Apostila da Especialidade de Temperança (AM-013)

1ª Edição – julho de 2018

Desenvolvido por Clube de Líderes Monte Everest | www.clmonteeverest.org

Voto de Temperança
"Consciente de que o uso do álcool e fumo e uso de drogas não recomendadas por médicos não é compatível com
um viver saudável, comprometo-me a não apenas me abster do uso dessas substâncias e viver de acordo com os
princípios da Temperança Cristã, mas também a ajudar os outros a compreender e aceitar esse estilo mais saudável
de vida."

Cigarro e tabagismo

“O MINISTÉRIO DA SAÚDE ADVERTE: FUMAR É PREJUDICIAL À SAÚDE”. Essa é a inscrição encontrada nas
embalagens de cigarro. Ela não está ali porque as empresas quiseram colocar. Ao contrário, é uma questão
de legislação que obriga as empresas a inserir tal advertência nas embalagens de seus produtos (Portaria
nº 1.050, de 8 de agosto de 1990).

Tal legislação é fruto de ações políticas e científicas que observam os males que o cigarro causa, inclusive,
com a incidência de doenças e altos gastos vinculados aos efeitos do uso do tabaco.

O tabagismo é o causador de 200 mil mortes por ano no Brasil, ou seja, a cada hora 23 pessoas morrem
em decorrência desse mal. Dados apontam que de cada 100 pessoas que desenvolvem câncer, 30 são
fumantes. Outros números apontam que 90% dos pacientes com câncer de pulmão são fumantes. Implica
nessas considerações o fato de que o tabaco é a segunda droga mais consumida entre os jovens.

Tais consequências trazem gastos financeiros para o Brasil. Ou seja, R$ 56.898.155.567 (mais de 56
bilhões de reais) são os gastos dos cofres públicos com despesas médicas e perda de produtividade
relacionados ao tabagismo. O cenário complica ainda mais ao observar-se que os impostos pagos pela
indústria do cigarro correspondem à 23% das perdas causadas pelo tabagismo no país.

O cigarro, além de fazer mal para a pessoa que fuma, também faz muito mais mal para quem não fuma.
Como assim? Pessoas não fumantes expostas à fumaça do cigarro são consideradas como “fumantes
passivas”. Os efeitos imediatos do tabagismo passivo são: manifestações nasais, irritação nos olhos, tosse,
elevação da pressão arterial e cefaleia. Outros males do tabagismo passivo são acometidos em diferentes
idades: bebês correm risco cinco vezes maior de morte súbita infantil; crianças correm maior risco de
desenvolver resfriados e infecções do ouvido médio; adultos correm risco de desenvolver as doenças
ligadas ao tabagismo.

Os males ligados ao tabagismo se vinculam a ação dos agentes químicos presentes na fumaça do cigarro.
A ciência já identificou mais de 5 mil substâncias no cigarro, sendo que existem muitas outras ainda não
identificadas. Vejamos algumas delas:

 Nicotina: é um alcaloide policíclico. Como composto ativo do tabaco, a nicotina afeta diretamente
o sistema nervoso, o que causa a dependência. Essa substância também é utilizada como
vermífugo e inseticida. Ela ainda possui a capacidade de se ligar ao DNA causando mutações nos
fetos e câncer em adultos.
 Monóxido de Carbono: é um óxido neutro extremamente letal. Quando inalado em grandes
quantidades leva a morte por asfixia. O monóxido de carbono estabelece ligações químicas
altamente estáveis com a hemoglobina (composto do sangue) impedindo, assim, o transporte de
oxigênio. Essa substância está presente em 3 a 6% da fumaça inspirada do cigarro. Uma doença

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 associada ao monóxido de carbono é a asterosclerose (que causa a obstrução dos vasos
sanguíneos).
 Cianeto: essa substância é formada com a queima do cigarro. Ela é utilizada nas indústrias para
manufatura de fibras, plásticos, tintas e pesticidas. O cianeto foi utilizado na 2ª Guerra Mundial
para matar prisioneiros dos campos de concentração.
 Amônia: é um produto químico usado, geralmente, na limpeza doméstica. Trata-se de uma
substância corrosiva para o nariz e os olhos. A indústria tabaqueira desenvolveu a “tecnologia da
amônia” após observar que essa substância acelera a chegada da nicotina ao cérebro. Dessa
forma, aumenta-se a probabilidade da pessoa que fuma viciar mais rapidamente. Quando
depositada no pulmão, agrava o enfisema e a bronquite crônica do fumante.

Existem muitas doenças causadas pelo cigarro como queda de cabelo, irritação e câncer nasal, doença
coronariana, problemas respiratórios e câncer de pulmão, impotência e abortos espontâneos,
envelhecimento precoce da pele, etc. Vejamos, especificamente, duas doenças:

 Enfisema: trata-se de uma irritação respiratória crônica que pode ser causada pelo contato com o
fumo ou a poluição atmosférica. Nessa doença, os alvéolos pulmonares transformam-se em
grandes bolsas de ar (devido à destruição desse tecido), o que dificulta o contato do ar com o
sangue. Os sintomas do enfisema são: respiração ofegante com chiado, tosse, sensação de sufoco
e falta de ar.
 Câncer: nome dado a mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado
(maligno) de células que invadem tecidos e podem ser espalhar para outras regiões do corpo
(metástase). Essas doenças estão associadas a fatores genéticos (10 a 20%) ou aos fatores
ambientais (80 a 90%). O tabagismo é um dos fatores ambientais que causa o câncer.

Álcool e alcoolismo
As bebidas alcoólicas são consideradas drogas lícitas. Contudo, elas produzem efeitos negativos ao organismo
como, por exemplo: acumulação de gordura no coração e no fígado (e até mesmo cirrose); afeta habilidades do
cérebro como memória e aprendizado; inflamação do estômago e pâncreas (até mesmo uma falência pancreática);
ou a ascite, também conhecida como barriga d’água, inflamação no abdômen causado pela inflamação do fígado.

Um levantamento da Confederação Nacional dos Municípios com base em dados do Ministério da Saúde traçou um
mapa das mortes provocadas diretamente pelo consumo de entorpecentes. Entre 2006 e 2010 foram registrados
uma média de 8.000 mortes por ano (total de 40.692 nos cinco anos), sendo que 85% dessas mortes estiveram
associadas ao uso de bebidas alcoólicas.

Álcool e direção são duas coisas que não combinam. Dados adaptados da Organização Mundial da Saúde traçam a
estimativa de mortes relacionadas a acidentes de trânsito e o uso de álcool em 2012. A cada 100 mil habitantes,
52,5 homens e 11,3 mulheres morrem em acidentes de trânsito. Desses acidentes 18% (homens) e 5,2% (mulheres)
estão associados ao uso de álcool.

Outros dados ainda apontam que doenças e prejuízos total ou parciais decorrentes do uso do álcool se dão da
seguinte maneira: violência interpessoal (22%), câncer no esôfago (22%), câncer na laringe (23%), pancreatite
(25%), cirrose hepática (30%), síndrome alcoólica fetal (100%), transtornos relacionados ao álcool (100%).

A cirrose é um desfecho de lesões no fígado que se cicatrizam, fazendo com que o órgão vá perdendo sua
funcionalidade e caminhe para a falência completa. Essa doença pode resultar de agressões crônicas ao fígado
como o ataque de vírus (Hepatite A, B, C) ou o abuso de bebidas alcoólicas. É importante fazer a ressalva de que a
cirrose não tem cura (tendo como alternativa apenas o transplante de fígado). São sintomas da cirrose: pele
amarelada, inchaço no abdômen, emagrecimento, fraqueza, perda de apetite, mau hálito intenso, nódulos
amarelados pelo corpo (sobretudo próximos da pálpebra), tosse e vômito com sangue, perda de cabelo.

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 Efeitos do tabaco, álcool e drogas na gravidez
Pensar que os efeitos do uso dessas drogas na gravidez se dá apenas pelo uso da mãe é totalmente errado. O pai e
outras pessoas podem afetar na gravidez, por exemplo, com o uso do cigarro onde a grávida pode acabar sendo
fumante passiva, ou, até mesmo, vítima de agressões em decorrência do uso do álcool de terceiros.

Agora, vejamos, especificamente, quais são alguns dos efeitos da presença e uso de tais drogas no período da
gravidez:

Tabaco:

 Aumento da chance de defeitos congênitos;

 Maior chance de aborto espontâneo;
 Maior chance de nascimento prematuro;
 Aumento da chance de descolamento da placenta;
 Maior chance de natimortos (termo usado quando o feto morre ainda dentro do útero);
 Maior chance de baixo peso ao nascer;
 Aumento da chance de pulmões fracos no nascimento.

Álcool:

 Maior chance de paralisia cerebral;

 Maior chance de aborto espontâneo;
 Maior chance de baixo peso ao nascer;
 Maior chance de síndrome alcoólica fetal;
 Maior chance de natimortos.

Síndrome alcoólica fetal: é o transtorno mais grave das desordens fetais acometidas pelo uso de álcool por parte
da mãe durante a gravidez. Os efeitos são decorrentes da interferência na formação cerebral, anomalias do sistema
nervoso central, retardo no crescimento e prejuízos no desenvolvimento cognitivo e comportamental.

Cocaína:

 Aumento das chances de defeitos renais;

 Aumento das chances de descolamento da placenta;
 Maior chance de baixo peso ao nascer;
 Aumento da chance de defeitos cardíacos e arritmias;
 Maior chance de menor circunferência da cabeça;
 Maior chance de nascimento prematuro.

Heroína:

 Aumento da chance de restrição do crescimento intrauterino;

 Maior chance de síndrome de abstinência neonatal;
 Maior chance de baixo peso ao nascer;
 Aumento da chance de doença devido ao compartilhamento de agulhas (HIV e Hepatite);
 Maior chance de nascimento prematuro.

Legislação antiálcool e antifumo

No Brasil, existem leis específicas que promovem o combate ao uso do álcool e fumo. Com uma rápida pesquisa na
internet, você poderá acessar tais leis na íntegra. A seguir citamos elas:

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Lei nº 9.294, de 15 de julho de 1996 – Dispõe sobre as restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígeros,
bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas, nos termos do § 4º do art. 220 da Constituição
Federal.

Decreto nº 2.018, de 1º de outubro de 1996 – Regulamenta a Lei nº 9.294, de 15 de julho de 1996, que dispõe
sobre as restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e
defensivos agrícolas, nos termos do § 4º do art. 220 da Constituição Federal.

Lei nº 12.546, de 14 de dezembro de 2011 – Conhecida como lei antifumo, no art. 49 define que “Os arts. 2º e 3º
da Lei no 9.294, de 15 de julho de 1996, passam a vigorar com a seguinte redação: ‘Art. 2º. É proibido o uso de
cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos ou qualquer outro produto fumígeno, derivado ou não do tabaco, em
recinto coletivo fechado, privado ou público. [...]’”.

Essa lei, além de proibir o fumo em locais totalmente fechado, agora também impede esse ato em locais
parcialmente fechados em qualquer um de seus lados por uma parede, divisória, teto ou toldo. Também proíbe a
instalação de fumódromos. A lei vale para áreas comuns de condomínios e clubes.

Lei nº 11.705, de 19 de junho de 2008 – Conhecida como Lei Seca. Altera a Lei no 9.503, de 23 de setembro de
1997, que ‘institui o Código de Trânsito Brasileiro’, e a Lei no 9.294, de 15 de julho de 1996, que dispõe sobre as
restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos
agrícolas, nos termos do § 4o do art. 220 da Constituição Federal, para inibir o consumo de bebida alcoólica por
condutor de veículo automotor, e dá outras providências.

Lei nº 13.106, de 17 de março de 2015 – Altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do
Adolescente, para tornar crime vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar bebida alcoólica a criança ou a
adolescente; e revoga o inciso I do art. 63 do Decreto-Lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941 - Lei das Contravenções
Penais.

Exerça a temperança
No site da igreja (www.adventistas.org/pt) encontramos a seguinte recomendação: “A recomendação da
Igreja Adventista é a de que as pessoas tenham uma vida equilibrada em diferentes aspectos da parte da saúde
mental e física. Ou seja, temperança envolve mais do que a abstinência de certos tipos de drogas lícitas ou ilícitas,
mas o uso dos remédios naturais de Deus, além de uma vida equilibrada no trabalho, no lazer e nas relações
pessoais. A temperança, na verdade, é um conceito muito amplo que envolve a mudança de hábitos e exige um
milagre da parte de Deus para que possamos adorá-lO corretamente”. Dessa forma, se dá as seguintes dicas:

 Abandone certos tipos de drogas lícitas ou ilícitas (o que inclui o álcool, fumo, maconha, cocaína e outras
drogas com efeitos devastadores comprovados para a mente e corpo).
 Evite sobrecarga de trabalho e estudos, principalmente depois de um dia de intensa atividades.
 Não exagere no tempo de lazer. O lazer é importantíssimo, mas há tempo para a ocupação profissional e
para esse tipo de descanso.
 Mesmo práticas saudáveis devem ser feitas com equilíbrio como atividade física, alimentação, ingestão de
água, entre outras iniciativas.

Equipe de Instrução Responsável

Victor José Machado de Oliveira
Instrutor do Clube de Líderes Monte Everest
Líder de Desbravadores
Professor Mestre em Educação Física (PPGEF/UFES)

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