Sie sind auf Seite 1von 5

CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS SOCIAIS

Discentes: Katherine Lopes Ferreira e Maria Aparecida P. Coimbra

Disciplina: História Social e Política do Brasil

Professor: Gabriel Paula

Data: 24/06/2019

A música “Tributo aos Orixás”, é de autoria de Mauro Duarte, Noca e Rubem Tavares.
Seu gênero musical é o latino e seu estilo musical o samba. Teve como principal intérprete a
cantora Clara Nunes que a lançou em 1972 em seu álbum “Clara Clarice Clara”, em formato
Vinil LP, na faixa 3, lado B.

Sobre seu principal autor

Mauro Duarte de Oliveira, nasceu em 02 de junho de 1930, na cidade de Matias


Barbosa em Minas Gerais e faleceu em 26 de outubro de 1989, na capital Rio de Janeiro, foi
compositor, cantor e ator, trabalhou também como ourives e bancário. Começou a compor aos
10 anos de idade e aos 15 já fazia parte da Ala de Compositores do Bloco Mocidade Alegre de
Botafogo, onde também atuava como ritmista. Compôs mais de 58 sambas ao longo de sua
carreira como compositor, e como ator, participou dos filmes "Coração de Ouro", baseado na
composição homônima de Elton Medeiros e Joacyr Santana e do filme "O Homem Nu", baseado
na crônica de Fernando Sabino.

Sobre sua Intérprete

Clara Francisca Gonçalves Pinheiro, mais conhecida como Clara Nunes, foi cantora e
compositora, nasceu em 12 de agosto de 1943, em Cedro, distrito de Paraopeba, em Minas
Gerais, e faleceu em 02 de abril de 1983, na cidade do Rio de Janeiro. Caçula entre seis irmãos,
ficou órfã de pai em 1944 e pouco depois, órfã de mãe, sendo criada por sua irmã Dindinha
(Maria Gonçalves) e o irmão José. Aos 16 anos de idade mudou-se para Belo Horizonte, indo
morar com a irmã Vicentina e o irmão Joaquim, lá iniciou sua carreira artística, num concurso
de calouros promovido pela Fábrica de rádios e televisões ABC, chamado “A voz de ouro
ABC”, em 1960.
Cresceu ouvindo Carmem Costa, Ângela Maria e, principalmente, segundo as suas
próprias palavras, Elizeth Cardoso e Dalva de Oliveira, das quais sempre teve muita influência,
mantendo, no entanto, estilo próprio. A cantora nasceu católica, foi batizada e fez primeira
comunhão, mas, por volta dos 14 anos, teve os primeiros contatos com a religião espírita, por
influência de uma prima, kardecista, e mais tarde após uma viajem à África, aderiu a Umbanda.

Dos anos de 1970 a 1980 o candomblé ganhou as ruas do Brasil, tornou-se enredo de
escola de samba, alegoria de blocos carnavalescos em Salvador, elemento de trama de “novela
das oito”, tema de música interpretadas por cantores populares da MPB etc. O “retorno à
África”, nesse contexto, ganhou outros contornos que extrapolaram os limites da religião. Nesse
período, muitos artistas, assim como os sacerdotes de outrora, dirigiram-se à África, uma África
muitas vezes mítica e idealizada, no afã de redescobrir uma essência de brasilidade, sobretudo
negra, que passou a ser cantada nas rádios e TVs.
Nesse momento histórico, surge o processo de construção de uma imagem artística
que associava a cantora às tradições culturais afro-brasileiras. Os símbolos utilizados para
articular a obra da cantora com o universo cultural afro-brasileiro foram essencialmente
retirados do candomblé e da umbanda, e apareciam nas músicas que cantava, nas suas
performances em shows.
No período entre 1969 e 1974, Clara Nunes, gravou os LPs Clara Nunes; Clara, Clarice
e Clara; Clara Nunes: Brasília e Alvorecer, neles foram gravados sucessos como “Ê Baiana”,
“Misticismo da África ao Brasil”, “Ilu Ayê”, “Tributo aos orixás”, “Morena do Mar”,
“Homenagem a Olinda”, “Recife e Pai Edu”, “Sindorerê”, “Nanaê, Nanã Naiana” e “Conto de
Areia”.
Em 1974 representou o Brasil, junto com o conjunto “Nosso Samba”, no Festival do
Mercado Internacional do Disco e da Edição Musical (MIDEM), que foi realizando em Cannes,
onde cantou a música, aqui a ser analisada, “Tributo aos Orixás”, foi também nessa ocasião que
Clara concedeu uma entrevista sobre seu “figurino afro” à edição francesa da revista Vogue.

A Música

“Tributo aos Orixás”

Agô ilê, agô ilê, agô


Mutumbá, mutumbá
Pai Maior ori babá
Trazidos por navios negreiros do solo africano para o torrão brasileiro
Os negros, escravos
Entre os gemidos e lamentos de dor
Traziam em seus corações sofridos
Seus orixás de fé
Hoje tão venerados no Brasil
Nos rituais de umbanda e candomblé
Nesse terreiro em festa
Entre mil adobás
Prestamos nossos tributos aos orixás
Aos reis das matas, okê bambokim
Ao vencedor das demandas, Guarumifá
Acacarucaia dos orixás, Salubá
A grande guerreira da lei, epahei
Nos rios e nas cachoeiras, yalodê
Ao dono da pedreira, kaô kaô
A rainha do mar, odô-fiabá mamãe
Ao curandeiro das pestes, atotô
Agô ilê, agô ilê, agô
Mutumbá, mutumbá
Pai maior ori babá.

Interpretação

Com um pedido de licença em yorubá (agô ilê), e o pedido de benção entre os nagôs
(Mutubá), o autor da letra desse samba enredo, pede a Oxalá, o pai da cabeça ou pai maior ori
baba, para contar a vinda dos deuses africanos para o Brasil. Os orixás vieram para o Brasil nos
corações dos escravos que a eles recorriam a fim de suportarem os suplícios da escravidão.
Mais tarde esses mesmos deuses africanos passaram a fazer parte do status-quo das religiões
afro-brasileiras, sendo cultuados nos terreiros de umbanda e candomblé.
Sua letra cumpre uma função pedagógica pois explica termos e categorias próprias aos
cultos do Candomblé. Adobá por exemplo é o nome dado a uma oferenda com alimentos da
natureza, em forma de agradecimento, que é prestada como tributo a todos os Orixás.
O primeiro a ser saudado “o rei das matas”, é Oxóssi, usando a expressão okê bamboki,
grito que os devotos fazem para saldar esse orixá, que significa: Salve o Grande caçador!
Em seguida, é a vez de Ogum, Orixá da guerra, que é lembrado pela sua capacidade
de "vencer demandas" e por sua saudação guarumifá.
Nanã é evocada pela sua condição de mais velha dos Orixás, cumprimentada pelo
termo salubá, “Salve a mãe das águas calmas”.
Já Iansã, senhora dos ventos e tempestades, é lembrada como uma guerreira e por seu
grito forte epahey, “Salve o raio!”.
Yalodê é um título que Oxum recebe, senhora dos rios e cachoeiras, Orixá do amor,
da fertilidade e maternidade.
Xangô senhor da justiça é lembrado por sua força, simbolizado pela pedreira e saudado
com a expressão kaô kabecilê, “Permita-me vê-lo, Majestade!”.
A rainha do mar, a deusa Iemanjá, não poderia ser esquecida, com odô-fiabá “Salve a
Senhora das águas” se saúda Iemanjá.
Por fim, completando o panteão recordado pela música, está Obaluaiê/Omolú, o Orixá
da medicina, atotô, “Silêncio para o grande Rei da Terra”.

Discografia:

Reprodução capa do álbum Clara Nunes CLARA CLARICE CLARA:

Reprodução contracapa do álbum Clara Nunes CLARA CLARICE CLARA:


Reprodução Disco:

Referência Bibliográficas

BAKKE, Rachel Rua Baptista, Tem Orixá No Samba: Clara Nunes e a Presença do
Candomblé e da Umbanda na Música Popular Brasileira. Revista: Religião e Sociedade, Rio
de janeiro, volume 27, fascículo 2, Pp. 85-113, 2007.

BIOGRAFIA CLARA NUNES.


Disponível em: <www.dicionariompb.com.br/clara-nunes/biografia>. Acesso em: 21 de junho
de 2019.

BIOGRAFIA MAURO DUARTE.


Disponível em: <www.dicionariompb.com.br/mauro-duarte/biografia>. Acesso em: 21 de
junho de 2019.

SILVEIRA, Leandro Magalhães, Nas trilhas de Sambistas e “povo do santo”: Memórias,


cultura e território negros no rio de janeiro (1905-1950). Universidade Federal Fluminense,
Niterói, 2012.

OBRIGAÇÃO DO ADOBÁ.
Disponível em: <www.comunidadeumbanda.blogspot.com/2009/10/obrigacao-do-
adoba.html>. Acesso em: 24 de junho de 2019.

RITO ANGOLA CABOCLO – SAMBA E ANCESTRALIDADE.


Disponível em: <www.claudio-zeiger.blogspot.com/2012/02/rito-angola-caboclo-samba-
e.html>. Acesso em: 17 de junho de 2019.

Das könnte Ihnen auch gefallen