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Expedito José
Hermenêutica
Mais recentemente, entretanto, estes termos têm sido usados com sentidos diferentes:
exegese, para designar o estudo das Escrituras com vistas a descobrir o sentido original
pretendido pelo autor, e hermenêutica, no sentido restrito da sua contemporaneidade.
Ou seja, a exegese seria uma primeira tarefa histórica pela qual se busca compreender o
que os leitores originais entenderam; enquanto que a hermenêutica seria uma tarefa
teológica prática e posterior, na qual se busca compreender a relevância da sua
mensagem para nós, hoje, no nosso contexto específico.
Orare e labutare foram palavras empregadas por Calvino para resumir a sua concepção
hermenêutica. Com estes termos ele expressou a necessidade de súplica pela ação
iluminadora do Espírito Santo e do estudo diligente do texto e do contexto histórico,
como requisitos indispensáveis à interpretação das Escrituras. Com o mesmo propósito,
Lutero empregou uma figura: um barco com dois remos, o remo da oração e o remo do
estudo. Com um só destes remos, navega-se em círculo, perde-se o rumo, e corre-se o
risco de não chegar a lugar algum.
Hermenêutica
Convém esclarecer também que o termo reformada, não é empregado aqui para
designar especificamente a hermenêutica dos reformadores. Não se pretende aqui fazer
uma descrição específica e detalhada da hermenêutica desenvolvida e praticada por
Lutero, Melanchton, Calvino e outros. O termo também não se refere à denominação
reformada (ramo da reforma como ficou conhecido especialmente na Europa). O termo
hermenêutica reformada, neste trabalho, refere-se a uma corrente ou escola de
interpretação bíblica histórica, distinta de outras correntes, fundamentada em
pressupostos bíblicos quanto à natureza das Escrituras, e que emprega princípios e
métodos específicos. Trata-se de uma escola ou corrente de interpretação que adota o
método histórico-gramatical, em contraposição aos métodos intuitivos (da corrente
espiritualista) e histórico-crítico (humanista) de interpretação bíblica.
Hermenêutica
2. Importância da hermenêutica
Parece que, atualmente, pelo menos no Brasil, estas disciplinas têm sido parcialmente
relegadas por alguns segmentos evangélicos a um segundo plano. Exegese, doutrina e
pregação têm sido substituídas por coisas ‘‘mais práticas’’ (tais como a ação social, o
engajamento político, a administração eclesiástica, a liturgia, etc.). Quando não se nega
a importância da exegese, da doutrina e da pregação, na teoria, nega-se na prática.
Convém observar, entretanto, que o apóstolo Paulo exorta Timóteo a cuidar ‘‘de si
mesmo e da doutrina’’, de modo que possa ser ele mesmo salvo bem como os seus
ouvintes (1 Tm 4.16). Ele o admoesta a apresentar-se a Deus ‘‘aprovado, como obreiro
que não tem do que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade’’ (2 Tm
2.15). E afirma que devem ‘‘ser considerados merecedores de dobrados honorários (ou
honra) os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na
Palavra e no ensino’’ (1 Tm 5.17).
Não se pode esquecer de que ‘‘aprouve a Deus salvar aos que crêem, pela loucura da
pregação’’ (1 Co 1.21); e de que ‘‘a fé vem pela pregação e a pregação pela palavra de
Cristo’’ (Rm 10.17).
Hermenêutica
Richard Baxter, um dos puritanos mais conhecidos do século XVII, foi o instrumento
nas mãos de Deus em um reavivamento na sua cidade. Autor de dezenas de obras, a
maioria de cunho prático, usou uma figura para expressar a relação entre a verdade da
Palavra e a santidade. Eis suas palavras:
Aí está a importância da hermenêutica: ela é a base teórica da exegese, que por sua vez
é o fundamento da teologia e da pregação, das quais depende a saúde espiritual da
igreja, e da nossa própria vida. Uma hermenêutica deformada fatalmente resultará em
exegese deformada, produzirá teologia e pregação deformadas, e se manifestará
tragicamente em igrejas e vidas deformadas.
3. Necessidade da Hermenêutica
Todo leitor é um intérprete. Mas ler não implica necessariamente em entender. Quando
não há barreiras na compreensão de um texto, a interpretação é automática e
inconsciente. Mas isso nem sempre ocorre. De conformidade com a doutrina reformada
Hermenêutica
Por ser um livro divino-humano, inspirado por Deus, mas escrito por homens, admite-se
que há dificuldades de ordem espiritual e de ordem humana para a compreensão das
Escrituras. O apóstolo Pedro reconheceu essa dificuldade com relação aos escritos do
apóstolo Paulo, dizendo que neles ‘‘há certas coisas difíceis de entender...’’ (2 Pe 3.16).
Uma vez que a Hermenêutica Bíblica é a ciência que procura descobrir qual é o
verdadeiro significado de um texto bíblico, torna-se necessário fornecer alguns
princípios por meio dos quais a interpretação de um texto deve ser feita. Abaixo, cito
resumidamente 4 princípios de interpretação com os seus respectivos subitens (23, ao
todo):
Hermenêutica
1. Desde que a Escritura originou-se num contexto histórico, só pode ser compreendida
à luz da história bíblica;
2. Embora a revelação de Deus nas Escrituras seja progressiva, tanto o Velho como o
Novo Testamento são partes essenciais desta revelação e formam uma unidade;
3. Os fatos ou acontecimentos históricos se tornam símbolos de verdades espirituais,
somente se as Escrituras assim o designarem;
Hermenêutica
Outro texto que demonstra o caráter espiritual envolvido na interpretação das Escrituras
é 2 Coríntios 3.14-15. Neste texto o apóstolo Paulo explica que os judeus tinham como
que um véu embotando os seus olhos espirituais, de modo que não podiam compreender
o significado do que liam, por causa da incredulidade:
Mas os sentidos deles se embotaram. Pois até ao dia de hoje, quando fazem a leitura da
antiga aliança, o mesmo véu permanece, não lhes sendo revelado que em Cristo é
removido. Mas até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles.
Como este véu pode ser retirado? Pela conversão, responde o apóstolo no verso
seguinte: ‘‘Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu é retirado’’. Na
carta aos Efésios, o apóstolo Paulo ensina a mesma coisa com relação aos gentios:
...não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios
pensamentos, obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da
ignorância em que vivem, pela dureza dos seus corações (Ef 4.17-18).
Mesmo o crente precisa da ação iluminadora contínua do Espírito Santo para progredir
na compreensão das Escrituras. Seu coração não está embotado como o dos judeus
descrentes; nem seu entendimento está obscurecido, como o dos gentios incrédulos.
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5. Dificuldades Naturais
Deve-se observar, entretanto, que as Escrituras também revelam, por ensino direto e por
inúmeros exemplos, que o coração do homem é mais enganoso do que todas as coisas e
desesperadamente corrupto (Jr 17.9), não sendo, portanto, totalmente confiável. Além
disso, não existe somente o Espírito da verdade; há também o espírito do erro (1 Jo 4.6).
O pai da mentira está sempre pronto a enganar, se possível for, até os eleitos. Logo, o
caráter espiritual envolvido na interpretação das Escrituras não elimina, de modo algum,
o lado humano, também necessário para a sua correta interpretação e compreensão.
Afinal, é pela própria Palavra, e através da Palavra, que o Espírito Santo realiza essa
obra iluminadora.
Por haver sido escrita em línguas humanas, em contextos históricos, sociais, políticos e
religiosos específicos, um conhecimento adequado da língua e do contexto histórico
também é necessário para uma melhor interpretação e compreensão das Escrituras.
Deve-se lembrar também que o ministro da Palavra é aquele que se afadiga no estudo
dela (1 Tm 5.17). Logo, para uma interpretação e compreensão adequada das Escrituras,
fazem-se necessários requisitos de natureza espiritual, bem como requisitos de natureza
intelectual. Ambos são necessários e imprescindíveis.
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A. Corrente Espiritualista
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Segundo este método, as passagens das Escrituras teriam quatro sentidos: um sentido
literal, e três sentidos espirituais: moral, alegórico e anagógico. O sentido literal seria o
registro do que aconteceu (o fato); o sentido moral conteria uma exortação quanto à
conduta (o que fazer); o sentido alegórico ensinaria uma doutrina a ser crida (o que
crer); e o sentido anagógico apontaria para uma promessa a ser cumprida (o que
esperar). Assim, uma referência bíblica sobre a água, teria um sentido literal (a água),
um sentido moral (exortação a uma vida pura), um sentido alegórico (o sacramento do
batismo), e um sentido anagógico (a água da vida na Nova Jerusalém).
Este método pode fornecer esplêndidas interpretações, mas rouba o real significado do
texto, desviando a atenção do leitor do seu verdadeiro sentido, que o Espírito Santo
intentou transmitir.
Outro exemplo do caráter fantasioso desse método de interpretação pode ser percebido
nas diferentes interpretações alegóricas atribuídas às duas moedas mencionadas nessa
parábola: o Pai e o Filho, o Antigo e o Novo Testamento, os dois mandamentos do amor
(a Deus e ao próximo), fé e obras, virtude e conhecimento, o corpo e o sangue de Cristo,
etc.
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6. 3 A HERMENÊUTICA EXISTENCIALISTA
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A. PRECURSORES
B. HUMANISMO RENASCENTISTA
C. ESCOLA CRÍTICA
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Os adeptos desta corrente rejeitam as doutrinas reformadas das Escrituras, tais como
inspiração, autoridade, inerrância, e preservação; enfatizam a moralidade e descartam o
sobrenatural. Sob forte influência do evolucionismo de Darwin e da dialética de Hegel,
as Escrituras deixaram de ser vistas como a Palavra de Deus inspirada na qual ele se
revela ao homem, passando a ser considerada ‘‘como um registro do desenvolvimento
evolucionista da consciência religiosa de Israel (e mais tarde da Igreja)’’.
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Por fim, pode ser mencionado o criticismo histórico. Sua pretensão é avaliar a
historicidade das narrativas bíblicas. Mas este propósito não é somente pretensioso
(inconsistente do ponto de vista bíblico); é também tendencioso, na medida em que
explora as aparentes contradições internas (especialmente entre as passagens paralelas
dos evangelhos) e externas (com fontes seculares e históricas); e encara os relatos de
ocorrências sobrenaturais por uma perspectiva altamente especulativa. Assim, o
criticismo histórico não vê os textos paralelos como complementares, mas como
contraditórios; atribui às fontes seculares autoridade superior à das Escrituras; rejeita as
intervenções sobrenaturais; e considera muitas narrativas históricas como invenção da
igreja, novelas ou mitos.
Não obstante, parece que a corrente humanista de interpretação das Escrituras tem
começado a prevalecer em um número considerável de seminários teológicos no nosso
país. A ênfase hermenêutica destes seminários está no método, na técnica, nos aspectos
literários ou históricos das Escrituras, em detrimento do seu caráter divino, espiritual e
sobrenatural. A metodologia predominante tem sido o método histórico-crítico. E, em
virtude da impossibilidade de conciliar este método com as doutrinas bíblicas da
inspiração, autoridade, suficiência, inerrância e preservação das Escrituras, muitos
destes seminários têm se afastado cada vez mais da verdadeira fides reformata (fé
reformada).
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D. Corrente Reformada
1. MÉTODO GRAMÁTICO-HISTÓRICO
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6. O texto não deve ser estudado isoladamente, mas no seu contexto bíblico
geral.
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3. PRINCÍPIOS REFORMADOS
Tem sido reconhecido que a reforma teológica e eclesiástica do século XVI foi o
resultado de outra reforma: uma reforma hermenêutico-exegética: De fato, a
redescoberta das doutrinas bíblicas pelos reformadores e a reforma eclesiástica
decorrente foram precedidas por um evidente rompimento com os princípios
hermenêuticos e com a prática exegética medieval.
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literal — a não ser que o próprio contexto ou outro texto das Escrituras requeiram
claramente uma interpretação figurada ou metafórica.
Lutero também rejeitou a interpretação alegórica. Defendeu que ‘‘nós devemos nos ater
ao sentido simples, puro e natural das palavras, como requerido pela gramática e pelo
uso do idioma criado por Deus entre os homens.’’
Quanto a Calvino, sua aversão à interpretação alegórica era de tal ordem que ele chegou
a afirmar ser satânica, por desviar o homem da verdade das Escrituras. ‘‘É uma audácia
próxima do sacrilégio’’, escreveu ele, ‘‘usar as Escrituras ao nosso bel-prazer e brincar
com elas como com uma bola de tênis, como muitos antes de nós o fizeram.’’
...a verdade é que ninguém que não possui o Espírito de Deus vê um til sequer do que
está na Escritura. Todos os homens têm seus corações obscurecidos, de modo que,
mesmo quando discutem e citam tudo o que está na Escritura, não compreendem ou
conhecem realmente qualquer assunto dela... O Espírito é necessário para a
compreensão de toda a Escritura e cada uma de suas partes.
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às Escrituras nas línguas originais, onde encontrariam Cristo, livre das discordâncias
dos teólogos latinos. Lutero ficou tão impressionado com o que ouviu, que passou a
assistir às aulas de grego de Melanchton, dedicando-se com afinco ao estudo do grego.
Mas foi Calvino, sem dúvida, quem melhor praticou a exegese gramatical e
histórica. Ele tem sido considerado por muitos o maior intérprete da Reforma e um dos
maiores de todas as épocas. A profundidade, lucidez e erudição dos seus comentários,
que abrangem praticamente todos os livros da Bíblia, continuam a ser admirados e
considerados atuais e raramente igualados. E não se pense que essa é a opinião apenas
dos calvinistas. Mesmo Jacobus Arminius (1560-1609), um dos mais conhecidos
opositores das doutrinas de Calvino, reconhecia a excelência dos comentários dele, e
chegou a recomendá-los como incomparáveis. Eis suas palavras:
Depois da leitura das Escrituras..., e mais do que qualquer outra coisa,... eu recomendo a
leitura dos Comentários de Calvino... Pois afirmo que na interpretação das Escrituras
Calvino é incomparável, e que seus Comentários são mais valiosos do que qualquer
coisa que nos tenha sido legada nos escritos dos pais — tanto assim que atribuo a ele
um certo espírito de profecia no qual ele se encontra em uma posição distinta acima de
outros, acima da maioria, na verdade, acima de todos.
Foi este o método empregado pelos puritanos no séc. XVII; pelos líderes evangélicos do
século XVIII na Europa e América do Norte (tais como George Whitefield e Jonathan
Edwards); pelo anglicano J. C. Ryle, pelo batista Charles Spurgeon na Inglaterra e pelos
presbiterianos Charles e Alexander Hodge no Seminário de Princeton nos EUA, no
século passado; e pelos intérpretes e pregadores protestantes (luteranos, anglicanos,
presbiterianos e batistas) ortodoxos deste século.
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Os manuais de hermenêutica de Davidson, Patrick, Imer, Terry, Berkhof, Berkeley,
Mickelsen e Ramm pertencem todos a essa escola de interpretação bíblica, bem como os
comentários bíblicos de Keil e Delitzsch, Meyer, Matthew Henry, Lange, Alford,
Ellicot, Lightfoot, Hodge, Broadus e muitos outros.
CONCLUSÃO
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Durante a Reforma Protestante do século XVI e a reforma puritana do século XVII, por
exemplo, muito entulho religioso teve que ser rejeitado. Muitas doutrinas e práticas
eclesiásticas acumuladas no decurso dos séculos tiveram que ser abolidas, quando
reformadores e puritanos dedicaram-se com labor e oração a perscrutar as Escrituras
para ver se as coisas eram de fato assim. A hermenêutica reformada das Escrituras já
demonstrou ter a capacidade de revelar a falácia de doutrinas e práticas eclesiásticas
‘‘fundamentadas’’ em interpretações alegóricas, intuitivas, existencialistas e
racionalistas.
Orare e labutare é o caminho. Não é um caminho fácil nem mágico. Requer sinceridade
e diligência. Talvez não forneça interpretações esplêndidas nem realce a criatividade,
imaginação e genialidade do pregador. Mas é o antigo e bom caminho aprovado com
louvor pela história. Ele deixa que a verdade de Deus opere e que as Escrituras falem
com poder e graça, promovendo profundas reformas teológicas e eclesiásticas.
1. Para evitar que Sua vontade e a verdade se perdessem pela corrupção dos homens e
a malícia de Satanás, Deus fê-la escrever nas Escrituras Sagradas. A inspiração das
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Escrituras resulta no fato de que elas expressam fielmente a vontade de Deus, a verdade
divina.
Referências - Sal. 19: 1-4; Rom. 1: 32, e 2: 1, e 1: 19-20, e 2: 14-15; I Cor. 1:21, e 2:13-
14; Heb. 1:1-2; Luc. 1:3-4; Rom. 15:4; Mat. 4:4, 7, 10; Isa. 8: 20; I Tim. 3: I5; II Pedro
1: 19.
"Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a glória dele e
para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou
pode ser lógica e claramente deduzido dela" (CFW, I.6)
"À Escritura nada se acrescentará em tempo algum, nem por novas revelações do
Espírito, nem por tradições dos homens; reconhecemos, entretanto, ser necessária a
íntima iluminação do Espírito de Deus para a salvadora compreensão das coisas
reveladas na palavra, e que há algumas circunstâncias, quanto ao culto de Deus e ao
governo da Igreja, comum às ações e sociedades humanas, as quais têm de ser
ordenadas pela luz da natureza e pela prudência cristã, segundo as regras gerais da
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palavra, que sempre devem ser observadas" (ver Catecismo Maior pergunta 4)
Ref. II Tim. 3:15-17;Gal. 1:8; II Tess. 2:2; João 6:45; I Cor. 2:9, 10, l2; I Cor. 11:13-14.
"Na Escritura não são todas as coisas igualmente claras em si, nem do mesmo modo
evidentes a todos; contudo, as coisas que precisam ser obedecidas, cridas e observadas
para a salvação, em um ou outro passo da Escritura são tão claramente expostas e
explicadas, que não só os doutos, mas ainda os indoutos, no devido uso dos meios
ordinários, podem alcançar uma suficiente compreensão delas" (CFW, I.7)
6. Exatamente porque as Escrituras não têm sentidos múltiplos é que as mesmas são o
supremo tribunal em controvérsias religiosas, aos quais a Igreja sempre deve apelar
"O Velho Testamento em Hebraico (língua vulgar do antigo povo de Deus) e o Novo
Testamento em Grego (a língua mais geralmente conhecida entre as nações no tempo
em que ele foi escrito), sendo inspirados imediatamente por Deus e pelo seu singular
cuidado e providência conservados puros em todos os séculos, são por isso autênticos e
assim em todas as controvérsias religiosas a Igreja deve apelar para eles como para um
supremo tribunal" (CFW, I.8; cf. como exemplo XXIX.6).
Ref. Mt. 5:18;Is 8:20; IITm. 3:14-15; ICo. 14; 6, 9, ll, 12, 24, 27-28;Cl. 3:16;Rom. 15:4.
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7. A vontade de Deus está claramente expressa nas Escrituras e ao alcance da igreja, de
forma que a mesma pode distinguir entre culto aceitável a Deus e os que não são.
"A luz da natureza mostra que há um Deus que tem domínio e soberania sobre tudo, que
é bom e faz bem a todos, e que, portanto, deve ser temido, amado, louvado, invocado,
crido e servido de todo o coração, de toda a alma e de toda a força; mas o modo
aceitável de adorar o verdadeiro Deus é instituído por ele mesmo e tão limitado pela sua
vontade revelada, que não deve ser adorado segundo as imaginações e invenções dos
homens ou sugestões de Satanás nem sob qualquer representação visível ou de qualquer
outro modo não prescrito nas Santas Escrituras" (CFW, XXI,1)
8. Apesar dos eleitos serem humanos e pecadores, recebem de Deus o que é necessário
para compreenderem as coisas de Deus para a salvação. "Todos aqueles que Deus
predestinou para a vida, e só esses, é ele servido, no tempo por ele determinado e aceito,
chamar eficazmente pela sua palavra e pelo seu Espírito, tirando-os por Jesus Cristo
daquele estado de pecado e morte em que estão por natureza, e transpondo-os para a
graça e salvação. Isto ele o faz, iluminando os seus entendimentos espiritualmente a fim
de compreenderem as coisas de Deus para a salvação, tirando-lhes os seus corações de
pedra e dando lhes corações de carne, renovando as suas vontades e determinando-as
pela sua onipotência para aquilo que é bom e atraindo-os eficazmente a Jesus Cristo,
mas de maneira que eles vêm mui livremente, sendo para isso dispostos pela sua graça"
(CFW X,1; ver também o Catecismo Maior, pergunta 157).
Conclusão
Hermenêutica
Confissão de Fé de Westminster é o resultado do emprego sistemático dessa
hermenêutica.
Definição
A palavra parábola provém do grego, paraballo, que significa “lançar ou colocar ao lado
de”. Assim, parábola é algo que se coloca ao lado de outra coisa para efeito de
comparação. A parábola típica utiliza-se de um evento comum da vida natural para
acentuar ou esclarecer uma importante verdade espiritual.
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Regras de Interpretação: Princípios para Interpretação de Parábolas
Jesus acabara de aconselhar o jovem rico e em seguida Pedro lhe faz uma
pergunta, então Jesus responde a Pedro e em seguida complementa com a parábola
direcionada também a Pedro com uma leve repreensão à atitude “mercenária” de Pedro.
2) Análise Léxico-Sintática
3) Análise Teológica
São três as principais questões teológicas que se deve responder antes de estar
apto a interpretar a maioria das parábolas de Jesus. Em primeiro lugar, com base na
evidência disponível, definir as expressões “reino do céu” e “reino de Deus”, e então
decidir se essas expressões são sinônimas ou não. Visto que grande parte dos ensinos de
Jesus refere-se a esses reinos, é muito importante identificá-los adequadamente.Temos
as maiores evidências comprovando serem esses termos usado por Jesus como
sinônimos em várias passagens, como: (Mt 13.10-15; Mc 4.10-12; Lc 8.9-10; Mt 13.31-
Hermenêutica
32; Mc 4.30-32; Lc 13.18-19). Como as parábolas são muitíssimo parecidas não
poderiam ter significados tão diversos, confirmando, assim, a semelhança de
significados de ambas expressões. A evidência de Mt 19.23-24 também sustenta essa
hipótese: “Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus. E
ainda vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que
entrar um rico no reino de Deus”. Por esses e por outros motivos a maioria dos
evangélicos tem entendido essas expressões como sinônimas.
O terceiro problema teológico trata-se da teoria do reino adiado que afirma ter
Jesus intenções de firmar um reino terreno e que somente na metade do seu ministério
teria percebido que isso não subsistiria que seria rejeitado e crucificado. Mas, de acordo
com a Palavra, Jesus não tinha ilusões quanto a isso, pois sabia da profecia de Simeão
(Lc 2.34-35) e a profecia de Isaías (Is53) e tinha por certo que seu ministério terminaria
em sua morte expiatória e não no estabelecimento de um reino na terra (Jô 12.27)
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4) Análise Literária
A análise de Jesus contrasta com aqueles que dão grande valor aos pormenores
extraindo deles lições adicionais que não estão relacionadas ao tema central da parábola.
Por exemplo, o ponto focal da parábola do Joio é que dentro do reino existirão lado a
lado, na presente era, homens regenerados e imitadores, mas o juízo final de Deus é
certo! Os detalhes dão informação adicional acerca da origem e natureza desses
imitadores e do relacionamento do crente com eles. Em resumo tem a seguinte estrutura:
um ponto central focal, de ensino e os detalhes têm significados a medida que se
relacionam com esse ensino central.
Conclusão
9. TEXTO E CONTEXTO
Hermenêutica
Para podermos interpretar um texto ou parte da Bíblia, é indispensável analisar
quando, porque, a quem e onde foi falado o texto.
A Bíblia é seu próprio intérprete disseram os reformadores.
A Bíblia, mais do que qualquer outro livro, ajuda-nos a interpretar um texto, pois
ela nos informa a situação em que o texto foi escrito. Estas informações recebemos, em
primeiro lugar, pelas partes que vêem imediatamente antes ou depois do texto que
estudamos. O Contexto Imediato do Texto. O esquema abaixo ilustra a idéia do texto:
CONTEXTO
TEXTO
CONTEXTO
O contexto imediato de um versículo são as partes que vêm antes e as que vêm
imediatamente depois, ou seja, é o parágrafo.
PARÁGRAFO
VERSÍCULO
PARÁGRAFO
O contexto imediato de um parágrafo são as partes que vêm antes e as que vêm
imediatamente após o parágrafo, ou seja, é o capítulo.
CAPÍTULO
PARÁGRAFO
CAPÍTULO
LIVRO
CAPÍTULO
LIVRO
O que vem antes e o que vem imediatamente depois do texto formam o contexto.
O TEXTO possui além de seu contexto imediato seu Contexto Mais Amplo. O
contexto mais amplo é firmado pelas passagens que não vêm imediatamente antes ou
depois do texto, mas se referem ao assunto do texto.
Cada texto tem seu contexto imediato e o seu contexto mais amplo. Texto, contexto
imediato e contexto mais amplo se relacionam assim.
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A Loteria Bíblica
O manuseio honesto do texto no contexto é a maior ajuda que alguém pode dar a si
mesmo, no sentido de compreender a mensagem da Bíblia. Confiar em acaso, sorte,
destino ou qualquer "ajuda extra", no fim das contas só prejudica a compreensão da
Palavra. Não adianta concorrer numa espécie de "loteria bíblica": a grande maioria
sai perdendo.
Imagine o que acontece com alguém que abre a Bíblia em qualquer lugar e lê: "Então
Judas, ... retirou-se e foi enforcar-se" (Mt 27.5). O leitor desconfiado da mensagem
abre em outro texto, buscando confirmação, e lê: "Vai e procede tu de igual modo"
(Lc 10.37). Assustado, tenta mais uma vez, na esperança de ouvir uma ordem mais
suave. Abre o livro uma terceira vez, cheio de expectativa e lê: "O que pretendes
fazer, faze-o depressa" (Jo 13.27)!
Os exemplos extremos dados acima não são uma descrição exagerada dos perigos de
não estudar o contexto de um texto bíblico. Toda vez que tratamos a Bíblia como se
fosse uma lista de oráculos desvinculados de qualquer relacionamento com o
contexto, o resultado é algo perigoso.
A frase é famosa no meio teológico: "texto fora de contexto é pretexto para heresia". A
realidade, porém, é que poucos tem o cuidado de averiguar o contexto no qual se
encontra um versículo. Muitos pregadores, mesmo com formação em teologia,
preparam seus esboços sem nenhuma preocupação em dizer aquilo que o autor do texto
Muito provavelmente, este é o versículo mais distorcido. Tirado de seu contexto, muitos
concluem tratar-se de uma frase triunfalista, de alguém que pode conquistar seus alvos,
que pode obter todas as coisas.
Por esta razão, este versículo é o mais repetido pelos pregadores da teologia da
prosperidade, que apregoam a idéia do super crente. "Você pode ter saúde, você pode ter
dinheiro, você pode ter sucesso... tudo posso naquele que me fortalece!" esbravejam
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os falsos profetas.
Mas o apóstolo Paulo não estava se referindo a conquistar ou a se obter algo. Antes,
muito pelo contrário! Vejamos o contexto:
"Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e
qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em
todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de
abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece. Todavia, fizestes
bem, associando-vos na minha tribulação." (Filipenses 4:11-14 RA)
Quando Paulo escreveu o famoso "tudo posso" ele passava por grande tribulação, pois
estava encarcerado. Portanto, como se percebe na leitura do contexto, a interpretação
correta é: "tudo posso suportar".
Por mais de uma vez já ouvi pregadores usarem este versículo para ensinar o seguinte:
"Você precisa ser específico no seu pedido. Se você pede a Deus um carro, diga qual a
marca, o modelo, se é completo; se está pedindo uma casa, especifique o bairro, com
quantos quartos e banheiros, se quer piscina e churrasqueira; ou seja, você não tem
recebido nada disso porque não tem pedido direito. Pedis e não recebeis porque pedis
mal!"
Este tipo de ensinamento é ridículo e não tem base nas Escrituras. E nem é preciso
examinar o contexto para se revelar a farsa. Basta concluir a leitura do próprio
versículo:
"pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres." (Tiago
4:3 RA)
A parte final, que diz "para esbanjardes em vossos prazeres" é omitida por aqueles que
desejam ensinar o contrário do que a Bíblia ensina.
Deus não responde orações de pessoas egoístas e mundanas. Nem sequer as ouve (Is
58:3; Jr 14:12-16) Mas, a fim de que ainda não reste nenhuma dúvida, vejamos então o
contexto:
"De onde procedem guerras e contendas que há entre vós? De onde, senão dos prazeres
que militam na vossa carne? Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis
obter; viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes, porque não pedis; pedis e não
recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres. Infiéis, não
compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser
amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus." (Tiago 4:1-4 RA)
Hermenêutica
Usado fora de seu contexto, esta frase transmite a falsa idéia de que a vida do crente "é
só vitória", como costumam dizer alguns.
Mas o apóstolo Paulo especificou em quais situações é que somos mais do que
vencedores. O versículo completo diz o seguinte:
"Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou."
(Romanos 8:37 RC)
A resposta, bem como o entendimento para este versículo, está em seu contexto:
Ao contrário de uma vida isenta de lutas e sofrimento, o apóstolo Paulo declara que
somos mais do que vencedores nas seguintes circunstâncias: Tribulação, angústia,
perseguição, fome, nudez, perigo, ou espada.
"Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.
Porque estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados,
nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade,
nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo
Jesus, nosso Senhor!" (Romanos 8:37-39 RC)
A nossa grande vitória é não duvidar deste amor que Deus tem por nós, provado em
nosso Senhor Jesus Cristo. Ainda que venha tribulação, angústia, perseguição, fome,
nudez, perigo, ou mesmo a morte, nada poderá nos poderá separar do amor de Deus,
que está em Cristo Jesus, nosso Senhor!
Hermenêutica
TIPOLOGIA
2. DEFINIÇÃO DE ANTÍTIPO
É aquela coisa celestial ou a realidade prefigurada pelo tipo (I
Pd 3.21) - exemplos: o dilúvio, e o baptismo, tipo/realidade.
O tipo (espelho) reflecte o anti-tipo (realidade).
O tipo também pode ser realidade. Exemplo: Moisés era o tipo
de Jesus (anti-tipo).
3. NATUREZA DE UM TIPO
Conforme declarações bíblica quanto à sua natureza, um tipo
pode ser:
1. Sombra - Cl 2.16,17
2. Modelo - Hb 8.4,5
3. Sinal - Mt 12.39
4. Parábola, alegoria - Hb 9.9
5. Tipo - Rm 5.14
6. Letra - II Co 3.6
4. NATUREZA DE UM ANTÍTIPO
Vejamos as declarações bíblicas que tratam do assunto:
1. Corpo - Cl 2.17
2. Mesma imagem - Hb 10.1
3. Coisas celestiais - Hb 9.23
4. O verdadeiro - Hb 9.24
5. O Espírito - II Co 3.6
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6. A DIVERSIDADE DE TIPOS
2. Coisas ou objetos:
A coluna de nuvem e fogo, o maná (Ex 16.15; I Co 10.3).
A rocha (Ex 17.6; I Co 10.4).
A serpente de metal (Nm 21.9; Jo 3.14; II Co 5.21).
3. Ações:
A libertação do Egito e a marcha pelo deserto.
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Bibliografia
* Gordon D. Fee e Douglas Stuart, Entendes o Que Lês? Um Guia para Entender a
Bíblia com o Auxílio da Exegese e da Hermenêutica (São Paulo: Vida Nova, 1986) 19,
25.
* Confissão de Fé de Westminster
Hermenêutica
* Martinho Lutero. Nascido Escravo, publicado inicialmente em 1525, foi condensado
por Clifford Pond e publicado em inglês em 1984 com o título Born Slaves, e em
portugês em 1992 pela Editora Fiel.