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RPGM
Revista Acadêmica

A IMPORTÂNCIA DE IDENTIFICAR AS DIFICULDADES E TRANSTORNOS DE


APRENDIZAGEM

IMPORTANCE OF IDENTIFYING LEARNING DISABILITIES

Josélia Chaves dos Santos1, Milton Tadeu Piscinato2

RESUMO
Este trabalho trata das dificuldades e transtornos de aprendizagem, têm como objetos de estudo
os dilemas, anseios e as dificuldades enfrentadas por quem passa por esse tipo de problema no
ambiente escolar. Aborda a importância do diagnóstico cedo, preciso a partir da sala de aula. Sabe-
se que as crianças adquirem conhecimentos por meio de experiências cognitivas concretas onde a
afetividade faz parte desse processo, pois são tão importantes quantos outros fatores na formação.
É preciso ter um olhar visando às possibilidades para não gerar rótulos negativos que marcam e que
ao passar do tempo poderão interferir na vida e certamente marcarão sua formação como sujeito.
Através do diagnóstico e atendimento especializado é possível modificar a história dessas crianças,
sendo capaz de superar as dificuldades se forem bem assistidas.

Palavras-chave: Dificuldades; Transtorno; Aprendizagem, Diagnóstico, Rótulos.

ABSTRACT
This work deals with difficulties and learning disorders, whose object is to study the dilemmas, desires and
difficulties faced by those who experience this type of problem in the school environment. It addresses
the importance of early, accurate diagnosis from the classroom. It is known that children acquire
knowledge through concrete cognitive experiences where affectivity is part of this process because they
are as important as other factors in the formation. It is necessary to have a look at the possibilities not to
generate negative labels that mark and that over time may interfere in life and will certainly mark their
formation as subject. Through the diagnosis and specialized care it is possible to modify the history of
these children, being able to overcome the difficulties if they are well attended.

Keywords: Difficulties; Disorder; Learning, Diagnosis, Labels.

1 EPG Tom Jobim

2 Faculdades Integradas Campos Salles - FICS

Revista de Pós-Graduação Multidisciplinar, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 35-44, mar./jun. 2017.


ISSN 2594-4800 | e-ISSN 2594-4797 | doi: 10.22287/rpgm.v1i1.506
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1. INTRODUÇÃO
É visto e acompanhado o drama de muitas crianças, pobres, ricas, negros, brancos enfim não
interessando a classe social, indivíduos com problemas na escola, ou seja, problemas na aprendizagem,
principalmente no que refere à alfabetização. Muitas teorias têm sido criadas, buscando ajudar pais e
filhos nesta tarefa que é tão difícil e que se faz muito presente em nossa sociedade. Além da família,
uma das etapas mais importantes da vida de um ser humano é a alfabetização, o ler, escrever, contar,
interpretar, e neste processo, quando algo não funciona bem em nosso organismo físico, biológico,
etc., grandes prejuízos são gerados ao indivíduo.

Através da alfabetização o indivíduo é capaz de inserir-se no âmbito social. Essa inserção


se faz inclusive quando indivíduo inicia seu processo escolar, é a partir daí que as portas, novas
oportunidades se abrem, no entanto quando isso não acontece satisfatoriamente e alguns problemas
surgem, é necessário reavaliar buscar soluções para sanar os problemas, buscar profissionais
envolvidos no sistema, fazendo com que sejam amenizadas as situações e que onde haja dificuldade
de aprendizagem ou transtorno de aprendizagem, possa ser corrigido, a ponto de possibilitar e
garantir que o direito a educação de qualidade igualitária seja oferecido a todos.

São grandes os desafios na educação e com os profissionais se conscientizando realmente,


num sistema de cooperação com a família para que tenhamos uma sociedade mais justa, onde
o diferente não é tratado com preconceito e discriminação, a ponto que conhecimentos sejam
modificados através da compreensão dos mesmos tornando a aprendizagem mais significativa e
com menos sofrimento.

Os problemas de aprendizagem que acercam a nossa sociedade estão cada vez mais presentes
em todas as classes, o que torna o processo cada vez mais complexo e delicado para pais, alunos
e professores. Algo se deve fazer para tornar a aprendizagem menos dolorida e atraente para as
crianças que tem tais dificuldades de permanecer concentrados em suas atividades em sala de aula.

Portanto, dentro do processo de ensino-aprendizagem é de suma importância e objetiva-


se com esse estudo, entender como diferenciar dificuldades de aprendizagem de transtornos de
aprendizagem, tendo em vista que cada caso deve ser tratado separadamente, por haver muitas
vezes confusão no diagnóstico e tratamento de ambos.

Haja vista também a necessidade de orientar professores e pais para como lidar com ambas
as situações, pois eles é que irão lidar com as crianças e precisarão por em prática as orientações de
especialistas para melhor desempenho da criança.

Esse tema foi escolhido por perceber-se que nas escolas muitas crianças sofrem por não conseguirem
acompanhar as atividades propostas e apresentarem dispersão, o que muitas vezes vem a parecer que a
criança tem falta de interesse, ou seja, “preguiçosa”. Nisso percebe-se a exclusão dessa criança que nem ao
menos teve a chance de usufruir de outros recursos a não ser o utilizado tradicionalmente.

Diante dos rótulos impostos a criança lhe é negada a oportunidade de investigar as causas, o
porquê de fato todas as crianças tem o desejo de descobrir e aprender naturalmente e quando isso
não ocorre, a criança acaba sendo a culpada por suas dificuldades. Por isso, a importância da busca
de um diagnóstico que a favoreça e lhe dê direitos.

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Em meio a tudo isso, tem-se a problemática de como identificar do que a criança sofre e como
recorrer aos profissionais especializados para um auxílio pedagógico, bem como lidar com essa
criança, para lhe oferecer aprendizagens significativas.

A metodologia utilizada foi realizada através do método indutivo, pois consultando as diversas
bibliografias listadas e citadas, conseguiu-se fazer um levantamento da história do tema, diferenciar
a dificuldade do transtorno de aprendizagem e listar a pais e professores como lidar com o caso.
Esse trabalho ainda é direcionado a estudantes de inclusão e especialistas que busquem um melhor
aprofundamento sobre o tema.

2. HISTÓRICO RUMO À VALORIZAÇÃO DA CRIANÇA PORTADORA DE


DIFICULDADES.
Para Eugênio Cunha, (2012, p.12) a inclusão, citando Paulo Freire em sua reflexão, diz que “O
homem, por ser inacabado, não sabe de maneira absoluta. Somente Deus sabe de maneira absoluta”.
Assim para se implementar e compreender escola de hoje e necessário conhecer um pouco da
história e nos remetermos a pedagogia “antiga” de onde surgiram os primeiros sinais de inclusão,
onde os Romanos conseguiram universalizar sua “humanitas” por meio do cristianismo.

Gadotti (2005) “Cristo, do ponto de vista foi um grande educador, popular e bem
sucedido. “Seus ensinamentos ligavam-se essencialmente à vida”. A pedagogia de
Jesus era concreta. Suas palavras advinham de calor dos fatos”, motivadas por suas
numerosas andanças pela Palestina.

De acordo com Gadotti, Cristo foi o primeiro a pensar a inclusão, já que em suas andanças
tratou com pessoas muito diferentes ainda que entre si, pois Cristo incluiu deficientes, mulheres,
judeus, bárbaros, romanos, enfim aqueles que viviam a margem da sociedade, antecipando-se,
portanto a outros grupos que surgiriam dando continuidade à história mundial, propriamente no
século XX. Neste ínterim passou o pensamento pedagógico por várias correntes como iluminismo,
medieval, revolução industrial, etc., a qual mudou o que Cristo deixou e solidificou um pensamento
onde a escola e a sociedade funciona como fábrica, e solidificou-se uma educação elitizada, calçada
de regras, vigilância e punição. Segundo Michel Foucault (2008), a marca de ferro quente fora abolida
na Inglaterra e na França.

Para Foucault um exército tecnicista inteiro veio substituir o carrasco do passado, o anatomista
imediato do sofrimento, os guardas, os médicos, os capelães, os psiquiatras, os psicólogos, e os
educadores, assim se idealizou um plano modelo de prisão para todas as instituições de ensino.

Magnoli (2009) (CUNHA, 2012, P.21), afirma que o evolucionismo de Darwin veio oferecer
o preconceito científico ao dizer que alguns seres são menos evoluídos do que outros, devido à
hierarquia da raça humana, no entanto na educação com o desenvolvimento do comércio e
revoluções, na busca incessante pelo controle dos negócios, surgimento de máquinas e tecnologias
rumo ao aumento da produção, fez com que homens e mulheres migrassem do campo para a
cidade, o que fez com cidades como Londres batesse recordes de crescimento demográfico, fazendo
com que o planejamento fosse totalmente abolido da vida da sociedade urbana. Neste sentido a
concepção capitalista de trabalho, a produção foi impregnada na mente deste novo cliente, o que

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fez com que a concepção de humanidade, a relação do homem com o semelhante fosse totalmente
forjada, o que influenciou consideravelmente na formação de educação do mundo. Essa ideia de
servente, servo e patrão, superior, inferior, regras, controle, punição, etc., foi-se para dentro da escola,
já que, se lá nas fábricas agia assim, jamais na escola poderia ser diferente, se formando assim uma
concepção de professor, o mestre que conhece tudo, que manda e os outros inferiores obedecem.

Neste sentido a educação era ideológica, um objeto de dominação, onde o professor agia sobre
o aluno e assim se formava as futuras mentes, para obedecer. (op. cit, p.22). Assim a tendência era
reproduzir sujeitos com valores culturais iguais aos seus superiores, valorizando demasiadamente a
disciplina e desvalorizando o ser humano, distanciando assim e muito, do ofício inicial de educação
igualitária, solidária e para todos. Ainda nesta linhagem Pierre Bourdieu (2008), ajuda-nos a entender
alguns paradigmas até a chegada da educação inclusiva no século XX. A escola só cumpria o que o
poder mandava, dentre tantas ações que não favoreciam a inclusão das minorias e menos favorecidos.
(Cunha, 2010, Afeto e Aprendizagem). E finalmente:

[...] de certo modo a escola tornou-se uma reprodução do modo da sociedade


dominante, uma continuação do poder que veio para contrapor-se às desigualdades,
mas que a legitimou que veio como uma alternativa à dominação vigente, mas que
a reproduziu, criando novas vias de alternativas, que caminharam pelas antigas,
reproduzindo o mesmo amálgama que pretendia substituir. “Isto porque a escola
não se fundamentou naquilo que é essencial à educação como recurso do homem
à superação de si mesmo a dos seus limites em busca de igualdade: o amor”.

Entre tantos caminhos e voltas conheceremos um pouco sobre o tema “Dificuldades de


Aprendizagem” e seus dilemas através da história e bibliografias estudadas. Segundo Garcia (1998)
e Sisto (2007), as pesquisas sobre o tema dificuldades de aprendizagem, se deram por volta do ano
de 1800, pelo médico Franz Gall em adultos com lesão cerebral. Após perderem a capacidade de se
expressarem através da fala, percebeu-se que suas habilidades intelectuais continuavam normais.

Para García (1998), os estudos prosseguiram, momento em que houve grandes contribuições
significativas para a história das dificuldades de aprendizagem com Cyril Normam Hinshelwood em
1917. Ele sugeriu que as dificuldades de aprendizagem de leitura se davam por alterações cerebrais
congênitas. Em 1937 com Orton, surge a proposta de métodos de correção destas dificuldades
de leitura e em 1942, Strauss e Werner voltam seus estudos para crianças com lesões cerebrais
acompanhadas de retardamento mental. No primeiro período de investigação sobre as dificuldades
de aprendizagem (entre 1800 e 1963), as posições teóricas giraram em torno das análises médicas,
resultando no desenvolvimento de um conceito organicista de dificuldades de aprendizagem, onde
a “alteração cerebral serviu como explicação para as dificuldades de aprendizagem de acordo com
os programas de intervenção” feitas na época. (SISTO, 2007).

Na mesma época um psicólogo de nome Samuel Kirt (apud Sanchez, 1998) apresentou uma
posição inovadora e intrigante a respeito do tema, ao perceber que crianças que não tinham nenhum
atraso visual, motor, intelectual, etc., também apresentavam dificuldade de leitura.

A partir dessas descobertas de Kirt deu–se o nome para esse tipo de problemas como
Dificuldade de Aprendizagem, que influencia no rendimento escolar. O parecer de Kirt agradou
muito aos pais que estavam aflitos para obter respostas aos seus questionamentos referentes à vida

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de seus filhos. Sanchez (1998) afirma que há um consenso geral em situar a fundação oficial desse
campo em 1963, quando um grupo de pais que compartilhavam ter algum filho que sem razão
aparente manifestava dificuldades persistentes na aprendizagem da leitura, então reuniram em um
hotel na cidade de Chicago EUA, e convocaram especialistas, médicos, neurologistas e psicólogos na
esperança de que esses dessem alguma explicação sobre os problemas surgidos a seus filhos.

Momento esse que deu o início a um movimento diferente de valorização a essas crianças
na tentativa de compreender o que estava acontecendo com sua aprendizagem, após essa reunião
fundaram uma associação que ficou conhecida como “Associação de Crianças com Dificuldades de
Aprendizagem”, na tentativa de pressionar as autoridades a pensar uma maneira de ajudar esses
pais a educar seus filhos com profissionais especializados e com qualidade dentro da própria escola.
Assim o ano de 1963 ficou marcado como o início de uma nova era nesse campo, Kirt ficou conhecido
como o pai da descoberta das dificuldades de aprendizagens, por mostrar que o problema precisava
de atenção especial na área educacional.

Ao longo da história literaturas apontam para alguns fatores como possíveis determinantes do
problema, sendo que com o passar dos anos é cada vez maior o número de crianças com dificuldades
de aprendizagem. Há uma grande confusão também com os termos usados para os problemas de
aprendizagem como, a diferença existente entre dificuldade e distúrbio de aprendizagem, que muitas
vezes são confundidos entre si. Também serão apresentadas pesquisas nessa área que caracterizam
o reflexo da dificuldade na situação escolar, e veremos que vários fatores podem desencadear
problemas como dislexias, psicopatias, alterações no desenvolvimento cerebral, desequilíbrios
químicos, hereditariedade. (SISTO, 2007).

Segundo Garcia (1998) com todas essas descobertas houve um grande interesse pelo tema.
Médicos, pais, professores, pesquisadores, psicopedagogos... Esse interesse fez com que surgissem
novas associações nos EUA:
•• Division for Learning Disabilities (DLD);
•• National Joint Committee on Learning Disabilities (NJCLD);
•• Learning Disabilities Association of America (LDA);
•• Exceptional Children (CEC Council for).
A NJCLD se tornou uma das instituições mais importantes dos EUA, que acabou influenciando
na escolha do nome para as dificuldades, no ano de 1988, a qual se tornou referência para os estudos
na área:

“Dificuldade de Aprendizagem (DA) é um termo geral que se refere a um grupo


heterogêneo de transtornos que se manifestam por dificuldades significativas
na aquisição e uso da escuta, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades
matemáticas. Supondo-se que isso seja uma disfunção do sistema nervoso central.
(SAMPAIO, 2011).

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3. DESMISTIFICANDO O PROBLEMA: DIFICULDADES X TRANSTORNOS DE


APRENDIZAGEM
Ao longo da história literaturas apontam para alguns fatores como possíveis determinantes
do problema, o que levou as autoras Simaia Sampaio e Ivana Braga a fazerem um estudo baseado
em uma longa pesquisa e nos dar algum parecer e definições a respeito do tema. E sendo que com
o passar dos anos é cada vez maior o número de crianças com dificuldades de aprendizagem, há
uma grande confusão também com os termos usados para os problemas de aprendizagem como
um todo, a diferença existente entre Dificuldade e Distúrbio de aprendizagem, que muitas vezes são
confundidos entre si. Também serão apresentadas pesquisas nessa área que caracterizam o reflexo
da dificuldade na situação escolar. (SAMPAIO, 2011).

“Há uma grande confusão, sobre dificuldades e transtornos de aprendizagem. A


miscelânea conceitual referente a estes tópicos tem resultado frequentemente
em alunos mal preparados, educadores, profissionais pouco habilitados e uma
sociedade pouco preparada para compreender, aceitar e incluir aquelas pessoas
que têm limites e, ao mesmo tempo, potenciais que precisam ser identificados,
abordados e explorados de forma positiva”. (Id.ibd).

Segundo as autoras embora nas últimas décadas muito tenha se escrito, tenha aparecido
uma vasta literatura sobre o tema funcionamento do cérebro, para compreender ao processo de
aprendizagem, ainda é muito confuso sua compreensão, estudos mais complexos estão sendo
desenvolvidos, ainda assim, professores e educadores têm um conhecimento ainda “limitado” sobre
o tema, mesmo com o avanço dos instrumentos de pesquisas e formação dos novos profissionais na
área da neurociência, o que se pressupõe que se conheça um pouco mais sobre o tema.

Com o surgimento de novas tecnologias as pesquisas estão se desenvolvendo cada vez mais
e os pesquisadores podem ter um contato maior e mais próximo com o cérebro do indivíduo em
atividade para assim explicar os fatores presentes nos portadores de tais dificuldades, com o uso
da Neuroimagem, os pesquisadores tem a seu dispor hoje, ajuda na descoberta dos processos
neurofuncionais. (GÓMEZ & TÉRAN, 2009).

A partir destes estudos é que conseguiu se compreender de maneira mais precisa como
funciona as estruturas do cérebro, rumo a aquisição de novas aprendizagens, que se dá a partir de
conexões que ocorrem de maneiras diferenciadas, o que faz como que cada indivíduo aprenda de
uma maneira, em tempos diferentes e também de maneira contínua e flexível. Usando-se os sentidos,
os indivíduos aprendem de maneira dinâmica, uns com o visual, outro aprende melhor como a
audição, outro ao escrever, outro ao ouvir, outro ao tocar, enfim utilizando-se dessas conexões e
informações, assim há uma integridade e se chega a aprendizagem.

Assim Taya, 2003 (SAMPAIO; FREITAS, 2011, P.90) define Transtorno de Aprendizagem ou
Transtorno de Aprendizagem específica (Learning Disabilities, NJCLD, 1998)

Dificuldade de Aprendizagem é um termo geral que se refere a um grupo


heterogêneo de desordem manifestado por dificuldades significativas na
aquisição e utilização da compreensão auditiva, da fala, da leitura, da escrita
intrínseca ao indivíduo, presumindo-se que sejam devidas a uma disfunção
do sistema nervoso central, podem ocorrer durante toda a vida. O problema na

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autorregulação do comportamento e na percepção social podem existir com as DA.


Apesar da DA ocorrer com outras deficiências, por exemplo deficiência sensorial,
deficiência mental, distúrbios socioemocionais ou com influências extrínsecas,
(por exemplo diferenças culturais, insuficiência ou inapropriada instrução etc.),
elas não são resultado dessas condições, (Fonseca, 1995). Como uma disfunção
neuropsicológica– problemas que impedem o funcionamento integrado do
cérebro em desenvolvimento. Trata-se, pois de um problema de maturação, e no
desenvolvimento neuropsicológico.

“como um transtorno em um ou mais dos processos psicológicos básicos


implicando na compreensão ou no uso da linguagem falada e escrita, que pode se
manifestar em uma habilidade imperfeita para escutar, falar, ler, escrever, soletrar
ou refazer cálculos matemáticos”. (Fonseca, 1995).

As dificuldades de aprendizagem são muitas vezes vistas no ambiente escolar como dispersão
e falta de vontade de aprender por parte da criança. O profissional de educação por sua vez deve
observar e identificar as possíveis causas que leva a esse problema, que traz tantos prejuízos para a
vida escolar da criança e sua vida social. Em geral, são rotuladas, o que pode segui-las por toda a vida
escolar, enfatizando suas dificuldades, descartando assim o direito do aprendizado. Quando se tem
um olhar voltado para as necessidades da criança buscam-se meios e recursos para que todos sejam
atendidos respeitando as características individuais.

4. DIFICULDADES OU PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM


Para ser diagnosticado como DA é necessário o envolvimento de pelo menos três áreas do
conhecimento interdisciplinarmente, com um entrelaçamento dos conhecimentos Neurologia,
psicopedagogia, e Psicologia, a Report da National Advisory Committee on Handicaped ( Children
1968) assim explica:

Uma criança com DA é uma criança com aptidões mentais adequadas processos
sensoriais, estabilidade emocional, que tem um limitado número de deficiências
específicas nos processos perceptivos, integrativos ou expressivos que impedem
a eficiência de aprendizagem. Estão também incluídas crianças que tenham
disfunções dos Sistemas Nervoso Central, que são expressas fundamentalmente
por uma privação na eficiência da aprendizagem (apud Fonseca, 1995, p. 194)
SAMPAIO; FREITAS, 2011.

Para não correr o risco de apresentar diagnósticos falhos e possibilitar a eliminação de fatores
que são relevantes à identificação e causa do problema se torna importante que observemos
em nossas escolas, como pais, professores e famílias como tratar as crianças que tem baixo
desenvolvimento, elas são rotuladas como burras, perturbadas, demoníacas, incapazes de aprender,
o que acaba fazendo com que a criança tenha uma baixa estima, construindo assim uma imagem
ruim, de si mesmo, e se sinta incapaz de conseguir vencer seus anseios e dificuldades e mudar
a situação. (Araújo e Tavares, 2008). Assim se define de acordo com a oitava definição criada em
1977 para a questão e registrada em 1986 (id. ibid.) nos Estados Unidos da América, entre outros
encontramos também mais alguns fatores agravantes aos transtornos de aprendizagem:

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•• Dislexia
•• Disortografia
•• Disgrafia
•• Discalculia e Transtorno não verbal da aprendizagem.
Segundo MERCH (apud MALUF) o processo de aprendizagem é um processo compreendido
com o pluricasual, que é o resultado de vários fatores, tais como emocional, afetivo, social, motor,
cognitivo, econômico e político, o que implica dizer que para aprendizagem é um fator formado por
diversas realidades e não unicamente, jamais podemos diagnosticar baseado em apenas um fator,
tendo em vista que são várias causas que contribuem para isso.

Segundo o estudo realizado por MERCH as principais características de dificuldades de


aprendizagem são:
•• Falta de desempenho cognitivo não é compatível a outros no mesmo nível.
•• A dificuldade ultrapassa o normal encontrado pelas outras pessoas normais, e faz com o que
o sujeito tenha ima baixa estima de si mesmo.
•• DA é passageira, quando uma determinada situação muda, a criança muda também, podem
ser identificados na pré-escola.
•• Pode ser evitado se tomar algumas medidas de prevenção como respeito aos níveis das
crianças.
•• Permitir que a criança interaja com os outros, tendo oportunidade de pensar, refletir,
compreender o seu mundo ao redor. (Ivana Freitas, 2011, P.28-29).
A Dificuldade de Aprendizagem (DA) é diferente do transtorno de aprendizagem (DT), pois
a criança apresenta inteligência normal, tanto no campo visual como auditivo e sensorial, bem
como ajustamento emocional e perfil motor. Não possui inferioridade intelectual global, seus
sistemas continuam intactos, não é evidenciado perturbações emocionais severas nem apresenta
motricidade disfuncional, a DA pode ser provocadas por causas transitórias e outros casos chamados
de transtornos reativos que são os de ordem que mais se prolonga como;( id,ibd p. 234)
•• Trocas frequentes de escola;
•• Troca de professor ou falta de identificação com o mesmo;
•• Efeitos colaterais de medicamentos usados, que muitas vezes mudam o humor, e
comportamento em geral da criança;
•• A família pode ser muito autoritária ou ao contrário.
•• Problemas de drogas ou álcool presente no seu meio, na família.
Existem também os Transtornos reativos causados por algum tipo de problema que se torna
um trauma mais profundo na vida da criança, ou seja, Transtornos emocionais:
•• Falecimento de um parente próximo;
•• Algum momento difícil que à família esteja passando;
•• Separação e brigas dos pais; abuso e rejeição escolar;
•• Causas emocionais, não suportar uma carga emocional;
•• Não aceitação de um novo professor ou sua metodologia de ensino;

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•• Bullying; crítica por parte de crianças maiores.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não existe uma receita pronta para tratar os problemas de aprendizagem, sejam eles Transtornos
ou apenas dificuldades que são transitórias, sendo que o Transtorno é de origem neurológica e a
dificuldade de origem pedagógica, devido à diversidade extensa existente, sendo que o número
de combinações entre os sintomas é imenso, além disso, existem particularidades inerentes a cada
caso. Contudo pode-se pensar em estratégias que certamente contribuirão também para o avanço
do cognitivo e comportamental de todo esse grupo de crianças e adolescentes. Isso é pensar em
inclusão.

Ao realizar esse trabalho, ficou muito claro como se dá o processo de ensino aprendizagem, e
que qualquer problema, por menor que seja desde uma briga simples de família, ao mais alto grau,
pode prejudicar e muito o desenvolvimento da criança. E também a grande responsabilidade que
nós professores educadores temos a frente, é observar, amenizar, perceber, sermos usados como
um canal que leve essas crianças a um bom desenvolvimento, desde o trato com a família, a fazer
encaminhamentos para especialistas, de fato sondar a criança. Temos que nos preparar, reciclar,
formar continuamente para lidar com as situações encontradas na escola.

A missão na escola do século XXI é de realizar a inclusão de todos, na escola, na sala de aula, é
ser realizador de um processo difícil, e complexo, mas prazeroso quando se coloca o profissionalismo
e a vontade, um trabalho de amor e dedicação em primeiro lugar. Portanto, temos que aprender
a lidar com as características específicas de cada aluno, observar minimamente cada aluno, além
de aplicar disciplina do conhecimento, estamos formando pessoas, cidadãos que construirão e
protagonizarão suas próprias histórias e darão sequência a nossa sociedade. Os pais têm que ficar
em plena sintonia com nossos filhos, atentos a qualquer mudança de comportamento ou dificuldade
encontrada na escola, sabendo-se que nos últimos anos tem se agravado grandemente e surgido
várias dificuldades de aprendizagem.

É importante refletir sobre a importância da afetividade em sala de aula, de modo que os


alunos possam ser compreendidos, aceitos e respeitados e que os professores possam entender
seus sentimentos e ter sensibilidade para ouvir, dialogar, e apoiá-los a fim de que busquem superar
suas dificuldades, bem como a família estar cada vez mais presente na educação de seus filhos, o
que foi quebrado nas últimas décadas, com a ascensão da mulher ao mercado de trabalho. Através
da pesquisa ficou claro que para os problemas de dificuldade de aprendizagem são mais fáceis de
resolver, porque vem geralmente de métodos, problemas externos, o que faz com que se aplicarmos
o nosso conhecimento e boa vontade sanaremos e tornaremos o processo mais dinâmico rumo a
tal superação, consequentemente teremos crianças mais felizes, seres humanos melhores, famílias
gratas e enfim veremos de fato a realização da crença de uma tão sonhada nova visão de educação
para os próximos séculos.

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INFORMAÇÕES DOS AUTORES


Josélia Chaves dos Santos é professora de Educação básica, formada em Letras nas Faculdades de
Guarulhos em 2009, trabalha na EPG Tom Jobim. joseliachaves@hotmail.com.

Milton Tadeu Piscinato, graduado em Matemática pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras
de Santo André (1987), com especialização em Sistemas de Informação pela Faculdade de Filosofia
Ciências e Letras de Santo André (1993) e mestrado em Administração pela Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (1999). Atualmente é professor da Instituição FICS - Faculdades Integradas
Campos Salles, unidade Lapa.

Revista de Pós-Graduação Multidisciplinar, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 35-44, mar./jun. 2017.


ISSN 2594-4800 | e-ISSN 2594-4797 | doi: 10.22287/rpgm.v1i1.506

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