrará em crise, uma vez que um dos alvos de maior crítica era exatamente o tradicionalismo católico e a irracionalidade da ordem absolutista. A ascenção de Pombal em Portugal acelerou ainda mais esse processo, e em 1759, os jesuítas são expulsos do Brasil. Porém, aos índios nada melhorou, pois muitos deles já estavam aculturados e ”deculturados” pelas próprias missões jesuíticas. Além disso, eles ainda ficavam totalmente expostos aos colonos, cujo objetivo não era “salvar”, mas “escravizar” os nativos. Os nativos eram percebidos pelos colonizadores como “animais incivilizados”, sendo necessário receber educação, já que a sua educação não era valorizada. A educação nas sociedades nativas tinha características bastante diferentes da educação dos europeus. Basicamente, era uma educação familiar passada de geração a geração, respeitando sempre os mais velhos que detinham maior conhecimento na tribo. Enquanto que a educação dos europeus era uma educação erudita que valorizava a literatura, o latim, a religião cristã, ou seja, modos de educação, de culturas muito diferentes. Tais diferenças originaram choques culturais. O colonizador não compreende o modo de vida dos nativos e por isso crer que está fazendo algo de bom impondo a sua forma de educação. Esse fato, de certa forma, causa estranheza ao padre jesuíta Gabriel que estava chegando à tribo, pois, para ele, os indígenas tinham sacrificado o padre. Eles não compreendiam que na religião dos nativos não se enterra o corpo como na religião cristã. O padre Gabriel encarregado de prover a educação na tribo chega à cachoeira e encontra alguns índios e através da flauta que tocava conseguiu chamar a atenção dos mesmos e chegar até a tribo onde eles viviam a partir desse momento o padre começa sua missão na aldeia. Esse momento em que o padre chega à tribo é muito conturbado, pois, há conflito entre os nativos e os colonizadores, estes últimos escravizavam, exterminavam os índios em um conflito constante. Um exemplo disso é recém convertido jesuíta Rodrigo, que fazia parte das investidas de colonização como caçador de índios, mas se converteu à religião cristã e passou a fazer parte da missão jesuítica juntamente com o padre Gabriel. Importante salientar para a análise dessa produção é a sua relação com a história da educação colonial brasileira. O processo educativo foi bastante importante nesse processo de colonização, pois através dela os índios aprenderam a língua portuguesa, os costumes, a se relacionar com os colonos, ou seja, a cultura do colonizador. Tal aprendizagem facilitou as relações entre colonizador e colonizado e tornou possível a investida dos europeus no Brasil. Os jesuítas através do seu modo de educação, centrado no professor, “sem” relação professor-aluno, ensino baseado na cultura da elite, culta, na religião cristã, conseguiram cumprir seu objetivo. Outro fato interessante é que essa educação mais fina, culta era destinada aos filhos dos colonos (os administradores), enquanto que para os nativos a educação era diferenciada, mais básica. Percebe-se que esse modelo dualista de educação ainda é bastante presente nas escolas atuais, o que mostra resquícios do período colonial. Referência: A MISSÃO. Direção: Roland Joffé. Produção: Fernando Ghia e David Puttnam. Brasil Films International, 1986, 1 DVD.