Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Autores
aula
04
Governo Federal Revisoras de Língua Portuguesa
Presidente da República Janaina Tomaz Capistrano
Luiz Inácio Lula da Silva Sandra Cristinne Xavier da Câmara
Coordenador de Edição
Ary Sergio Braga Olinisky
Projeto Gráfico
Ivana Lima
Revisores de Estrutura e Linguagem
Eugenio Tavares Borges
Marcos Aurélio Felipe
Pedro Daniel Meirelles Ferreira
ISBN 85-7273-278-0
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização
expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
2ª Edição
Apresentação
O
s trabalhos de Heisenberg mostraram a necessidade de se desenvolver um modelo
atômico compatível com o seu princípio da incerteza. Isso foi conseguido a partir da
equação de onda sugerida por Schrödinger para descrever sistemas microscópicos,
que será discutida nesta aula, enfatizando representações gráficas ilustrativas aplicáveis,
particularmente, ao átomo de hidrogênio.
Discutiremos também os números quânticos característicos dos estados energéticos
de cada elétron num átomo. Três deles, os números quânticos principal, do momento
angular orbital e magnético (n, l e ml , respectivamente), definem cada orbital. O quarto é
o número quântico magnético do spin do elétron, ms , que é inerente ao elétron. Com isso,
chegaremos a um modelo satisfatório para descrever as estruturas dos átomos e muitas das
suas propriedades.
Objetivos
Interpretar alguns aspectos da equação de onda, formulada
1 por Erwin Schrödinger, para descrever o comportamento
dos elétrons nos átomos, dando ênfase à interpretação
qualitativa das funções radiais e angulares.
T
erminamos de estudar a proposta de de Broglie e o princípio da incerteza de
Heisenberg. Como você deve ter percebido, as duas idéias descrevem separadamente
aspectos do comportamento das partículas microscópicas. Entretanto, estudos
indicavam a necessidade do desenvolvimento de uma nova teoria que agregasse essas
idéias. Como a mecânica clássica não incorporava essas propostas, fazia-se necessário
o desenvolvimento de uma nova mecânica que considerasse os fenômenos quânticos,
abandonando conceitos clássicos, como o de trajetória de uma partícula, tal como o
movimento de um elétron numa órbita.
Essa nova mecânica foi desenvolvida a partir das idéias de de Broglie, Heisenberg,
Schrödinger, Dirac, entre outros, e foi chamada de mecânica quântica.
P = |Ψ|2 · dx
P = |Ψ|2 · dv
Região A
Região B
Figura 1 – Cada ponto representa uma região de probabilidade. Há regiões do espaço com altos valores de
densidade de probabilidade, | |2, como a região A e regiões onde é menor a probabilidade de se
detectar uma partícula como em B.
Como vemos, a probabilidade (P), não indica em que ponto ao redor do núcleo
o elétron está, e sim qual a probabilidade do elétron se encontrar neste ponto.
Portanto, P nos dá uma informação estatística sobre o elétron.
x = r senθ cosφ
y = r senθ senφ
z = r cosφ
Assim, podemos
podemosrescrever a equação
reescrever de onda
a equação deemonda
termos
emdetermos
novas funções relacionadas
de novas funções
ao seno e co-seno
relacionadas dos eângulos
ao seno co-senoθ edos
φ. ângulos θ e Φ:
2 Z 3/2 2Zr 2Z 2 r2
3 0 R3,0 √ 1− + e−Zr/3ao 3s
3 3 a o 3a o
2
27ao
3/2
8 Z Zr Z 2 r2
3 1 R3,1 √ − e−Zr/3ao 3p
27 6 a o a o 6ao
7/2
4 Z
3 2 R3,2 √ r2 e−Zr/3ao 3d
81 30 ao
Figura 3 – Densidade de probabilidade radial para alguns orbitais do átomo de hidrogênio. (a) Orbitais 1s, 2s e
3s. (b) Orbitais 3d, 3p e 3s.
Na Figura 3a, são registrados os gráficos de distribuição radial dos orbitais 1s, 2s
e 3s. Podemos verificar que, conforme aumenta o número quântico n, a região de maior
probabilidade de se encontrar um elétron se afasta do núcleo, tornando-se mais extensa,
ou seja, mais volumosa. Assim, a probabilidade máxima de se encontrar um elétron nas
proximidades do núcleo vai diminuindo com o aumento do n. Como a energia do orbital
aumenta quando n cresce, os elétrons que ocupam os orbitais mais afastados do núcleo têm
maior energia.
Nos gráficos da Figura 3b, o número quântico do momento angular orbital, l,
varia enquanto n permanece constante. Analisando esses gráficos, percebemos que o
primeiro orbital a alcançar o ponto de máxima probabilidade é o 3d, seguido pelo 3p
e, finalmente, o 3s.
Entretanto, se você considerar
Se você considerar o intervalooentre r =entre
intervalo 0 e rr = 02,e nesta 2 Å, observa
r = amesma figura,que a maior
observará
densidade
que a maior radial nesse intervalo
densidade correspondeaoaoorbital
radial corresponde orbital3s,
3s,em
emseguida
seguidaaoao3p
3p ee éé zero para
o 3d. Isso
Isso indica
indica que
que um
um elétron
elétron no
no orbital
orbital 3s
3s pode
pode sese aproximar
aproximar mais do núcleo do que
em um orbital 3p. EsseEsse fato
fato éé denominado efeito de
denominado efeito de penetração
penetração ou penetrabilidade dos
orbitais. Podemos
Podemos dizer, então, que o orbital 3s é mais penetrante do que o 3p; e que o 3d
praticamente não penetra nessa região. A conseqüência disso é que um elétron no orbital 3s
é mais atraído pelo núcleo do que nos orbitais 3p ou 3d. Daí a diferença de energia entre os
orbitais com um mesmo númeronúmero quântico
quântico principal.
principal. Ou seja: para um mesmo n, n, a energia
dos orbitais cresce na seguinte
seguinte ordem:
ordem:
ns < np < nd < nf.
As funções angulares
Enquanto as funções radiais determinam a energia dos orbitais, as funções angulares
Al,ml indicam as orientações dos orbitais e independem de n, mas dependem de l e ml .
Observando ooQuadro
Quadro2, 2, podemos
podemos ver ver
que que a função
a função decorrespondente
de onda onda correspondente aos
aos orbitais
s, l = 0s,el m
orbitais =l 0=e m = 0, independem
0,1 independem dos ângulos
dos ângulos θ e φ,θ eenquanto
φ, enquanto as funções
as funções dosdos orbitais
orbitais p,
p e d dependem das coordenadas angulares θ e φ, conferindo
d dependem das coordenadas angulares θ e φ, conferindo a esses a esses orbitais orientações
específicas.
z
z
z
x y
x y x y
(a) (b)
Figura 4 – Orbital 1s(a) em termos das densidades de elétrons (representadas pela intensidade do sombreamento).
(b) Superfície de contorno de um orbital s, dentro da qual há 90% de probabilidade de estar o elétron.
5/2
1 Z
√ re−Zr/2ao
4 2π ao
Figura 5 – Superfície de contorno dos orbitais p. Os orbitais p apresentados a você são designados por
px , py e pz .
5/2
2 Z Zr
3 1 +1 3px Ψ3px = √ 6− re-Zr/3a0 (sen θ cos φ)
81 π a0 a0
5/2
2 Z Zr
3 1 -1 3py Ψ3py = √ 6− re-Zr/3a0 (sen θ sen φ)
81 π a0 a0
7/2
2 Z
3 2 0 3dz2 Ψ3d 2 = √ r2 e-Zr/3a0 (3 cos2 θ − 1)
z
81 6π a0
√
2 Z 7/2 2 -Zr/3a0
3 2 +1 3dxz Ψ3dxz = √ r e (sen θ cos θ cos φ )
81 π a0
√ 7/2
2 Z
3 2 -1 3dyz Ψ3dyz = √ r2 e-Zr/3a0 (sen θ cos θ sen φ )
81 π a0
7/2
1 Z
3 2 +2 3dx2 −y2 Ψ3d 2 = √ r2 e-Zr/3a0 (sen2 θ cos 2φ )
x −y2
81 2π a0
√
2 Z 7/2 2 -Zr/3a0
3 2 -2 3dxy Ψ3dxy = √ r e (sen θ sen φ )
81 π a0
Os números quânticos
O
número quântico principal n define a distância média do elétron ao núcleo atômico
e está relacionado à energia do orbital, podendo assumir qualquer valor inteiro
positivo. Os valores permitidos para n são: 1, 2, 3, 4, . . . , ∞. Todos os orbitais
com o mesmo valor de n estão no mesmo nível de energia.
O número quântico momento angular orbital, l, também denominado de número
quântico azimutal, define o momento angular do elétron e especifica o orbital. Como o n
limita o l, os valores assumidos por l são inteiros e variam entre 0 e n−1. Por exemplo: para
n = 4, os valores de l são 0, 1, 2 e 3, correspondentes, respectivamente, aos orbitais s, p, d
e f.
As letras s, p, d e f derivam das palavras sharp, principal, difuse e fundamental, que
são as denominações dadas a linhas que aparecem no espectro do átomo de hidrogênio.
Valores de l superiores a 3 seguem a ordem alfabética, conforme apresentado a seguir.
Cada
Cada conjunto
Cada conjunto de
conjunto de orbitais
de orbitais com
orbitais com os
com os mesmos
os mesmos valores
mesmos valores de n
valores de
de n eee lll constitui
n constitui um
constitui um subnível
um subnível de
subnível de
de
energia
energia e,
e, para
para átomos
átomos multieletrônicos,
multieletrônicos, a
a energia
energia do
do subnível
subnível depende
energia e, para átomos multieletrônicos, a energia do subnível depende de n e l. Por exemplo: de n
n e e l.
l. Por
Por exemplo:
exemplo:
para nn
para
para n =3,
= 3,
= 3,existem
existemtrês
existem trêssubníveis.
três subníveis.OO
subníveis. 3s,que
O3s,
3s, que correspondeaaann
quecorresponde
corresponde n===3 33e eel = 1;o oo3p,
=0;1;
ll = 3p,corresponde
3p, para n
para n== 33
aee nll =
= 3 eee loo=1;
= 2;
2; 3d, epara
3d, o 3d,
para n=
n =a n
33 ee=3 =e l2,
ll = 2,=2, cujas
cujas
cujas energias
energias
energias crescem
crescem
crescem na seguinte
na seguinte
na seguinte ordem:
ordem: ordem:
3s <
3s 3p <
< 3p 3d
< 3d
Número quântico
quântico magnético
magnético m m dá a orientação dos orbitais. O O mll éé um
um número inteiro
Número magnético mllll dá a orientação dos orbitais.
orbitais. m mll é um número inteiro
que pode
pode assumir
assumir 2l 2l + valores distintos, compreendidos
+ 11 valores compreendidos entre +l +l e −l. Por Por exemplo,
exemplo, para
para
que 1 valores distintos,
distintos, compreendidos entre entre +l e −l. – l.
l== 2, os valores
2, os valores dede m
m variamvariam de
de +2
+2 aa −2, podendo assumir
−2, podendo assumir 2(2 + + 1) = = 5, valores que são
ll = 2, os valores de ml lll variam de +2 a –2, podendo assumir 22(2x 2 +1) 1 5, valores que são
−1, 0, +1,
−2, −1, +1, +2. Como vimos,
+2. Como vimos, mll éé limitado
limitado pelos
pelos valores
valores de l. As funções
funções de onda
onda com
com
-2,
−2, -1, 0,0,+1, +2. Como vimos, mm é limitado pelos
l l
valores dedel. l.AsAsfunções dede onda com o
o mesmo
mesmo n n ee l, mas diferentes
l, mas diferentes m mll ,, têm
têm aa mesma
mesma energia,
energia, porém,
porém, orientações
orientações diferentes.
diferentes.
mesmo n e l, mas diferentes ml, têm
o l a mesma energia, porém, orientações diferentes.
O
O Quadro
Quadro 44 apresenta
apresenta um um resumo
resumo dos dos números
números quânticos
quânticos correspondentes
correspondentes aos aos orbitais
orbitais
atômicos.
atômicos.
Valores
Valores de n de
Valores n Valores deValores
de n l
Valores de
de ll Valores
Valores de ml
Valores de
de m
mlll Subnível
Subnível
Subnível
n= 1, 2, 3, ... ∞ n = 0, 1, 2, ... ∞ m = –l ...
n = 1, 2, 3, . . . ∞ n = 0, 1, 2, . . . ∞ l m = −l · · · + +l
n = 1, 2, 3, . . . ∞ n = 0, 1, 2, . . . ∞ mlll = −l · · · + ll
1 11 0 00 0 00 1s 1s
1s
22 0
00 0
00 2s
2s
2s
11 -1, 0,
0, 11 2p
2
1 -1, 0, 1 -1, 2p 2p
00 00 3s
3s
33 0
11 0 -1, 0,
-1, 0, 11 3s 3p
3p
3 1 -1, 0, 1 3p
2 22 -2, -1, 0, 1, 2
-2, -1,
-2, -1, 0,0, 1,
1, 22 3d
3d 3d
00 00 4s
4s
0
11 0 -1, 0,
-1, 0, 11 4s 4p
4p
1 -1, 0, 1 4p
4
44 2 22 -2,
-2, -1, 0, 1,-2,
-1, 0, 1, 2
2 -1, 0, 1, 2
4d
4d 4d
3 33 -3,-2,
-3, -2, -1, 0, -1,
1, 2, -1,
-3,-2, 3 0, 0, 1,
1, 2,
2, 33 4f
4f 4f
00 00 5s
5s
0 0 5s 5p
1 11 -1, 0, 1
-1, 0, 1 -1, 0, 1 5p 5p
5 55 2 22 -2,
-2, -1, 0, 1,-2, -1, 0,
2 -1, 0, 1,
1, 22 5d
5d 5d
33 -3,-2,
3 -3, -2, -1, 0, 1, 2, -1,
3 0, 1, 2, 3 5f 5s
Spin 4 -3,-2,
-4, -3, -2, -1, 0, 1, 2, -1,
3, 40, 1, 2, 3 5g 5s
44 -4, -3,-2,
-4, -3,-2, -1,-1, 0,0, 1,
1, 2,
2, 3,
3, 44 5f
5f
O spin do elétron é
considerado um fenômeno Quadro
Quadro 44 –– Resumo
Resumo das
das relações
relações entre
entre os
os números
números quânticos n, ll ee m
quânticos n, mlll
puramente quântico, sem
nenhum análogo clássico,
não sendo possível
Para
Para definir
definir completamente
completamente oo estado
estado de
de energia
energia do
do elétron
elétron no
no átomo,
átomo, são
são necessários
necessários
interpretá-lo por modelos quatro números quânticos. Três relacionados ao orbital e um quarto, ao Spin
spin
quatro números quânticos. Três relacionados ao orbital e um quarto, ao spin do elétron, que
do elétron, que
clássicos. éé oo número quântico magnético de spin do elétron, representado por
número quântico magnético de spin do elétron, representado por mss . m .
s
Resumo
Como vimos nesta aula, na mecânica quântica a equação de onda de
Schrödinger descreve o comportamento dos elétrons nos átomos. Você
observou que a resolução matemática dessa equação leva a um conjunto
de funções matemáticas chamadas de funções de onda, representadas pela
2
letra grega psi (Ψ). O quadrado da função de onda, Ψ , é a densidade de
probabilidade e representa a probabilidade de se encontrar o elétron numa
região do espaço em torno do núcleo denominada de orbital. As funções radiais,
Rn,l , definem a distância média do elétron em relação ao núcleo, determinando
a energia dos orbitais. Já as funções angulares, Al,ml , indicam as orientações
dos orbitais e independem de n. A função de onda correspondente a um
determinado orbital é obtida multiplicando-se a função radial pela função
angular. Um orbital é identificado por um conjunto de números quânticos, n,
l e m, (número quântico principal, momento angular orbital e magnético,
respectivamente). A forma e a energia dos orbitais variam de acordo com
esse conjunto. Todos os orbitais s são esferossimétricos; enquanto os p, d
e f possuem orientações específicas. Essa região é denominada de orbital e
é descrita por um conjunto particular de números quânticos representados
por n, l e ml. Para definir completamente o estado de energia do elétron
no átomo, é necessário um quarto número quântico denominado número
quântico magnético de spin do elétron representado por ms.
Em média, que elétron estará mais afastado do núcleo, um elétron num orbital 3s
2 Em média, que elétron estará mais afastado do núcleo, um elétron num orbital 3s
ou outro num orbital 3p? Justifique sua resposta em função da penetrabilidade dos
ou outro num orbital 3p? Justifique sua resposta em função da penetrabilidade dos
orbitais.
orbitais.
Quantos orbitais
Quantos orbitais existe
há no no subnível
subnível f ?ff ??Quais
Quaisososvalores para cada um
valores demml para um dos
Quais os valoresdede ml l para cada
cada um dos
5 Quantos orbitais
orbitais ff ??
orbitais
orbitais f ?
existe no subnível dos
Que observação sobre as raias espectrais dos átomos levou à idéia da existência
7 Que observação sobre as raias espectrais dos átomos levou à idéia da existência
do spin do elétron?
do spin do elétron?
Referências
Atkins, P. W.; Jones, L. Princípios de química. Porto Alegre: Bookman, 2001.
Brady, J. E.; Russel, J. E.; Holum, J. R. Química: a matéria e suas transformações. 3.ed.
Rio de Janeiro: LTC, 2003. v. 1 e 2.
Garritz, A., Chamizo, J. A. Química. São Paulo: Prentice Hall, 2003.
Kotz, J. C.; Treichel Jr, P. Química e reações químicas. 4.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2002.
v. 1 e 2.
J. D. LEE. Química inorgânica não tão concisa. 5.ed. São Paulo: Edgard Blücher LTDA, 1999.
Mahan, B. M.; Myers, R. J. Química: um curso universitário. 4.ed. São Paulo: Edgard
Blücher LTDA, 1993.
Shriver, D. F.; Atkins, P. W. Química inorgânica. 3.ed. Porto Alegre: Bookman, 2003.