) Justifique a nomenclatura brasileira da área de especialização do
psicólogo "Psicologia educacional E escolar". Para tanto, contemple as seguintes ideias: movimento histórico da educação no Brasil e a mudança de paradigmas (modelos) educacionais. A fim de ilustrar sua afirmação, CITE o trabalho que mais lhe chamou atençãono evento “Atuação do psicólogo em contextos formais, não-formais e informais de educação” e que você considera que exemplifica adequadamente uma prática educativa guiada pelo paradigma pedagógico atual, DESTACANDO a aplicação deste na realidade social.
Textos de referência para a resposta:
ANTUNES, M. A. M.Psicologia Escolar e Educacional: história, compromissos e perspectivas. Psicol. Esc. Educ. (Impr.) [online], v. 12, n. 2, 2008, p. 469-475. BARBOSA, D. R.; SOUZA, M. P. R. Psicologia Educacional ou Escolar? Eis a questão. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, SP, v. 16, n. 1, Jan./Jun., 2012, p. 163-173. Documentário “A Psicologia Educacional e Escolar em São Paulo: Construção de um Novo Homem” (CRP SP).
A Psicologia Educacional e Escolar sofreu mudanças conceituais das mais diversas ao
longo de sua história. Sabe-se que é comum em diferentes autores separar a psicologia educacional da escolar. Isso ocorreu pela influência externa (especialmente dos Estados Unidos), onde era clássica a cisão entre a prática Psicologia Escolar e a teórica Psicologia Educacional. Também a própria história da educação no país acompanha as definições que orientam essa área de acordo com a significação do ser humano, do mundo que o rodeia, da sociedade onde está inserido, do que compreende como educação e escola, bem como com as ênfases dadas na psicologia associada à educação. A história da psicologia da educação remonta à colonização, na qual os saberes psi eram aplicados à educação jesuítica a fim de catequizar os habitantes espalhando o catolicismo pelo Novo Mundo. Posteriormente, a Reforma Pombalina, os expulsa do Brasil e adotam um modelo centralizado no educador (pago pela coroa), de fundamentos empiristas e ambientalistas, que usava o conhecimento da psicologia para corrigir, punir e adaptar os alunos a tal modelo. Se iniciaram especializações com o fim de lidar com crianças com algum tipo de deficiência. A psicologia articulada à educação ainda bebeu de outras áreas do conhecimento, especialmente relacionadas à biologia e saúde. Na década de 1930, com o desenvolvimentismo, a educação sofreu influências do movimento higienista, da psicometria, de estudos estrangeiros (especialmente europeus) na mesma área, do campo da medicina. Ocorreu uma “biologização da educação” e, assim, o papel da psicologia era de estudar intervenções médico-curativas para problemas de aprendizagem, bem como diagnosticá-los, através de experimentos e testes. A condição das crianças com dificuldades normalmente era atribuída a elas mesmas (posteriormente a seus familiares). Instituições foram criadas para estudo e intervenção do que diz respeito à educação e era marcante a presença do movimento Escola Nova, de caráter medicalizante. Posteriormente, o Brasil ainda sofreu influência da Psicologia do escolar, que buscava compreender o aluno para tornar melhor seu processo educativo. Ainda se mantinham os termos associados à anormalidade. A psicologia sofreu influências, então, da Teoria da Carência Cultural, de cunho liberal e ajustatório, originário dos Estados Unidos. Essa teoria buscava explicar as diferenças de alunos provenientes de minorias com os outros com a premissa de que a inteligência poderia ser estimulada pelo ambiente. Surgem então, programas de educação compensatória para estimular essas crianças de ambientes pobres e igualar as oportunidades dos estudantes. Com isso, a Psicologia passa a desconsiderar fatores biológicos e coloca excessiva ênfase no contexto socioeconômico e ambiental, caindo no determinismo sociológico. A partir da década de 1980, o foco na criança, os testes psicométricos, a Teoria da Carência Cultural e o modelo médico da educação foram duramente criticados por muitos teóricos e a Psicologia Educacional toma todo o estigma do pensamento criticado. Assim, a Psicologia Escolar busca se desvencilhar da eEducacional como pode. As causas do fracasso escolar passa a ser entendidas como múltiplas e a função do Psicólogo Escolar se caracteriza por entender o máximo possível da educação em seus vários aspectos e trabalhar com alunos, família, corpo escolar e sociedade. A partir daí, no novo paradigma, aparece a Psicologia Educacional e escolar, comprometida a superar os conhecimentos da Psicologia e da Educação com estudos em outras áreas também, tanto para suas teorias quanto para suas práticas. A principal atribuição do psicólogo nesse momento se torna Buscar maior eficiência nos processos de escolarização, partindo de práticas ao mesmo tempo para o individual e o coletivo. O pensamento tradicional não desapareceu, sendo representado pela psicopedagogia e pela onda medicalizante na educação. Já um trabalho do evento que considero um exemplo adequado para uma prática educativa guiada pelo paradigma pedagógico atual seria “A Universidade e a Medicalização: mito ou realidade?”, que aborda a ligação entre o ambiente escolar e outros problemas do estudante. O modo como ela é conduzida mostra uma preocupação em não atribuir possíveis dificuldades do estudante somente a ele, mas considerar mais outra diversidade de fatores. Isso pode ser aplicado ao novo jeito de articular a psicologia à educação, que busca criticamente o aprimoramento da escola se fundamentando nas necessidades dos estudantes e no contexto onde estão.
QUESTÃO 2:(de 0 a 4.0pt.) Sobre as possibilidades de atuação do psicólogo escolar,
Martinez (2010) agrupou as formas de atuação do psicólogo em “tradicionais” e “emergentes”.Com base neste entendimento, responda: a) (de 0 a 2.0pt.) CITE 2 (duas) formas de atuação “tradicional” do psicólogo escolar e EXEMPLIFIQUE cada uma com uma situação prática em CONTEXTO ESCOLAR apresentadas no evento. Uma forma de atuação tradicional seria a elaboração e coordenação de projetos educativos específicos, exemplificada no evento pelo trabalho “Transversalidade na Saúde: Práticas na Educação Sexual”. Nele, os alunos de psicologia ministraram temas como doenças sexualmente transmissíveis, abuso sexual, violência doméstica, corpo e desenvolvimento, desigualdade de gênero, diversidade sexual e de gênero, gravidez e parentalidade, métodos contraceptivos e mídia e sexualidade. Isso foi passado para adolescentes da Associação Solidariedade Sempre através de diferentes recursos (de slides à dinâmicas), de acordo com as orientações do Ministério da Educação para a temática e selecionando as abordagens e temas indicadas para cada idade. Outra forma dessa atuação pode ser a orientação a alunos e pais, que encontra, no evento, o exemplo do trabalho “Roda de conversa: Professores acerca de autismo e dificuldades na linguagem”. No projeto, os estudantes de psicologia atuaram no Centro de Educação Maria Cecília, acompanhando e ajudando a instituição. Mas ele era marcado pela capacitação de docentes acerca do autismo (especialmente suas dificuldades relacionadas à comunicação), com rodas de conversa de aproximadamente duas horas cada.
b) (de 0 a 2.0pt.) CITE 2 (duas) forma de atuação “emergente” do psicólogo escolar e
EXEMPLIFIQUE cada uma com uma situação prática em CONTEXTO ESCOLAR apresentadas no evento. Uma forma de atuação emergente seria facilitar de forma crítica, reflexiva e criativa a implementação das políticas públicas, tendo como exemplo no evento o trabalho “A Universidade e a medicalização: mito ou realidade?”. Nela, foi buscada uma ligação da entrada na universidade ao uso de drogas psicoativas e essa ligação realmente foi encontrada. Com isso, surge o reconhecimento da necessidade de políticas públicas para lidar com a questão de forma profilática a longo prazo e remediadora a curto prazo. Outra forma dessa atuação pode ser a realização de pesquisas diversas com o objetivo de aprimorar o processo educativo, exemplificado, no evento, pelo trabalho “Transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH): uma perspectiva a respeito da orientação e acompanhamento de familiares". Trata-se de um estudo qualitativo buscando quais intervenções foram desenvolvidas para melhor orientar familiares de crianças com o TDAH nos últimos cinco anos.
Texto de referência para a resposta:
MARTINEZ, A. M. O que pode fazer o psicólogo na escola? Em Aberto, Brasília, v. 23, n. 83, p. 39-56, mar., 2010. Resolução CFP n. 013/2007.
QUESTÃO 3:(de 0 a 2.0pt.)Ao destacar a importância da articulação entre as práticas
universitárias transformadoras de realidade social que envolvem ensino-pesquisa-extensão, Veronese (2008) afirma que:
(...) cada sujeito, grupo e comunidade precisa construir seus próprios
saberes, transformar e modificar suas práticas conscientemente (comportamentos mais construtivos, criativos e maduros serão consequência), através de práticas pedagógicas que promovam o exercício pleno da cidadania. A psicologia precisa então desvelar junto com esse sujeito desejante, que se organiza em instituições, quais as práticas que comporiam um conjunto de ações libertário, que tornasse mais realizado esse mesmo sujeito (p. 105).
A partir da citação da autora, EXEMPLIFIQUE 2 (duas) práticas educativas/pedagógicas em
contextos institucionais que estão sendo desenvolvidas pelo curso de Psicologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Para tanto, informe: o título do trabalho, o(s) nome(s) do(s) apresentador(es) e o local de prática; e DESCREVA a principal atividade desenvolvida e a temática trabalhada, destacando o que mais lhe chamou atenção.
a) (de 0 a 1.0pt.) Exemplo 1: o Trabalho “Atuação do Psicólogo em Centro de Convivência de
Idosos”, apresentado por Ana Grazielle Costa, Claudia Godoy, Giovana Mourinho, Isabella Nathalia S. Surjus, foi realizado no Centro de Convivência para Idosos. A princípio, buscou- se compreender o centro de convivência em estrutura e funcionamento geral, para depois elaborar oficinas educativas para a população de idosos do centro (de acordo com suas demandas). O que mais me chamou a atenção nesse trabalho foi o modo como elas lidaram bem com os imprevistos que surgiram para dar o seu melhor para as atividades e, como conseqüência, para as pessoas que atendiam.
b) (de 0 a 1.0pt.) Exemplo 2: O trabalho “Transversalidade na saúde: práticas em educação
sexual”, apresentado por Milena Ernesto e Isabella Torres, foi realizado na Associação Solidariedade Sempre. Ele consistia em expôr e discutir sobre temas relacionados à sexualidade. Algo que me chamou a atenção foi como ocorreu a organização por idade das temáticas adequadas e o modo criativo como os conteúdos foram passados.
Texto de referência para a resposta:
MARTINEZ, A. M. O que pode fazer o psicólogo na escola? Em Aberto, Brasília, v. 23, n. 83, p. 39-56, mar., 2010. VERONESE, M. V. Práticas institucionais. In: RIVERO, N. E. E. (org.). Psicologia social: estratégias, políticas e implicações [online]. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2008. p. 103-110.