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UM ESTUDO SOBRE O USO DE SUPORTE TECNOLÓGICO NO ENSINO DE

BIOLOGIA - GENÉTICA

A STUDY ABOUT TECHNOLOGICAL SUPPORT IN THE EDUCATION OF


BIOLOGY - GENETIC

Luciane Cortiano Liotti1


Odisséa Boaventura de Oliveira2

Resumo

Tendo como perspectiva observar a presença das tecnologias no âmbito escolar,


o presente estudo analisa a mediação que o professor de Biologia estabelece
entre os conteúdos de genética e a TV-multimídia. Os procedimentos
metodológicos adotados nesta pesquisa foram: a implementação da proposta
pedagógica desenvolvida no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE,
a observação participante e questionários aplicados aos alunos e à professora.
Foram acompanhadas, durante um semestre, as aulas de biologia em que se
utilizou o material produzido pela pesquisadora relacionado ao conteúdo genética,
em uma turma de alunos do ensino médio da Rede Estadual de Ensino de
Curitiba. Para avaliação da proposta foram aplicados questionários de
acompanhamento da implementação, respondidos tanto pelos alunos quanto pela
professora envolvida no processo, além de sessões de discussão e avaliação
entre a professora, pesquisadora e orientadora acerca das aulas acompanhadas.
A análise qualitativa dos dados permitiu identificar ainda no início da pesquisa,
muitas idéias alternativas apresentadas pelos alunos com relação aos seres
vivos, célula, gene, cromossomo e função do material genético, revelando tratar-
se de concepções intuitivas geralmente influenciadas pela mídia e desprovidas do
saber científico vivenciado no ambiente escolar. Após a implementação do
material e das possibilidades de discussões e das avaliações realizadas, pode-se
verificar que o material além de ter a aprovação do professor e dos alunos,
promoveu um melhor nível de compreensão sobre os conceitos estudados de
genética, diferindo do resultado apresentado inicialmente na pesquisa.

Palavras-chave: currículo, saberes tecnológicos, prática pedagógica, ensino de


Biologia.

1
Mestre em Educação no Ensino de Biologia - Área Currículo - Universidade Federal do Paraná –
2009. Professora PDE – 2008 - Secretaria de Estado da Educação. luliotti@hotmail.com.
2
Doutora em Educação -Universidade Federal do Paraná – UFPR/ Departamento de Teoria e
Prática de Ensino – DTPEN / odissea@terra.com.br.

1
Abstract

There with prospect to observe the presence of technology at scholastic ambit, the
current study analyzes the biology’s teacher intervention with genetic contents and
the multimedia-TV. The methodological process adopted on this research it was:
the implementation of pedagogic propost developed by Education Development
Program (PDE), the participant observation and quizzes applied to students and to
the teacher. Was observed during a semester, on biology classes that used the
genetic material made for Researcher related the genetic content this happened at
a room class in Curitiba-PR in a middle school. For the estimation on this
research, was applied quizzes of accompaniment of the implementation, answered
as much students as teacher involved on this process, further on workshop and
discussions sessions and evaluation with the teacher, Researcher and supervisor
for the accompaniment. The qualitative analysis of data allowed identify at the
beginning of the research, a lot of alternatives ideas showed by the students
toward living beings, cell, gene, chromosomes and function of genetic material,
reveling broach of intuitive conception generally influenced by media without
scientific knowledge. After the implementation the material and possibilities
discussions and evaluation achieved, we can see that the material beyond having
the approval of the teacher and of the students, it promoted one better level of
understanding on the studied concepts of genetics, differing from the result
showed at the beginning of the research.

Keywords: curriculum, technological knowledge, pedagogical pratice, Biology


teaching.

Introdução

A ciência e a tecnologia se fazem presentes em todos os setores de


nossa vida e atualmente estão causando profundas transformações econômicas,
sociais e culturais. Aos poucos, a sociedade cada vez mais se encontra
conectada à rede digital o que implicará, com certeza, em consequências
profundas tanto no ato de ensinar quanto no de aprender.
Seria possível viver sem energia elétrica, sem telefone celular, sem um
medicamento, sem computador? Certamente não!
Hoje ao assistir a um telejornal, um filme, um documentário, percebemos
que os conhecimentos científicos e tecnológicos estão sendo contemplados com
muito mais freqüência do que tempos atrás, pois, muitas coisas que
imaginávamos apenas como ficção-científica, tornou-se realidade. A manipulação
genética, a clonagem, os transgênicos, as pesquisas com células-tronco, entre

2
outros acontecimentos têm causado grande impacto, tanto na vida das pessoas,
quanto na convivência no meio científico.
Pode-se dizer que esta torrente de informações, principalmente nas áreas
de Biologia Molecular e Genética, tem se expandido progressivamente do meio
acadêmico ao público em geral através das revistas científicas e pelos meios de
comunicação de massa, que têm aproximado o meio científico - tecnológico ao
cotidiano das pessoas (PEDRANCINI, et al, 2005).
Assim, a escola inserida numa sociedade que tem acesso à tecnologia,
também terá que saber lidar com os diferentes tipos de informações que chegam
até ela, devendo discutir com a comunidade escolar as oportunidades e maneiras
de produzir o seu conhecimento.
Caberá, portanto a cada instituição de ensino decidir, dentro de seu
contexto, qual a informação básica necessária para se viver no mundo moderno,
pois acredita-se que um dos papéis da escola, além de ser o meio para reflexão
sobre os benefícios, riscos e implicações éticas, morais e sociais provenientes da
biotecnologia geradas por estas pesquisas, é o de servir como instrumento para
combater a exclusão digital, propiciando a todos os alunos os mesmos direitos
para se constituírem verdadeiros cidadãos (KRASILCHIK e MARANDINO, 2004).
Nesta perspectiva, para que a educação não seja escravizada pela
tecnologia, ou esta não apenas se constitua em mais uma novidade escolar, é
necessário que os professores compreendam e aceitem que tais mudanças são
instrumentos necessários, tanto para manter a qualidade do ensino, quanto para
que a escola se encontre atualizada, tendo apenas que adaptá-las às finalidades
educacionais (BRITO e PURIFICAÇÃO, 2006).
A inserção das diferentes tecnologias presentes hoje nas escolas da rede
pública (laboratórios de informática com conexão, Portal Dia-a-Dia Educação, TV
– Paulo Freire, TV – Multimídia), a implementação das Diretrizes Curriculares
Estaduais (DCE) e as dificuldades apontadas pelos professores de Biologia nas
entrevistas por nós realizadas em nossa pesquisa de Mestrado, foram a chave
motriz que nos levou a decidir pelo tema: “O uso das tecnologias na produção de
material didático para o ensino de biologia”.
Observamos em nossa pesquisa de Mestrado que os professores
entrevistados aprovam a construção das DCE, mas ainda não se sentem

3
totalmente seguros em implementá-la em sala de aula, ou seja, ao realizarem a
recontextualização do documento oficial para suas atividades pedagógicas,
apontam dificuldades teórico-metodológicas principalmente nos conteúdos de
natureza complexa e abstrata como os de Genética. Constatamos esta dificuldade
em algumas falas3, como as que se seguem abaixo:
“É muito pouco tempo, é muito conteúdo, e muito conteúdo do 3° ano eu tenho que
sempre estar retomando, tenho que voltar lá, por exemplo: no núcleo celular, e relembrar
com eles duplicação, replicação, a transcrição, a tradução para depois trabalhar os
conteúdos de genética, então é bem complicadinho”.(Prof. 1)

“Então que viesse apenas um modelo na diretriz, como você poderia articular os
conteúdos, já ajudava bastante, em minha opinião, (um esquema) é um esquema,
alguma coisa assim, que mostrasse, uma forma ou várias de você ajustar estes
conteúdos dentro da tua prática, seria bem legal”. (Prof. 2)

“Eu gostaria que o ensino de biologia fosse bem articulado, que você falasse de célula lá
no 3° ano, e ele (o aluno) imediatamente lembrasse que ele já viu aquilo algum dia na
vida dele, que ele já associasse aquele conhecimento que ele já tem isso é o meu sonho
dentro da biologia”. (Prof. 3)

Neste contexto e diante das necessidades da contemporaneidade, cabe à


escola acelerar seu ritmo e caminhar no mesmo compasso evolutivo de toda
sociedade, buscando inovações para que o processo ensino-aprendizagem
aconteça de forma satisfatória, proporcionando aos alunos uma apropriação de
conhecimentos que os possibilitem tomarem decisões conscientes e esclarecidas.
Portanto a partir dos problemas detectados e aqui apresentados
produzimos a Unidade Didática intitulada: “De Olho na Genética: uma maneira
diferente de estudar Biologia”, tendo como objetivo disponibilizar o material
didático produzido, em uma página na internet, para que auxiliasse o professor a
relacionar os conteúdos presentes nas DCE com sua prática pedagógica, a fim de
dinamizar o ensino de Biologia pelo uso das tecnologias disponíveis hoje nas
escolas, no caso o uso da TV-multimídia, como também, buscar um melhor
entendimento dos alunos acerca dos conceitos e fenômenos biológicos que
envolvem o conteúdo de genética.

3
Excertos extraídos das entrevistas realizados com professores de Biologia presentes na
Dissertação de Mestrado em Educação em Biologia, sob o título: As Diretrizes Curriculares do
Estado do Paraná e os Efeitos de Sentido Produzidos em Professores de Biologia, UFPR, 2009.
Orientadora: Profa. Dra. Odisséa Boaventura de Oliveira.

4
O Ensino de Biologia x Tecnologia
Já é de nosso conhecimento que o homem, durante a sua história,
procurou desvelar os fenômenos da natureza relacionados com o ar, o fogo, a
água e a terra, e a relação destes com os seres humanos e os demais seres
vivos. Contudo ao procurar uma ordem para os fatos, utilizaram-se inicialmente de
métodos não científicos como os mitos e as lendas. Pode-se dizer que neste
momento histórico da evolução e construção do pensamento humano sobre a
Natureza e seus fenômenos mistura-se ao temor de se chegar ao desconhecido
sem limites.
O percurso pela história e filosofia da ciência nos mostra que, tanto a
sistematização do conhecimento científico, quanto à observação das
regularidades percebidas na Natureza, permitiram ao homem sua evolução e
apropriação dos fenômenos que nela ocorrem.
Associado a este pensamento, mas não satisfazendo-se apenas com a
simples compreensão dos fenômenos da Natureza, havia uma constante
preocupação com a descrição dos seres vivos e uma necessidade de garantir sua
sobrevivência, fato que fez com o homem estabelecesse ao longo de sua história
diferentes concepções sobre o fenômeno Vida (PARANÁ, 2008).
As discussões sobre o fenômeno vida conforme Charbel e Emmeche
(2000) somente aparecem no século XVIII, sendo que anteriormente a este
período, ‘vida’ não existia, nem como um conceito científico, nem como uma
ciência biológica, o que se tinha era apenas uma preocupação com a
classificação dos seres vivos e com uma história natural. Assim a origem e o
significado da palavra biologia como sendo o estudo da vida e não como estudo
dos seres vivos nasce deste período.
Ao longo do tempo, na tentativa de se definir a “vida”, ora como
fenômeno, ora por meio de um conjunto de características de seres que possuem
vida, ora sob uma visão mais evolutiva deste fenômeno, determinaram períodos
históricos que marcaram a construção do entendimento sobre o fenômeno vida e
a constituição da biologia enquanto ciência.
Tanto a questão que envolve o fenômeno vida, quanto à questão do
currículo de biologia, constituem pontos que justificam uma reflexão sobre o

5
ensino desta ciência, pois nos ajudam a pensar em uma forma de propor um
ensino mais criativo e dinâmico.
Tomando estes elementos e o resultado de nossa pesquisa de mestrado,
apontamos que tanto a bibliografia especializada quanto o professor em sala de
aula afirmam que os problemas encontrados no ensino de biologia estão
vinculados a propostas muito extensas e com conteúdos desvinculados da
realidade da comunidade escolar.
Consta nas DCE a intenção de incorporar a construção de possibilidades
para a emancipação humana e, por conseguinte, o método dialético, pelo qual o
homem conhece o que seja objeto de sua atividade a partir de sua realidade para
transformá-la, uma práxis que valoriza o sujeito enquanto ser construído
historicamente. O que requer uma metodologia e exige uma nova postura
docente, para que ele possa incorporar em sua prática pedagógica estes novos
pressupostos (PARANÁ, 2006).
Ainda, segundo este documento, o objetivo é construir um currículo
voltado para a melhoria do Ensino e promover uma nova relação professor-aluno-
conhecimento (PARANÁ, 2006).
Portanto, as Diretrizes de Biologia foram escritas com o pressuposto de
levar o professor a uma maior compreensão sobre a História e a Filosofia da
Ciência, bem como, entender o dinamismo da construção do conhecimento
histórico, desmistificando a idéia de que os fatos/acontecimentos científicos
tenham ocorrido isoladamente, pontualmente, vistos como descobertas, ou seja,
pretende mostrar ao professor a não linearidade dos fatos científicos (PARANÁ,
2008).
Ao percorrer o documento observa-se que o objeto de estudo desta
disciplina está pautado no fenômeno Vida e influenciado pelo pensamento
historicamente construído. Assim a proposta curricular de Biologia toma como
base estrutural quatro modelos interpretativos deste fenômeno. São eles: o
pensamento biológico descritivo, o mecanicista, o evolutivo e o pensamento
biológico da manipulação genética.

6
Cada um deles deu origem a um dos quatro Conteúdos Estruturantes 4,
permitindo conceituar o fenômeno Vida em diferentes momentos da história da
humanidade. Com o intuito de auxiliar o professor a entender o homem no seu
momento histórico atual como parte da Ciência, enquanto construção humana, os
Conteúdos Estruturantes foram assim definidos: Organização dos Seres Vivos;
Mecanismos Biológicos; Biodiversidade; Implicações dos Avanços Biológicos no
Fenômeno Vida.
Deste modo, ao tomar a Ciência como construção histórica, as DCE de
Biologia procuram apontar como fundamentação teórico–metodológica uma
abordagem crítica da construção do conhecimento científico apoiada nas rupturas
ocorridas na construção do conceito do fenômeno vida e conseqüentemente do
pensamento biológico. Propõem também, que os conteúdos sejam abordados de
forma integrada, com ênfase nos aspectos essenciais do objeto de estudo da
disciplina dentro do contexto histórico, social, político, econômico e cultural em
que estão inseridos os sujeitos da aprendizagem (PARANÁ, 2008).
Portanto, as DCE de Biologia apresentam uma metodologia que propicia
a este campo de ensino a superação da característica conteudista, memorística e
comportamentalista, a partir do momento que procura articular os conhecimentos
da cultura científica e socialmente valorizada, com o contexto histórico-social e os
interesses políticos dominantes do período em que estes conhecimentos foram
instituídos.
O ensino médio, neste caso, é projetado sob o discurso de uma
metodologia mais significativa e contextualizadora, que busca a formação de um
perfil de professor condizente com as características desta sociedade
transformadora, contribuindo assim, para formar sujeitos críticos, reflexivos,
analíticos e atuantes de modo a superar a ideologia neoliberal que vem se
tornando hegemônica em nosso mundo contemporâneo.
Desse modo, para dar suporte a estas necessidades além dos recursos
corriqueiros existentes nas escolas, dispomos também das ferramentas
4
Entende-se por conteúdos estruturantes os saberes – conhecimentos de grande amplitude,
conceitos ou práticas – que identificam e organizam os campos de estudos de uma disciplina
escolar, considerados e fundamentais para as abordagens pedagógicas dos conteúdos
específicos e consequentemente compreensão de seu objeto de estudo e ensino (PARANÁ, 2008,
p.55).

7
tecnológicas, que se utilizadas dentro dos parâmetros pedagógicos contribuem
na mediação, aquisição, (re)construção dos conhecimentos.
Porém Brito e Purificação (2006) afirmam: “só o uso [das tecnologias
educacionais] não basta se estas não forem bem utilizadas, [pois] estas garantem
a novidade só por algum tempo, mas não uma melhoria significativa na educação”
(p.31)
Portanto, quando a tecnologia perpassa os muros da escola, esta assume
mais um de seus papéis, o da alfabetização digital. Porém, sabe-se que não é
fácil a incorporação das tecnologias no cotidiano escolar, pois essa relação é bem
mais complexa do que possamos imaginar.
Assim, para que a tecnologia5 seja vista como tecnologia educacional6 e
alcance seu objetivo, é imprescindível que o professor tenha previamente uma
formação para o uso dos programas de forma competente, vindo a auxiliá-lo de
maneira efetiva em sua prática pedagógica. Pois, independentemente do
professor trabalhar numa escola com maior ou menor número de tecnologias, o
alcance delas reside no domínio pelo professor e pelo aluno e na criatividade para
inovar suas formas de utilização.
Ainda que, muitos professores mostrem adversidade, quanto à inserção
destas “novas propostas”, por receio de serem substituídos pelas máquinas,
aparelhos, ou por todos os acessórios tecnológicos disponíveis, vale ressaltar a
incoerência deste pensamento, uma vez que o professor é o mediador do
processo educativo, aquele que intervém direcionando o ensino e a
aprendizagem, sendo, portanto, insubstituível.
Para tanto é preciso que o professor busque conhecimentos, tome
consciência de sua práxis e utilize-se das tecnologias educacionais. Moran (1995,
p.25) faz a seguinte ressalva: “As tecnologias de comunicação não mudam
necessariamente a relação pedagógica (...) não substituem o professor, mas
modificam algumas de suas funções”.

5
Conceitua-se Tecnologia como sendo um conjunto de conhecimentos especializados, com
princípios científicos que se aplicam a um determinado ramo de atividade, modificando,
melhorando, aprimorando os ‘produtos’ oriundos do processo de interação dos seres humanos
com a natureza e destes entre si. (BRITO e PURIFICAÇÃO, 2006, p.18)
6
Entende-se por Tecnologia Educacional [não somente o computador], mas todos os recursos
tecnológicos disponíveis [retroprojetor, projetor de slides, episcópio, microscópio], desde que em
interação com o ambiente escolar no processo ensino-aprendizagem. (BRITO e PURIFICAÇÃO,
2006, p.30).

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No campo da Biologia há muitos recursos tanto de natureza teórica,
quanto de natureza metodológica, que estão disponíveis para tornar a aquisição
do conhecimento prazerosa e contextualizada. Porém estes invariavelmente são
pouco utilizados, ou até desconhecidos tanto pelos estabelecimentos escolares,
quanto por alguns professores.
Um exemplo é o tratamento que se dá aos conhecimentos hoje
produzidos em biologia molecular, sob a perspectiva dos avanços da
biotecnologia com vistas na possibilidade de manipular o material genético dos
seres vivos e permitir questionar o conceito biológico da Vida (PARANÁ, 2008).
Em recentes pesquisas sobre o ensino de genética no Ensino Médio em
escolas estaduais e particulares, Bonzanini e Bastos (2007) trazem como
resultado os seguintes aspectos: a escassez de fontes atualizadas e materiais
didáticos adequados ao desenvolvimento do conteúdo; o domínio insuficiente de
conteúdos por parte do professor e uma grande dificuldade metodológica na
abordagem de temas polêmicos. Também afirmam, baseados em dados de
outras pesquisas, que nos últimos anos o ensino de genética tem sua estrutura
pautada na resolução de exercícios referentes à primeira e segunda leis de
Mendel e a temas ligados a sua expansão.
Justina e Barradas (2003) ao investigarem a opinião dos professores de
biologia sobre o ensino de genética, observaram que os professores estão muito
distantes das inovações que acontecem com a ciência Genética e continuam
passando os conceitos contidos nos livros didáticos, muitas vezes conceitos
ultrapassados e errôneos, porém, a grande maioria acredita que podem ocorrer
mudanças no ensino se houver um aperfeiçoamento (cursos) para os professores
e se eles tiverem acesso ao uso de metodologias diferenciadas.
Silveira e Amabis (2003) relatam que em pesquisas também relacionadas
com o ensino de genética, os alunos do ensino médio próximos de concluírem
seus estudos ainda confundem cromossomo/gene e célula/gene além de
afirmarem que os genes são maiores que os cromossomos.
Portanto, considerando as dificuldades dos professores em fazer uso das
ferramentas tecnologias e os anseios dos alunos ingressos no Ensino Médio,
aspira-se “contribuir para uma aprendizagem integradora, que junta teoria e
prática, que aproxima o pensar do viver” (MORAN, 2007, p.21).

9
O Material Didático Produzido
Refletindo sobre as questões apresentadas diante da dificuldade dos
alunos em construir conceitos sobre genética e dos professores em ensinar tais
conceitos, construímos e disponibilizamos um material didático em uma página na
internet.
Nesta página produzida, apresentamos como a internet e a TV –
Multimídia podem se tornar fontes de pesquisa e de suporte metodológico para o
professor, a fim de tornar sua aula mais dinâmica e interativa, promovendo para o
aluno, um maior entendimento acerca dos conteúdos de genética e dos conceitos
relacionados com este conteúdo, inclusive no que diz respeito aos aspectos
bioéticos dos avanços biotecnológicos.
Portanto, o professor ao acessar a página na Web
(http://geneticaluliotti.pbwiki.com/FrontPage)7 terá acesso a um material didático-
pedagógico com recursos possíveis, para a utilização da TV-multimídia, como
também, terá outras sugestões de atividades e diferentes estratégias de ensino
possibilitando a aplicação de diferentes metodologias durante o desenvolvimento
do conteúdo - genética.
Escolhemos para a apresentação do material uma página da web chamada
de wikispace, pois este é um espaço de escrita colaborativa on-line, onde é
possível várias pessoas colaborarem na edição do trabalho. Esta ferramenta está
relacionada às necessidades pedagógicas da educação brasileira, dada as
dimensões do país, em que, a educação à distância, pode proporcionar uma
revolução no conhecimento da população.
A forma de organização do material pretende um novo olhar para o ensino
de biologia, tendo a perspectiva de ser um material de apoio ao professor e de
proporcionar aos alunos, através da realização dos exercícios práticos
diferenciados e do material produzido para a TV - multimídia, a compreensão de
mecanismos físicos e bioquímicos celulares.
A página produzida apresenta sugestões de conteúdos e estratégias
metodológicas especificamente para o processo de ensino e de aprendizagem da
do Conteúdo Estruturante – Implicações dos Avanços Biológicos no Fenômeno
Vida – Genética, sendo composto por 4 (quatro) temas:
7
Ressalta-se que a página está em construção e, portanto, tem alguns de seus itens ‘vazios’, pois
somente estarão completos e finalizados após a Publicação da Proposta na Página do PDE.

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1. Os Seres Vivos e a Célula;
2. Hereditariedade;
3. Mendel e a Genética;
4. Segunda Lei de Mendel.
Cada tema possui uma cor de identificação, um layout diferente para
facilitar o trabalho do professor na hora da escolha do tema.
O professor, após ter escolhido o tema, visualizará que cada um contempla
uma página de abertura da aula a ser desenvolvida, contendo:
• O título do tema;
• Os objetivos da atividade em questão;
• Uma apresentação teórica (curta) sobre o tema;
• Atividades de reflexão do conteúdo;
• Arquivo da apresentação para TV - Multimídia, contemplando o
tema;
• Sugestões de avaliação;
• Dicas para o professor com sugestões de visitas, de sítios,
hipertexto, que poderá ser desenvolvida ou não, como
complementação da atividade proposta e;
• Referências.
O professor terá também a opção de levar os alunos ao laboratório de
informática da escola para trabalhar a aula, visualizando a apresentação do tema
no próprio computador, ou ainda, o professor poderá realizar a gravação da pasta
do tema em seu pen-drive para ser desenvolvido em sala, utilizando a TV -
multimídia.

O Universo da Pesquisa: o campo de análise e o material Didático em sala


de aula
Compreendendo o professor como um sujeito leitor da sua realidade, do
mundo e de suas ações e com o intuito de acentuar a discussão entre os colegas
sobre o papel dos novos aparatos tecnológicos, em especial a TV–Multimídia, e
suas potencialidades como instrumental didático, consideramos os conteúdos,

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disponíveis em nossa página da internet, adaptados ao contexto da escola da
Rede Pública de Ensino Paranaense.
Portanto, para avaliar se o material didático construído estava adequado
ao Nível Médio de Ensino e se as atividades propostas articulavam-se às práticas
pedagógicas do professor com o uso das ferramentas tecnológicas, esta pesquisa
utilizou como metodologia para coleta de dados a técnica de observação
participante.
Escolhemos trabalhar com a, observação participante, pois segundo,
Lessard-Hébert, Goyette e Boutin (1990), no âmbito da investigação qualitativa,
esta é a técnica em que o pesquisador pode compreender o mundo social do seu
interior, pois partilha a condição humana dos indivíduos que observa, permitindo,
portanto ao pesquisador compreender um meio social, que lhe é estranho, mas
que, progressivamente vai integrando-se nas atividades das pessoas que nele
vivem.
É importante ressaltar também, segundo Ludke e André (1986), que a
observação participante é um procedimento metodológico que envolve não
somente a observação, mas compreende também os seguintes aspectos: a
extensão do período de observação, o grau de envolvimento do pesquisador, o
processo de registro e a utilização de entrevista e de questionário como fonte de
dados complementares.
A implementação da proposta ocorreu no Colégio Estadual Professora
Luíza Ross, pois este é o estabelecimento de ensino em que está nossa lotação.
O colégio é de porte médio com 1344 alunos e está situado em um bairro
de periferia do Município de Curitiba. É muito organizado possui uma excelente
infraestrutura tanto no apoio pedagógico, quanto ao material técnico disponível.
Possui: xerox, salas de aula com cortinas e sala de laboratório de biologia e física
que ocupam o mesmo espaço (para a utilização é realizado um agendamento
prévio). É interessante ressaltar que o laboratório de informática da escola possui
conexão banda larga de internet. Não há laboratorista em nenhum laboratório
citado, isto é feito pelo próprio professor ou por um funcionário administrativo.
Esta escola possui um professor de Biologia, o qual foi o aplicador da
proposta na escola.

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O primeiro encontro foi direcionado para o conhecimento e adaptação da
pesquisadora ao Colégio. Nesta fase foi possível conhecer e sistematizar as
características do contexto de estudo, apresentar o material desenvolvido à
Equipe Pedagógica e ao professor titular que se propôs a aplicá-lo em sala de
aula, como também, selecionar a turma que participaria do processo a fim de
proporcionar aos sujeitos envolvidos uma adaptação à figura do pesquisador.
A turma que participou da pesquisa foi escolhida pelo dia e número de
aulas que se adaptavam melhor aos horários do professor titular e da
pesquisadora. Esta turma pertencia ao 3º ano do Ensino Médio, possuía 35
alunos, mas apenas 28 frequentavam as aulas regularmente.
A carga horária destinada à Biologia da Rede Estadual de Ensino do
Estado do Paraná compreende entre duas e três aulas semanais com duração de
50 minutos cada aula. A escolha da carga horária depende da matriz curricular
elaborada pela escola. No caso observado, os terceiros anos possuem três aulas
semanais de Biologia, portanto foram observados, durante o primeiro trimestre (de
março a junho de 2009), um total de 26 aulas, sendo escolhidos para análise oito
(8) encontros de duas aulas cada.
No segundo encontro iniciamos a observação em sala de aula, nos
apresentando e explicando aos alunos sobre a proposta de trabalho que iria
desenvolver junto com o professor regente naquele semestre. Aplicamos um
questionário com o intuito de diagnosticar o que os alunos entendiam por:
cromossomo, célula, gene e hereditariedade. Temas que seriam apresentados
para os alunos em aulas posteriores.
No terceiro encontro foram apresentados à turma, pelo professor de
Biologia regente, os slides elaborados pela pesquisadora, para a TV - Multimídia,
acerca dos temas: “Os seres vivos e a Célula” e “Hereditariedade”. A observação
destas aulas permitiu analisar, de modo mais detalhado e aprofundado,
determinadas demandas da prática pedagógica e o entendimento dos alunos em
relação aos assuntos de genética, bem como avaliar o layout e o conteúdo
exposto nos slides.
O tema “Os seres vivos e a Célula”, foi utilizado pelo professor com o
objetivo de revisão do conteúdo: célula, DNA, gene. A metodologia utilizada para
apresentação do tema foi a dialógica, momento em que ora o professor lia os

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slides e questionava os alunos, ora os alunos ao acompanharem os slides
levantavam questionamentos, os quais o professor procurava responder
relacionando-o com algum fato do seu cotidiano, e ou com assuntos
desenvolvidos anteriormente. Percebemos também que, durante a aula alguns
alunos faziam anotações. Ao finalizar esta aula, a professora destacou a
importância da compreensão estes conceitos, pois seriam necessários nas aulas
futuras.
No quarto encontro foi desenvolvido o tema “Hereditariedade”, introduzido
a partir das semelhanças e diferenças entre os indivíduos, sejam eles animais ou
plantas. Novamente, a mediação do professor se deu por meio de
questionamentos presentes nos slides. Ao término da aula, o professor solicitou a
resolução de um exercício presente no livro didático e que trouxessem para a
próxima aula reportagens relacionadas ao tema estudado.
No quinto encontro ocorreu a avaliação dos temas abordados para
diagnosticar as readequações necessárias no material. Os alunos responderam a
um questionário de avaliação sobre os slides e também emitiram sugestões para
possíveis reformulações. Este foi um momento importante, pois propiciou aos
atores do processo, professor e alunos, expressassem suas opiniões a respeito
do material didático por nós produzido. Aproveitamos a oportunidade também
para apresentar nossas anotações sobre o observado nesse período.
Após este encontro de avaliação foram realizados os ajustes sugeridos de
forma a possibilitar maior interação entre professor, alunos e a TV - multimídia.
No sexto encontro foi desenvolvido o tema “Mendel e a Genética” com o
propósito de revisar os conteúdos de genética já estudados. A utilização do
material se deu de maneira interativa a partir dos questionamentos presentes nos
slides. Pudemos constatar que as alterações realizadas foram adequadas e
aprovadas pelos alunos e professor, uma vez que foi comentada, sua contribuição
para a aprendizagem daqueles conteúdos.
No sétimo encontro foi desenvolvido o tema “Segunda Lei de Mendel”.
Observamos nesta aula que o professor desempenha importante papel na
escolha de estratégias de ensino que possibilitem a aprendizagem significativa de
seus alunos. Tal observação se deveu ao fato de que a professora, após a
exploração do conteúdo, organizou a turma em grupos e distribuiu a eles livros,

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revistas e textos sobre os temas de genética abordados nas últimas aulas.
Solicitou que pesquisassem nos textos: as informações mais relevantes, a fonte
de pesquisa utilizada pelo autor e se o grupo era favorável ou não às conclusões
apresentadas. No início da atividade alguns alunos ficaram com dúvidas sobre as
solicitações, mas através de perguntas dirigidas aos alunos que costumeiramente
expunham suas opiniões nas aulas, os demais começaram a participar também.
Ficou evidente a iniciativa do professor em estimular a participação dos
alunos e eles responderam de forma bastante satisfatória.
O oitavo encontro foi o momento de avaliação da implementação. Foram
respondidos três questionários, um pelos alunos e os outros dois pelo professor.
As perguntas objetivavam levantar dados empíricos mais objetivos
complementares à observação participativa, além da possibilidade de fazerem
comentários mais subjetivos.
Os questionários respondidos pelo professor regente relacionavam o
conteúdo do material didático, nos quais poderia expressar sobre a adequação ao
nível de ensino proposto, sobre as atuais condições tecnológicas que o professor
tem na escola e sua utilização. O questionário dos alunos tinha por objetivo
avaliar os últimos temas desenvolvidos e verificar se as readequações realizadas
nos slides tinham sido satisfatórias a ponto de provocar mudanças na apreensão
dos conceitos sobre genética, já que poderíamos comparar às manifestações
obtidas no questionário diagnóstico.
Posteriormente foi realizada uma reunião com a Equipe Pedagógica da
escola enfocando todos os momentos da implementação da proposta, bem como
o preenchimento do Parecer de Acompanhamento da atividade pela orientadora,
finalizando o trabalho no semestre.

Análise das Observações e dos Dados Empíricos


As respostas emitidas pelos alunos no questionário diagnóstico no início
do processo, revelaram que apesar deles terem estudado os conceitos básicos
referentes à estrutura e fisiologia dos seres vivos, nos seus vários níveis de
organização durante sua vida escolar, eles ainda apresentavam idéias
espontâneas, alguma vezes destituídas de significados.

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Ao perguntar para os alunos “O que é Genética”, 80% responderam que
é a parte da Biologia que estuda a hereditariedade. Apresentaram idéias que
demonstravam saber que as estrutura relacionadas com a hereditariedade estão
presentes na célula em alguma estrutura. Por exemplo:
“Que as características hereditárias são passadas de pai para filho pelo DNA”;
“As características são transmitidas através de um complexo que compõem uma célula
onde se encontram as informações de nossas características físicas”.

Mas, quando solicitados para explicar como as características hereditárias


são transmitidas, 52% dos alunos emitiram conceitos espontâneos e de senso
comum, 8% não responderam e 40% não souberam explicar.
Percebemos durante as observações em sala de aula, que os termos
DNA, gene, cromossomo eram utilizados pelos alunos com muita naturalidade,
pois fazem parte tanto do conteúdo escolar, como também das reportagens
constantemente veiculadas na mídia.
Porém, quando solicitados para exporem seu entendimento acerca das
funções dessas estruturas celulares, apenas 20% dos alunos apresentaram um
conceito adequado respondendo, por exemplo:
“Os genes estão nas moléculas de DNA que constituem os cromossomos”;
“Os genes estão codificados na molécula de DNA, que por sua vez constituem
os cromossomos”.

Do restante, 44% não responderam e 36% não sabem conceituar ou


confundem os termos, afirmando que:
“DNA é uma célula responsável pela transmissão das características de pai para
filho”;

“O DNA é o ácido desoxiribonucléico, o cromossomo é o pedaço do DNA e os


genes comandam o funcionamento das células”.

“O DNA leva dentro de si a característica de uma pessoa para seu filho”.

Através desta análise foi possível constatar que a maioria dos alunos
constrói explicações próprias para os fenômenos biológicos durante o processo
ensino-aprendizagem e, muitas vezes por falta de conexão entre os conceitos
estudados e a compreensão empírica destes fenômenos tornam suas explicações
incompletas ou incoerentes com os princípios científicos.

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Isso nos leva a refletir sobre a importância do professor ter domínio não
somente do conhecimento específico, mas saber como ocorrem os processos de
ordem pessoal que envolve a aprendizagem. Neste sentido, Pedrancini et al
(2005, p.5) afirmam que:
Quando o sujeito se apropria de uma palavra, não significa que se
apropriou do conceito [...] ele pode utilizar o mesmo termo, por exemplo,
material genético, porém com significados diferentes [...] o que pode
resultar numa pseudo-aprendizagem, uma vez que o aluno se apropriou
da palavra, mas não necessariamente do conceito.

Portanto, de acordo com as DCE, se o ensino de Biologia pretende


superar a característica conteudista, memorística e comportamentalista por muito
tempo desenvolvido por esta área de ensino, procurando articular o conhecimento
da cultura científica e socialmente valorizada, com o contexto histórico-social dos
alunos, as aulas de Biologia devem propiciar aos alunos esta possibilidade. Pois,
a apropriação e o entendimento destes conceitos são fundamentais para a
compreensão de questões presentes no dia-a-dia dos alunos.
Percebemos em nossa participação em sala de aula a importância do
papel do professor em utilizar estratégias de ensino que visam à aprendizagem
significativa. Neste sentido, principalmente no terceiro e sétimo encontro pudemos
observar que no início das discussões os alunos estavam inibidos, porém à
medida que o professor insistia nos questionamentos, eles mostraram-se, no
decorrer da aula, mais dispostos a opinar, havendo ao final uma participação ativa
e uma demonstração de interesse pela temática em estudo.
Porém, este fato não significa dizer que este interesse pela aula foi
despertado somente pelos conceitos apresentados em genética. Muitas vezes,
este interesse pode ter surgido no âmbito social, por uma simples curiosidade ou
notícia veiculada pela mídia. Portanto, como nos diz Bonzanini e Bastos (2007,
p.7): “o aluno não precisa necessariamente saber de genética para se interessar
pelos avanços recentes, contudo, é necessário que conheça os conceitos de
genética básica para que compreenda esses assuntos”.
Neste sentido, a avaliação final apresentada pelo professor regente com
relação ao material didático, slides e as sugestões de atividades, foram
satisfatórias.

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Ao responder os questionários de avaliação, pontuou que a organização,
a apresentação e o conteúdo dos slides favorecem o papel do professor na sala
de aula e que após as adequações sugeridas ao material gráfico este facilitou e
organizou melhor a aprendizagem dos alunos, pois, segundo sua avaliação: “o
material permite uma aula diversificada, principalmente para professores
iniciantes, proporcionando desafios pedagógicos que mantém e estimulam o
interesse do aluno”.
Aponta como fator relevante, para que os professores desenvolvam aulas
que utilizem as tecnologias de informação e comunicação (TIC), a promoção de
cursos de formação continuada sobre o uso de programas em informática e
relacionados ao manuseio da TV - multimídia; a melhoria da velocidade de
navegação na Internet nos laboratórios da escola; a afinidade e domínio das
ferramentas e linguagens tecnológicas pelos alunos e adequação da
compatibilidade dos programas e aplicativos com o Sistema Operacional Linux.
Esta relevância foi também percebida nas respostas do questionário de
avaliação do material utilizado em sala de aula (slides) respondido pelos alunos
ao final do processo. Neste questionário, além das questões de múltipla escolha,
havia um espaço para que os alunos escrevessem outras observações sobre o
material, no qual foram registrados os seguintes aspectos:

a) Com relação material produzido:


Lembrando que um dos objetivos deste trabalho era o de verificar se o
material produzido estava adequado ao nível médio de ensino e despertava
curiosidade, alguns alunos os avaliaram dizendo:

“Para mim está ótimo, com este material pude visualizar e entender melhor as estruturas
da molécula de DNA”;

“Parabéns professora! Esse material para mim está muito bom, pois ele me ajudou a
entender mais a genética”.

Diante dos depoimentos, acreditamos que ao incorporar as sugestões


dadas pelos alunos e pelo professor ao material desenvolvido ainda no início da
pesquisa, estas contribuíram para diversificar a metodologia de sala de aula,
sendo entendido como um estímulo diferenciado à aprendizagem.

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Houve, portanto, um acréscimo à satisfação relativa ao material e à
aprendizagem dos alunos, ressaltada por eles próprios, avaliando-o como
satisfatório e facilitador da aprendizagem.
Mas, mesmo diante de uma avaliação satisfatória, alguns alunos ainda
contribuíram para a melhoria do material sugerindo aspectos a serem melhorados
com relação ao seu layout, dizendo:
“Para melhorar a aula, seria bom se tivesse para cada tema abordado um material
escrito para o aluno estudar em casa”;

“Seria interessante se possível inserir áudio ao texto escrito”


Observamos nas falas selecionadas, que mesmo o material produzido
sendo aceito pelos alunos e facilitando a aprendizagem, ainda, na visão dos
alunos, necessita de adequações. Porém, ressaltamos que não era a intenção da
pesquisadora em produzir material áudio-visual, mas sim trabalhar com a
melhoria da visualização de estruturas complexas presentes no conteúdo de
genética.

b) Com relação aos conteúdos abordados:


Foi possível verificar em algumas falas, que os conteúdos apresentados
nos slides aos alunos foram por eles considerados adequados, sendo vistos como
um auxílio em sua aprendizagem. Vejamos o que os alunos disseram:

“Os conteúdos selecionados para serem apresentados nos slides, foram interessantes e
apresentaram algumas curiosidades com relação ao assunto”;

“Agora entendi que os genes têm a função de definir as características das pessoas”.

Portanto, estas falas dos alunos mostram que as idéias anteriores acerca
da concepção de DNA e gene foram superadas, revelando que as estratégias
metodológicas utilizadas pelo professor associadas ao material (slides) utilizado
em aula, contribuíram para a melhoria da aprendizagem.
Diante dos dados apresentados na avaliação diagnóstica, a primeira
avaliação do material e a avaliação final, podemos afirmar que houve uma
compreensão maior sobre os conteúdos de genética, promovendo uma
aprendizagem e compreensão efetiva destes fenômenos pelos alunos, pelo fato

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deles apresentarem explicações próprias para os fenômenos biológicos durante o
processo de ensino-aprendizagem.
Confirmamos, portanto que ao associar as tecnologias aos processos
educacionais temos a possibilidade de propiciar aos alunos e professores um re-
encantamento pela aprendizagem e consequentemente pelo espaço escolar .
Com relação a isto Moran (1995), afirma que:
As tecnologias permitem [...] ao professor estar mais próximo do aluno.
Pode receber mensagens com dúvidas, pode passar informações
complementares para determinados alunos. Pode adequar a sua aula
para o ritmo de cada aluno. Pode procurar ajuda com outros colegas
sobre problemas que surgem, novos programas para a sua área de
conhecimento. O processo de ensino-aprendizagem pode ganhar assim
um novo dinamismo, inovação e poder de comunicação inusitados
(p.26).

Portanto, acreditamos que ao associar novas metodologias educacionais


aos conteúdos e associando estes com as tecnologias presentes hoje em sala de
aula, podemos afirmar que o material produzido pode ser entendido como um
meio facilitador e promotor da aprendizagem.

Considerações Finais
Tendo em vista que esta pesquisa visava investigar a utilização da
tecnologia como uma metodologia alternativa no Ensino de Biologia, constatamos
que a utilização das ferramentas tecnológicas como mediadoras no processo de
ensino e aprendizagem pode contribuir na abordagem e aprendizagem de
conteúdos de natureza complexa e abstrata, como a genética.
Ainda no início da pesquisa identificamos que as dificuldades
apresentadas pelos alunos ao conceituarem cromossomo, célula, gene eram as
mesmas, apresentadas na pesquisa de Silveira e Amabis (2003), quando relatam
a dificuldade que um aluno do ensino médio tem em estabelecer diferenças
conceituais entre componentes celulares.
Ao mesmo tempo em que, vimos a possibilidade de utilizar a tecnologia
educacional como ferramenta, para auxiliar o professor a dinamizar o ensino de
Biologia pelo uso das tecnologias disponíveis hoje nas escolas e buscar um
melhor entendimento dos alunos acerca dos conceitos e fenômenos biológicos
que envolvem o conteúdo de genética. Pois, como nos diz Moran (1995): “As
tecnologias de comunicação não substituem o professor [...], mas permitem um

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novo encantamento na escola ao abrir suas paredes e possibilitar que alunos
conversem e pesquisem com outros alunos da mesma cidade” (p.26).
Assim, diante da análise das avaliações e dos relatos apresentados, tanto
pelos alunos como pelo professor regente sobre o material produzido,
acreditamos que o uso das ferramentas tecnológicas pode contribuir para
amenizar algumas dificuldades com conteúdos que envolvam aspectos
microscópicos e de natureza complexa e abstrata, além de ser um auxílio para
gerar questionamentos e discussões em sala de aula. No entanto, há que se
ressaltar que as tecnologias educacionais no cotidiano escolar, são apenas mais
um recurso metodológico.
Portanto, destacamos que o material produzido é apenas mais um meio
pelo qual o professor poderá desenvolver suas aulas, pois a aprendizagem não se
dá somente pelo uso de recursos como: livro, revistas, computador, TV -
multimídia, mas pela relação que o professor estabelece do conteúdo com outras
esferas do conhecimento, como por exemplo, o cotidiano, a história, a política, a
religião, enfim o contexto social.

REFERÊNCIAS
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Avanços Científicos Recentes: demandas da prática pedagógica. In: VI
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pensar. Curitiba: Ibpex, 2006.

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Biologia do Século XXI. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2000.

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Disponível em <http://www.eca.usp.br/prof/moran/novatec.htm> acesso em:
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Introdução às Diretrizes Curriculares. Curitiba, SEED, 2006.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de


Biologia para o Ensino Médio. Curitiba, 2008.

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SILVEIRA, R. V. M. e AMABIS, J. M. Como os Estudantes do Ensino Médio


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São Paulo: Moderna, 2004.

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