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DIREITO CONSTITUCIONAL
organismos públicos em geral, para além dos mecanismos de controlo, político e jurídico da
actividade financeira.
O Direito Fiscal – Ao Direito Constitucional reconhece-se a descrição dos fundamentos da
tributação, na generalidade e na especialidade, assim como a positivação dos direitos
fundamentais dos contribuintes
O Direito de Religião – O Direito Constitucional consagra matéria de protecção da
liberdade de religião – em ambas perspectivas individuais e comunitárias – e no domínio da
relação do poder público com o fenómeno religiosa, nas suas diversas manifestações.
Direito da Economia – não sendo em Estado Social a actividade económica um domínio
desregulamentado de intervenção humana, é a natural que se façam sentir nos múltiplos
capítulos do Direito da Economia zonas de sobreposição com os textos consitucionais, estes
contendo a disciplina fundamental do regime económico a estabelecer.
Direito da Segurança – O conjunto dos princípios e das normas maioritariamente de Direito
público, que se aplicam em torno da prossecução da ideia de segurança, em cada uma das
suas vertentes, como seja a segurança externa, segurança interna, a segurança
internacional ou a segurança do Estado.
Ciência Afins – No caso de cuidarem do mesmo objecto regulado pelo Direito Constitucional;
Ciências Auxiliares – No caso de, ostentando um outro objecto, permitirem fornecerem
elementos de trabalho úteis à Ciência do Direito Constitucional.
O interesse de equacionar o modo como a Ciência do Direito Constitucional se relaciona com essas
ciências afins e auxiliares acaba por ser duplo:
Porque se torna necessário demarcar criteriosamente as zonas de vizinhança, com o
propósito de evitar sincretismos metodológicos espúrios (adulterados), fazendo colocar
cada cientista no papel que lhe compete relativamente ao lugar onde se encontra;
Porque importa assumir a utilidade que a Ciência do Direito Constitucional pode retirar
do que aquelas outras ciências fornecem, sendo certo que a actividade científica – Do
Direito Constitucional ou de qualquer outra – Já não pode mais surgir isolada no saber, pois
que com outros hemisférios científicos saudavelmente comunica e interage.
7. Os elementos de Estudo
I) Os Elementos de Estudo
O esforço da Ciência do Direito Constitucional, no aprofundamento constante pelo conhecimento
deste ramo do Direito, desembocará nos elementos de estudo que se devem partir, de entre eles se
salientando quatro tipos:
Os elementos doutrinais;
Os elementos legislativos;
Os elementos jurisprudenciais;
Os elementos documentais.
Uma dimensão substantiva – através da qual o poder político exprime orientações jurídicas
destinadas à regulação da vida em comunidade;
Uma dimensão adjectiva – em que o poder político se comete a tarefa de se “defender a si
próprio”, organizando a própria obediência que os outros lhe devem
I. Introdução
Se o poder político repousa na possibilidade de a estrutura que o detém impor comandos e fazer-se
obedecer aos mesmos incluindo o uso da força quando seja o caso disso, tal não quer significar que a
observação da realidade não possa demonstrar a existência de outros poderes, por vezes mais efectivos do
que o poder político.
As pessoas e os grupos, nas suas relações inter-subjectivas são igualmente movidas por outros
poderes, de natureza fáctica em relação àqueles, mas estes não têm o poder da coercibilidade.
II. Modalidades de poderes persuasão que não configuram projecções do Poder Político
O Poder Social
O Poder Religioso
O Poder Comunicacional
V. O Poder Comunicacional
O desenvolvimento deste poder mediático assenta na função de intermediação que os
meios de comunicação social facultam entre as notícias e os cidadãos, estes os respectivos consumidores,
num vasto ambiente comunicacional em que, usados de certo modo, os instrumentos de simples
informação podem ser desvirtuados e influenciar os cidadãos para além dos factos que querem relatar.
I. Tipologia, de acordo com o ponto de vista da relação de cada uma dessas entidades com a
entidade estadual.
Entidades Pré-Estaduais;
Entidades Infra-Estaduais;
Entidades Inter-Estaduais;
Entidades Para-Estaduais;
Estados Federais – Não fazendo desaparecer os Estados Membros, adquire
a natureza estadual com base na criação de uma nova estrutura se
sobreposição em relação àquela que permanece nos Estados Federados;
Uniões Reais – Surge numa estrutura de fusão com algum dos Estados
Membros dessa União, com o duplo papel de pertença à União Real e ao
Estado Membro dessa União, que se funda num tratado internacional
Confederações – São associações de Estados que se fundem num tratado
internacional e em cujos termos são vertidas atribuições que lhe são
transmitidas, bem como os órgãos que ficam incumbidos da respectiva
prossecução.
Organizações Internacionais – Organização sem carácter estadual, sendo o
seu estatuto essencialmente determinado pelo Direito Internacional
Público. Assinala-se a existência de dois elementos complementares:
Elemento Organizacional - Atende à formação de uma nova pessoa
colectiva, de substrato associativo e com carácter permanente,
dotada de órgãos próprios, que lhe imputam uma vontade funcional
em nome dos interesses privativos, diversos dos sujeitos estaduais
que a promoveram
Elemento Internacional - Esta entidade é regulada pelo Direito
Internacional, não sendo criada por qualquer direito Interno, assim
se distinguido, de entre outros motivos, das organizações não
governamentais.
Entidades para-estudais - São estruturas que, se bem que se aproximando da realidade
estadual, não têm esse teor, com razões diferenciadas para tal suceder, em particular se
pensando na estruturação de cada uma delas, segundo dois grupos possíveis.
o Os beligerantes e os insurrectos - Entidades que não são estados, mas que ficam
marcadas pela temporariedade da sua existência, com base de virem a exercer
poder político dentro do Estado onde actuam.
o As minorias nacionais ou os movimentos de libertação nacional - entidades que
ainda não são Estados, mas que agem na promessa da sua criação futura.
O Direito Administrativo - Para as entidades infra-estaduais, uma vez que mostra aplicável
às pessoas colectivas públicas que integram a Administração Pública.
O Direito Internacional Público - Para as entidades inter-estuaduais e para-estudais,
porquanto estas são entidades que se especializaram na vertente externa do poder político,
para o que aquele sector do Direito se mostra vocacionado.
I. Definição de Estado
O Estado é a estrutura juridicamente personalizada, que num dado território exerce o poder
político soberano, em nome de uma comunidade de cidadãos que ao mesmo se vincula.
Os Elementos do Estado:
Elemento humano;
Elemento funcional;
Elemento espacial;
A justiça:
o A justiça comutativa - quando se impõe estabelecer relações de igualdade,
abolindo as situações de privilégio, com uniformes critérios de decisão;
o A justiça distributiva - no sentido de dar a cada um o que lhe pertence por mérito
ou pela sua situação real, numa visão não necessariamente igualitarista.
O Bem-estar:
o O bem-estar económico - pela provisão de bens que o mercado não pode fornecer
ou não pode fornecer satisfatoriamente;
o O bem-estar social - pela prestação de serviços sociais e culturais a cargo do estado,
normalmente desinseridos do mercado.
V) A Atribuição da Cidadania
Há orientações internacionais no sentido de tornar indesejável a situação de apolidia ou de apatridia,
como do mesmo modo existem orientações internas que favorecem o acesso à cidadania mediante o
preenchimento de determinadas condições.
O Fenómeno da atribuição da cidadania condensou-se na prevalência de dois grandes critérios:
o ius sanguinis - as relações de sangue, porque se os progenitores pertencem a certa
cidadania, ela se comunica aos seus descendentes;
o ius soli - O lugar do nascimento, por uma ligação afectivo-territorial justificar a atribuição
da cidadania.
I. O elemento funcional
O elemento funcional do Estado expressa a organização de meios que se destinam a operacionalizar
a actividade estadual em ordem a alcançar os respectivos fins.
O poder político do estado trata-se de uma estrutura própria, a mesma toma a natureza de
soberania, que vale duplamente na esfera externa e interna.
A soberania na ordem interna - Representa a supremacia sobre qualquer outro centro de
poder político, que lhe deve obediência e cujas existência e amplitude são forçosamente
definidas pelo próprio Estado;
A soberania na ordem externa - Significa a igualdade e a independência nas relações com
as outras entidades políticas, maxime dos outros Estados, nelas se reconhecendo diversos
poderes como:
o O direito de celebrar Tratados - ius tractuum;
o O direito de estabelecer relações diplomáticas e consulares - ius legationis;
o O direito de apresentar queixa;
o O direito de exercer a legítima defesa;
o O direito de participar na segurança da comunidade internacional - ius belli;
I. Vicissitudes do Estado
A realidade estadual, que considerámos sob um óptica estática, pode parelamente ser vista numa
perspectiva dinâmica, na certeza de que se trata de uma realidade não eterna, que teve um começo, que
terá um fim e que sofre transformações.
As Vicissitudes do Estado podem assumir duas tonalidades:
As vicissitudes políticas - Referenciam mutações no sistema político dos Estados, com
óbvias implicações em cada sistema constitucional, como sucede com o reconhecimento
dos governos provisórios, ou com situações em que a capacidade internacional dos estados
se altera;
As vicissitudes territoriais - referenciam alterações no elemento territorial, que se modifica
total ou parcialmente, determinando uma mutação na respectiva configuração, sendo estas,
de longe, as mais usuais na vida internacional, já que directamente interferem no
respectivo posicionamento. Existem três categorias de vicissitudes territoriais:
o Vicissitudes aquisitivas - Designam o aparecimento do que Estado, que é o
momento jurídico-político a partir do qual emerge no Direito Público, interno e
internacional uma nova entidade jurídico-política. O Nascimento de um Estado
manifesta-se de diferentes modos:
O nascimento a partir de um processo de secessão;
O nascimento a partir de um processo de descolonização política;
O Nascimento por fusão num novo Estado de territórios que pertenciam a
outros Estados
o Vicissitudes modificativas - Não postulando o desaparecimento do Estado, apenas
o modificando territorialmente, concretiza-se segundo:
A aquisição de parcelas territoriais;
Perda de parte do território por cataclismos naturais;
A cessão parcial voluntária;
O Estado Oriental;
O Estado Grego;
O Estado Romano;
O Estado Medieval;
O Estado Moderno;
O Estado Contemporâneo
IV. Marcos importantes para o Constitucionalismo deixados pelo período do Estado Romano
A preocupação com a participação popular nas assembleias;
A complexidade organizatória do poder político;
A formalização da produção do Direito e o relevo da jurisprudência e da doutrina na
respectiva densificação.
III. Vectores que influenciaram a viragem do Estado Medieval para o Estado Moderno
A intensificação do poder estadual com recurso ao conceito de soberania, tanto na ordem
interna como na internacional.
A dominação do poder religioso pelo poder político;
A construção dos novos Estados com base nas nações subjacentes;
"razão de Estado", além de se fundar numa legitimidade não divina, mas racional de
governação - O "Despotismo Iluminado" ou "Esclarecido".
O liberalismo - político, económico e filosófico - surgiu num propósito de ruptura para com o
passado absolutista e real, fazendo-se vingar uma nova concepção de pessoa e sociedade:
O individualismo enquanto doutrina de afirmação do homem e do cidadão em sim
mesmo, e não no seu valor grupal ou estratificado;
O indivíduo como centro da acção política, separado, autónomo e livre do Estado
O que levou à riqueza do Liberalismo na construção de esquemas de limitação do poder político.
A marca fundamental, neste aspecto, foi a afirmação da liberdade individual negativa, em que o
Estado assumia um dever geral de abstenção na sociedade e assim reconhecendo uma liberdade geral de
acção dos cidadãos, liberdade política e sobretudo liberdade económica.
O plano de fundo desta experiência totalitária podia ainda compreender-se numa concepção
transpersonalista do Estado e do Direito, em que o individualismo Liberal deveria ceder ao interesse
colectivo, ditatorialmente interpretado pelo poder executivo, de foi um sinal óbvio dois dos lemas
proclamados por Estados que atravessaram essa fase:
- “Tudo pelo Estado, nada contra o Estado”, em Itália;
- “Tudo pela Nação, nada contra a Nação”, em Portugal
V. Organização Económica
Conservou-se a lógica de propriedade privada e do mercado;
Existência de uma linha de intervenção estadual de tipo dirigista:
o Internamente, através do condicionamento da actividade industrial e comercial, em
nome da defesa de objectivos traçados pelo Estado, privilegiando-se certos grupos
económicos;
o Externamente, através da adopção de medidas de proteccionismo económico,
afirmando o valor da economia do Estado no domínio das relações internacionais.
V. Organização Económica
I. Enquadramento
A Chegada do séc. XXI e de um novo milénio fez acentuar um conjunto de problemas que, sobretudo
no último quartel do séc. XX, colocariam em dúvida a utilidade do Estado Social, pelo menos tal como ele
tivera sido concebido e praticado a seguir à II Guerra Mundial.
Uma das razões radica nas insuficiências do gigantesco aparelho social que se criou com os diversos
sistemas de direitos económicos e sociais, fazendo aumentar a carga fiscal e gerando diversas ineficiências
na gestão dos recursos.
Por outro lado, a globalização derrubaria fronteiras em todos os domínios, não se excluindo a
circulação de pessoas e a migração, para além do facto de a competição directa ser feita à escala global,
não já dentro de espaços economicamente protegidos.
Esses sinais também são claros na configuração da execução dos direitos fundamentais dos cidadãos,
com a concorrência entre esquemas públicos, privados e sociais, num claro recuo do exclusivo dos sistemas
públicos.
O período da Idade Contemporânea projectou-se na evolução que o Estado Português ofereceu com a
Revolução Liberal de 1820, na esteira de outras experiências revolucionárias de cunho liberal, como a
Francesa em 1789 e a Espanhola de 1808.
Foi a partir de então que se instalaria em Portugal o fenómeno dos textos constitucionais escritos,
que não mais seria abandonado, contando neste momento com seis Constituições.
O vínculo da cidadania portuguesa pode ainda ser observado sob a perspectiva de perda,
prevendo-se a renúncia, que só não é operativa no caso de desembocar numa situação de apolidia.
IV. Principais critérios para uma conexão das pessoas relativamente aos Estados no seio de um
vínculo de cidadnia:
O ius sanguinis, significa que a cidadania permanece na descendência daqueles que, uma
primeira vez, a alcançaram, sendo assim cidadãos de um Estado os descendentes dos que já
o eram antes, independentemente da consideração de outros critérios;
O ius soli, sublinha a importância do lugar de nascimento da pessoa em questão,
atribuindo-se a cidadania do Estado em cujo território aquele aconteça com
desconsideração da ligação aos respectivos progenitores;
Na prática estes dois modelos podem não funcionar, e transformam-se em dois sistemas mistos.
Observando a LN de Portugal verifica-se que predomina o ius sanguinis por relação com o ius soli, sendo de
descrever dois casos que exemplificam a sua aplicação prática:
II. O Monarca
Exerce o seu cargo a título vitalício, segundo as regras comuns da sucessão pela
proximidade de linha e de grau, não havendo aplicação da lei sálica, devendo ainda ser
crente da Igreja Anglicana de Inglaterra;
Tem uma posição aparentemente forte, tudo é feito em seu nome;
Não dispõe de qualquer poder político real, é simplesmente um cargo honorífico;
III. O Parlamento
No extremo oposto, encontra-se o Parlamento, a quem o Direito Constitucional Britânico confere o
lugar fulcral na acção política, Parlamento este que é bicameral:
Câmara dos Lorde (Câmara Alta);
Câmara dos Comuns (Câmara Baixa).
Características do Bicameralismo Britânico:
É de Raiz Monárquica, uma vez que a câmara alta se destina a fazer representar a
aristrocacia;
A Câmara dos Lordes:
o Tem um número variável de pares, sendo os mesmos nomeados pelo Monarca
para cargos vitalícios, tendo sido abolidos os pares hereditários;
o Tem competência de intervenção no procedimento legislativo numa fase
posterior, mas em qualquer possibilidade de co-decisão:
Podem atrasar a respectiva aprovação, nunca vetar.
o É o supremo tribunal britânico, funcionando como última instância judicial.
A Câmara dos Comuns:
o Tem 659 deputados, escolhidos por 5 anos, com base no sufrágio universal directo,
pelo sistema de círculos eleitorais uninominais
o Tem competências de natureza Política e legislativa;
o Os respectivos trabalhos são orientados pelo Speaker, que é o seu Presidente,
escolhido entre os Deputados da maioria.
IV. O Gabinete
O Gabinete, O Governo Britânico, composto pelo Primeiro-Ministro e pelos Ministros, é
uma emanação política da Câmara dos Comuns, sendo com base na maioria que nesta se forma
que se procede à escolha dos respectivos membros, bem como a definição da respectiva
Orientação política.
O Governo Britânico é composto por:
Primeiro Ministro, é a figura central do governo e nele reside a condução da sua política,
livremente propondo a nomeação e a exoneração dos Ministros, além de lhe competir
defender a política geral do Governo
Os sénior Ministers
Os Júnior Ministers
Competências do Governo:
A iniciativa legislativa junto do Parlamento;
A elaboração das order in council, que é o seu poder regulamentar
A apresentação do programa através do discurso que prepara para o Monarca ler na
sessão de abertura do parlamento;
A sujeição ao controlo político por parte da Câmara dos Comuns, perante quem tem o
dever de explicar as medidas que vai tomando.
V. Os tribunais Britânicos
Existem dois tipos de Tribunais:
Tribunais Superiores
o Câmara dos Lordes – através o Aplellate Commitee
o Supreme Court:
Court of Appeal, no High Court of Justice- Com competências de Direito
Civil
Crown Court – Com competências para os crimes mais graves
Tribunais Inferiores -
o County Courts – Questões de Direito Civil;
o Magistrates courts – Questões Criminais de pequena gravidade;
Esta responsabilidade política do Governo perante a Câmara dos Comuns tem o peculiar elemento
de se enquadrar na ideia de parlamentarismo de gabinete, o que quer dizer que ao Primeiro Ministro,
como chefe de gabinete, se atribui um papel primordial, considerando em conjunto os dois órgãos, ou seja,
a Câmara dos Comuns e o Governo.
O fulcro da acção Política apesar de residir no Parlamento, não faz com que este seja o centro vital
nas opções tomadas, pois este fulcro embora nele formalmente residir, desloca-se para a Figura do Primeiro
Ministro, que passa a ser o verdadeiro centro da decisão política:
I. História
Os Estados Unidos da América entraram para a História Constitucional por terem sido os primeiros
a efectivar uma revolução liberal, para além de possuírem a mais a mais antiga e também a primeira
Constituição escrita feita até hoje. (1787)
O Congresso federal corresponde à união destes dois órgãos, que na sua essência funcionam
conjuntamente, sendo necessário que ambos aprovem as providências legislativas para que estas venham a
transformar-se em acto legislativo, de acordo com uma regra geral de bicameralismo perfeito..
No entanto, é forçoso reconhecer a proeminência do Senado Federal nos domínios do exercício da
função política, uma vez que lhe compete dar assentimento à designação dos membros do Governo e dos
magistrados do Supremo Tribunal Federal, sem esquecer outras competências de fiscalização política.
O Partido Republicano - vencedor da Guerra da Secessão, com uma marca mais liberal e de origem
Nortista. de moral predominantemente protestante, sendo o representante do sector mais à direita do
espectro político-ideológico:
O Partido Democrata - com uma marca mais social e de origem sulista, de moral
predominantemente católica. mais progressista, situando-se à esquerda do espectro político-ideológico.
é acidental: uma vez que o processo judicial não é interposto para averiguar da questão da
constitucionalidade, mas para resolver a questão de fundo, sendo aquela questão
incidental em relação a esta, que é a principal.
III. O Parlamento
Tem uma Estrutura Bicameral, sendo este bicameralismo assimétrico ou imperfeito, dado que a
maior parcela dos poderes é conferida à Assembleia Nacional em detrimento do Senado da República.
A Assembleia Nacional - órgão de representação dos franceses composto por 577
Deputados, eleitos para um mandato de 5 anos, ao nível do escrutínio uninominal a duas
voltas, cabendo-lhe a competência legislativa, partilhada com o Senado da República, e a
competência de fiscalização política, exclusivamente.
O Senado Territorial - é um órgão de representação das colectividades territoriais, sendo
constituído por 346 senadores, por membros designados, pelo período de 6 anos, pelos
departamento, em cujo colégio eleitoral participam os deputados, os conselheiros regionais
e os delegados dos conselheiros municipais.
IV. O Governo
É o órgão com funções executivas e integra o Primeiro Ministro, como seu chefe, e os Ministros,
sendo aquele nomeado pelo Presidente da República de harmonia com os resultados das eleições para a
assembleia Nacional, perante quem tem de apresentar o seu Programa.
A prática política, mais do que a CF, tem frisado a sujeição do governo a uma dupla
responsabilidade política:
Ao Chefe de Estado - Que o nomeia e exonera, além de participar nalgumas matérias de actividade
do Governo;
À Assembleia Nacional, a quem deve manter-se fiel, pois esta tem poderes de responsabilidade
política através da apresentação de moções de censura.
V. O Poder jurisdicional
É de natureza estadual e está repartido por três jurisdições:
a jurisdição comum:
o Tribunais de 1ª instância, 2ª instância, os Court d'Appel, e o tribunal de última
instância, a Cour de Cassation
a jurisdição administrativa
o Conseil d'État
a jurisdição constitucional
o Conselho Constitucional
CAPÍTULO V
EVOLUÇÃO DO DIREITO CONSTITUCIONAL PORTUGUÊS
Extensão 240 Artigos 145 Artigos 139 Artigos 87 Artigos 142 Artigos 296 artigos
Forma institucional
Monarquia Monarquia Monarquia República República República
de governo
Estado Unitário
Forma de Estado União Real Estado Unitário Estado Unitário Estado Unitário Estado Unitário
Regional
Estado
Tipo Constitucional Estado Democrático
Estado Liberal Estado Liberal Estado Liberal Estado Liberal Fascizante
de Estado e Social
corporativo
Monarquia de
Sistema de Presidencialismo Monarquia Parlamentarismo Autoritarismo Semipresidencialismo
tipo
Governo Monárquico orleanista de Assembleia de Chanceler parlamentar
parlamentar
Dirigismo
Sistema Económico Liberalismo Liberalismo Liberalismo Liberalismo Capitalismo Social
Nacionalismo
Político-
Fiscalização da Política e Política e Política e Judicial difusa e
Judicial e Difusa Parlamentar e
Constitucionalidade Parlamentar Parlamentar Parlamentar concentrada
judicial
A C1822 consagrou um sistema de governo "presidencial", com a excepção do Chefe de Estado ser
não um Presidente da República, mas um Rei, nos seguintes termos:
Fixou-se a independência recíproca dos Órgãos de Estado, não sendo permitido ao poder
executivo dissolver o parlamento e não se autorizando o Parlamento a demitir, por razões
políticas, os secretários nomeados pelo Rei.
Confirmou-se essa independência por o poder de veto real ser meramente suspensivo,
ultrapassável pela mesma maioria que aprovasse o decreto legislativo, para além de um
largo leque de competências em que se dispensava essa sanção real.
Optou-se pelo carácter unicameral das Cortes, sem reflexo do princípio monárquico, não
havendo assento para os representantes da aristocracia;
escolheu-se a eleição directa como modo de designação dos membros das Cortes,
prevalecendo uma presença mais forte do princípio democrático.
I. Direitos Fundamentais
Este texto constitucional remeteu para o seu último artigo e , por sinal, o mais extenso artigo 145.º
a consagração dos direitos fundamentais, assim se evidenciando uma certa desvalorização sistemática dos
mesmos.
A leitura dos texto da C1826 possibilita como primeira conclusão a manutenção de todos os direitos
fundamentais anteriormente previstos.
Organização Política:
Poder Legislativo - As Cortes:
o Estrutura Bicameral Perfeita:
Câmara dos Pares - Constituída por aristocratas designados pelo Rei a
título vitalício ou hereditário;
Câmara dos Deputados - era composta por parlamentares eleitos, num
primeiro momento indirectamente, mas depois através de sufrágio directo,
para um mandato de 4 anos.
Poder Moderador e Poder executivo, para o Rei e seus Ministros:
o Poder Moderador: de exercício individual, incluía a prática de actos necessários ao
equilíbrio do sistema político, como a dissolução das Cortes, a demissão dos
ministros ou o poder de veto;
o Poder Executivo: compreendia a prática dos actos de administração, exercido pelos
seus ministros e secretários
Poder Judicial, para os Tribunais
Direitos Fundamentais
Em matéria de direitos fundamentais a C1838, retomou a tradicional localização dos mesmos e
registou-se a preocupação de manter os mesmos direitos sociais anteriormente garantidos, tanto na C1826
e C1822.
De entre as novidades, cumpre referir estes direitos, vindo a reforçar o Estatuto liberal do indivíduo:
O Direito de associação;
O Direito de reunião
O Direito de resistência
A liberdade de ensino público
Poder Legislativo
O poder legislativo repousava nas Cortes, que conservaram a sua precedente estrutura bicameral:
Câmara de Senadores - Eleitos por sufrágio Directo limitado
Câmara de Deputados - Eleitos por sufrágio Directo limitado
Poder Executivo
O Poder executivo competia ao Rei, o respectivo Chefe, e que o exercia pelos Ministros e
Secretários de Estado.
Limitação política do Rei através da referenda. "Todos os actos do Poder Executivo com a assinatura
do Rei serão sempre referendados pelo Ministro e Secretário de Estado Competente, sem o que não terão
efeito."
O Poder Judiciário
O poder judiciário era exercido pelos Juízes e Jurados, estabelecendo diversas instâncias de
tribunais , em razão da matéria e hierarquia.
A Revisão Constitucional
Iniciativa cabia em exclusivo, à Câmara dos Deputados;
A primeira aprovação ocorria em ambas as câmaras parlamentares, a Câmara dos
Deputados e a Câmara dos Senadores, com o assentimento do Rei, dando-lhe a sua livre
sanção
A segunda aprovação acontecia nas Cortes, na legislatura seguinte, não sendo aqui já
exigida a sanção régia.
O programa Republicano
O programa republicano, datado de 11 de Janeiro de 1891, fundava-se em três vectores
fundamentais:
A Forma republicana de Governo, com a abolição do Rei e da Monarquia e a sua
substituição, e em tudo o que daí fosse decorrente, pelo Presidente da República, bem
como a comitante propagação do princípio democrático;
A laicização do Estado, com a absoluta separação de actividades entre o poder temporal e
o poder espiritual, além de reduzir a influência social da Igreja Católica;
O municipalismo, com a conveniência de avivar o poder dos concelhos, expressão lídima e
mais próxima da vontade das populações;
Sistematização da C1911
Título I - Da forma do governo e do Território da nação portuguesa
Título II - Dos direitos e garantias individuais
Título III - Da soberania e dos poderes do Estado
Título IV - Das instituições Locais administrativas
Título V - Da Administração das províncias ultramarinas
Título VI - Disposições Gerais
Título VII - da Revisão Constitucional
Disposições Transitórias
Vigência da C1911
A C1911, depois de entrar em vigor, duraria até 1926, momento em que outra revolução poria
termo à sua vigência, tendo apenas um interregno, o interregno sidonista, pois que o mesmo implicou a
quebra da ordem constitucional formal, com a sua substituição por uma outra ordem constitucional.
Direitos Fundamentais
Naturalmente se sentiria a força da concepção republicana ao nível dos direitos fundamentais em
resultado de algumas mudanças ocorridas, uma linha, apesar de tudo, mais liberal e não tanto social.
Os direitos fundamentais encontravam-se concentrados em dois únicos artigos, consagrando novos
tipos de direitos individuais, comprovando a novidade da concepção republicana:
A plena liberdade Religiosa;
A abolição da pena de morte e das penas corporais perpétuas ou ilimitadas;
O direito de revisão das sentenças condenatórias;
O princípio da legalidade dos impostos, assim como o direito de resistência contra o seu
pagamento ilícito
A garantia do habeas corpus;
A garantia do emprego durante o cumprimento do serviço militar obrigatório;
O direito de indemnização no caso de condenação injusta
A garantia da não privação de liberdade sem prévia autorização judicial no caso de doentes
mentais.
Laicização do Estado
Uma das principais mudanças seria a afirmação da separação absoluta entre o Estado e a confissões
religiosas, com especial enfoque dado à Igreja Católica, lado a lado com a positivação de uma genérica
liberdade de consciência e de Religião.
Formalmente concebido de separação absoluta, a prática do sistema constitucional redundaria
num sistema de perseguição religiosa, de que seria naturalmente a Igreja Católica a principal Vítima, a
despeito de todas as afirmações de igualdade de tratamento, o que poder ser bem comprovado por vários
factos:
A extinção das ordens religiosas;
A imposição do casamento civil, negando-se a relevância civil ao casamento religioso;
A nacionalização dos bens das ordens religiosas.
O Poder Legislativo
O poder Legislativo competia ao Congresso da República, como competências vastíssimas, fazendo
deste órgão o fulcro político do sistema de Governo.
O Congresso era de Estrutura bicameral,
Câmara dos Deputados - Eleitos para um mandato de três anos, eleitos por sufrágio directo
Senado - Eleitos para um mandato de seis anos, eleitos por sufrágio directo
O Poder Executivo
Este poder competia ao Presidente da República e aos Ministros, com funções de representação da
Nação nas relações gerais do Estado, tanto internas como externas.
O Chefe de Estado
era eleito pelo Congresso em sessão conjunta, por maioria de dois terços dos votos;
Tinha um mandato de 4 anos, sem possibilidade de reeleição para o quadriénio imediato;
Podia ser destituído pelas duas câmaras em congresso, e resolução fundamentada e
aprovada em dois terços, ou em virtude de condenação por crime de responsabilidade.
A C1911, em matéria de poder executivo, continha ainda, pela primeira vez na História
Constitucional Portuguesa a autonomização do Primeiro Ministro, então designado Presidente do
Ministério: " De entre os Ministros, um deles, nomeado também pelo presidente, será Presidente do
Ministério e responderá não só pelos negócios de sua pasta, mas também pelos de política geral.
O Poder Judicial
O Poder Judicial esta Distribuído por um Supremo tribunal de Justiça e por Tribunais de primeira e
de segunda instância.
O Júri era constitucionalmente previsto nos seguintes termos:
"A intervenção do Júri será facultativa às partes em matéria civil e comercial, e obrigatória em
matéria criminal quando ao crime caiba pena mais grave do que prisão correccional e quando os delitos
forem de origem ou carácter político.
No Plano político, essa parlamentarização excessiva agravar-se-ia pela pulverização partidária a que
se assistiu na fase final da 1ª República .
As revisões constitucionais
O regime da revisão constitucional, incluía dois diversos procedimentos possíveis:
Um procedimento normal, sujeito ao limite temporal de dez anos;
Um procedimento antecipado, podendo a revisão ser encurtada em cinco anos, no caso da
tal decisão ser tomada por uma maioria de dois terços dos membros do Congresso.
Revisões efectuadas:
1. Lei nº 635, de 28 de Setembro de 1916: a manutenção da extinção dos direitos
nobiliárquicos, mas admitindo galardoar feitos cívicos e actos militares com ordens
honoríficas, assim como a proibição geral da pena de Morte, à excepção de situação
necessária em teatro de Guerra;
2. A Lei n.º 854, de 20 de Agosto de 1919, a fixação de um subsídio conferido aos
parlamentares;
3. A Lei n.º 891, de 22 de Setembro de 1919, a atribuição ao Presidente da República da
faculdade de dissolução das Câmaras Legislativas, juntamente com outras medidas, numa
lógica de reforço do seu fraco estatuto, pretendendo-se, in extremis, salvar o regime
republicano;
4. A Lei n.º 1005, de 7 de Agosto de 1920, o reforço dos poderes legislativo e executivo nas
matérias atinentes ao governo das colónias;
5. A Lei n.º 1154, de 27 de Abril de 1921, a adopção de esquemas de maior funcionalidade
para os trabalhos parlamentares;
Sistematização da C1933
Parte I - Das garantias fundamentais;
Parte II - Da organização política do Estado
Disposições Transitórias
complementação da C1933 com a republicação do Acto Colonial, texto constitucional,
destinado a esclarecer a nova organização política dos territórios ultramarinos.
O corporativismo representou uma visão ordenada da sociedade, não numa óptica individualista,
mas numa óptica grupal, em que os interesses da mesma se projectariam a partir das diversas instituições
sociais, desde a família às corporações profissionais e sindicais.
Mas o Corporativismo da C1933 era um Corporativismo de Estado, ao qual se associou um timbre
autoritário , acompanhado de um monismo social e político.
É que a expressão do bem comum através das diversas corporações não surgia livremente, mas e
cima para baixo, sendo imposta pelo Estado.
O Estado e a Religião
No plano das relações entre o Estado e a Religião, restabeleceu-se a normalidade, segundo um
regime de separação cooperativa, e não já laicista.
Não se rejeitava em particular a possibilidade de um tratamento preferencial ser dado à Igreja
Católica, embora sem qualquer religião oficial, dir-se-ia no texto da C1933, após a sua última revisão
constitucional em 1971, de que a religião católica seria considerada a "religião tradicional da Nação
Portuguesa.
A Economia
Do ponto de vista económico, a visão corporativa igualmente se fazia sentir, assumindo o Estado a
direcção da economia, tanto num plano interno como externo:
Internamento, com mecanismos de condicionamento do mercado, estabelecendo-se que
"O Estado promoverá a formação e desenvolvimento da economia nacional corporativa,
visando a que os seus elementos não tendam a estabelecer entre si concorrência
desagregada e contrária aos justos objectivos da sociedade e deles próprios, mas a
colaborar mutuamente como membro da mesma colectividade;
Externamente, como políticas proteccionistas, de defesa dos interesses nacionais,
prescrevendo-se que "O Estado regulará as relações da economia nacional com a dos outros
países em obediência ao princípio de uma adequada cooperação, sem prejuízo das
vantagens comerciais a obter especialmente de alguns ou da defesa indispensável contra
ameaças ou ataques externos.
A Organização Política
A C1933 estabeleceu o regime dos órgãos de soberania, no lugar da tradicional referência aos
poderes estaduais: A soberania reside na Nação e tem por órgãos o Chefe de Estado, A Assembleia
Nacional, o Governo e os Tribunais.
A despeito da invocação de um princípio de soberania nacional, e a despeito de uma referência
plúrima (multiplas) aos diversos poderes, protagonizados pelos órgãos de soberania, não se podia
propriamente visualizar uma opção de separação de poderes, antes de concentração de poderes,
formalmente no Chefe de Estado, e materialmente, no Presidente do Conselho
O Chefe de Estado
Numa primeira fase era eleito por sufrágio directo, ainda que bastante restrito, para um
mandato, ilimitado quanto à sua renovação, de 7 anos.
A partir de 29 de Agosto de 1959, passou a ser eleito por sufrágio indirecto em colégio
eleitoral restrito, em que participavam os membros da Assembleia Nacional e da Câmara
Corporativa, para além de outros membro;
Apenas respondia perante a Nação pelos actos praticados no exercício das suas funções,
sendo o exercício destas e a sua magistratura independentes de quaisquer votações da
Assembleia Nacional. (Princípio da Irresponsabilidade Política)
Tinha competências de natureza administrativa e política:
o Tinha o Poder para nomear os membros do Governo;
o Tinha o Poder de dissolução da Assembleia Nacional;
A actividade do chefe de Estado era auxiliada pelo conselho de Estado, órgão composto por
10 membros e presidido por aquele, de consulta obrigatória no caso da tomada das mais
relevantes decisões.
A Assembleia Nacional
Era composta por 90 Deputados, eleitos por sufrágio directo dos cidadãos, para um
mandato de 4 anos;
Tinha competências bastante vastas, mais de foro legislativo do que da fiscalização política
Tinha um funcionamento limitado de sessões, (duração anual de 3 meses improrrogáveis)
A Câmara Corporativa
Coadjuvava a Assembleia Nacional
era composta por representantes de autarquias locais, dos interesses locais, considerados
estes nos seus ramos fundamentais de ordem administrativa, moral, cultural e económica,
designando a lei aqueles a quem incumbe tal representação ou o modo como serão
escolhidos e a duração do seu mandato.
Compete-lhe relatar e dar parecer por escrito sobre todas as propostas ou projectos de lei
que forem presentes à Assembleia Nacional, antes de ser nesta iniciada a discussão.
O Governo
Era constituído pelo:
o Presidente do Conselho - O Presidente do Conselho responde perante o Presidente
da República pela política geral do Governo e coordena e dirige a actividade
de todos os Ministros, que perante ele respondem politicamente pelos seus actos.
o Ministros
o Subsecretários de Estado
Tinha competência para praticar actos de natureza legislativa, administrativa, e política.
O presidente do Conselho era ao fulcro do sistema político, dadas as amplas competências que
dispunham, sem olvidar (esquecer) o controlo exercido sobre o Chefe de Estado por intermédio da referenda
ministerial.
Os Tribunais
Os tribunais desempenhavam a sua função judicial, organizador por tribunais ordinários e por
tribunais especiais.
Sem pretender internamente quebrar o legado da judicial review que a C1911 consagrou, a C1933
viria a consagrar um mecanismo de fiscalização da constitucionalidade, mas que na prática pouco interesse
mostrou, mais por razões substantivas do que por razões directamente ligadas ao respectivo
funcionamento, segundo uma artificial destrinça entre a inconstitucionalidade material e a
inconstitucionalidade organizatória:
a fiscalização judicial da constitucionalidade material - Nos feitos submetidos a
julgamento não podem os tribunais aplicar leis, decretos ou quaisquer outros diplomas que
infrinjam o disposto nesta Constituição ou ofendam os princípios nela consignados.
a fiscalização político-parlamentar da constitucionalidade organizatória - A
constitucionalidade da regra do direito, no que respeita à competência da entidade de que
dimana ou à forma de elaboração, só poderá ser apreciada pela Assembleia Nacional e por
sua iniciativa ou do Governo, determinando a mesma Assembleia os efeitos da
inconstitucionalidade, sem ofensa, porém, das situações criadas pelos casos julgados.
A principal mola impulsionadora da Revolução dos Cravos foi o Movimento das Forças Armadas
(MFA), que na mesma noite do Golpe de Estado divulgou as orientações substanciais da ruptura que foi
então protagonizada, de acordo com o preenchimento de três grandes objectivos, simbolizados por três
D's:
Democratizar o país, através da realização de eleições livres, com a participação de partidos
políticos e com o exercício de todos os direitos políticos, num clima de pluralismo político e
social;
Descolonizar os territórios ultramarinos, pondo termo à soberania portuguesa que neles
se exercia e permitindo que os respectivos povos escolhessem livremente o seu destino
através da autodeterminação:
Desenvolver a economia, possibilitando a sua recuperação do atraso que a caracterizava e
aproximando-se do contexto europeu de sofisticado Estado Social.
Princípios fundamentais
O conjunto de Artigos que antecedem a Parte I, com a epígrafe "Princípios Fundamentais", traçam
os princípios fundamentais da Ordem Constitucional Portuguesa, ao nível da caracterização das Grandes
variáveis constitucionais:
Na forma Institucional de Governo;
No tipo histórico de Estado;
Na forma política de governo;
Na forma de Estado
Nos fins do Estado
Identificação dos Elementos do Estado, no seu povo, na sua soberania no seu território
CAPÍTULO V
AS FONTES DO DIREITO CONSTITUCIONAL
Os vários problemas que se detectam no ponto de partida que o Código Civil pretende fornecer
no domínio das Fontes de Direito, os quais se sintetizam nesta lista:
A desfocada concepção definitória das fontes do Direito em geral;
A omissão de outras fontes normativas igualmente relevantes;
A insuficiente identificação das fontes normativas pertinentes;
A errónea hierarquização que se pretende das referidas fontes de Direito;
A omissão do Costume como fonte de Direito;
Em contra partida, nenhuma alusão se opera em relação à Doutrina como fonte de Direito, pelo
que fica esclarecida a sua irrelevância na respectiva produção, a despeito do seu papel auxiliar - ou mediato
como alguns autores preferem dizer - na dilucidação do Direito aplicável
Os mesmo se diga, nesta sede, dos princípios jurídicos, que são muito mais do que fontes do
Direito ou do Direito Constitucional: São eles próprios partes integrantes dessas ordens normativas e, como
tal, assumem uma directa vinculatividade, não obstante poderem gerar, por seu turno, novas regras jurídicas.
Esse ainda é o resultado quando nos referimos à equidade, como hipotética fonte do Direito
Constitucional, já que nem sequer atinge o patamar mínimo de fonte do Direito em geral, apenas surgindo
como um critério casuístico de resolução de casos.
A Descrição da importância da lei pode ser vista sob a perspectiva de diversas características, que
simultaneamente redundam em várias categorias de actos, na condição de os mesmos serem
normativos:
Os Actos Constitucionais;
Os Actos Legislativos;
Os Actos Políticos;
Os Actos administrativos;
Os Actos Constitucionais
Incluem as manifestações voluntárias, de teor normativo, que integram a Ordem Constitucional.
A principal fonte constitucional, como não podia deixar de ser, é a própria Constituição
As leis de revisão constitucional, que modificam o texto constitucional, normalmente de
cariz normativo, e que assim supervenientemente ficam a ser parte integrante, embora
num plano secundário, da Ordem Constitucional;
Os Actos Legislativos
Formalmente considerados como leis, incluem quatro categorias de actos, na
pressuposição, que nem sempre é verdadeira, de que contêm uma disciplina social normativa:
As Leis da Assembleia da República;
As Leis Orgânicas da Assembleia da República;
Os Decretos-Lei do Governo;
Os Decretos legislativos regionais das Regiões Autónomas.
Os Actos Políticos
A despeito de normalmente não serem normativos e não ostentando a forma de lei, podem
ainda ser uma Fonte de Direito, sendo de considerar os seguintes no plano interno:
As resoluções parlamentares de cessação de vigência dos decretos-lei ou de autorização da
declaração do estado de excepção;
Os decretos presidenciais de dissolução parlamentar ou de declaração do estado de
excepção;
As eleições políticas;
As decisões dos referendos ao nível nacional, regional e local.
Os actos políticos também poder ser vistos como fontes externas, oriundos do Direito
Internacional Público e do Direito Internacional Público e do Direito da União Europeia:
Os tratados e os acordos internacionais;
Os actos internacionais unilaterais;
Os regulamentos e as directivas comunitários.
O Costume como fonte do Direito representa a prevalência da espontaneidade social que assume
uma dimensão de normatividade jurídica, pela constituição de dois elementos indispensáveis:
O elemento material (o corpus) - que integra uma prática reiterada, o que significa a
repetição de condutas havendo ocasião de elas acontecerem;
O elemento psicológico (o animus) - que implica a consciência de que aquela prática , não
sendo rotineira ou burocrática, tem carácter obrigatório (opiniu iuris necessitatis).
A produção destas orientações jurídicas surgem de uma convivência social, a que depois fica
associado um sentido de dever-ser, sentido de juridicidade que não tem necessariamene espelhar o
cumprimento de um dever, podendo ter outras normatividades, como as que decorrem das normas
permissivas.
Mas só se faz sentido aludir à jurisprudência como fonte do Direito, quando esta
transcende os limites do caso em concreto e individual e, assim, erigindo-se a orientação geral.
É nesta terceira possibilidade que actualmente, se pode vislumbrar a jurisprudência como fonte de
Direito em geral: a primeira hipótese apenas mostra a tendência fáctica, enquanto que a segunda hipóte-se
vale a título costumeiro, e não jurisprudencial.
Fonte Directa:
o O Direito Constitucional encara a Constituição como fonte privilegiada,
pertencendo-lhe o mais amplo arco regulador das suas normas e dos seus
princípios, numa função de teor legislativo;
Fontes Secundárias:
o O costume constitucional, ainda que nem sempre a CRP ao mesmo se refira, apenas
mostrando expressamente pertinente o costume internacional;
o A jurisprudência constitucional, mediante o preenchimento de certas e difíceis
condições, previstas na própria CRP.
A Constituição , por ser a Lex suprema do Estado, é a fonte legislativa que contém o sistema de
normas e princípios jurídicos que, ao nível supremo do Ordenamento Jurídico-Positivo, estabelece
a estrutura básica do Estado:
Quer do Estado Poder, na organização dos seus Órgãos e respectivos poderes, bem como o
estatuto dos titulares dos mesmos;
Quer do Estado Comunidade, nas relações do poder público instituído com os cidadãos,
que são o seu substrato humano.
A Constituição é o acto de poder público dotado de supremacia máxima na Ordem Jurídica Estadual,
regulando a organização dos respectivos sistemas social, económico e político.
Elementos congénitos da Constituição:
O elemento subjectivo - é um actos intencional do Estado, não tendo a natureza
costumeira, integrando a categoria das fontes voluntárias;
O elemento formal - que se localiza num lugar cimeiro do Ordenamento Jurídico
Estadual;
O elemento material - regulando as opções principais do Estado ao nível dos
sistemas social, económico e político.
próprio - é uma mera criação de Estados que a formaram numa estrutura aproximadamente
confederativa.
CAPÍTULO VI
25 .º AS VICISSITUDES CONSTITUCIONAIS
26 .º A REVISÃO CONSTITUCIONAL
Os Limites materiais da revisão constitucional, por mais espantoso que isso possa ser,
acabam por ser os limites mais óbvios que se colocam na expressão do poder de rever a
constituição, uma vez que são eles o "certificado comprovativo" das limitações qye
necessariamente inerem ao conceito de revisão constitucional.
A questão reside, pois na clarificação desses limites, sendo certo que, para esse efeito, os
mesmos aparecem nos textos constitucionais protegidos por cláusulas - ditas expressas - de limites
materiais de revisão constitucional, as quais suscitam dois tipos de problemas.
o problema de força vinculativa das cláusulas, por comparação com outros
preceitos constitucionais;
o problema de definição dos limites materiais insertos nas cláusulas, na medida
em que estas se oferecem com diversas intensidades em ordem a saber o que se
considera verdadeiramente um limite material, na perspectiva da violação daquela
cláusula.
Com a finalidade de impor a rigidez constitucional ao seu texto, a CRP consagra limites
orgânicos, temporais e procedimentais à respectiva revisão:
Limites orgânicos: o poder para rever a constituição só é atribuído à assembleia da
República, poder que não é partilhado com o Governo, nem com as Regiões Autónomas;
Limites temporais, a revisão constitucional ordinária só se pode efectuar-se cinco anos
depois de publicada a última lei de revisão, guardando-se assim um período "defeso
constitucional". Há no entanto, a possibilidade de se fazer, por razão considerada urgente,
a revisão constitucional extraordinária em qualquer momento, mesmo sem ter transcorrido
aquele período de cinco anos, mas para isso é necessária uma assunção de poderes de
revisão, votada por uma maioria de quatro quintos dos Deputados da Assembleia da
República em efectividade de funções.
Limites procedimentais, eles respeitam ao facto de algumas das fases, como a iniciativa ou
a promulgação - terem um regime excepcional, contrário ao regime geral, para além de a
maioria de aprovação ser uma maioria agravada de dois terços dos Deputados em
efectividade de funções.
A CRP vai ainda mais longe, ostentando duas outras categorias de limites - os limites
materiais e os limites circunstanciais - que fazem dela uma Constituição hiper-rígida.
Os limites materiais significam que a CRP não admite uma revisão ilimitada ou para todas
as matérias, o que na pratica poderia trazer o fácil resultado de uma nova Constituição,
apresentando-se assim como irrevisível um largo conjunto de Catorze matérias, consideradas
como participando da essência do Direito Constitucional Português vigente, matérias que estarão
sempre excluídas do respectivo âmbito regulativo:
A independência nacional e a unidade do Estado;
CAPÍTULO VII
A tarefa interpretativa de acordo com as conclusões a que pode chegar no plano dos seus
resultados:
A interpretação Declarativa, porque o sentido literal corresponde ao sentido lógico
da fonte constitucional. (a geral)
A interpretação restritiva, quando o sentido deve ficar aquém daquilo que se diz na
letra constitucional;
A interpretação extensiva, quando o sentido normativo de ir além do sentido literal
expresso na fonte constitucional. (ex: determinar a demissão do governo não só a
impossibilidade física permanente, mas também a impossibilidade psicológica
permanente, do Primeiro-Ministro;
A interpretação enunciativa¸ quando do sentido literal se inferem outros sentidos,
a partir de meros argumentso lógicos, que assim fazem revelar novas
determinações de dever-ser;
A interpretação abrogante, sempre que a fonte constitucional esteja desprovida de
um sentido ordenador, seja por razões lógicas, seja por razões valorativas;
128. A ADMISSÃO DAS ORIENTAÇÕES GERAIS SOBRE A INTEGRAÇÃO DAS LACUNAS JURÍDICAS
A lacuna jurídica é uma noção compósita que se distribui por dois elementos:
A detecção de uma lacuna é, no entanto, uma primeira parte do problema: é que, a seguir,
cumpre gizar os melhores esquemas que conduzam à supressão ou preenchimento dessas lacunas;
A Teoria Geral do Direito dá-nos como critério - que também se aplica ao Direito
Constitucional - a orientação que obtém primeiro, da analogia legis, e depois, da analogia iuris:
Analogia legis, a proximidade é de natureza tipológica;
Analogia iuris¸a proximidade é imposta pelos princípios gerais.
O Direito Constitucional Português oferece ainda elementos específicos, que permitem
resolver a integração de lacunas:
o método da integração normativa de lacunas constitucionais, este método fica
bem patente na possibilidade, constitucionalmente bem explícita, do recurso À
DUDH como bloco normativo para integrar as lacunas em matéria de direitos
fundamentais.
o método da integração casuística de lacunas consitucionais, estas representam a
maioria dos casos em que, no contexto do articulado constitucional, se apela à
anologia legis e à analogia iuris, buscando ali uma norma equivalente e aqui um
princípio geral constitucional. Ex:
o o prazo para a promulgação obrigatória da lei de revisão constitucional ;
o a dissolução parlamentar como motivo para determinar a demissão do
governo; (195 da CRP)
o o prazo para a pronuncia da Assembleia legislativa das Regiões autónomas
no caso de a respectiva iniciativa legislativa estatuárias e eleitoral ter sido
alvo de objecções por parte da assembleia da república;( 226º nº2 CRP)
Lacunas Rebeldes: se há uma lacuna, ela tem que ser integrada; se não pode ser integrada,
então nem sequer é uma lacuna, porque se localiza extra-muros da Ordem Jurídica.
A determinação concreta do início da vigência das fontes constitucionais pode seguir dos
esquemas distintos:
Uma vigência determinada pela própria fonte constitucional: no caso em que a
fonte é a própria Constituição, a entrada em vigor coincide com o início da vigência
da globalidade do texto constitucional;
Uma vigência supletivamente imposta por outra fonte normativa, de vocação
geral: sem que na fonte constitucional específica nada se diga, as fontes
constitucionais submetem-se, como qualquer outro acto normativo, a um prazo
supletivo geral de vacatio legis.
CAPÍTULO VIII
A SISTEMATICIDADE DO DIREITO CONSITUCIONAL
Entrando no estudo directo da Ordem Constitucional, deparamos com o seu sentido mais
profundo, observando as duas categorias de dever-ser que a compõem:
Os princípios jurídico-constitucionais;
As normas jurídico-constitucionais;