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Conforme o art. 2º do CPP, a lei processual penal será aplicada desde logo, sem
prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior, o que consagra a
incidência do princípio da tempus regit actum.
1.3. Princípios
CADERNO DE PROCESSO PENAL
a) Princípio do devido processo legal: previsto no art. 5º, LIV, da CRFB/1988. Há duas
acepções: um material, que trata da regularidade do processo legislativo, e uma de
cunho processual, que se refere à regularidade dos atos processuais.
b) Princípio da inocência: previsto no art. 5º, LVII, da CRFB/1988. Significa que o
indivíduo não pode ser considerado culpado antes do trânsito em julgado da sentença
penal condenatória.
c) Princípio do juiz natural: previsto no art. 5º, LIII, da CRFB/1988. Significa a garantia
de um julgamento por um juiz competente, de acordo com regras objetivas de
competência e, com isso, a proibição da criação de tribunais de exceção.
d) Princípio da publicidade: preleciona que todo processo é público, salvo algumas
limitações com base no interesse social ou para tutelar-se a intimidade das partes.
Aplicação Prática
(XXIII EXAME DE ORDEM – Questão 64) - Mateus foi denunciado pela prática de um crime de
homicídio qualificado, sendo narrado na denúncia que a motivação do crime seria guerra entre
facções do tráfico. Cinco dias antes do julgamento em plenário, o Ministério Público junta ao
processo a Folha de Antecedentes Criminais (FAC) do acusado, conforme requerido quando da
manifestação em diligências, em que, de fato, constavam anotações referentes a processos pela
prática do crime da Lei de Drogas. Apenas três dias úteis antes do julgamento, a defesa de
Mateus vem a tomar conhecimento da juntada da FAC. No dia do julgamento, após a
manifestação oral da defesa em plenário, indagado pelo juiz presidente sobre o interesse em se
manifestar em réplica, o promotor de justiça afirma negativamente, reiterando aos jurados que
as provas estão muito claras e que o réu deve ser condenado, não havendo necessidade de
maiores explanações. Posteriormente, o juiz presidente nega à defesa o direito de tréplica.
Mateus é condenado. Diante da situação narrada, o (a) advogado (a) de Mateus, em sede de
apelação, deverá buscar
A) a nulidade do julgamento, pois foi juntada documentação sem a antecedência necessária
exigida pela lei.
B) o afastamento da qualificadora pelo Tribunal, pois foi juntada documentação que influenciou
seu reconhecimento sem a antecedência necessária exigida pela lei.
C) a nulidade do julgamento, pois o direito de tréplica da defesa independe da réplica do
Ministério Público.
D) a nulidade do julgamento, pois houve réplica por parte do Ministério Público, de modo que
deveria ser deferido à defesa o direito de tréplica.
R: Alternativa d
CADERNO DE PROCESSO PENAL
1.4. Sistemas processuais
Aplicação Prática
(XXIII EXAME DE ORDEM – Questão 68) - Paulo foi preso em flagrante pela prática do
crime de corrupção, sendo encaminhado para a Delegacia. Ao tomar conhecimento dos
fatos, a mãe de Paulo entra, de imediato, em contato com o advogado, solicitando
esclarecimentos e pedindo auxílio para seu filho. De acordo com a situação
apresentada, com base na jurisprudência dos Tribunais Superiores, deverá o advogado
esclarecer que
A) diante do caráter inquisitivo do inquérito policial, Paulo não poderá ser assistido pelo
advogado na delegacia.
B) a presença da defesa técnica, quando da lavratura do auto de prisão em flagrante, é
sempre imprescindível, de modo que, caso não esteja presente, todo o procedimento
será considerado nulo.
C) decretado o sigilo do procedimento, o advogado não poderá ter acesso aos
elementos informativos nele constantes, ainda que já documentados no procedimento.
D) a Paulo deve ser garantida, na delegacia, a possibilidade de assistência de advogado,
de modo que existe uma faculdade na contratação de seus serviços para
acompanhamento do procedimento em sede policial.
R: Alternativa d
R: Alternativa A
CADERNO DE PROCESSO PENAL
Capítulo 2 - INQUÉRITO POLICIAL
2.1. Conceito
É um procedimento administrativo.
2.3. Finalidade
2.4. Características
a) Escrito: art. 9º do CPP. Todas as peças do inquérito policial serão processadas num
só, reduzidas a escrito ou datilografadas, e, nesse caso, rubricadas pela autoridade.
b) Indisponível: art. 17 do CPP. Uma vez instaurado, não pode, em hipótese alguma, ser
arquivado pela autoridade policial.
c) Sigiloso: art. 20 do CPP. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à
elucidação do fato ou exigido pela sociedade.
d) Oficialidade: art. 4º do CPP. O inquérito policial é dirigido por órgãos públicos oficiais,
no caso, a autoridade policial.
CADERNO DE PROCESSO PENAL
e) Dispensável: art. 39, § 5º, do CPP. O órgão do Ministério Público dispensará o
inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a
promover a ação penal.
– Regra Geral (art. 10 do CPP): o prazo será de 10 dias para o inquérito policial que tem
indiciado preso e de 30 dias para o indiciado solto. Só se admite a prorrogação do prazo
se o indiciado estiver solto.
– Lei de Drogas (art. 51 da Lei 11.343/2006): o prazo será de 30 dias para o indiciado
preso e de 90 dias para o indiciado solto. Os prazos podem ser duplicados pelo juiz,
ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia
judiciária.
– Crimes contra a economia popular (art. 10, § 1º, da Lei 1.521/1951): o prazo será de
10 dias improrrogáveis, estando o indiciado solto ou preso.
CADERNO DE PROCESSO PENAL
– Justiça Federal (art. 66 da Lei 5.010/1966): o prazo será de 15 dias para o indiciado
preso, podendo ser prorrogado por mais 15 dias, a pedido, devidamente fundamentado,
da autoridade policial. Já para o indiciado solto, o prazo adotado é o da regra geral.
Jurisprudências
(RE 593727/MG, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o acórdão Min.
Gilmar Mendes, Plenário, julgado em 14/5/2015 (repercussão geral). HC
85011/RS, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 1ª Turma, julgado em
26/5/2015).
(XXIV EXAME DE ORDEM) Tiago, funcionário público, foi vítima de crime de difamação em
razão de suas funções. Após Tiago narrar os fatos em sede policial e demonstrar interesse em
ver o autor do fato responsabilizado, é instaurado inquérito policial para investigar a notícia de
crime. Quando da elaboração do relatório conclusivo, a autoridade policial conclui pela prática
delitiva da difamação, majorada por ser contra funcionário público em razão de suas funções,
bem como identifica João como autor do delito. Tiago, então, procura seu advogado e informa
a este as conclusões 1 (um) mês após os fatos. Considerando apenas as informações narradas,
o advogado de Tiago, de acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, deverá
esclarecer que
A) caberá ao Ministério Público oferecer denúncia em face de João após representação do
ofendido, mas Tiago não poderá optar por oferecer queixa-crime.
B) caberá a Tiago, assistido por seu advogado, oferecer queixa-crime, não podendo o ofendido
optar por oferecer representação para o Ministério Público apresentar denúncia.
C) Tiago poderá optar por oferecer queixa-crime, assistido por advogado, ou oferecer
representação ao Ministério Público, para que seja analisada a possibilidade de oferecimento
de denúncia.
D) caberá ao Ministério Público oferecer denúncia, independentemente de representação do
ofendido.
R: Alternativa C
R: Alternativa A
CADERNO DE PROCESSO PENAL
Capítulo 3 - AÇÃO PENAL
3.1. Introdução
A ação penal pública é aquela que deve ser promovida pelo Ministério Público,
conforme o art. 257, I, do CPP. A ação penal pública pode ser incondicionada ou
condicionada.
A ação penal pública incondicionada é a regra. Ela é proposta
independentemente da vontade ou manifestação de qualquer sujeito, bastando
estarem presentes as condições da ação e os pressupostos processuais.
Sumula 542 do STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de
violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada.
A ação penal privada é aquela em que o Estado, titular exclusivo do ius puniendi
(direito de punir), transfere à vítima ou a quem legalmente a represente a legitimidade
para propositura da ação penal, conservando, entretanto, a titularidade do direito de
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punir. Subdivide-se em: exclusivamente privada ou propriamente dita; personalíssima;
subsidiária da pública.
(XXIII EXAME DE ORDEM – Questão 67) No dia 31 de dezembro de 2015, Leandro encontra, em
uma boate, Luciana, com quem mantivera uma relação íntima de afeto, na companhia de duas
amigas, Carla e Regina. Já alterado em razão da ingestão de bebida alcoólica, Leandro, com
ciúmes de Luciana, inicia com esta uma discussão e desfere socos em sua face. Carla e Regina
vêm em defesa da amiga, mas, descontrolado, Leandro também agride as amigas, causando
lesões corporais leves nas três. Diante da confusão, Leandro e Luciana são encaminhados a uma
delegacia, enquanto as demais vítimas decidem ir para suas casas. Após exame de corpo de
delito confirmando as lesões leves, Luciana é ouvida e afirma expressamente que não tem
interesse em ver Leandro responsabilizado criminalmente. Em relação às demais lesadas, não
tiveram interesse em ser ouvidas em momento algum das investigações, mas as testemunhas
confirmaram as agressões. Diante disso, o Ministério Público, em 05 de julho de 2016, oferece
denúncia em face de Leandro, imputando-lhe a prática de três crimes de lesão corporal leve.
Considerando apenas as informações narradas, o(a) advogado(a) de Leandro
A) não poderá buscar a rejeição da denúncia em relação a nenhum dos três crimes.
B) poderá buscar a rejeição da denúncia em relação ao crime praticado contra Luciana, mas não
quanto aos delitos praticados contra Carla e Regina.
C) poderá buscar a rejeição da denúncia em relação aos três crimes.
D) não poderá buscar a rejeição da denúncia em relação ao crime praticado contra Luciana, mas
poderá pleitear a imediata rejeição quanto aos delitos praticados contra Carla e Regina.
R: Alternativa D
R: Alternativa B
CADERNO DE PROCESSO PENAL
4.1. Conceito
4.2. Espécies
Deve-se observar, para tanto, o previsto no art. 69 do CPP, o qual prescreve que
a competência é determinada em razão: do lugar da infração, e do domicílio ou
residência do réu (“ratione loci”); da natureza da infração (“ratione materiae”); da
distribuição; da conexão ou continência; da prevenção e da prerrogativa de função
(“ratione personae”). Agora, analisaremos cada uma em separado:
De acordo com o art. 70, § 1º, do CPP, “iniciada a execução no território nacional,
se a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que
tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução”. Ao contrário, o § 2º, desse
mesmo diploma legal, determina que, “quando o último ato de execução for praticado
fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora
parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado”. Ressalta-se que esses
CADERNO DE PROCESSO PENAL
parágrafos do art. 70 do CPP adotaram a teoria da ubiquidade, em conformidade com o
disposto no art. 6.º do CP, uma vez que o Brasil tem o interesse de punir o delito cujo
início (ação) ou fim (resultado) deu-se em seu território.
O art. 70, § 3º, do CPP, com o objetivo de esclarecer qualquer dúvida a respeito
do foro competente para processar o feito, dispõe que, quando incerto o limite
territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a
infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência
firmar-se-á pela prevenção.
Da mesma forma, aplicando a mesma regra anterior, o art. 71 do CPP dispõe
que, na hipótese de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas
ou mais jurisdições, a competência será firmada pelo critério da prevenção.
Destaca-se que o art. 78 do CPP disciplina as regras que são utilizadas para
determinar o juízo prevalente nos casos de reunião dos processos por conexão ou
continência. Entretanto, há hipóteses em que essa reunião dos processos não será
possível, devendo-se, assim, separar os feitos obrigatoriamente, a saber: no concurso
entre a jurisdição comum e a militar; no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo
de menores; se em relação a algum corréu sobrevier doença mental após o fato
criminoso.
O art. 80 do CPP disciplina as hipóteses em que será facultativa a separação dos
processos.
Súmula 42 do STJ: Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas cíveis
em que é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento.
Súmula 62 do STJ: Compete a Justiça Estadual processar e julgar o crime de falsa anotação
na carteira de trabalho e previdência social, atribuído a empresa privada.
Súmula 75 do STJ: Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar o policial militar
por crime de promover ou facilitar a fuga de preso de estabelecimento penal.
Súmula 104 do STJ: Compete a Justiça Estadual o processo e julgamento dos crimes de
falsificação e uso de documento falso relativo a estabelecimento particular de ensino.
Súmula 107 do STJ: Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de
estelionato praticado mediante falsificação das guias de recolhimento das contribuições
previdenciárias, quando não ocorrente lesão a autarquia federal.
Súmula 140 do STJ: Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o
indígena figure como autor ou vítima.
Súmula 147 do STJ: Compete a Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados
contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função.
Súmula 208 do STJ: Compete a Justiça Federal processar e julgar Prefeito Municipal por
desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal.
Súmula 209 do STJ: Compete a Justiça Estadual processar e julgar prefeito por desvio de
verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal.
Súmula 546 do STJ: A competência para processar e julgar o crime de uso de documento
falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento
público, não importando a qualificação do órgão expedidor.
CADERNO DE PROCESSO PENAL
Súmula Vinculante 45: A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre
o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição
Estadual.
Súmula 451 do STF: A competência especial por prerrogativa de função não se estende
ao crime cometido após a cessação definitiva do exercício funcional.
Súmula 522 do STF: Salvo ocorrência de tráfico para o Exterior, quando, então, a
competência será da Justiça Federal, compete à Justiça dos Estados o processo e
julgamento dos crimes relativos a entorpecentes.
Súmula 704 do STF: Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido
processo legal a atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro por
prerrogativa de função de um dos denunciados.
Aplicação Prática
(XXIV EXAME DE ORDEM) Na cidade de Angra dos Reis, Sérgio encontra um documento
adulterado (logo, falso), que, originariamente, fora expedido por órgão estadual. Valendo-se de
tal documento, comparece a uma agência da Caixa Econômica Federal localizada na cidade do
Rio de Janeiro e apresenta o documento falso ao gerente do estabelecimento. Desconfiando da
veracidade da documentação, o gerente do estabelecimento bancário chama a Polícia, e Sérgio
é preso em flagrante, sendo denunciado pela prática do crime de uso de documento falso (Art.
304 do Código Penal) perante uma das Varas Criminais da Justiça Estadual da cidade do Rio de
Janeiro. Considerando as informações narradas, de acordo com a jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça, o advogado de Sérgio deverá
A) alegar a incompetência, pois a Justiça Federal será competente, devendo ser considerada a
cidade de Angra dos Reis para definir o critério territorial.
B) alegar a incompetência, pois a Justiça Federal será competente, devendo ser considerada a
cidade do Rio de Janeiro para definir o critério territorial.
C) alegar a incompetência, pois, apesar de a Justiça Estadual ser competente, deverá ser
considerada a cidade de Angra dos Reis para definir o critério territorial.
D) reconhecer a competência do juízo perante o qual foi apresentada a denúncia.
R: Alternativa B
CADERNO DE PROCESSO PENAL
Capítulo 5 - TEORIA GERAL DA PROVA
5.1. Conceito
5.2. Objeto
5.3. Meios
5.4. Classificação
– Quanto ao sujeito:
– Quanto ao objeto:
CADERNO DE PROCESSO PENAL
a) diretas: guardam relação com o próprio fato que está sendo tratado no processo.
Exemplo: uma testemunha que presenciou o crime.
b) indiretas: guardam relação com outro fato distinto daquele que está sendo
investigado, mas a sua análise permite retirar conclusões a respeito do fato investigado.
Exemplo: o álibi.
5.5. Princípios
– Princípio da inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos: esse princípio
está previsto no art. 5º, LVI, da CF. Essa prova ilícita não é admitida no ordenamento
pátrio pelo seguinte motivo: preservar direitos e garantias fundamentais. A vedação às
provas ilícitas serve como fato de dissuasão à adoção de práticas probatórias ilegais: as
provas ilícitas não são admitidas e isso serve exatamente para desestimular a adoção de
práticas probatórias ilegais. A vedação à utilização das provas ilícitas serve também
como fator de estímulo à adoção de práticas probatórias legais.
A prova ilícita lato sensu pode ser subdivida em: provas ilícitas stricto sensu e
provas ilegítimas.
As provas ilícitas stricto sensu são aquelas que foram produzidas com
infringência de normas de direito material, de natureza constitucional ou
infraconstitucional.
Registra-se a classificação da prova ilícita por derivação, a qual determina que a prova
produzida a partir de uma prova originalmente ilícita igualmente estará afetada pela
ilicitude, devendo, assim, ser desentranhada dos autos. Há exceções legais à não
utilização da prova ilícita por derivação: a teoria da fonte independente (art. 157, §
1º, do CPP), a teoria da descoberta inevitável (art. 157, § 2º, do CPP) e o encontro
fortuito de provas (“serendipidade”).
Jurisprudência
(XXIII EXAME DE ORDEM) Mateus foi denunciado pela prática de um crime de homicídio
qualificado, sendo narrado na denúncia que a motivação do crime seria guerra entre facções do
tráfico. Cinco dias antes do julgamento em plenário, o Ministério Público junta ao processo a
Folha de Antecedentes Criminais (FAC) do acusado, conforme requerido quando da
manifestação em diligências, em que, de fato, constavam anotações referentes a processos pela
prática do crime da Lei de Drogas. Apenas três dias úteis antes do julgamento, a defesa de
Mateus vem a tomar conhecimento da juntada da FAC. No dia do julgamento, após a
manifestação oral da defesa em plenário, indagado pelo juiz presidente sobre o interesse em se
manifestar em réplica, o promotor de justiça afirma negativamente, reiterando aos jurados que
as provas estão muito claras e que o réu deve ser condenado, não havendo necessidade de
maiores explanações. Posteriormente, o juiz presidente nega à defesa o direito de tréplica.
Mateus é condenado. Diante da situação narrada, o (a) advogado (a) de Mateus, em sede de
apelação, deverá buscar
A) a nulidade do julgamento, pois foi juntada documentação sem a antecedência necessária
exigida pela lei.
B) o afastamento da qualificadora pelo Tribunal, pois foi juntada documentação que influenciou
seu reconhecimento sem a antecedência necessária exigida pela lei.
C) a nulidade do julgamento, pois o direito de tréplica da defesa independe da réplica do
Ministério Público.
D) a nulidade do julgamento, pois houve réplica por parte do Ministério Público, de modo que
deveria ser deferido à defesa o direito de tréplica.
R: Alternativa D
5.9. Interrogatório
R: Alternativa A
Caracteriza-se como o ato espontâneo em que o acusado tem a oportunidade de
prestar informações e esclarecimentos a respeito da infração penal que lhe é imputada
e, ao mesmo tempo, o momento em que o juiz poderá colher informações para formar
o seu convencimento. Cuida-se de um corolário da ampla defesa e do contraditório.
CADERNO DE PROCESSO PENAL
Apresenta características como pessoalidade, oralidade, judicialidade e
publicidade, em regra. Excepcionalmente, permite-se o interrogatório do acusado por
meio do sistema de videoconferência ou outro recurso semelhante. No que diz respeito
à publicidade, qualquer pessoa poderá presenciá-lo, exceto nas hipóteses descritas no
art. 792, § 1º, do CPP.
O interrogatório, nos termos do art. 187 do CPP, será constituído de duas partes,
uma, referente à pessoa do acusado (interrogatório de qualificação) e outra, referente
aos fatos especificamente (interrogatório de mérito). Como regra, o interrogatório
acontecerá ao final da instrução, após a oitiva das testemunhas.
6.1. Introdução
O procedimento comum ordinário será aplicado quando tiver por objeto infração
penal que tenha pena máxima cominada de valor igual ou superior a 4 (quatro) anos de
pena privativa de liberdade, conforme o art. 394, § 1º, I, do CPP.
CADERNO DE PROCESSO PENAL
Esse procedimento ocorre da seguinte maneira:
O procedimento comum sumário será aplicado quando tiver por objeto infração
penal que tenha pena máxima cominada inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de
liberdade, conforme o art. 394, § 1º, II, do CPP.
(XX EXAME DE ORDEM)- Hugo foi denunciado pela prática de um crime de furto qualificado
praticado contra Rosa. Na audiência de instrução e julgamento, Rosa confirmou a autoria
delitiva, mas apresentou versão repleta de contradições, inovando ao afirmar que estava junto
com Lúcia quando foi vítima do crime. O Ministério Público ouve os policiais que participaram
apenas, posteriormente, da prisão de Hugo e não deseja ouvir novas testemunhas. A defesa
requer a oitiva de Lúcia, mencionada por Rosa em seu testemunho, já que antes não tinha
conhecimento sobre a mesma, mas o juiz indefere afirmando que o advogado já havia arrolado
o número máximo de testemunhas em sua resposta à acusação. Diante dessa situação, o
advogado de Hugo deve alegar que
A) as testemunhas referidas não devem ser computadas para fins do número máximo de
testemunhas a serem ouvidas.
B) o Código de Processo Penal não traz número máximo de testemunhas de defesa, pois
previsão em contrário violaria o princípio da ampla defesa.
C) as testemunhas referidas não podem prestar compromisso de dizer a verdade.
D) o testemunho de Rosa, ao inovar os fatos, deve ser considerado prova ilícita, de modo a ser
desentranhado dos autos.
R: Alternativa A
Nos termos do art. 69 da Lei 9.099/1995, a autoridade policial que tem ciência
da ocorrência de uma infração lavrará termo circunstanciado e o encaminhará
imediatamente ao juizado, junto com o autor do fato e a vítima. De igual forma, não
será determinada prisão em flagrante nem se exigirá fiança ao autor do fato que for
imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de
comparecimento. Posteriormente, ocorre a audiência preliminar, que observará o
seguinte:
– Composição Civil dos Danos: caracteriza-se pelo acordo indenizatório realizado pelo
autor do fato e a vítima, nas hipóteses em que as infrações acarretarem prejuízos morais
ou materiais à vítima. A conciliação será conduzida pelo juiz ou por conciliador sob sua
orientação, nos termos do art. 73, caput, da Lei 9.099/1995. Caso se trate de ação penal
privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado
acarreta a renúncia ao direito de queixa ou de representação, de acordo com o art. 74,
parágrafo único, da Lei 9.099/1995. Em se tratando de ação penal de natureza pública
incondicionada, mesmo que tenha havido a homologação do acordo, o processo penal
poderá ter prosseguimento. Não sendo, contudo, obtida a composição civil dos danos,
o ofendido terá a oportunidade de exercer o direito de representação verbal, que será
reduzido a termo.
Importante registrar que nos crimes em que a pena mínima for igual ou inferior
a 1 (um) ano, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão
condicional do processo, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que o acusado não esteja
sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais
requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena, nos termos do art. 77 do
CP. A suspensão condicional do processo está disposta no art. 89 da Lei 9.099/1995.
Súmula 723 do STF: Não se admite a suspensão condicional do processo por crime
continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo
de um sexto for superior a um ano.
CADERNO DE PROCESSO PENAL
Jurisprudência
Após a sentença penal que condenou o agente pela prática de dois crimes
em concurso formal, o reconhecimento da prescrição da pretensão
punitiva em relação a apenas um dos crimes em razão da pena concreta
(art. 109 do CP) não autoriza a suspensão condicional do processo em
relação ao crime remanescente. O comando da Súmula n. 337 do STJ tem
a seguinte redação: “É cabível a suspensão condicional do processo na
desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão
punitiva.” Na hipótese em que a declaração de extinção de punibilidade
se dá pela pena concreta, verifica-se a existência de uma prévia
condenação. Realmente, somente a partir do quantum concreto,
observa-se qual seria o prazo prescricional, dentre aqueles inscritos no
art. 109 do CP. Ora, se a denúncia teve de ser julgada procedente
primeiro, para, somente após, ser reconhecida a prescrição, em razão da
pena concreta, não houve procedência parcial da pretensão punitiva – a
qual, de fato, foi integral – não sendo caso de incidência da Súmula n. 337
do STJ. Precedente citado do STF: RHC 116.399-BA, Primeira Turma, DJe
15/8/2013.
(XII EXAME DE ORDEM) Segundo a Lei dos Juizados Especiais, assinale a alternativa que
apresenta o procedimento correto.
A) Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à acusação, após o que
o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e
as testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente,
passando- se imediatamente aos debates orais e à prolação da sentença.
B) Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa caberá recurso em sentido estrito, que deverá
ser interposto no prazo de cinco dias.
R: Alternativa A
Importante! Se o agente for titular de cargo ou função com foro especial por
prerrogativa de função, o rito a ser observado não será o dos artigos 513-518 do CPP.
Nas hipóteses em que o processo for de competência originária dos Tribunais,
deverão ser observadas as normas específicas.
- Peculiaridades do procedimento
Súmula 330 do STJ: é desnecessária a resposta preliminar de que trata o artigo 514 do
CPP, na ação penal instruída por inquérito policial.
Dessa forma, quase todos os delitos contra a honra passaram a ser processados
perante os juizados, com algumas exceções:
b) dos crimes contra honra perpetrados por agente com prerrogativa de função;
d) havendo necessidade de citação por edital, por ser incompatível com o rito
sumaríssimo.
CADERNO DE PROCESSO PENAL
Assim, o procedimento especial para os crimes contra a honra passou a ser
aplicado de forma restrita, uma vez que, em regra, tais infrações penais serão
processadas no seio dos Juizados Especiais.
Caso não haja conciliação em audiência designada para tal fim, o juiz receberá
ou rejeitará a queixa-crime. Se for recebida, o acusado será citado para oferecer
resposta à acusação no prazo de 10 dias, conforme dispõe o artigo 396 do CPP.
(XIV EXAME DE ORDEM) Fábio, vítima de calúnia realizada por Renato e Abel, decide mover
ação penal privada em face de ambos. Após o ajuizamento da ação, os autos são encaminhados
ao Ministério Público, pois Fábio pretende desistir da ação penal privada movida apenas em
face de Renato para prosseguir em face de Abel. Diante dos fatos narrados, assinale a opção
correta.
A) A ação penal privada é divisível; logo, Fábio poderá desistir da ação penal apenas em face de
Renato.
B) A ação penal privada é indivisível; logo, Fábio não poderá desistir da ação penal apenas em
face de Renato.
C) A ação penal privada é obrigatória, por conta do princípio da obrigatoriedade da ação penal.
D) A ação penal privada é indisponível; logo, Fábio não poderá desistir da ação penal apenas em
face de Renato.
R: Alternativa B
Jurisprudências
CADERNO DE PROCESSO PENAL
Tema: Reexame necessário de sentença absolutória sumária no Júri
(Informativo nº 574 do STJ)
(RHC 67.383-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel. para
acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, 6ª Turma, julgado em 5/5/2016).
Súmula 162 do STF: É absoluta a nulidade do julgamento pelo júri, quando os quesitos
da defesa não precedem aos das circunstâncias agravantes.
Súmula 206 do STF: É nulo o julgamento ulterior pelo júri com a participação de
jurado que funcionou em julgamento anterior do mesmo processo.
(XXIII EXAME DE ORDEM – Questão 64) - Mateus foi denunciado pela prática de um crime de
homicídio qualificado, sendo narrado na denúncia que a motivação do crime seria guerra entre
facções do tráfico. Cinco dias antes do julgamento em plenário, o Ministério Público junta ao
processo a Folha de Antecedentes Criminais (FAC) do acusado, conforme requerido quando da
manifestação em diligências, em que, de fato, constavam anotações referentes a processos pela
prática do crime da Lei de Drogas. Apenas três dias úteis antes do julgamento, a defesa de
Mateus vem a tomar conhecimento da juntada da FAC. No dia do julgamento, após a
manifestação oral da defesa em plenário, indagado pelo juiz presidente sobre o interesse em se
manifestar em réplica, o promotor de justiça afirma negativamente, reiterando aos jurados que
as provas estão muito claras e que o réu deve ser condenado, não havendo necessidade de
maiores explanações. Posteriormente, o juiz presidente nega à defesa o direito de tréplica.
Mateus é condenado. Diante da situação narrada, o (a) advogado (a) de Mateus, em sede de
apelação, deverá buscar
A) a nulidade do julgamento, pois foi juntada documentação sem a antecedência necessária
exigida pela lei.
B) o afastamento da qualificadora pelo Tribunal, pois foi juntada documentação que influenciou
seu reconhecimento sem a antecedência necessária exigida pela lei.
C) a nulidade do julgamento, pois o direito de tréplica da defesa independe da réplica do
Ministério Público.
D) a nulidade do julgamento, pois houve réplica por parte do Ministério Público, de modo que
deveria ser deferido à defesa o direito de tréplica.
R: Alternativa D
R: Alternativa C
CADERNO DE PROCESSO PENAL
Capítulo 7 - PRISÃO
7.1. Conceito
7.2. Espécies
– Quanto à ilicitude:
a) Flagrante Preparado: é aquele em que alguém induz o agente a praticar uma infração
penal e, ao mesmo tempo, toma providências para evitar a consumação.
b) Flagrante Forjado: é aquele em que a autoridade policial ou terceiro criam provas da
existência de uma infração penal que, na verdade, não foi cometida.
Súmula 145 do STF: Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia
torna impossível a sua consumação.
De acordo com a nova redação do art. 310 do CPP conferida pela Lei
12.403/2011, verifica-se que, ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá,
fundamentadamente: relaxar a prisão ilegal; converter a prisão em flagrante em
preventiva ou conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
CADERNO DE PROCESSO PENAL
Aplicação Prática
(XXIII EXAME DE ORDEM) - Paulo foi preso em flagrante pela prática do crime de corrupção,
sendo encaminhado para a Delegacia. Ao tomar conhecimento dos fatos, a mãe de Paulo entra,
de imediato, em contato com o advogado, solicitando esclarecimentos e pedindo auxílio para
seu filho. De acordo com a situação apresentada, com base na jurisprudência dos Tribunais
Superiores, deverá o advogado esclarecer que
A) diante do caráter inquisitivo do inquérito policial, Paulo não poderá ser assistido pelo
advogado na delegacia.
B) a presença da defesa técnica, quando da lavratura do auto de prisão em flagrante, é sempre
imprescindível, de modo que, caso não esteja presente, todo o procedimento será considerado
nulo.
C) decretado o sigilo do procedimento, o advogado não poderá ter acesso aos elementos
informativos nele constantes, ainda que já documentados no procedimento.
D) a Paulo deve ser garantida, na delegacia, a possibilidade de assistência de advogado, de modo
que existe uma faculdade na contratação de seus serviços para acompanhamento do
procedimento em sede policial.
R: Alternativa D
– quando o indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao
esclarecimento de sua identidade (inciso II); e
R: Alternativa B
– quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação
penal, da autoria ou participação do indiciado nas hipóteses dos crimes listados.
CADERNO DE PROCESSO PENAL
– Momento/Legitimados: a prisão temporária só pode ser decretada na fase do
inquérito policial, pela autoridade judiciária, por representação da autoridade policial
ou requerimento do Ministério Público, nos termos do art. 2º da Lei 7.960/1989.
– Prazo: o prazo máximo de duração é de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período,
em caso de extrema e comprovada necessidade. Em se tratando de crimes hediondos,
tortura, tráfico ilícito de drogas e terrorismo, o prazo será de 30 (trinta) dias,
prorrogáveis por igual período, nos termos do art. 2º, § 4º, da Lei 8.072/1990.
Aplicação Prática
(XVI Exame de Ordem – Questão 68) A prisão temporária pode ser definida como uma medida
cautelar restritiva, decretada por tempo determinado, destinada a possibilitar as investigações
de certos crimes considerados pelo legislador como graves, antes da propositura da ação penal.
Sobre o tema, assinale a afirmativa correta.
A) Assim como a prisão preventiva, pode ser decretada de ofício pelo juiz, após requerimento
do Ministério Público ou representação da autoridade policial.
B) Sendo o crime investigado hediondo, o prazo poderá ser fixado em, no máximo, 15 dias,
prorrogáveis uma vez pelo mesmo período.
C) Findo o prazo da temporária sem prorrogação, o preso deve ser imediatamente solto.
D) O preso, em razão de prisão temporária, poderá ficar detido no mesmo local em que se
encontram os presos provisórios ou os condenados definitivos.
R: Alternativa C
– Requisitos legais (arts. 312 e 313 do CPP): a prisão preventiva só poderá ser decretada
quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar, bem como quando
estiverem presentes os requisitos previstos nos arts. 312 e 313 do CPP.
– Hipóteses de cabimento:
a) nos crimes dolosos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro)
anos;
b) reincidente em crime doloso, ressalvado o disposto no art. 64, I, do CP;
c) se o crime envolver violência doméstica e familiar contra mulher, criança,
adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das
medidas protetivas de urgência;
d) quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer
elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente
em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção
da medida.
– Fundamentos: a prisão preventiva poderá ser decretada por quaisquer dos seguintes
fundamentos: por garantia da ordem pública; por garantia da ordem econômica; por
conveniência da instrução criminal; para assegurar a aplicação da lei penal e por
descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas
cautelares.
– Descabimento: não é cabível nos crimes dolosos com pena privativa de liberdade
máxima igual ou inferior a quatro anos, salvo em caso de reincidente doloso; em crimes
culposos; em contravenção penal; quando verificado, pelas provas constantes nos
autos, que o agente agiu em alguma das hipóteses de exclusão de ilicitude do art. 23 do
CP.
CADERNO DE PROCESSO PENAL
Jurisprudência
– Cabimento: nas hipóteses listadas no art. 318 do CPP, quais sejam: maior de 80
(oitenta) anos; extremamente debilitado por motivo de doença grave; imprescindível
aos cuidados especiais de menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência; gestante;
mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos e homem, caso seja o
único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos.
- Características:
(XX EXAME DA ORDEM – Questão 67) - José Augusto foi preso em flagrante delito pela suposta
prática do crime de receptação (Art. 180 do Código Penal – pena: 01 a 04 anos de reclusão e
multa). Em que pese seja tecnicamente primário e de bons antecedentes e seja civilmente
identificado, possui, em sua Folha de Antecedentes Criminais, duas anotações pela prática de
crimes patrimoniais, sem que essas ações tenham resultados definitivos. Neste caso, de acordo
com as previsões expressas do Código de Processo Penal, assinale a afirmativa correta.
A) Estão preenchidos os requisitos para decretação da prisão preventiva, pois as ações penais
em curso demonstram a existência de risco para a ordem pública.
B) A autoridade policial não poderá arbitrar fiança neste caso, ficando tal medida de
responsabilidade do magistrado.
C) Antes de decidir pela liberdade provisória ou conversão em preventiva, poderá a prisão em
flagrante do acusado perdurar pelo prazo de 10 dias úteis, ou seja, até o oferecimento da
denúncia.
D) O juiz não poderá converter a prisão em flagrante em preventiva, mas poderá aplicar as
demais medidas cautelares.
R: Alternativa D
8.1. Conceito
8.2. Citação
– Classificação:
a) Citação Real ou Pessoal: é a realizada diretamente na própria pessoa do réu, por meio
de mandado, por precatória, carta rogatória ou mediante requisição;
Súmula 351 do STF: É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da
Federação em que o juiz exerce a sua jurisdição.
Súmula 366 do STF: Não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei
penal, embora não transcreva a denúncia ou queixa, ou não resuma os fatos em
que se baseia.
8.3. Intimação
8.4. Notificação
Aplicação Prática
(XX EXAME DA ORDEM – Questão 65) - André foi denunciado pela prática de um crime de
homicídio doloso consumado contra sua ex-esposa Lívia, famosa na cidade de Maricá, Rio de
Janeiro, pela contribuição em serviços sociais com crianças humildes. A população local ficou
revoltada com o fato, razão pela qual o magistrado avaliou que os jurados não teriam isenção
suficiente para o julgamento. Diante da situação narrada, é correto afirmar que:
A) o acusado poderá requerer o desaforamento, sendo tal requerimento decidido pelo
magistrado de primeira instância.
B) o magistrado poderá representar pelo desaforamento, sendo que a decisão sobre o mesmo
independerá de manifestação prévia da defesa.
C) o acusado poderá requerer o declínio de competência, de modo que todos os atos
processuais passarão a ser realizados pelo juízo da comarca mais próxima.
D) o magistrado poderá representar pelo desaforamento e, sendo os motivos relevantes, o
órgão competente poderá, fundamentadamente, determinar a suspensão do julgamento pelo
júri.
R: Alternativa D
R: Alternativa C
CADERNO DE PROCESSO PENAL
Capítulo 9 - NULIDADES
9.1. Conceito
9.3. Princípios
– Princípio do Prejuízo (pas de nullité sans grief): de acordo com o princípio, nenhum
ato será declarado nulo se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a
defesa, conforme o art. 563 do CPP.
– Princípio do Interesse: segundo o princípio, somente a parte que não deu causa ao
surgimento do vício é que poderá invocar a nulidade em seu benefício.
CADERNO DE PROCESSO PENAL
9.4. Espécies
Súmula 155 do STF: É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação da
expedição de precatória para inquirição de testemunha.
Súmula 361 do STF: No processo penal, é nulo o exame realizado por um só perito,
considerando-se impedido o que tiver funcionado, anteriormente, na diligência de
apreensão.
Súmula 523 do STF: No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas
a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.
Súmula 707 do STF: Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer
contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação
de defensor dativo.
Súmula 708 do STF: É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos da
renúncia do único defensor, o réu não foi previamente intimado para constituir outro.
CADERNO DE PROCESSO PENAL
Aplicação Prática
(XII EXAME DE ORDEM) A Teoria Geral das Nulidades determina que nulidade é a sanção
aplicada pelo Poder Judiciário ao ato imperfeito, defeituoso. Tal teoria é regida pelos princípios
relacionados a seguir, à exceção de um. Assinale-o.
A) Princípio do Prejuízo.
B) Princípio da Causalidade.
C) Princípio do Interesse.
D) Princípio da Voluntariedade.
R: Alternativa D
R: Alternativa C
R: Alternativa B
CADERNO DE PROCESSO PENAL
Capítulo 10 - SENTENÇA
10.1. Sentença
A sentença, para ser considerada válida e eficaz, deve observância aos requisitos
de forma previstos no art. 381 do CPP, que se subdividem em: relatório, motivação e
dispositivo. No âmbito do procedimento sumaríssimo, o relatório é dispensado,
conforme o art. 81, § 3º, da Lei 9.099/1995.
Súmula 453 do STF: Não se aplicam à segunda instância o art. 384 e parágrafo único
do Código de Processo Penal, que possibilitam dar nova definição jurídica ao fato
delituoso, em virtude de circunstância elementar não contida, explícita ou
implicitamente, na denúncia ou queixa.
CADERNO DE PROCESSO PENAL
Aplicação Prática
(XIV EXAME DE ORDEM – Questão 67) - Wilson está sendo regularmente processado pela
prática do crime de furto. Durante a instrução criminal, entretanto, as testemunhas foram
uníssonas ao afirmar que, para a subtração, Wilson utilizou-se de grave ameaça, exercida por
meio de uma faca. A partir do caso narrado, assinale a opção correta.
A) A hipótese é de emendatio libelli e o juiz deve absolver o réu relativamente ao crime que lhe
foi imputado.
B) Não haverá necessidade de aditamento da inicial acusatória, haja vista o fato de que as
alegações finais orais acontecem após a oitiva das testemunhas e, com isso, respeitam-se os
princípios do contraditório e da ampla defesa.
C) A hipótese é de mutatio libelli e, nos termos da lei, o Ministério Público deverá fazer o
respectivo aditamento.
R: Alternativa C
R: Alternativa A
R: Alternativa C
CADERNO DE PROCESSO PENAL
Capítulo 11 - TEORIA GERAL DOS RECURSOS
11.1. Conceito
– Efeito Extensivo: se caracteriza pela extensão dos efeitos benéficos da decisão do réu
recorrente ao que não recorreu, desde que essa decisão não tenha se baseado em
questões meramente pessoais.
11.5.1. Apelação
– Conceito: é o meio recursal adequado para impugnar decisões previstas no art. 581
do CPP ou, eventualmente, em outros casos expressos em lei. A doutrina assevera que
as hipóteses listadas no referido artigo são taxativas, mas admitem interpretação
extensiva.
– Prazo: o prazo para a interposição é de cinco dias. As razões devem ser oferecidas no
prazo de dois dias. Excepcionalmente, na hipótese do art. 581, XIV, do CPP (inclusão ou
exclusão de jurado da lista), o prazo será de vinte dias a partir da data em que houver a
publicação definitiva da lista de jurados. O assistente de acusação, não sendo habilitado,
terá o prazo de quinze dias para recorrer, a contar do término do prazo para o Ministério
Público e, caso seja habilitado, terá o prazo de cinco dias, com o mesmo marco inicial.
CADERNO DE PROCESSO PENAL
Jurisprudência
– Conceito: é o recurso cabível em face das decisões prolatadas pelo Juízo da Execução
Penal.
(XXIV EXAME DA ORDEM – Questão 69) Vinícius, sócio de um grande escritório de advocacia,
especializado na área criminal, recebeu, no dia 02 de outubro de 2017, duas intimações de
decisões referentes a dois clientes diferentes. A primeira intimação tratava de decisão proferida
pela 1ª Câmara Criminal de determinado Tribunal de Justiça denegando a ordem de habeas
corpus que havia sido apresentada perante o órgão em favor de Gilmar (após negativa em
primeira instância), que responde preso a ação pela suposta prática de crime de roubo. A
segunda intimação foi de decisão proferida pelo Juiz de Direito da 1ª Vara Criminal de Fortaleza,
também denegando ordem de habeas corpus, mas, dessa vez, a medida havia sido apresentada
em favor de Rubens, que figura como indiciado em inquérito que investiga a suposta prática do
crime de tráfico de drogas. Diante das intimações realizadas, insatisfeito com as decisões
proferidas, Vinícius, para combater as decisões prejudiciais a Gilmar e Rubens, deverá
apresentar
A) Recurso Ordinário Constitucional e Recurso em Sentido Estrito, respectivamente.
B) Recurso em Sentido Estrito, nos dois casos.
C) Recurso Ordinário Constitucional, nos dois casos.
D) Recurso Especial e Recurso Ordinário Constitucional, respectivamente.
R: Alternativa A
R: Alternativa A
CADERNO DE PROCESSO PENAL
12.1. Introdução
– Previsão legal: art. 5º, LXVIII, da CRFB/1988 e arts. 647 a 667 do CPP.
– Espécies:
Súmula 693 do STF: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de
multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja
a única cominada.
Súmula 694 do STF: Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão
de militar ou de perda de patente ou de função pública.
Súmula 695 do STF: Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de
liberdade.
CADERNO DE PROCESSO PENAL
12.3. Mandado de segurança
– Conceito: é uma ação constitucional que resguarda o direito líquido e certo, não
passível de tutela por outro remédio constitucional, tais como o habeas corpus e o
habeas data, com a finalidade de proteção contra atos de ilegalidade ou abuso de poder
emanados por autoridade ou agente de pessoa jurídica no exercício de funções públicas.
Há o prazo decadencial de 120 (cento e vinte) dias.
– Legitimidade ativa/passiva: pode ser impetrado por qualquer pessoa que tenha
direito líquido e certo, atingido por ato ilegal emanado por autoridade pública coatora.
– Conceito: é uma ação, proposta pelo condenado ou por seus sucessores, com o
objetivo de reformar decisão desfavorável ao condenado, de natureza condenatória ou
absolutória.
Súmula 393 do STF: Para requerer revisão criminal, o condenado não é obrigado a
recolher-se à prisão.
CADERNO DE PROCESSO PENAL
Aplicação Prática
(XXIII EXAME DA ORDEM) - Vitor, corretor de imóveis, está sendo investigado em inquérito
policial. Considerando que o delegado vem atuando com abuso e colocando em risco a
liberdade de Vitor, o advogado do investigado apresenta habeas corpus perante o órgão
competente. Quando da análise do habeas corpus, a autoridade competente entende por
denegar a ordem. Considerando as informações narradas, o advogado de Vitor poderá recorrer
da decisão que denegou a ordem por meio de
A) recurso em sentido estrito, tendo em vista que o Tribunal de Justiça foi o órgão competente
para análise do habeas corpus apresentado em razão da conduta do delegado.
B) recurso em sentido estrito, tendo em vista que o juiz de primeiro grau era competente para
a análise do habeas corpus apresentado em razão da conduta do delegado.
C) recurso ordinário constitucional, tendo em vista que o Tribunal de Justiça foi o órgão
competente para análise do habeas corpus apresentado em razão da conduta do delegado.
D) recurso ordinário constitucional, tendo em vista que o juiz de primeiro grau era competente
para a análise do habeas corpus apresentado em razão da conduta do delegado.
R: Alternativa B
R: Alternativa B
R: Alternativa A