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Data: 24/06/2019
A música “Tributo aos Orixás”, é de autoria de Mauro Duarte, Noca e Rubem Tavares.
Seu gênero musical é o latino e seu estilo musical o samba. Teve como principal intérprete a
cantora Clara Nunes que a lançou em 1972 em seu álbum “Clara Clarice Clara”, em formato
Vinil LP, na faixa 3, lado B.
Clara Francisca Gonçalves Pinheiro, mais conhecida como Clara Nunes, foi cantora e
compositora, nasceu em 12 de agosto de 1943, em Cedro, distrito de Paraopeba, em Minas
Gerais, e faleceu em 02 de abril de 1983, na cidade do Rio de Janeiro. Caçula entre seis irmãos,
ficou órfã de pai em 1944 e pouco depois, órfã de mãe, sendo criada por sua irmã Dindinha
(Maria Gonçalves) e o irmão José. Aos 16 anos de idade mudou-se para Belo Horizonte, indo
morar com a irmã Vicentina e o irmão Joaquim, lá iniciou sua carreira artística, num concurso
de calouros promovido pela Fábrica de rádios e televisões ABC, chamado “A voz de ouro
ABC”, em 1960.
Cresceu ouvindo Carmem Costa, Ângela Maria e, principalmente, segundo as suas
próprias palavras, Elizeth Cardoso e Dalva de Oliveira, das quais sempre teve muita influência,
mantendo, no entanto, estilo próprio. A cantora nasceu católica, foi batizada e fez primeira
comunhão, mas, por volta dos 14 anos, teve os primeiros contatos com a religião espírita, por
influência de uma prima, kardecista, e mais tarde após uma viajem à África, aderiu a Umbanda.
Dos anos de 1970 a 1980 o candomblé ganhou as ruas do Brasil, tornou-se enredo de
escola de samba, alegoria de blocos carnavalescos em Salvador, elemento de trama de “novela
das oito”, tema de música interpretadas por cantores populares da MPB etc. O “retorno à
África”, nesse contexto, ganhou outros contornos que extrapolaram os limites da religião. Nesse
período, muitos artistas, assim como os sacerdotes de outrora, dirigiram-se à África, uma África
muitas vezes mítica e idealizada, no afã de redescobrir uma essência de brasilidade, sobretudo
negra, que passou a ser cantada nas rádios e TVs.
Nesse momento histórico, surge o processo de construção de uma imagem artística
que associava a cantora às tradições culturais afro-brasileiras. Os símbolos utilizados para
articular a obra da cantora com o universo cultural afro-brasileiro foram essencialmente
retirados do candomblé e da umbanda, e apareciam nas músicas que cantava, nas suas
performances em shows.
No período entre 1969 e 1974, Clara Nunes, gravou os LPs Clara Nunes; Clara, Clarice
e Clara; Clara Nunes: Brasília e Alvorecer, neles foram gravados sucessos como “Ê Baiana”,
“Misticismo da África ao Brasil”, “Ilu Ayê”, “Tributo aos orixás”, “Morena do Mar”,
“Homenagem a Olinda”, “Recife e Pai Edu”, “Sindorerê”, “Nanaê, Nanã Naiana” e “Conto de
Areia”.
Em 1974 representou o Brasil, junto com o conjunto “Nosso Samba”, no Festival do
Mercado Internacional do Disco e da Edição Musical (MIDEM), que foi realizando em Cannes,
onde cantou a música, aqui a ser analisada, “Tributo aos Orixás”, foi também nessa ocasião que
Clara concedeu uma entrevista sobre seu “figurino afro” à edição francesa da revista Vogue.
A Música
Interpretação
Com um pedido de licença em yorubá (agô ilê), e o pedido de benção entre os nagôs
(Mutubá), o autor da letra desse samba enredo, pede a Oxalá, o pai da cabeça ou pai maior ori
baba, para contar a vinda dos deuses africanos para o Brasil. Os orixás vieram para o Brasil nos
corações dos escravos que a eles recorriam a fim de suportarem os suplícios da escravidão.
Mais tarde esses mesmos deuses africanos passaram a fazer parte do status-quo das religiões
afro-brasileiras, sendo cultuados nos terreiros de umbanda e candomblé.
Sua letra cumpre uma função pedagógica pois explica termos e categorias próprias aos
cultos do Candomblé. Adobá por exemplo é o nome dado a uma oferenda com alimentos da
natureza, em forma de agradecimento, que é prestada como tributo a todos os Orixás.
O primeiro a ser saudado “o rei das matas”, é Oxóssi, usando a expressão okê bamboki,
grito que os devotos fazem para saldar esse orixá, que significa: Salve o Grande caçador!
Em seguida, é a vez de Ogum, Orixá da guerra, que é lembrado pela sua capacidade
de "vencer demandas" e por sua saudação guarumifá.
Nanã é evocada pela sua condição de mais velha dos Orixás, cumprimentada pelo
termo salubá, “Salve a mãe das águas calmas”.
Já Iansã, senhora dos ventos e tempestades, é lembrada como uma guerreira e por seu
grito forte epahey, “Salve o raio!”.
Yalodê é um título que Oxum recebe, senhora dos rios e cachoeiras, Orixá do amor,
da fertilidade e maternidade.
Xangô senhor da justiça é lembrado por sua força, simbolizado pela pedreira e saudado
com a expressão kaô kabecilê, “Permita-me vê-lo, Majestade!”.
A rainha do mar, a deusa Iemanjá, não poderia ser esquecida, com odô-fiabá “Salve a
Senhora das águas” se saúda Iemanjá.
Por fim, completando o panteão recordado pela música, está Obaluaiê/Omolú, o Orixá
da medicina, atotô, “Silêncio para o grande Rei da Terra”.
Discografia:
Referência Bibliográficas
BAKKE, Rachel Rua Baptista, Tem Orixá No Samba: Clara Nunes e a Presença do
Candomblé e da Umbanda na Música Popular Brasileira. Revista: Religião e Sociedade, Rio
de janeiro, volume 27, fascículo 2, Pp. 85-113, 2007.
OBRIGAÇÃO DO ADOBÁ.
Disponível em: <www.comunidadeumbanda.blogspot.com/2009/10/obrigacao-do-
adoba.html>. Acesso em: 24 de junho de 2019.