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[TÍTULO]
Itajubá, MG
2019
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 - Distribuição da água no Globo ..................................................................... 5
Figura 1.2 - Distribuição do consumo de água e diferentes setores ................................. 6
Figura 1.3 - Comparativo de disponibilidade hídrica e população no Brasil ................... 7
Figura 1.4 - Informações básicas sobre as bacias hidrográficas brasileiras ..................... 8
Figura 1.5 - Localização da Bacia do Rio Sapucaí em relação ao território brasileiro .. 12
Figura 1.6 - Localização da Bacia do Rio Sapucaí em relação aos estados de Minas Gerais
e São Paulo .................................................................................................................................. 13
Figura 1.7 – Contribuição setorial do PIB da Bacia Hidrográfica do Rio Sapucaí ... Erro!
Indicador não definido.
Figura 1.8 – PIB Setorial da Bacia Hidrográfica do Rio SapucaíErro! Indicador não
definido.
Figura 1.9 - Mapa de uso e ocupação do solo da bacia hidrográfica do Rio Sapucaí .... 23
Figura 1.10 - Estações de coleta de dados disponíveis. Na coluna Tipo: P são dados
pluviométricos, N de nível do rio e V a disponibilidade de dados de vazão. .............................. 28
Figura 1.11 - Média mensal de precipitação entre os anos de 1970 e 2010 para a área de
estudo .......................................................................................................................................... 29
Figura 1.12 - Descrição de doze grandes eventos de inundações ocorridos no município
de Itajubá entre 1874 e 2009 ....................................................................................................... 30
Figura 1.13 - Acumulado mensal de precipitação referente as estações pluviométricas
durante o período de 2007-2014.................................................................................................. 30
Figura 3.1 - Distribuição espacial de disponibilidade hídrica / consumo de água no Brasil.
..................................................................................................................................................... 35
Figura 3.2 - Porcentagem de municípios brasileiros com falta intensa ou moderada de
água. ............................................................................................................................................ 37
Figura 3.3 - Possibilidades de pagamentos líquidos no equilíbrio do mercado.............. 38
Figura 3.4 - Tendência de precipitação anual a no país Taxa de variação de 10 em 10 anos
- unidade: milímetro (1950-2006) ............................................................................................... 41
Figura 3.5 - Fluxo dos países exportadores líquido de "água virtual" 1.O agregado da
OCDE é uma média não ponderada. Unidade: bilhões de metros cúbicos por ano (1997-2001) 42
Figura 3.6 - Incerteza anual e sazonal na alocação de água do titular do direito. os gráficos
de probabilidade cumulativa de alocações para o rio Goulburn, (MDB) expressos como uma
proporção de direitos. .................................................................................................................. 46
Figura 3.7 - Relação entre as três principais zonas de negociação em Watermove. ...... 47
Figura 3.8 - Padrões de preços espaciais para as áreas de Goulburn e Murray acima e
abaixo do Barmah choke. Resultados do mercado semanal para a temporada 2002-2003. ........ 48
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.1 - Taxa de urbanização por trecho ................................................................. 14
Tabela 1.2 - Municípios da Bacia Hidrográfica do Rio Sapucaí .................................... 16
Tabela 1.3 - Densidade Demográfica (hab/km²) ............................................................ 17
Tabela 1.4 - Ocupações na bacia hidrográfica do Rio Sapucaí ...................................... 24
Tabela 1.5 - Tabela de quantificação dos usos do solo da bacia hidrográfica do Rio
Sapucaí ........................................................................................................................................ 25
Tabela 1.6 - Vazões Q_7,10 da bacia hidrográfica do Rio Sapucaí ............................... 26
Tabela 1.7 - Resultado da curva de permanência ........................................................... 27
Tabela 1.8 - Resultados de vazões máximas .................................................................. 27
Tabela 3.1 - Outorgas de direito da água e população no Colorado ............................... 36
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1.1 - Classes de Tamanho da População dos 51 municípios da bacia do Rio
Sapucaí – 2007 ............................................................................................................................ 15
Gráfico 1.2 - Densidade Demográfica (hab/km²) ........................................................... 17
1 INTRODUÇÃO
1.1 Importância dos recursos hídricos
A água é um recurso natural essencial para a sobrevivência de todas as espécies que
habitam a Terra. No organismo humano a água atua, entre outras funções, como veículo para a
troca de substâncias e para a manutenção da temperatura, representando cerca de 70% de sua
massa corporal. Além disso, é considerada solvente universal e é uma das poucas substâncias que
encontramos nos três estados físicos: gasoso, líquido e sólido. É impossível imaginar como seria
o nosso dia-a-dia sem ela.
A água, é um recurso natural abundante primeira à vista. Isto se dá, por ela ocupar
aproximadamente 70% da superfície terrestre, porém, 97,5% dessa água é salgada, restando
somente 2,5 % de água doce. Desse total de água doce, cerca de 68,9% encontram-se em forma
de gelo, 29,9% estão confinadas como água subterrânea, 0,9% compõem a umidade do solo,
restando somente 0,3% constituinte de lagos, reservatórios e rios (Ministério do meio Ambiente),
como apresentados no gráfico da Figura 1.1.
A água doce não está distribuída uniformemente pelo globo. Sua distribuição depende
essencialmente dos ecossistemas que compõem o território de cada país. Segundo o Programa
Hidrológico Internacional da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (Unesco), na América do Sul encontra-se 26% do total de água doce disponível no planeta
e apenas 6% da população mundial, enquanto o continente asiático possui 36% do total de água
e abriga 60% da população mundial.
O consumo diário de água é muito variável ao redor do globo. Além da
disponibilidade do local, o consumo médio de água está fortemente relacionado com o nível de
desenvolvimento do país e com o nível de renda das pessoas. Uma pessoa necessita de, pelo
menos, 40 litros de água por dia para beber, tomar banho, escovar os dentes, lavar as mãos,
cozinhar etc. Dados da ONU, porém, apontam que um europeu, que tem em seu território 8% da
água doce no mundo, consome em média 150 litros de água por dia. Já um indiano, consome 25
litros por dia.
Segundo estimativas da Unesco, se continuarmos com o ritmo atual de crescimento
demográfico e não estabelecermos um consumo sustentável da água, em 2025 o consumo humano
pode chegar a 90%, restando apenas 10% para os outros seres vivos do planeta. A figura 2,
apresenta um gráfico com a estimativa da distribuição do consumo em diferentes setores.
Vale ressaltar que grande parte das disponibilidades hídricas nos mananciais que têm
água doce (cursos d’água, lençóis aquíferos, lagoas), encontram-se inapropriados para consumo,
fruto da descarga de efluentes sem tratamento e uso e ocupação intensivos das bacias
hidrográficas no Brasil e no mundo , que tende a trazer como consequência a falta d'água e o
agravamento das crises hídricas espalhadas pelo globo.
Com uma área de aproximadamente 8.514.876 km2 (fonte: Anuário Estatístico
2000) e mais de 169 milhões de habitantes (fonte: censo demográfico 2000), o Brasil é hoje o
quinto país do mundo, tanto em extensão territorial como em população. Em função de suas
dimensões continentais, o Brasil apresenta grandes contrastes relacionados não somente ao clima,
vegetação original e topografia, mas também à distribuição da população e ao desenvolvimento
econômico e social, entre outros fatores. De maneira geral, o Brasil é um país privilegiado quanto
ao volume de recursos hídricos, pois abriga 13,7% da água doce do mundo, porém, a distribuição
desses recursos não é uniforme, conforme pode ser visto no gráfico da Figura 1.3, que apresenta
um comparativo da disponibilidade e da população no Brasil.
Figura 1.3 - Comparativo de disponibilidade hídrica e população no Brasil
Fonte: Ministério do Meio Ambiente
Deste modo, esse recurso natural desempenha valores sociais, econômicos e ambientais
fundamentais para o desenvolvimento do país. E para tal é necessário alavancar a gestão desse
tão precioso recurso natural, a água doce, preservando a sua quantidade e qualidade, afinal ela
desempenha um importante papel para o meio ambiente e para o desenvolvimento, quando se
analisa a sua importância quanto aos usos múltiplos da água.
Para que esta gestão seja realizada de modo eficiente, referente ao uso e a demanda do
recurso hídrico, é essencial que esta ocorra dentro das Bacias Hidrográficas.
A bacia hidrográfica é a unidade de gestão dos recursos hídricos mais importante a ser
estudada, por ser o local do desenvolvimento das atividades humanas via os municípios, como
áreas urbanas, industriais e agrícolas, e por consequência é a área de operação dos Sistemas de
Recursos Hídricos. O quadro apresentado na Figura 1.4, nos mostra as informações básicas das
bacias hidrográficas do Brasil.
Um sistema implantado em uma bacia é um conjunto de elementos, onde todos estão
organizados em prol de um benefício mútuo e comum, que é o progresso e o desenvolvimento
da bacia, e o bem-estar da sua comunidade. Na área da bacia este sistema está representado pelos
municípios nele inseridos nas zonas urbana e rural.
Os Sistemas, em especial os de Recursos Hídricos-SRH’s, abrangem diversas obras de
Engenharia Hidráulica e seus componentes de operação (componentes civis, eletromecânicos e
hidromecânicos) atuando ao longo da rede de drenagem da calha fluvial. O sistema age sobre a
água recebida (água útil ou nociva) e a devolve ao ambiente com características
diferentes/otimizadas.
Figura 1.4 - Informações básicas sobre as bacias hidrográficas brasileiras
Fonte:
Os SRH’s continentais podem trabalhar com o beneficiamento da água útil, a fim de obter
os benefícios economicamente tangíveis, como o abastecimento de água urbano e industrial, a
irrigação de culturas agrícolas, a hidroeletricidade, a navegação fluvial e o controle de secas em
áreas carentes de água, como também operam controlando as águas nocivas, a exemplo da
drenagem pluvial de cidades(rodovias, áreas rurais, aeroportos), para o controle de inundações
em áreas ribeirinhas, e o tratamento de efluentes industriais e esgotos domésticos, abrangendo os
benefícios intangíveis, aqueles que não geram lucro econômico, mas que controlam as águas
nocivas para questões de saúde pública (minimização de doenças e calamidades públicas).
Assim, também pode-se observar que naturalmente, a aceleração do uso e ocupação da
Bacia, está relacionado ao desenvolvimento econômico dos municípios da bacia.
A Bacia Hidrográfica do Rio Sapucaí é uma sub-bacia pertencente a Bacia do Rio Grande,
que por sua vez compõe a Bacia do Rio Paraná. A Bacia do Rio Sapucaí localiza-se na região
sudeste e atravessa os estados de Minas Gerais e São Paulo. Sua nascente é encontrada na Serra
da Mantiqueira, no município de Campos do Jordão – SP, a uma altitude de 1650 m e deságua no
Lago de Furnas a 780 m de altitude (CBH Sapucaí, 2001).
O Rio Sapucaí é divido em 3 trechos que delimitam as regiões:
• Alto Sapucaí – que percorre de Campos do Jordão até o Ribeirão Bicas
em Wenceslau Braz (50 km);
• Médio Sapucaí – que tem seu início no Ribeirão Bicas e fim no Rio
Sapucaí Mirim em Pouso Alegre (90 km);
• Baixo Sapucaí – que se inicia pelo Rio Sapucaí Mirim e percorre até
Furnas (143 km).
O Rio Sapucaí possui cerca de 343 km, sendo 34 km pertencentes ao estado de São Paulo,
e 309 km à Minas Gerais, e sua área de drenagem é de 8882 km². A Figura 1.5 e a Figura 1.6
mostram a localização dessa bacia em relação ao território brasileiro e em relação aos estados de
Minas Gerais e São Paulo.
Figura 1.5 - Localização da Bacia do Rio Sapucaí em relação ao território brasileiro
Fonte: elaborado pelos autores no software QGis
Figura 1.6 - Localização da Bacia do Rio Sapucaí em relação aos estados de Minas Gerais e São
Paulo
Fonte: elaborado pelos autores no software QGis
De 10 001 a
20 000
27%
De 5 001 a 10
000
25%
Gráfico 1.1 - Classes de Tamanho da População dos 51 municípios da bacia do Rio Sapucaí –
2007
Fonte: Plano Diretor de Recursos Hídricos do Rio Sapucaí, 2010
Tabela 1.2 - Municípios da Bacia Hidrográfica do Rio Sapucaí
Fonte: IBGE,
Existem apenas dois municípios de maior porte, ambos também em Minas, constituindo
importantes polos regionais: Pouso Alegre (Médio) e Itajubá (Alto). Pouso Alegre é o maior
município da bacia, com 119.649 habitantes e Itajubá o segundo com 86.210. A soma da
população destes dois municípios representa um terço (33,3 %) da população total estimada
residente na BHRS (618.276 habitantes). Na vertente paulista, o maior é Campos do Jordão com
44.688 moradores.
No baixo curso do Rio Sapucaí o município mais populoso é Machado, com 37.567
habitantes e apenas território rural na bacia. Neste trecho o maior município com sede na bacia é
Elói Mendes (24.091 habitantes).
Já a análise demográfica apresentada na Tabela 1.3 e no Gráfico, permite estabelecer uma
relação mais clara entre área e população. O território sul mineiro como um todo possui alta
densidade demográfica e o território da bacia hidrográfica idem.
Tabela 1.3 - Densidade Demográfica (hab/km²)
Densidade Demográfica (hab/km²)
Municípios
1970 1980 1991 2000 2007
Minas Gerais 19,6 22,8 26,8 30,5 32,9
Sul/Sudeste 33,4 39,3 45,0 46,9
Alto Sapucaí 40,7 40,9 46,3 51,5 52,3
Médio Sapucaí 32,2 35,0 42,1 49,0 51,6
Baixo Sapucaí 25,7 28,7 32,8 37,2 39,0
Fonte:
55,0
50,0
45,0
40,0
35,0
30,0
25,0
20,0
1970 1980 1991 2000 2007
100%
15% 16% 15% 15% 15% 15%
80%
42% 42% 41% 44% 46% 46%
60%
40%
23% 22% 24% 21% 21% 19%
20% 8% 7% 7% 7% 6% 7%
12% 12% 13% 13% 13% 13%
0%
2006 2008 2010 2012 2014 2016
Impostos Agropecuária
Indústria Serviços (Comércio)
Serviços (Administração)
25
Bilhões (R$)
PIB
20
Agropecuária
15
Indústria
10
Serviços
(Comércio)
5
Serviços
(Administração)
-
2006 2008 2010 2012 2014 2016
A média do número de empregados por estabelecimentos foi feita por meio da divisão do
número de pessoal ocupado pelo número de empresas e elaborou-se o Gráfico 1.5 que mostra a
evolução desse média entre 2006 e 2016 para as seções mais significativas da bacia. Nota-se então
que as seções de Administração pública, defesa e seguridade social; Indústrias de transformação;
Educação; e Água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação, são as que mais
empregam pessoas por unidades dentro da bacia do Rio Sapucaí, respectivamente.
Todas as seções estão inseridas em um dos três setores econômicos e é importante
ressaltar também que a média realizada não evidencia por si só o quantitativo real
empregabilidade das seções já que uma seção pode ter um elevada média de empregados por
estabelecimento e não ser a principal responsável pelo número de pessoal ocupado, conforme
acontece com a seção de Administração pública, defesa e seguridade social, que, apesar de possuir
a maior média de empregados por estabelecimento não é a principal responsável pelo número de
empregos na região, ficando em 4º lugar nesse quesito, conforme mostra o Gráfico 1.6.
80
2006 2016
70
60
50
40
30
20
10
0
G C I O P Q H N F A E Outros
45%
Pessoal ocupado total (pessoas)
40%
Empresas e outras organizações (unidades)
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
G C I O P Q H N F A E Outros
Para o diagnóstico do uso e ocupação do solo da bacia do rio Sapucaí, elaborou-se o mapa
da Figura 1.8, com a finalidade de caracterizar a bacia em estudo.
Figura 1.8 - Mapa de uso e ocupação do solo da bacia hidrográfica do Rio Sapucaí
Fonte: Elaborado pelos autores através do software QGis® v. 3.6
Através do mapa elaborado, realizou-se a caracterização quantitativa dos resultados
obtidos, Tabela 1.4.
Tabela 1.4 - Ocupações na bacia hidrográfica do Rio Sapucaí
Tipologia de Uso e Ocupação do solo Área (ha) Área (%)
Não identificado 4 0,0005
Cultura semi-perene 16 0,0018
Mineração 40 0,0045
Área descoberta 936 0,1061
Corpos hídricos 1.357 0,1538
Cultura anual e perene 3.256 0,3690
Formação campestre 4.292 0,4864
Infraestrutura urbana 8.396 0,9515
Floresta plantada 8.724 0,9887
Formação florestal 147.368 16,7016
Mosaico de agricultura e pastagem 315.852 35,7964
Pastagem 392.116 44,4396
Total 882.357 100
Fonte: Elaborado pelos autores através do software Microsoft Excel® v.2016
Tabela 1.5 - Tabela de quantificação dos usos do solo da bacia hidrográfica do Rio Sapucaí
Tipologia de Uso e Ocupação do solo Área (km²) % da Bacia do Sapucaí
Áreas urbanizadas 141,21 1,5
Floresta Estacional Semi-Decidual 986,4 10,4
Floresta Ombrófila Mista e Floresta Ombrófila Densa 243,45 2,6
Pastagem 3.492,11 36,9
Agricultura 4.330,51 45,8
Áreas onde a imagem está coberta por nuvens 271,28 2,9
Fonte: Vida Meio Ambiente (Mapa de Uso e Ocupação)
Observa-se que há coerência nos dados apresentados na Tabela 1.5, pois a tipologia do
uso e ocupação do solo mais presente na bacia, segundo este estudo, é de floresta estacional semi-
decidual, pastagem a agricultura.
Figura 1.9 - Estações de coleta de dados disponíveis. Na coluna Tipo: P são dados
pluviométricos, N de nível do rio e V a disponibilidade de dados de vazão.
Fonte: Dos Reis (2018)
É possível identificar a variabilidade da precipitação ao longo do ano, sendo a
precipitação média anual de aproximadamente 1.500 mm (VIDA, 2010). Os seis meses mais
chuvosos na região abrangem o período de outubro a março, sendo novembro, dezembro e janeiro
os três meses com maiores valores médios de precipitação, e os seis meses mais secos
correspondem ao período entre os meses de abril e setembro, como pode-se observar na figura a
seguir. O Plano Diretor da bacia do rio Sapucaí estimou uma vazão média do rio Sapucaí para a
estação de coleta de dados em Itajubá de aproximadamente 21 m3 s -1 e uma vazão máxima para
o período de retorno de 10 anos de 207 m3 s -1 (VIDA, 2010).
Figura 1.10 - Média mensal de precipitação entre os anos de 1970 e 2010 para a área de estudo
Fonte: Dos Reis (2018)
A ocorrência de chuvas bem distribuídas espacialmente pela bacia, atingindo ao mesmo
tempo as áreas de contribuição da cabeceira do rio Sapucaí e também dos seus principais afluentes
à montante de Itajubá (rio de Bicas e Santo Antônio), são responsáveis pelo aumento do nível do
rio Sapucaí, produzindo uma onda de cheia em direção à área urbana itajubense e, ocasionalmente,
nos eventos mais extremos, resultando no transbordamento do rio e na ocorrência de inundação
(DOS REIS,2018).
A tabela da Figura 1.11 resume algumas características de doze grandes eventos de
inundações ocorridos no município de Itajubá. O evento mais severo registrado aconteceu em
1874, quando o rio Sapucaí atingiu a cota 848,69 m, com pico de vazão de mais de 800 m3 s -1.
O evento mais recente, ocorrido em 2009, superou a cota máxima do canal (cota 844 na altura da
estação 61271000 da ANA), transbordando e atingindo a planície de inundação do rio Sapucaí
com uma vazão estimada em aproximadamente 153 m³ s-1.
Figura 1.11 - Descrição de doze grandes eventos de inundações ocorridos no município de
Itajubá entre 1874 e 2009
Fonte: Barbosa et. al. (2015)
1.3.5 Justificativa
A implantação da Lei 9.433/1997, no contexto atual, não está sendo efetiva, ou seja, é
observado diversas falhas na gestão que acarretam problemas significantes às bacias e ao país. De
acordo com o Artigo primeiro, a água é um bem de domínio público e dotado de valor econômico.
Contudo, na atual gestão desta lei, nota-se que há um desrespeito neste quesito, pois a água não
vem sendo vista como um bem público e sua valoração, bem como a cobrança, está sendo
negligenciada e feita de maneira errônea, onde muitas vezes não há a cobrança devido à
inexistência e, muitas vezes, ineficiência de órgãos gestores em muitas regiões do país.
Deste modo, vem sendo discutido outras vertentes econômicas para a implantação e
adequação da lei 9.433/1997, onde o foco é a discussão da valoração e a privatização do bem.
Assim, as vertentes com ideais capitalistas surgem para permitir uma maior discussão em torno
do assunto, onde acreditam que a privatização valoriza economicamente o meio ambiente e abrem
possíveis brechas para capitalização da água no futuro e uma mudança considerável na economia
do país.
2 OBJETIVO
3 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
3.1 Modelos existentes de mercado de água
Desde os primórdios da Terra, a água fora considerada o principal agente de
transformação na maioria dos processos naturais, os quais são inerentes a vida, enaltecendo assim
a sua importância. Estima-se que para o mundo todo os recursos hídricos são 97,5% de água
salgada e apenas 2,5% de água doce (Rozin et al., 2015). Uma pequena proporção dos menos de
1% identificados como a água doce utilizável na Terra é derivada principalmente da queda de
neve, águas pluviais, subterrâneas, águas superficiais de água doce e outras advindas da biomassa
(Rozin et al., 2015).
A água é considerada um dos bens mais preciosos da humanidade e sua escassez é um
fenômeno que torna-se cada vez mais habitual a diversos países, seja por condições climáticas
diferenciadas e imprevísiveis, por questões de má gestão governamental e questões culturais,
como poluição exarcebada, além de processos mais especificos de poluição, como por exemplo,
a mineração. Segundo a saúde nacional e Medical Research Council, Austrália (NHMRC, 2004),
é estimado que até 2025, aproximadamente 50% da população mundial váexperimentar escassez
de água. Relatórios disponíveis indicam que os pobres níveis de qualidade da água resultam na
morte de mais de cinco milhões de pessoas todos os anos (DEH, 2004).
Como resultado de tais questões, diversos países tem buscado possiveis soluções aos
problemas de escassez, visando tornar o sistema hídrico mais eficiente e seguro, o que estabelece
uma série de estudos em relação a viabilidade de métodos eficientes para tal questão.
Um dos países pioneiros a tal estudo fora a Austrália, que sobreviveu a seca do milênio,
demonstrando inovação e com exemplos exepcionais de planejamento e gestão hídrica, frente a
crise da água. Um dos processos feito por eles fora um programa que concentra os processos na
demanda individual, visando reduzir a quantidade gasta. Além disso, a comunicação entre as
empresas que detinham os sistemas de abastecimento e esgoto com o governo fora crucial às
questões de gestão eficiente.
Um dos assuntos ao qual está em alta é o processo de privatização da água, visto que tal
questão, segundo especialistas, agregam valor a esta e criam senso de urgência nas pessoas,
reduzindo assim o gasto em torno desta, muitos paises apresentam propostas a este processo,
sendo que muitos ja o iniciaram.
Com o intuito de analisar os efeitos da privatização e mercantilização dos recursos
hídricos, serão analisados estudos de caso em dois países diferentes, a fim de observar como foram
implantados estes processos ou de como o estudo analisou um cenário onde estes processos foram
implantados.
Com o intuito de analisar os efeitos da privatização e mercantilização dos recursos
hídricos, serão analisados estudos de caso em dois países diferentes, a fim de observar como foram
implantados estes processos ou de como o estudo analisou um cenário onde estes processos foram
implantados.
Inicialmente será abordado o estudo de Chen et al. (2019), acerca da eficiência da
utilização de recursos hídricos na China. Este estudo utiliza diferentes modelos para medir a
eficiência da utilização, como o EBM (Epsilon-Based Measure) e o DEA (Análise Envoltória de
Dados), e outros modelos, como o OLS (Ordinary Least Square) e o SEM (Modelo de Erro
Espacial), para estimar um cenário com a inserção da mercantilização dos recursos hídricos.
O modelo EBM é um modelo de comportamento do consumidor, onde são os fatores que
influenciam na tomada de decisão dos consumidores são resumidos em três pontos principais,
sendo eles: diferenças individuais, influências ambientais e processos psicológicos (Engel et al.,
1995). Através deste modelo matemático foi medida a eficiência da utilização dos recursos
hídricos.
Como mencionado acima, para estimar o efeito da mercantilização na eficiência do uso
dos recursos hídricos, os autores utilizaram o modelo OLS, um modelo matemático de regressão
linear, enquanto para analisar os efeitos de transbordamento espacial dessa mesma estimativa foi
utilizado o modelo SEM, que é um modelo de erro espacial.
Será abordado agora o estudo de Brennan e Scoccimarro (1999). Devido a agenda de
reforma microeconômica presente no governo australiano, surge a dificuldade em definir os
direitos de propriedade de água num momento de transição da água para um amplo mercado
interestadual, visto que um mercado de água deve atender direitos relacionados a volume,
confiabilidade, transferibilidade e qualidade (ARMCANZ 1995). Ao mesmo tempo que há tal
dificuldade, também há a preocupação da superexploração da Bacia Murray-Darling devido ao
potencial significativo de crescimento de desvios para a agricultura (MDBMC 1995).
Ao analisar a Bacia Murray-Darling, toma-se em destaque a variabilidade dos fluxos
d’água anuais, visto que se torna praticamente impossível estabelecer políticas de direito de
propriedade baseados nas cargas volumétricas e ao invés disso as definições requerem referência
a confiabilidade de tais direitos (Dragun e Gleeson 1989, Randall 1981). O principal uso da água
da Bacia é destinado a irrigação, e outros consumos se referem ao abastecimento urbano, estoque,
provisões domésticas para áreas rurais, indústria, manutenção de saúde, recreação, etc.
No âmbito político e da agricultura, a gestão dos recursos hídricos é dada aos estados,
além disso, em New South Wales a participação do estado no custo operacional da gestão das
nascentes é suportada pelos contribuintes, já em Victoria, pelos irrigantes (MDBMC, 1996).
Mercados temporários e permanentes foram introduzidos e obtiveram sucesso, já que foram
impostos limites de consumo visto que os arranjos institucionais variam de estado para estado.
Os direitos de uso para as hidrelétricas também foram regulamentados, com o intuito de proteger
os irrigantes a jusante, além de que o corporativismo das reformas entre as hidrelétricas e os outros
setores da eletricidade, mas continuarão a seguir os regulamentos. Com o recurso água como
comércio os ecossistemas ribeirinhos foram prejudicados, as cheias de primavera diminuíram,
assim afetando a saúde ecossistêmica e da biodiversidade (MDBMC 1995).
Os direitos dos ribeirinhos e fazendeiros ribeirinhos é garantido pelo estado, e um método
para proteger os direitos residuais é formalizá-los para que eles tenham o mesmo 'status' que os
direitos sobre a água mantidos por usos comerciais. Destacando que muitas das questões que
cercam a redefinição dos direitos de propriedade da água referem-se a interdependências entre
diferentes usuários.
Atualmente há tecnologias que permitem estimar a eficiência da utilização dos recursos
hídricos, tanto com a inserção da privatização dos recursos (OLS, Ordinary Least Square), quanto
com a avaliação da demanda de uso dos consumidores (o EBM, Epsilon-Based Measure). A partir
dos resultados obtidos, pode-se prever modelos de consumo ao longo do tempo, evitar conflitos
que aconteceriam a longo prazo, definir preços a cada consumidor, cotas de utilização e traçar
planos para preservação do recurso, visto que o seu possível esgotamento afeta diretamente a
economia regional, por isso é fundamental que a base de dados para a privatização do recurso,
seja bem completa e extensa.
Os mercados de água têm sido implementados em alguns locais como uma forma de teste
para verificar sua eficiência prática, a China e a Austrália muito desenvolveram sua aplicação
sobre esses mercados. O que pode ser extraído de mais importante dessas aplicações é que o uso
deve ser considerado de acordo com a região em que a bacia está inserida, a sua população, a
presença de indústria, agricultura, comércio ou outros e assim o modelo de concessão de cada
bacia varia com suas especificidades.
A partir dos estudos de Chen et al, é possível concluir que o mercado da água está
associado ao uso mais eficiente do recurso, maior preservação e taxas baixíssimas de desperdício.
O preço de utilização torna-se maior, portanto, o uso consciente torna-se recorrente, o fator
financeiro tem um grande peso sobre a população, geralmente assim, automaticamente um uso
mais limpo da água. A qualidade também deve ser mantida, portanto a fiscalização sobre o
tratamento e descarte torna-se maior, desta maneira a água disponível passa a ser mais limpa, o
que causa um efeito em cadeia, melhorando a fauna, flora e meios aquáticos.
Os pontos de análise que devem ser considerados é que o nível de qualidade da água deve
ser alto, em todo o território nacional, ou fora dele, no caso de fontes que pertençam a outros
países, pois a qualidade do curso d’água, não se trata apenas de um fator local, mas vem desde o
momento de sua insurgência ou mesmo antes disso, nos reservatórios subterrâneos, para tal o
meio a sua volta deve estar preservado e de acordo com a legislação vigente, isso leva ao fato que
cabe aos órgãos públicos a fiscalização eficiente de todas as bacias dentro de um território levando
em conta todos os seus fatores intervenientes.
O direito ao uso deve ser oferecido a população local e uma parcela da água, independente
dos usos para obtenção de lucro, deve ser destinada a população para sua subsistência, esse uso
será também cobrado desta população, porém, seu direito a compra deve ser respeitado.
A principal conclusão desses mapas é que, por mais que os recursos hídricos estejam
distantes de suas principais áreas de consumo, somente 13,6% da água disponível já seria
suficiente para abastecer todas as necessidades urbanas, sendo viável até quando a região
amazônica não é considerada (PETTERINI, 2018).
Os dados do mercado atual de água implantado nos Estados Unidos mostram, em sua
região oeste, mais de 4600 transações relacionadas ao uso de recursos hídricos nos últimos 23
anos, referentes a um volume de água de aproximadamente 43 bilhões de m³ (PETTERINI, 2018).
Essas transações, provenientes de diversos setores como agricultura e geração de energia, refletem
no uso eficiente e na preservação dos recursos hídricos devido ao seu valor econômico.
Para se ter uma ideia do crescimento e procura sobre o direitos da água da população
norte americana, a Tabela 3.1 foi elaborada contendo uma relação entre o número de outorgas de
uso d’agua e o crescimento populacional no decorrer dos anos no Colorado; tais dados foram
providos pela Divisão de Recursos Hídricos do Colorado (PETTERINI, 2018).
A proposta feita pelo estudo da OECD está contida no projeto de lei 6979 de 2002 que
foi discutido no congresso nacional em 2013 e no novo projeto de lei 4452 de 2016. Esses projetos
trazem a ideia que a criação de um mercado poderia promover a realocação dos recursos hídricos
entre usuários nos períodos de seca e também nas regiões semiáridas do país, além da proposta
de uma porcentagem dos valores de negociações envolvendo o uso da água ser direcionada para
o gerenciamento das bacias hidrográficas. esta pode ser uma oportunidade para alinhar os
incentivos dos agentes econômicos para construir novas infra-estruturas relacionadas aos recursos
hídricos (PETTERINI, 2018).
Nesse cenário, levando-se em consideração a demanda e consumo hídrico, relacionado
ainda por um possível aparecimento de um mercado de recursos hídricos, foi estipulada as
diferenças das permissões de cada usuário (qi). Para isso, foram levados em consideração o
volume de água permitido por um usuário específico(αi), licença para utilização de água sem
custos (se for um baixo volume) (ωi), custo marginal (c), retorno líquido (Ui), e preço (p); para
que finalmente uma relação final pudesse apresentar qual a real viabilidade da criação de um
mercado estável. Essa estabilidade foi representada nos seguintes gráficos, contidos na Figura
3.3 (PETTERINI, 2018).
Figura 3.3 - Possibilidades de pagamentos líquidos no equilíbrio do mercado.
Fonte: (PETTERINI, 2018).
Figura 3.8 - Padrões de preços espaciais para as áreas de Goulburn e Murray acima e abaixo do
Barmah choke. Resultados do mercado semanal para a temporada 2002-2003.
Fonte: Brennan (2006)
4 MODELO PROPOSTO
5 ANÁLISE E CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS