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TEMA DA SEMANA
2 Savana 12-04-2019
C
ontinua o braço de
ferro entre a Confede-
ração das Associações
Económicas (CTA) e
o Ministério do Trabalho, Em-
prego e Segurança Social (MI-
TESS) em torno da proposta
de revisão da Lei do Trabalho
recentemente submetida à As-
sembleia da República, com o
governo a contar com um im-
provável aliado, neste caso a
Organização dos Trabalhadores
de Moçambique (OTM- Cen-
tral Sindical), que também re-
meteu críticas sobre como os
representantes do sector em-
presarial têm-se posicionado
sobre o assunto.
sido apresentadas quaisquer ob- cidida por despacho do minis- Sob punho do sector privado, destas fases do processo, o mes-
jecções. tro que superintende a área do foi incluída uma cláusula para a mo é considerado inválido e de
“Não sei se, quando discutíamos trabalho, depois de ouvida a en- prestação de serviços mínimos, nenhum efeito legal. Dizem não
a proposta de Lei, a CTA não tidade patronal. A controvérsia em caso de greve, nos sectores compreender os empregadores
levou o assunto a sério para hoje está no facto dessa contratação como os da hotelaria, restaura- as causas que levam a considera-
mudar de opinião ”, disse Mun- estar sujeita a duas renovações e ção, transportes, comércio a re- ção de questões processuais em
guambe. a consequente formação de mo- talho de géneros alimentícios. A detrimento das matérias.
Relativamente à OTM, disse çambicanos para ocuparem as nova proposta de lei de trabalho Sem sucesso o SAVANA con-
que está tranquilo com as re- referidas posições para efeitos alarga o período de licença de tactou a CTA através de Pedro
formas feitas na Lei porque se da devida substituição dos es- parto dos actuais 60 para 90 dias Baltazar, Presidente do Pelouro
estava perante um processo ne- trangeiros. em conformidade com o Esta- de Política Laboral, que foi in-
gocial no qual era preciso fazer Os empregadores entendem que tuto Geral dos Funcionários e dicado para tomar parte no pro-
algumas cedências. Apontou o esta limitação pode afugentar o Agentes de Estado. Ressalva o cesso de revisão da lei. Baltazar
regime indemnizatório ao qual investimento estrangeiro, por- dispositivo que a mulher não disse-nos que não podia falar
não conseguiram vincar a sua que não permitirá que o investi- pode ser despedida sem justa sem consentimento da institui-
Alexandre Munguambe, SG OTM
proposta inicial. dor ou seu representante traba- causa durante a gravidez até um ção, tendo nos remetido à direc-
lhe na sua própria empresa por entre oito e menos que onze or- ano após o termo da licença por tora executiva adjunta da CTA,
CTA não confortável mais de seis anos. denados mínimos. maternidade. Teresa Muenda. De forma
Segundo um parecer da CTA Os empregadores voltaram a A CTA solicitava o pagamen- A instauração do processo dis- cordial esta nos indicou a Teó-
a que o SAVANA teve acesso, considerar-se injustiçados nas to de cinco dias de salário por ciplinar aos trabalhadores tam- filo Chau, que se comprometeu
que conta com devidos comen- negociações quanto ao cálculo cada ano de serviço, se o salário bém não foi consensual, uma a responder as nossas questões
tários, a agremiação exigia que das indeminizações em casos de base do trabalhador, incluin- vez que a lei estabelece o cum- até ao final desta quarta-feira.
as PME´s tivessem a pre rogati- suspensão. Consideram o crité- do o bónus de antiguidade, primento escrupuloso de todas Mas até ao fecho do jornal não
va de celebrar contratos a prazo rio gravoso, como também tem corresponder ao valor de onze as fases da instrução do processo mais se dignou a dar nenhuma
certo nos seus primeiros 10 anos colocado em causa a possibilida- meses e menos dezassete salá- desde a acusação, notificação do resposta. Mesma situação se ve-
de actividade, facto rebatido pelo de da manutenção de postos de rios mínimos, enquanto que o trabalhador e do comité sindical rificou com a Confederação Na-
martelo do executivo que deter- trabalho. governo estabeleceu que o valor para a posterior defesa e por fim cional dos Sindicatos Indepen-
minou os primeiros oito anos. É que em caso de rescisão do deve equivaler a mais de dezoi- a decisão. Sucede que em caso dentes e Livres de Moçambique
Esta proposta foi uma das que contrato, por iniciativa do em- to salários mínimos nacionais. de não cumprimento de uma (Consilmo).
gerou acesos debates, dado que pregador com aviso prévio, a
o governo e a OTM defendiam indemnização deve ser estabe-
a sua remoção, aludindo que lecida nos seguintes moldes de
o dispositivo cessou em 2017, acordo com executivo: trinta '(67$48(585$/1
dez anos após a implementação dias de salário por cada ano de
da Lei. Quem continua incon- serviço, se o salário base do tra- GH$EULOGH
formado com a medida são os balhador, incluindo o bónus de
Trabalhadores que em sede de antiguidade, corresponder ao 7(1'È1&,$'(35(d26$/,0(17$5(6
audição parlamentar propuse- valor compreendido entre um a 1$&,'$'('$%(,5$3Ð6,'$,
ram seis anos. Há um unânime oito salários mínimos nacionais.
entendimento entre o executivo Para CTA o valor devia corres- <DUD1RYD
e a OTM de que esta medida ponder a menos de oito salários
visa precarizar o emprego e em mínimos. 'HSRLVGRFLFORQH,'$,PXLWRVPHUFDGRVGDFLGDGHGD%HLUDÀFDUDPDODJDGRVHRXWURVGHVWUXtGRV
nada contribui para o desenvol- O executivo coloca quinze dias
vimento. de salário por cada ano de ser- $SyVDDQiOLVHGDYDULDomRGHSUHoRGRVEHQVQRSHUtRGRLPHGLDWDPHQWHDSyVRFLFORQHUHDOL]DGD
A contratação da mão de obra viço, se o salário base do traba- pelo OMR, o presente Destaque Rural tem por objectivo acompanhar a tendência dos preços nos
estrangeira foi outro ponto que lhador, incluindo o bónus de an- PHUFDGRVGDFLGDGHGD%HLUDDQWHVHGHSRLVGR,'$,
levou à rota de colisão entre as tiguidade, corresponder ao valor
partes. A proposta aponta que a )RUDPVHOHFFLRQDGRVRVVHJXLQWHVSURGXWRVDUUR]IDULQKDGHPLOKRDPHQGRLPFRFR
compreendido entre mais de
IHLMmRQKHPEDIHLMmRPDQWHLJDWRPDWHFHERODEDWDWDUHQRUHSROKRPDQ
contratação de cidadãos estran- oito a dezoito salários mínimos GLRFDDOIDFHFRXYHHFDUYmR$HVFROKDGHVWHVSURGXWRVGHYHVHDVXDLPSRUWkQFLD
geiros para prestarem serviço, nacionais, enquanto que o sector QDDOLPHQWDomR
em Moçambique, deve ser de- privado exigia que o valor fosse
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Farinha Feijão
Feijão Batata- Repolh Mandio
Arroz de Amend. Coco manteig Tomate Cebola Alface Couve Carvão
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Uma propriedade com DUAT de uso Misto,
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TEMA DA SEMANA
4 Savana 12-04-2019
Antigo governador do Banco de Moçambique entra na lista dos arguidos em conexão com as dívidas ocultas
A vez de Gove
...Manuel Chang diz que assinou garantias em obediência ao Decreto Presidencial
Por Raul Senda
Q
uatro anos depois da o BM interveio essencialmente ouvido por ofício o Governador do
abertura do inquérito para efeitos de registo cambial”, Banco. Esta é a razão pela qual o
criminal sobre as dí- justificou-se. Banco de Moçambique nunca se
vidas ocultas, que im- Sobre a ProÍndicus, o então go- pronunciou, apesar de insistentes
peliram Moçambique para uma vernador do banco central diz pedidos da Imprensa sobre a ma-
situação de penúria e desgraça, que tratou-se dum caso sui gene- téria”, explicou.
endividando o país na ordem de ris, porque se fosse uma empresa
dois mil milhões de dólares ame- totalmente privada seria difícil de Chang diz que assinou
entender como é que o Estado garantias em obediência
ricanos, o número de arguidos
emite uma garantia para uma em- ao decreto presidencial
em conexão com o calote atinge Manuel Chang, preso na África
mais de duas dezenas. presa, que não segue nenhum fim
público. do Sul desde 29 de Dezembro de
Sublinhou que a natureza da 2018, poderá regressar ao país nas
O SAVANA soube esta semana próximas semanas.
que, como parte de todo o proces- Proíndicus também é sui generis,
porque não é possível que uma O regresso deriva do facto da jus-
so das dívidas ocultas, foi também tiça sul-africana ter entendido que
empresa privada que se constitui
constituído arguido o antigo go- Chang é extraditável quer para
vá ao Ministério das Finanças para
vernador do Banco de Moçambi- Moçambique quer para os Estados
registar-se.
que (BM), Ernesto Gouveia Gove. Unidos da América. A decisão fi-
Contudo, o SAVANA apurou
Embora conste no Processo nú- nal deverá ser tomada pelo gover-
que, a homologação das garantias
mero 18/2019-C como uma das no sul-africano, através do minis-
dos empréstimos junto do Credit
figuras chave na materialização tro da Justiça e Serviços Prisionais,
Suisse e do banco russo, VTB, não
do crime, visto que foi o Banco de Ernesto Gove entra na lista dos arguidos em conexão com as dívidas ocultas Michael Masutha.
foi pacífica no seio do BM, visto
Moçambique, liderado por Gove, Esta posição judicial, interpretada
nos respectivamente, permitindo, disse. que o então vice-governador se
na qualidade de conselheiro eco- à luz das relações de proximidade
assim, o aumento de financiamen- Segundo Gove, em geral, os pro- opôs à solicitação bem como aos
nómico do governo, que homo- que existem entre Moçambique e a
to da ProÍndicus de 622 para 900 cedimentos que o BM segue vão propósitos dos empréstimos.
logou os acordos de empréstimos África do Sul, sugere a possibilida-
milhões de dólares americanos. desde o tratamento da informação Na sua passagem pela CPI, Pinto
que culminaram com o endivida- de de Chang ser devolvido a Mo-
de Abreu não escondeu o seu des-
mento do país o então governador Consta na mesma acusação que, no pela unidade de estrutura compe- çambique, onde deverá ser sujeito
conforto com a situação em alusão
do banco central responderá pelos dia 16 de Agosto de 2013, Manuel tente até ao despacho do Gover- a julgamento.
referindo que o Banco de Moçam-
crimes de que é indiciado em sede Chang solicitou ao BM a homo- nador, cabendo ao Director da área Em Moçambique, Manuel Chang
bique, no exercício das suas fun-
de processo autónomo, que tam- logação da emissão de garantias a de licenciamento remeter a carta é acusado de crimes de corrupção
ções, toma iniciativa de se pronun-
bém inclui Manuel Chang, antigo favor de EMATUM no valor de que anuncia o despacho. passiva para acto ilícito, bran-
ciar sobre certos aspectos e este
ministro das Finanças e mais dois USD 850 milhões, dos quais USD Gove explicou que, em casos de queamento de capitais, burla por
papel também foi exercido no caso
arguidos cujas identidades não fo- 785,4 milhões seriam transferidos dívidas privadas, o BM faz a certi- defraudação, abuso de cargo ou
das dívidas ocultas. Isto é, “chamar
ram divulgadas. directamente para a conta da Pri- ficação dos intervenientes do pro- funções, peculato e violação da le-
atenção a dizer que olha, isso aqui
Apesar de, por várias vezes, ter vinvest. cesso de financiamento, verificação galidade orçamental.
não é rentável, chamar atenção de
dito à imprensa que desconhecia A par do que sucedeu com a dos montantes e condições dos À CPI, Chang disse que assinou
que olha, isto é muito volumoso,
os contornos do calote, no pro- ProÍndicus e a EMATUM, Er- empréstimos, verificação das pro- garantias em obediência ao Decre-
o número de anos que nós vamos
cesso número 18/2019-C, ora em nesto Gove também deu pareceres jecções feitas para a determinação to Presidencial que atribui com-
ter até começar a gerar as recei-
sede de instrução contraditória na positivos à solicitação de Manuel da viabilidade económica e finan- petências para o Ministério das
tas de exportação é muito longo
Sexta Secção do Tribunal Judicial Chang, no sentido de viabilizar ceira. Também é responsável pela Finanças decidir sobre a matéria.
para a pressão que estaremos a ter
da Cidade de Maputo (TJCM), a contracção do empréstimo de verificação das potencialidades de Chang sublinhou que tomou a
desta dívida. Mas, normalmente,
consta que Ernesto Gove foi a 540 milhões de dólares a favor da geração de divisas e de emprego. decisão de avalisar as dívidas em
como conselheiro do Estado, o
pessoa que autorizou a contratação Mozambique Asset Management No caso das dívidas públicas, o papel é responder a um pedido, a resposta à solicitação que foi feita
das dívidas para as três empresas, (MAM). BM faz a certificação da compe- uma remessa que o Estado passa, pelo sector de Defesa e Segurança
nomeadamente ProIndicus, Ema- tência do procurador do Estado que o governo passa ao Banco de através do SISE, o promotor dos
tum e MAM. Decisões colegiais que assina a garantia, neste caso o Moçambique para dar um parecer projectos.
Segundo a acusação do Ministério Nesta quarta-feira, 10, o SAVA- Ministro das Finanças. Também “Portanto, o pedido das garantias
sobre a matéria”, explicou.
Público (MP), no dia 14 de Março NA tentou sem sucesso ouvir a faz a certificação da conformidade foi feito depois das empresas te-
de 2013, o Banco de Moçambique versão de Ernesto Gove, mas este dos intervenientes no processo de Desmentidos rem tentado encontrar este finan-
deferiu um ofício enviado, no dia não respondeu positivamente às financiamentos assim como da ve- À CPI, Ernesto Gove reconheceu ciamento individualmente. E não
8 de Março de 2013, por Eugé- nossas solicitações telefónicas. rificação da finalidade do projecto, que, quando abordado pela im- tendo conseguido, o sector solici-
nio Henrique Zitha Matlaba, na Contudo, lembremos que, no dia bens públicos, defesa e segurança. prensa, sobre a sua participação tou ao Ministério das Finanças a
qualidade de Presidente de Con- 17 de Outubro de 2016, quan- Ernesto Gove entende a dívida no endividamento do país sempre emissão destas garantias“.
selho de Administração (PCA) do ouvido em sede da Comissão da EMATUM, da Proíndicus e recusou na medida em que tinha Ao contrário de Ernesto Gove,
da ProÍndicus, solicitando ao BM Parlamentar de Inquérito (CPI), da MAM como pública, na me- concebido que se tratava de um que considerou a ProÍndicus,
a homologação do acordo de em- uma entidade constituída pela As- dida em que as escrituras públi- dossier completamente sigiloso. EMATUM e MAM empresas de
préstimo, assinalando que o valor sembleia da República (AR) para cas de constituição tiveram lugar “Sempre fui abordado pela im- carácter público, Manuel Chang
de 372 milhões de dólares deveria averiguar a situação das dívidas no Cartório Notarial Privativo do prensa para falar destas matérias, entende que as três empresas são
ser transferido para o grupo Pri- ocultas, Ernesto Gove negou as- Ministério das Finanças, para além mas preferi não me pronunciar, de direito privado, embora tenham
vinvest. A carta de aval do BM foi sumir todas as responsabilidades, de serem entidades consideradas porque, nos termos do disposto no a participação maioritária do Es-
assinada por Silvina de Abreu, ac- alegando que as decisões do banco participadas na totalidade pelo artigo 73 da Lei número 1/92, de tado.
tual directora de comunicação do central são colegiais e, em caso de Estado. 3 de Janeiro, se considera de na- Sobre a contracção dos emprésti-
BM, antecedido do competente irregularidades, a culpa deve ser “Ademais, a título de exemplo, tureza confidencial e a coberto do mos, o ministro das Finanças do
despacho de Ernesto Gove. repartida pelos restantes membros no caso da MAM, o Banco de sigilo bancário tudo quanto respei- governo de Guebuza disse que se-
O mesmo BM, sob liderança da direcção do banco na altura. Moçambique recebeu ainda do ta depósitos, operações de crédito, guiram o mesmo raciocínio. Isto é,
de Gove, homologou mais duas “Na tramitação deste processo Ministro das Finanças um ofício, garantias, relações com o exterior, as empresas é que decidiram pro-
garantias emitidas pelo então também estiveram envolvidos ou- informando tratar-se de finan- ou quaisquer outras operações curar financiamento e fizeram-no
ministro das Finanças, Manuel tros quadros. O vice-governador, ciamentos para despesas públicas efectuadas no Banco, só podendo antes de pedir garantias do Estado.
Chang, a pedido do então direc- Pinto de Abreu (falecido); o ad- correlacionadas com finalidade de extrair-se certidões ou prestar-se Contudo, não tendo conseguido o
tor geral do Serviço de Informa- ministrador Valdemar de Sousa e defesa, segurança e protecção da informações nos casos em que há financiamento, apareceu o SISE a
ção e Segurança de Estado (SISE), o director do gabinete do Banco soberania nacional. Estes dados um pedido do titular das opera- solicitar as garantias e, tendo em
Gregório Leão, no valor de 250 e directa ou indirectamente estive- conduzem a que se considere a dí- ções, mediante despacho do juiz conta o Decreto presidencial, o
270 milhões de dólares america- ram em contacto com os dossiers”, vida em causa como pública. Aqui, de direito, depois de previamente Ministério das Fianças as emitiu.
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TEMA DA SEMANA
Savana 12-04-2019 5
SOCIEDADE
6 Savana 12-04-2019
O
Ministério da Terra, de esforços que serão necessários. ano de florestas, contra 267.029 bro de 2018, em Maputo. como um problema de proporções
Ambiente e Desenvol- Um estudo sobre o desmatamento no período de 2003 a 2013, o que Entretanto, apesar desta indicação, alarmantes em Moçambique, pelo
vimento Rural (MITA- no triénio 2014-2016, da iniciativa representa uma redução significa- organizações que trabalham na que acções enérgicas, contunden-
DER) está a busca de do Ministério da Terra, Ambiente tiva. Estes dados constam do Re- área da conservação da biodiversi- tes e pontuais são consideradas
50 milhões de dólares americanos e Desenvolvimento Rural, aponta latório do IV Inventário Florestal dade e governação florestal, con- necessárias.
para viabilizar a implementação para a perda de 86.422 hectares/ Nacional, divulgado em Dezem- tinuam a avaliar o desmatamento (Redacção)
de programas de reflorestamento
e maneio de florestas no territó-
rio nacional, como medida que
vai e deve ajudar a minimizar os
nefastos impactos das mudanças
climáticas.
Acidentes de viação
matam 28 pessoas
em uma semana
A
sinistralidade rodoviária no país causou, ao longo da se-
mana passada, a morte de 28 pessoas em várias rodovias
do território nacional.
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10 Savana 12-04-2019
Comemorar promovendo
depois da Comissão Permanente, membro do partido MDM? As- dição na CACDHL, que abaixo se
órgão deliberativo da AR, ter de- sumiu ou não as funções no par- seguem:
tido Renamo? Inscreveu-se como Renunciou expressamente a qua-
cidido a favor da perda de manda-
solidariedade
membro do partido Renamo? lidade de membro do partido
to de Ricardo Tomás, isto por ter
Actualmente é membro de que MDM?
encontrado elementos que fazem
A
partido político? Actualmente de- No dia 20 de Julho do ano 2018,
prova da sua ligação ao maior par-
sempenha funções em que partido conforme o documento que ora se classe jornalística moçambicana comemorou, nesta quinta-
tido da oposição no xadrez político
político? Que mais informações -feira, 11, o seu dia que que coincide com as comemorações
nacional, no caso a Renamo. junta, submeti ao partido político
Ricardo Tomás gostaria de dar à da data em que foi criado o Sindicato Nacional de Jorna-
À data, a Comissão Permanen- MDM uma carta de renúncia à
Comissão para o esclarecimento listas (SNJ). A data foi reservada a reflexões sobre várias
te, na pessoa do seu porta-voz, qualidade de membro do mesmo.
desta questão da assunção ou não matérias directa ou indirectamente relacionadas ao trabalho dos pro-
Mateus Katupha, avançou que Nos termos da Constituição da fissionais da comunicação social. Este ano, o Sindicato comemora 41
de funções no partido Renamo?
Ricardo Tomás assumiu funções República em vigor, tanto a adesão anos da sua criação.
A comissão quer ainda saber se
em partido diferente daquele pelo como a renúncia à qualidade de A propósito, o secretário executivo da organização, Eduardo Con-
Ricardo Tomás tem algum docu-
qual ascendeu ao cargo deputado membro de um partido político é stantino, emitiu uma mensagem enaltecendo o papel do jornalista na
mento que gostaria de entregar a
da Assembleia da República, acto um acto voluntário e livre, caben- construção de um ambiente de paz e harmonia social. A mensagem
Comissão para ajudar no esclare-
que, à luz do Regimento da AR, dá do apenas a cada um dos cidadãos reserva largo espaço à apreciação do esforço e dedicação que têm es-
cimento desta questão da assunção
direito à perda de assento. decidir a respeito dos mesmos. O tado a ser demonstrados pelos profissionais da media para levar para
ou não de funções no partido Re-
Recordar que, sorte diferente teve facto de ter renunciado à qualida- o mundo as necessidades actuais das populações atingidas pela passa-
namo?
Geraldo Carvalho, que também de de membro do partido MDM gem do ciclone IDAI.
Na breve interacção com jornalis-
corria contra ele um processo de não significou, de maneira algu- É por isso mesmo que a organização sugere uma comemoração com
tas, ainda na manhã desta quarta-
perda de mandato igualmente pro- ma, uma renúncia à qualidade de um timbre virado para a demonstração da mão solidária de jornalis-
-feira, Ricardo Tomás avançou que
movido pelo MDM, contra quem, deputado da Assembleia da Re- tas para com as populações que foram severamente castigadas pela
já havia elaborado uma carta, re-
segundo a CPAR, não foram en- pública e muito menos constitui depressão tropical. Neste âmbito, a Mediacoop ofereceu donativos a
nunciado à qualidade de membro
contrados elementos para dar pro- Cruz Vermelha de Moçambique nesta terça-feira, 9 de Março.
do Movimento Democrático de uma justificação para a perda de
vimento à pretensão da direcção A nota do SNJ avança que a data também deve ser momento de re-
Moçambique. um mandato conferido pelo povo
do “galo” na AR. flexão sobre questões relacionadas com a liberdade de expressão e de
Neste momento, disse Tomás, não moçambicano.
Ricardo Tomás, tido hoje pela imprensa, ao mesmo tempo que se reconhece as difíceis condições
estava filiado a qualquer organiza- Assumiu ou não as funções no
direcção máxima da bancada do de trabalho que caracterizam o dia-a-dia do jornalista moçambicano.
ção político partidária, ou seja, que partido Renamo?
“galo” na AR como sendo um exí- O Sindicato Nacional de Jornalistas tem estado a receber inúmeras
era um cidadão livre e que aguar- A minha participação na campa-
mio “perturbador do curso normal críticas pelo alegado estado de letargia em relação ao seu real papel,
dava por melhores oportunidades. nha eleitoral do partido RENA-
dos trabalhos”, encabeçou, nas que passa por defender um ambiente de efectiva liberdade para o tra-
Sobre o seu futuro político, Ri- MO decorreu do facto de ser o
eleições autárquicas de 2018, a lis- balho jornalístico, incluindo a protecção efectiva de direitos dos pro-
cardo Tomás disse que iria revelar cabeça de lista daquele partido na
ta da Renamo na corrida à Presi- fissionais desta classe. Há ainda o sentimento de que o actual secreta-
oportunamente. Autarquia acima referida e, como
dência do Conselho Autárquico da riado esteja completamente “capturado” pelo poder político, pelo que
cidade de Tete. “Estou sendo perseguido tal, para me fazer eleger, tinha de passa a vida a fazer-lhe as vontades.
Num outro desenvolvimento, rea- por ser um craque. Sou o participar activamente na referida A isto liga-se o facto de o actual secretariado, por exemplo, estar com
gindo à pergunta sobre se se sen- CR7 Tete” campanha eleitoral. No entanto, o mandato completamente expirado, sem, entretanto, haver indicações
tia injustiçado, Tomás disse que, Sem qualquer reserva, o ainda tal participação não pode, de ma- de regularização da situação.
tal como os que solicitaram a sua deputado do MDM, que exerce neira alguma, ser qualificada como (Redacção)
perda de qualidade de deputado, as funções a contra gosto da lide- uma filiação ou inscrição ao referi-
Savana 12-04-2019 13
EVENTOS
EVENTOS
0DSXWRGH$EULOGH$12;;9,1o 1318
,)&)!#55R55,)&)!#555R555,)&)!#5555R555,)&)!#
Faleceu
Seus colegas Bartolomeu
Tomé , Alves Gomes, Fernan-
do Manuel, Narcésia massan-
go, António Estevão, António
Matonse, Naita Ussene, Filipe
Ribas, Filipe Mata, Lina Ma-
nuel e Calane da Silva lamen-
tam com profunda magóa o
falecimento do seu colega e
amigo Luís David, ocorrido
no dia 5/4/2019. Neste mo-
mento de dor apresentam à
familia enlutada as mais sen-
tidas condolências.
15
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Savana 12-04-2019
EVENTOS
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16 Savana 12-04-2019
EVENTOS
N
o dia 6 de abril de 1994 o de acesso para todas as crianças, e os canalizada para a saúde pública e acabou e quanto aos críticos, diz para como reconheceu o então presidente
avião com os presidentes programas de assistência social visam para o desenvolvimento económico, não falarem do que não sabem. Nicolas Sarkozy. Há sectores da so-
do Ruanda e do Burundi todos os ruandeses.” de as circunstâncias estarem a me- Agora o Ruanda está concentrado ciedade ruandesa - Kagame incluído,
foi abatido. No dia seguin- A guia do memorial não tem dúvi- lhorar, significa que as pessoas veem no futuro, conclui a guia. No mesmo a acusar o exército francês de ter sido
te, começou uma matança que durou das: “Reconciliámo-nos”, diz Aline um propósito em prosseguir, veem tom fala o bispo Celestin Hakizima- cúmplice no massacre de tutsis, hu-
três meses e terá eliminado 70% dos Uwase. “Não importa com quem me uma recompensa. E é mais igualitá- na. “O futuro do Ruanda é promissor tus moderados e da tribo twa. Paris já
tutsis. Reconciliada, a sociedade re- case, com o filho de um sobrevivente ria a nível hutu/tutsi (...) Por exem- nas várias frentes. A razão para esta reconheceu erros nas relações com o
lembra o passado. ou com o filho de um assassino. O plo, entre as pessoas que visito em perspetiva positiva é que o país tem Ruanda, mas tem rejeitado acusações
futuro será risonho”, crê. Taba, no agregado alargado de uma uma boa liderança a trabalhar para de que treinou as milícias para parti-
Dois dias depois de Aline Uwase das grandes famílias hutu, a geração manter a dinâmica”, afirma este ho- ciparem no massacre.
Turatsinze ter nascido, eclodiu um Perdão e igualdade que tinha 30 a 40 anos em 1994, toda mem que, em conjunto com outros Não ajudou a normalizar as relações
genocídio que ceifou entre 800 mil A reconciliação aconteceu com um participou no genocídio e foi para a padres e guardas da igreja de São o facto de um juiz de Paris, em 2006,
e um milhão de vidas. Hoje trabalha longo processo de justiça baseado prisão, e nenhum foi à escola. Os Paulo, em Kigali, acolheram e salva- ter acusado Kagame e outros nove de
num local onde mais de 60 membros em tribunais nas comunidades cha- seus filhos vão à escola - alguns deles, ram cerca de 2000 pessoas das garras abater o avião do presidente Habya-
da família foram enterrados. Aline é mados gacaca, cujo princípio era “a mesmo com a mãe ou o pai na pri- das milícias. rimana. Kigali rejeitou as acusações
guia no memorial do genocídio do verdade cura”. O repórter da New são por genocídio. Um dos assassinos e os dois países romperam os laços
Ruanda, em Gisozi, nos arredores da Yorker Philip Gourevitch acompanha disse-me: ‘Antes do genocídio, para diplomáticos.
capital, Kigali. desde 1996 uma comunidade em os ‘’pequenos hutus’’ como nós, isso França investiga Os dois países acabaram por restau-
“Eu perdi muitas pessoas”, disse à Taba, no centro do país, e tem uma era impensável’. responsabilidades rar relações em Novembro de 2009,
Reuters. “É uma responsabilidade ideia um pouco diferente. “O facto é Se hoje estas crianças têm uma opor- Criticado por não ter aceitado o con- com o Ruanda a pedir a França
estar aqui... Estou a proteger a me- que, evidentemente, a verdade tam- tunidade, essa foi negada a cerca de vite para se deslocar à abertura das para perseguir os fugitivos do ge-
mória, mas também a pôr o mote bém fere”, diz em entrevista à Justi- 300 mil - estimativa da UNICEF do comemorações oficiais do genocídio, nocídio que vivem em solo francês.
‘Nunca mais’ em acção para que não ceinfo.net. Os familiares das vítimas número de mortas em 1994. Todos que decorrem neste domingo, o pre- O Eliseu anunciou também que
aconteça em lugar algum do mundo. ouviam as descrições dos assassinos e os dias, Aline Uwase entra numa sala sidente francês Emmanuel Macron o tribunal francês que investiga
Nem no Ruanda, nem em lugar al- depois era pedido que concedessem do memorial com fotos de crianças nomeou uma equipa para levar a os casos de genocídio no Ruan-
gum do mundo.” O memorial tem os perdão. Há dez anos, um sobreviven- mortas, acompanhadas de detalhes cabo uma investigação ao longo de da vai receber recursos adicionais
restos mortais de 250 mil pessoas re- te não mostrava grande entusiasmo sobre os seus brinquedos favoritos e dois anos sobre o papel do exército para acelerar os processos judiciais.
sultantes dos 100 dias de genocídio. pelo programa do Estado. “Quando a maneira como morreram: a maioria francês no genocídio do Ruanda. O presidente francês não vai estar
O desastre que envolve as etnias um assassino pede perdão não se foi mutilada ou espancada até a mor- A comissão de nove membros vai nas comemorações do genocídio,
hutu e tutsi tem raízes nos tempos pode negá-lo. Perdoamo-lo, mas não te. “Uma pessoa nunca se acostuma”, ter acesso a arquivos presidenciais, mas em sua representação está Her-
do colonialismo belga, quando os sabemos realmente se vem do nosso diz, a chorar. “Sempre que entro na- diplomáticos, militares e dos servi- vé Berville, um tutsi sobrevivente do
tutsis foram beneficiados em de- coração porque não sabemos se o as- quela sala não sou a mesma pessoa ços secretos, anunciou a presidência genocídio e deputado ao Parlamen-
trimento dos hutus na região que é sassino o pede com o coração”, dizia quando saio.” francesa, depois de Macron se ter to francês pelo partido no poder de
hoje o Ruanda e o Burundi. A re- Evariste. Passados dez anos, o seu Com a recuperação do país, vozes da reunido na sexta-feira com mem- Macron. “Há muitos temas nos quais
volta de 1959 e a independência em cunhado saiu da prisão. O homem oposição criticam o presidente Paul bros de uma associação de apoio aos devemos trabalhar em conjunto, sem
1962 levaram os hutus ao poder e a que então dizia não querer ver de Kagame pelo seu punho de ferro sobreviventes do genocídio, Ibuka fugirmos às questões complicadas”,
cometerem ataques aos tutsis - mi- novo é hoje companheiro de bebida na política e no controlo dos media. France. disse Berville em entrevista à TV-
lhares foram mortos e centenas de no mercado local. Kagame obteve quase 99% dos vo- Sob mandato da ONU, o exército 5Monde.
milhares fugiram para os países vizi- “O facto de grande parte da energia tos em 2017. Aline Uwase diz que francês chegou ao Ruanda em Ju-
nhos. Em 1990, a Frente Patriótica na reconstrução do Ruanda ter sido é graças a Kagame que o genocídio nho - uma missão tardia e pequena, *In Diário de Noticias PT
Ruandesa (FPR), grupo rebelde de
refugiados tutsis, iniciou uma guer-
ra aberta contra o regime do militar
E
portava Habyarimana e o homólogo
do Burundi, Cyprien Ntaryamira, o ste pequeno país, que tem que ousassem defendê-los. Como tropas (Frente Patriótica do Ruan- do Sul. Recentemente, amargaram
cessar-fogo ficou sem efeito e come- um dos desenvolvimentos escreveu o jornalista Philip Gou- da, RPF na sigla inglesa, nascido do as relações com Museveni, o che-
çou uma caça aos tutsis. mais significativos de Áfri- revitch, “Toda a população hutu foi Movimento de Resistência Nacio- fe de Estado ugandês que foi um
A matança levada a cabo por miltares ca, é governado com punho chamada a matar toda a população nal de Museveni, NRM, também na aliado de sempre e a quem ajudou
e polícias, mas também por milícias de ferro. Entre 800 mil e um milhão tutsi”, cita-o a revista “The Econo- sigla inglesa) acabaram com o geno- a conquistar o poder em 1986. Ka-
e civis teve fim com a vitória militar de mortos na memória recente, tei- mist”. Acima de tudo, a ameaça era cídio. De seguida, perseguiu os “ge- game acusa-o agora de albergar no
da FPR, que sob a liderança de Paul mam em fazer da reconciliação um real: quem não matasse seria morto. nocidários” pelo leste da República país “traidores” do Ruanda.
Kagame entrou pelo norte do país e objectivo a alcançar. Por enquanto, A intricada malha social do país fez Democrática do Congo dentro, na Líder da União Africana em 2018,
tomou a capital em cem dias. Nova as relações nas comunidades são da violência um assunto doméstico qual gerações de banidos crescem Paul Kagame seduz a opinião públi-
onda de refugiados, desta vez hutus, pacíficas, mas inquietas extremando-a a níveis revoltantes. desde então. ca dentro e fora do continente com
em especial para o então Zaire (agora Maridos hutus mataram as mulhe- Desde que foi eleito, Kagame gere o a ordem que impôs no país, uma
República Democrática do Congo) Tem um Parlamento paritário com res tutsies, não escaparam bebés, país com punho de ferro, apostando reconciliação à medida da proximi-
levou a novos conflitos entre 1996 e 50% de mulheres parlamentares, crianças nem mulheres grávidas. num desenvolvimento ímpar que dade com os acusados de genocídio.
2003. baniu a utilização de sacos de plás- O país equivale em área a pouco tem aproximado Kigali das capitais Modernizou o país, conseguiu redu-
Após o fim das mortes em massa, as ticos há mais de dez anos, acaba de mais de meia Holanda. Tem hoje 12 africanas orientais mais desenvolvi- zir a mortalidade infantil para me-
comunidades destroçadas foram re- proibir a utilização de produtos de milhões de habitantes, mais sete do das, como Nairobi (Quénia), Abuja tade desde 2000 e promove o país
construídas com sobreviventes lado a branqueamento da pele e tem um que há 25 anos. A disputa por ter- (Nigéria) e Kampala (Uganda). Em em fóruns internacionais que fazem
lado com cúmplices ou mesmo com dos crescimentos económicos mais ra arável é óbvia e essa sempre foi dois anos, impôs também, por isso, a esquecer a pequena dimensão do
assassinos. Mas a política oficial do altos e estáveis do continente. Que uma das causas do conflito. Hutus e língua inglesa como primeira língua país, rodeado por nações de peso.
país passou a ser a de igualdade entre pequeno país é este situado no co- tutsis não são duas etnias, mas duas estrangeira, cortando com o passado A verdade é que as relações entre os
os cidadãos e de retirar do discurso ração da África dos Grandes Lagos componentes de uma divisão social colonial belga e francês e pondo fim chamados doadores ocidentais e o
público referências às etnias. que reelegeu, com 99% dos votos, o unida por uma mesma língua nacio- à supremacia da francofonia a partir Ruanda não são abaladas pela per-
As etnias foram um factor decisi- Presidente que tomou o poder há nal (kinyarwanda) que está há sécu- de 2010. cepção de falta de democracia.
vo no genocídio, mas agora o povo um quarto de século? los ligada à posse de gado (tutsis) A sua abertura à oposição política é O país prospera. Paul Kagame “fez
ruandês “vive sem divisões étnicas, No Ruanda passam 25 anos sobre o e trabalho da terra (hutus). A acu- praticamente inexistente e conside- um trabalho incrível em termos de
partilhando e trabalhando unido”, início da matança que, entre Abril mulação de riqueza é relativa, mas ra que as diferenças políticas criam desenvolvimento e de liderança”,
diz Martin Mutsindashyaka. Em e Julho de 1994, dizimou entre 500 sensível, e as posições são intermu- instabilidade. A proteção dos tutsis diz Patrick Hajayandi, investigador
declarações à agência Xinhua, este mil e um milhão de vidas. O ponto táveis, apesar do clássico domínio da é parte da agenda do Presidente, que do Instituto para a Paz e Recon-
polícia hutu que salvou a vida de assente é que houve um genocídio. minoria tutsi ao longo do tempo. não se esforça da mesma maneira ciliação da África do Sul. Haverá
18 pessoas durante os massacres, ao E foi o mais concentrado no tem- por defender os direitos humanos. porém uma verdadeira reconcilia-
albergá-los em casa e num esconde- po da história de África: 100 dias. Mantém os media controlados em ção? As questões continuam a ser
rijo que escavou junto de casa, acre- A manipulação exercida sobre uma Kagame Herói memória do papel facilitador e mul- discutidas, estão em aberto. Não
dita que as políticas do governo vão população dividida entre 84% de O Presidente Paul Kagame, um tiplicador que tiveram no genocídio. estão suficientemente bem resolvi-
no bom caminho. “Os projectos de hutus e os restantes tutsis foi das tutsi refugiado desde jovem no vizi- Vai também havendo notícia de as- das para que Paul Kagame alivie o
desenvolvimento são planeados de mais eficazes que se conhecem. nho Uganda onde liderou no exér- sassínios à distância, antigos líderes tom autoritário da sua presidência.
forma a ninguém ficar para trás. Na As “baratas” a abater eram a minoria cito nacional do Presidente Yoweri militares das suas fileiras que apare- Ainda não.
educação, por exemplo, há igualdade tutsi mais todos os hutus moderados Museveni, foi o líder rebelde cujas cem mortos, por exemplo, na África *Expresso/pt
OPINIÃO
18 Savana 12-04-2019
Cartoon
EDITORIAL
É preciso regular o
financiamento das
campanhas eleitorais
E
m 25 anos de democracia multipartidária, de eleição em
eleição, tem sido conveniente para a nossa classe política
ignorar a necessidade da aprovação de um dispositivo legal
que regule o financiamento dos partidos políticos em épo-
cas eleitorais.
Conveniente porque a existência de uma tal legislação colocaria
limitações sobre o actual estado de anarquia em que praticamen-
te tudo é permitido, e os partidos, assim como os seus candidatos,
podem financiar as suas campanhas eleitorais sem que ninguém se
preocupe com a proveniência do dinheiro para tal.
Mas uma legislação sobre o financiamento das campanhas eleitorais
N
Ao fim de um processo eleitoral, é importante que a sociedade saiba os Cinco Escritos Morais, o çambicano sair da cauda do desenvol- falar com franqueza ou para elogiar é
quanto cada partido ou candidato gastou, assim como quem são os Umberto Eco tem o seguinte vimento humano: carece de distancia- gritante. Em todos os lugares, quando
financiadores que terão contribuído para financiar a campanha de apontamento: mento crítico a si mesmo. Esta semana se faz alguma coisa bem feita, desde
um partido ou candidato. «… e poder-se-ia morrer ou en- o ex-presidente Chissano “apelou à soli- um artigo até uma obra ou uma inicia-
O risco de não se fazer isso é que nunca depois se saberá em que louquecer se se vivesse numa comunidade dariedade dos países mais ricos e que mais tiva no âmbito social, há comentários
medida é que os novos governantes, depois de eleitos, estarão a ser- em que sistematicamente todos decidissem contribuem para as alterações climáticas”. e até críticas: há um eco, conversa-se,
vir não os interesses dos eleitores e do povo em geral, mas daqueles nunca mais se olharem e comportar-se A ideia foi buscá-la a Agualusa, pena é estabelecem-se acenos, reservas. O que
como se os outros não existissem». Sem que se tenha esquecido de mencionar
grupos de interesse que terão apoiado as suas campanhas. é normal. Aqui, algo bem feito – fruto
querer, ele traça o retrato de Moçam- que Moçambique perdeu nos últimos
Embora haja uma crença de que contribuições para campanhas bique. 15 anos cerca de 4 000 000 de hecta-
do trabalho, do estudo, da disciplina, da
eleitorais são geralmente direccionadas para partidos políticos ou Até há três semanas atrás, as minorias seriedade – é recebido com o mais de-
res de floresta, devido à exploração de-
candidatos com cujos ideais ou políticas os contribuintes se identifi- sociais e culturais, em Moçambique, fa- sordenada, e que pelo menos 540 000 preciativo silêncio.
cam, há evidencias cada vez mais claras de que na verdade, a maioria ziam gala em viver num mundo à parte 000 dólares da venda da madeira não Como se não houvesse o mérito e ape-
dos contribuintes esperam algo em retorno por parte de quem eles – sendo esse um dos dramas do país, a entraram nos cofres do estado. Afinal nas a posição que o dinheiro compra, o
prestam o seu apoio. Tais grupos de interesse podem ser de vária demissão das minorias. A comunidade a alteração climática começa em casa engenho de um esquema. Quantos ad-
natureza, mas na maioria dos casos são empresários que esperam ser branca vive num mundo à parte. A co- e não é unicamente fruto da acção miram o engenho de um “golpe finan-
tratados com deferência em futuros contractos de negócios com o munidade hindu vive à parte. A maioria dos outros e talvez se aquele dinheiro ceiro” e conhecem o nome dos vigários,
bantu vive no seu mundo à parte, como surripiado fosse devolvido ao estado sem reconhecer nenhum cirurgião, um
Estado. Pode haver também indivíduos que esperam ser compensa-
se as demais comunidades não exis- fizesse diferença. Sonegar o outro em matemático, um escritor ou um pintor
dos com lugares no governo, e a partir de dentro influenciar as suas tissem. Os da cultura ou vivem num nós deixa-nos incapazes de análise, tal- seu contemporâneo?
futuras políticas. mundo à parte da política, ou estão vez pelo que é explicitado por Eco: «A Bom, o silêncio também comunica. As
Mas no extremo mais pernicioso, podem ser grupos de máfia cujo vergonhosamente fundidos – distintos dimensão ética começa quando entra em novas teorias da comunicação ensinam-
objectivo é capturar o futuro governo e colocá-lo ao serviço dos seus invisíveis - e por isso, em chegando a cena o outro. Todas as leis, morais ou ju- -nos que não existe a não-comunicação,
próprios interesses. ocasião para estarem presentes e pro- rídicas que sejam, regulam sempre relações
aí estabelecem-se níveis diferentes de
O nosso sistema de financiamento de campanhas eleitorais permite nunciar-se, distinguem-se pelo alhea- interpessoais, incluindo aquelas com um
relação. Mas para um jovem que cres-
que partidos políticos e candidatos, uma vez registados como con- mento. Maputo é uma bolha em rela- Outro que as impõe.» As impõe, não au-
ce numa comunidade de não-ditos e
correntes, beneficiem de uma subvenção do Estado. Mas os fundos ção ao resto do país, vive à parte. E os toritariamente mas no sentido em que
demais vivem de facto noutro mundo, o simples sinal da sua presença interpe- de indiferença ao outro, que conforto
obtidos através desse mecanismo são tão exíguos que na maioria dos obter do seu esforço se nenhum valor
num país que a espaços coincide com la e faz arejar o diálogo, ao relativizar e
casos é preciso recorrer a outras fontes de financiamento. o da capital. Todos coabitam, mas nem interrogar fundamentos e perspectivar é reconhecido ao seu trabalho – pior, se
Mas o que aqui é problemático não é só que os beneficiários não no urbano se entrosam como uma uni- uma auto-reflexão. verifica que fica sempre impune quem,
prestam contas pelos fundos recebidos do erário público, como dade orgânica composta pela diversida- Só pelo reconhecimento do papel dos pelo contrário, se aplica a fazer mal ou
também o facto de que não existem limites quanto à contribuição de – não, apesar de haver uma grande outros, na necessidade de respeitar a ser incompetente?
que cada doador, individualmente, pode fazer. Também não existe comunidade islâmica mais ninguém se neles as exigências que reputamos ir- A hospitalidade – o gesto de colocar-se
um mecanismo legal que obrigue os doadores a declararem a pro- interessa por saber porque usam alguns renunciáveis para nós, pode o magma ao serviço do outro – não é o forte da
veniência dos fundos que canalizam em apoio a uma determinada islâmicos turbante ou porque lidam social regular-se de um modo saudável. moral moçambicana, ainda demasiado
campanha. Se é dinheiro roubado do erário público ou se são fundos mal com os cães, parecem trivialida- Quando se quer “apagar” o outro é sinal ocupada em obter quotas para as etnias.
des mas são indicadores de que é nula de que à verdade se prefere a “lealdade” Talvez a situação de vulnerabilidade
provenientes de negócios obscuros, tudo isso pouco importa.
a curiosidade pelo universo do vizinho, a “uma crosta comportamental dema- em que o ciclone Idai colocou o país
É nestas negociatas pré-eleitorais, em momento de campanha, onde cada um vive na sua, à parte. Vamos às siado espessa e dura”(Eco).
se incuba a corrupção que depois se manifesta durante a governação, e a cadeia de solidariedade – dentro e
esplanadas e vemos: não há misturas, Contra isso, ao fim de décadas de uma
muitas vezes tornando-se no principal impedimento para o bom fora – que isso gerou consiga mudar
está tudo em apartheid. Um apartheid postura de avestruz, a Europa neste
desempenho do governo. um pouco certas mentalidades. Estar
interiorizado. Na Beira, Simango es- momento legislou no sentido de opera-
Legislar sobre o financiamento da campanha eleitoral, estabelecen- teve à parte do governo e vice-versa… cionalizar uma efectiva integração dos dependentes de outros, serem os outros
e todos se acusam sem entender que milhões de afro-descendentes no pleno quem nos dá a mão – os outros de den-
do regras sobre como doações são feitas será, certamente, uma valio-
procedem de igual modo, num modelo da cidadania. O afro-descendente deixa tro e de fora -, participar desta cadeia
sa contribuição para a boa governação. Os eleitores, ao depositarem
esquizóide. de existir só no futebol – vá lá, deu-se em que os outros ajudarão o país a reer-
o seu voto, têm o direito de saber quais são os interesses que se
Isto esquecendo que esse entendimento um salto qualitativo. guer-se, talvez leve a que Moçambique
posicionam por detrás dos partidos e candidatos em quem votam.
autárquico da percepção de si se vincula Por aqui ainda manda a inércia. A difi- desperte e, de um modo definitivo, se
ao que causa a dificuldade para o mo- culdade que tem o moçambicano para reconcilie com o Outro em si.
N
Exactamente por este julgamento e podendo ver seus netos cresce-
este 7 de Abril, choramos que fez desta casa a maior IES do ruptura ao patriarcado e o machis- afectar Lula, tem sido adiado a rem.
as mulheres e famílias que país, ao longo dos 35 anos de exis- mo e desafiam os padrões que, his- perder de vista. Resta saber se o * Activista político e
pereceram e partilhamos a tência. toricamente, determinam o lugar Supremo, que em outras matérias escritor brasileiro
dor e o luto de uma tragé- Mas desta vez, será preciso fazer profissional dos homens e das mu-
dia anunciada. De todas situações a flexão de género para nomear a lheres na nossa sociedade.
impressionantes da devastação liderança de uma, dentre as cinco Emília Nhalivilo e Admira Antó-
sofrida pela população de Bei- universidades que brotaram da UP. nio brilham como faróis para outras
ra, pela fúria do ciclone Idai, não O país recebeu a primeira Reitora mulheres, jovens e adultas. Revelam
passa despercebido para ninguém de uma universidade pública, ensi- que, o lugar da mulher moçambica-
as imagens das mulheres e da sua no estruturante e o mais enraizado na deve ser onde ela quer e deseja Email: diariodeumsociologo@gmail.com
luta pela sobrevivência: nas filas de e estabelecido no país. UniPungué estar, e não onde as hierarquias de Portal: https://oficinadesociologia.blogspot.com
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ajuda humanitária, carregando suas recebe de braços abertos a Profes- gênero determinam que ela esteja.
crianças, cuidando dos feridos, per- sora Emília Afonso Nhalivilo, filha Uma mudança radical, ainda lenta,
plexas diante de uma dura realida-
de que exige, ainda, mais coragem
e luta pela sobrevivência. Conster-
de pais professores e enfermeiros,
do interior da província de Inham-
bane, professora de Química e que
diante das estruturas de poder, mas
imprescindível de ser realizada.
Essas mulheres, assim como tantas
Messias instantâneo
Q
nadas diante da incontrolável força iniciou sua formação na UP e fez a outras que permanecem invisíveis,
da mãe natureza que, dependendo pós-graduação na Austrália. aos olhos da sociedade moçam- uanto mais recentes as nações, mais jovens os Estados,
do cuidado e atenção que recebe de Coincidência ou não, ela se deslo- bicana, são fruto de seu trabalho, mais prementes os problemas, mais tendência têm as
seus filhos e filhas, pode acariciar cou, na semana e mês da Mulher performance, desempenho profis- pessoas para procurar soluções no apelo a líderes do tipo
ou destruir. As vidas das mulheres Moçambicana, para o seu novo sional, resultados extraordinários messiânico-populista.
da Beira e de seus familiares estão local de trabalho, na companhia nas tarefas que realizam! Confrontados com os problemas do dia-a-dia, as pessoas apelam
a ser reestruturadas depois dos últi- de bandeira, sob a direcção da Co- Com determinação e visão de fu- à intervenção de uma espécie de messias instantâneo, imploram
mos acontecimentos. mandante Admira Antônio que, turo, as mulheres moçambicanas os milagres cura-tudo, as soluções definitivas, convencidas de que
A Universidade Pedagógica, tam- descobre os ares da grande estrada, estão cada vez mais emancipadas,
assim os defeitos sistémicos estruturais podem ser resolvidos.
bém, passou por um processo desde 2011 e, em 2018, assumiu os e trilham o seu próprio caminho e
profundo de restruturação. Muito comandos pela primeira vez. percurso. Abrem novos horizontes Por exemplo, apela-se ao Presidente, esperando que ele consiga
menor do que a intensidade de um Ver essas duas mulheres, juntas, em e perspectivas. Redimensionam a com a varinha mágica eliminar os males e implantar o bem. O que
ciclone, mas capaz de mudar vidas e missões de trabalho tão distintas vida. Reeducam os homens e as no- se deseja é o demiurgo, não as instituições do Estado, é o indivíduo
rumos institucionais. De uma úni- e tão próximas, ao mesmo tem- vas gerações. Quebram paradigmas. e não o colectivo. E se as instituições não funcionam ou funcionam
ca universidade se criaram outras po, emociona. Embora os ofícios Essa é a força da Mulher Moçam- mal, a cura é suposta depender infalivelmente da generosidade do
novas cinco e, as respectivas equi- de ambas sejam diferentes, a sua bicana. demiurgo.
pas que vão liderar o processo. Os presença em espaços de trabalho,
Com a alma ajoelhada no altar da esperança, as pessoas buscam,
principais gestores são, igualmente, majoritariamente, dominados pe- *reitor da UP. As opiniões expressas
produto da própria UP. Eles que los homens apresenta um ponto não reflectem necessariamente os afinal, um deus pessoalizado e permanente.
conhecem à trajectória e o DNA, comum. As duas representam uma posicionamentos do jornal
OPINIÃO
20 Savana 12-04-2019
T
Por Tomás Vieira Mário*
E
rípoli alberga mais de 1 milhão de pessoas que com o intensificar dos con-
u não estou ainda claro sobre o que vai deputado: “consentimento para a imposição frontos podem optar, muito compreensivelmente, por se refugiar na Europa,
suceder ao deputado Manuel Chang, ao da medida de coação máxima (que ao caso é a reabrindo dramaticamente o debate sobre este tema sensível num período de
aterrar no aeroporto de Maputo, se o prisão preventiva”). E a Comissão Permanente eleições para o Parlamento Europeu.
Ministro Sul-africano da Justiça decidir ( que não é a “Assembleia da República!) com o A guerra civil líbia reacendeu-se e chegou já a Trípoli com o ataque das forças coman-
extradita-lo para Moçambique, como é desejo parecer favorável da Primeira Comissão, anuiu dadas pelo general Khalifa Haftar ao reduto do governo reconhecido pelas nações
quer do próprio Chang, quer das autoridades a esse pedido! unidas e chefiado por Fayez al-Sarraj. Este último, um rico comerciante e terra tenen-
moçambicanas. (Ora, o legislador constituinte não excluiu a te, está no poder, na capital, desde 2015 mas tem pouco ou nenhum controlo sobre o
E não estou claro porquê? medida de prisão preventiva ao deputado por resto do país.
Porque, para todos os efeitos, Manuel Chang “esquecimento”, não! Excluiu-a porque, no
Os dois lados são apoiados por países europeus diferentes, o que está a criar tensões
continua com todas as suas imunidades par- seu raciocínio nobre, seria impensável uma
intraeuropeias. Assim Khalifa Haftar é apoiado pela França e por um conjunto de
lamentares intactas! E nos termos da Consti- circunstância em que o deputado, figura eleita
países árabes como a Arábia Saudita, o Egipto e os Emiratos Árabes Unidos enquanto
tuição, um deputado apenas pode ser detido pelo povo, se transformasse em vil e perigoso
numa e única circunstância: em flagrante deli- criminoso, a ponto ser procurado pela justiça Fayez al-Sarraj é apoiado pelo Reino Unido e pelos Estados Unidos. O Reino Unido
to! (Excuso-me de explicar o que seja “flagran- para ser encarcerado imediatamente! Não! O condenou já publicamente pela voz do seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Jere-
te delito”!) legislador constituinte imaginou um deputado my Hunt, as forças de Khalifa Haftar e está a pressionar a França, aparentemente sem
E afinal, o que solicitou a Procuradoria Geral como um, entre os melhores cidadãos do país sucesso, para se demarcar deste.
da República? Solicitou que ao deputado fosse mais dignos, de conduta insuspeita e impoluto! Assim a guerra civil parece ser uma luta entre potências ocidentais pelo controlo do
imposta a medida de coação máxima (“que ao Sucede porém que a realidade o traiu…) petróleo líbio, hoje nas mãos das forças de Khalifa Haftar depois do ataque bem-
caso é a prisão preventiva”) citando a carta do Outra dúvida ainda : o Tribunal Supremo fun- -sucedido aos campos petrolíferos no início deste ano. A guerra civil põe em perigo
Tribunal Supremo, endereçada à Assembleia damenta o seu pedido com base no artigo 173 a comercialização do petróleo e do gás líbios pressionando os preços destas matérias-
da República, no dia 24 de Janeiro passado. da Constituição da República (veja-se foto- -primas nos mercados internacionais e tornando mais difícil o abastecimento de vá-
Ora, a Constituição da República é mais do cópia anexa) no qual nada consta prevendo a rios países europeus.
que clara, quando se refere a imunidades do aplicação da medida cuja imposição que soli- Os Estados Unidos já retiraram parcialmente as suas forças de ocupação da Líbia
deputado: Artigo 174 “ (Imunidades) 1. Ne- cita à Assembleia da República (e não à sua face aos avanços das tropas de Khalifa Haftar mas prometem manter-se envolvidos
nhum Deputado pode ser detido ou preso, sal- Comissão Permanente, repita-se!). no conflito.
vo em caso de flagrante delito, ou submetido a Mas acima de tudo a guerra está a lançar a cidade no caos e a fazer milhares de
julgamento sem consentimento da Assembleia Em resumo, são estas as minhas dúvidas: deslocados. Recorde-se que Trípoli alberga mais de 1 milhão de pessoas que com o
da República”. 1. Qual é a base legal da imposição da medi- intensificar dos confrontos podem optar, muito compreensivelmente, por se refugiar
Na minha humilde interpretação, neste nú- da de coação máxima, (neste caso, prisão na Europa, reabrindo dramaticamente o debate sobre este tema sensível num período
mero 1 do artigo 174 da Constituição da Re- preventiva), ao deputado Manual Chang? de eleições para o Parlamento Europeu.
pública estão consagradas as duas ÚNICAS
Um grande fluxo de refugiados este ano pode vir a significar grandes avanços da
condições que podem resultar em privação de 2. Ao desembarcar no aeroporto de Maputo,
extrema-direita xenófoba em vários países europeus. Eis o resultado de intervenções
liberdade a um deputado, a saber: (1) flagrante qual será a base legal para levar o deputado
externas das potências ocidentais em países africanos do outro lado do Mediterrâneo,
delito; (2) condenação em julgamento consen- Manuel Chang à cadeia, sem levantar-se-
tido pela Assembleia da República. -lhe, antes, a imunidade parlamentar?
criando a morte, a destruição e o caos junto da fronteira sul da Europa.
Salvo melhor interpretação, parece-me que Era importante que a União Europeia e os seus membros se abstivessem de intervir
nenhuma destas duas condições se verifica- 3. O que o artigo 173 da Constituição da Re- na Líbia e que pressionassem os seus aliados árabes e americanos para também o não
ram, em torno da figura do deputado Manuel pública tem a ver com tudo isto? fazerem. A continuação da guerra pode revelar-se desastrosa em várias frentes, no-
Chang: não foi surpreendido em flagrante de- meadamente económica e política.
lito (por exemplo, a assinar as garantias das di- Solicito respeitosamente, e desde já muito O general Khalifa Haftar que comandou as tropas líbias durante a guerra israelo-
vidas ilegais); nem a Assembleia da República agradeço, a quem de direito o esclarecimento -árabe de 1973 veio mais tarde a tornar-se um opositor a Khadafi tendo-se exilado
deu consentimento para ele ser julgado! das minhas dúvidas, aliás partilhadas com mui- nos Estados Unidos onde viveu mais de 20 anos. Regressou ao país para comandar
Pelo contrário, o Tribunal Supremo pediu à tos amigos, em conversa de café, estes dias. uma das facções em guerra.
Assembleia da República para que esta pra- Economista*
ticasse um acto não previsto na Constituição *Director Executivo de SEKELEKANE – texto
da República, no âmbito das imunidades do retirado da sua página no faceboock
Andaimes e mentiras
P
elo tom de voz qualquer um fa- não interessa o país; um presidente da repú- de os jornais começarem a dizer que o anti- do. Quantas vezes não tiveram que
cilmente perceberia que o pintor blica pode mentir? go Governador do Banco de Moçambique falar, ele e o ajudante, em pintura de
tinha a intenção de trocar uns O jovem não respondeu. Estava preocupado também já foi chamado para as malhas da segunda mão, necessidade de terceira
dedos de conversa com o seu em livrar-se da tinta. Ainda assim, no seu justiça? Afinal ele não disse que não sabia mão, quarta mão, até a pintura se ajus-
ajudante. A partir do ponto mais alto íntimo, percebeu que a pergunta não devia de nada? Ou, também, quando a coisa re- tar perfeitamente? Com a mentira não
do andaime, onde se encontrava pen- ser colocada no sentido de testar se o refe- bentou preferiu mentir? Mas, quem nunca podia ser diferente. Repetida mil vezes,
durado, olhava desesperadamente para rido presidente (dessa república) era uma mentiu? Esta crise não é uma mentira? Es- como se tem dito, torna-se numa ver-
o jovem que parecia não saber como mentira ou se era suposto que ele, em algum tas eleições prometem boa fraude…, está dadeira crença de mentirosos, tipificada
agradá-lo. Para ele era inconcebível que momento, tivesse mentido para se livrar de tudo perdido, não é? por eles como verdade. Mas, não deixa
algum problema. Era mesmo uma pequena O ajudante viu o mestre a descer do andai- de ser uma grande mentira. De pernas
aquele jovem, seu ajudante, não estivesse
confusão produzida por alguma fome sina- me. Calmamente. Sempre que fizesse esse curtas. De saia levantada, sem conteú-
a par dos acontecimentos mais media-
lizada pelos roncares estomacais. Lembrou- tipo de movimento preferia ficar calado. A do algum para exibir… e para esconder.
tizados do país. O jovem permanecia
-se depois que o próprio mestre lhe ensina- cabeça do jovem também foi descendo até Pudor. Da verdade. Despudor. Uma
com a cabeça virada para cima à espera ra que quanto mais se falasse em mentiras ficar na posição normal. Sabia que daí a al- grande mentira lembrando um alcoóla-
que o seu mestre olhasse para baixo, já mais mentirosas as pessoas se tornavam; gum tempo estariam a tratar dos assuntos tra em rota de colisão com o chão, mas
que isso acontecia em intervalos muito ou que qualquer um podia mentir mas que estomacais. Isso era muito mais importante que ainda acredita na sua inocência, na
apertados. Um pingo de tinta branca, de não se devia proceder de tal forma por ser que qualquer dívida oculta ou possibilidade sua lucidez. Quando se levanta não se
óleo, não resistiu à força de gravidade e socialmente repreensível. O pintor voltou a de fraude. Para não ficar totalmente calado lembra de culpar o chão ensanguentado
foi embater em cheio na testa do jovem. soltar a sua voz: o jovem disse o seguinte: onde esbarrou o seu nariz de Pinóquio.
Enquanto este lidava com a tinta para - Essa coisa de dívidas ocultas está a tramar - Ainda vamos pôr a segunda mão, não é? - Estás com a cara toda esbranquiçada,
não ter a cara esbranquiçada ouviu o o país. Estás a entender o problema, não é. - Felizmente as mentiras não têm segunda o que se passou? – perguntou o mestre.
trovejar do mestre: Já metem o presidente, o actual, o antigo, mão, senão estaríamos lixados. - Apliquei um pouco de tinta por causa
- Tu que és jovem diz-me uma coisa: os ministros, a segurança, êpa! O que é isso Mas ele estava redondamente equivoca- de borbulhas – respondeu o ajudante.
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Savana 12-04-2019 21
DESPORTO
22 Savana 12-04-2019
D
epois de perder por onze bo- Fevereiro deste ano, Alberto Siman- Sabe-se que em 2014, em entrevista
las a uma, diante do Malawi, go Júnior tratou de dissipar equívocos ao jornal Verdade, Claudete Pereira,
em Blantyre, na partida da no tocante ao relacionamento entre a da Comissão Nacional de Futebol
primeira mão das elimina- FMF e a LNFF. Feminino, chegou a afirmar que a
tórias para o acesso aos jogos olím- “Estamos a conversar com a LNFF só LNFF não passava de um simples
picos do Tóquio 2020, em Maputo, que, estranhamente, enquanto o faze- torneio que não oferece as condições
Moçambique voltou a averbar mais mos eles continuam a realizar provas exigidas na alta competição, o que
uma derrota no jogo da segunda e chamam isso de liga. As provas de não foi bem digerido pela entidade
mão, desta feita por três bolas a zero, futebol federado em Moçambique responsável pela organização da pro-
o que perfaz um agregado de 14-1, são geridas pela FMF”, ajuntou, para va.
simplesmente inadmissível, tanto na depois explicar que nas condições ac- De acordo com Augusto Djami-
alta competição como mesmo na de tuais é difícil saber se os clubes estão ne, presidente da LNFF, as palavras
feijões. inscritos nas associações provinciais, proferidas por Claudete Pereira não
ou se os atletas estão ou não inscritos. agradaram a instituição por ele diri-
Mas mais do que a humilhante der- Futebol feminino está doente Contou, ainda, que os critérios de gida que luta para a massificação do
rota em si, sobretudo, na partida da gestão de uma prova da liga deviam futebol feminino em Moçambique.
competição não passa de uma verda- o fazer, até que a modalidade mostre
primeira mão, Moçambique pagou ser iguais aos do Moçambola, daí a “Com a criação da Liga Nacional de
deira farsa, havendo casos, como na sinais de alguma consistência, acabou
a pesada factura da guerra que está necessidade de se sentar e harmoni- Futebol Feminino tínhamos o objec-
última edição realizada em Lichinga, seguindo a primeira via, o resultado
a ser movida pela Liga Nacional de zar-se os procedimentos. tivo de promover a prática do despor-
em que os clubes chegaram a efectuar foi o que se viu.
Futebol Feminino (LNFF) contra a “Se a prova que a LNFF organiza
dois jogos num único dia, um no pe- Ademais, numa altura em que os re- tivo feminino, mas nos últimos dias
Federação Moçambicana de Futebol fosse de carácter recreativo, então não
ríodo da manhã e outro no da tarde, cursos financeiros são escassos, já não surgiram vozes a declarar que a com-
(FMF) pela busca de hegemonia, ra- haveria problema, mas atenção que a
o que não passou de uma verdadeira faz sentido participar numa competi- petição é ilegal. É muito estranho
zão pela qual no capítulo competitivo ser assim não é liga”.
afronta aos regulamentos da FIFA. ção pura e simplesmente para trocar que essas pessoas apareçam agora que
não esteja a acontecer muita coisa no Júnior explicou que a FMF organiza
Mas Augusto Djamine, o todo pode- experiência, como parece ter sido o a prova está prestes a findar”, disse
país , quando o importante era a ac- um campeonato nacional de futebol
roso, tem se mostrado indiferente ao caso. Djamine, para depois acrescentar que
ção sinérgica em prol do crescimento feminino, onde as atletas vão à se-
desta especialidade. desenrolar do certame e das conse- Mas tratando-se de um ano eleitoral lecção nacional, representam o país o organismo que dirige não poupa es-
A FMF é, de facto, a instituição quências que dele podem advir, quan- na FMF, Simango Júnior, em parce- e os campeonatos são realizados nas forços na busca de patrocínios.
responsável pela regulamentação do do o mais sensato seria concentrar-se ria com o seu elenco, só tem a perder associações provinciais e regidos por Como era de esperar, os clubes filia-
futebol feminino, enquanto que a na reorganização do organismo que com o desaire da nossa selecção femi- estatutos da Federação. dos na LNFF reagiram às declarações
Liga Nacional de Futebol Feminino dirige. nina pois, muito por conta disso, vão Daí que sentenciou: “reconhecería- da Claudete Pereira manifestando o
é um organismo amorfo e de existên- Entretanto, a Federação acaba apa- fortificando, a cada dia que passa, os mos a Liga se se sujeitasse às normas seu descontentamento, mas Filipe
cia discutível, dirigido por Augusto nhando por tabela, pois, no caso alinhamentos para o enfrentar. E não da FMF, o que não está a acontecer. Johane, secretário-geral da Federa-
Djamine, e que, mesmo com todo o vertente da participação de Moçam- é de estranhar a campanha em curso, Então, eu, por exemplo, não posso ção Moçambicana de Futebol, disse,
tipo de atropelos na organização da bique nas eliminatórias de acesso aos já com rostos, visando desacreditá- dizer que reconheço uma pessoa que na altura, que não havia condições
dita competição, continua, estranha- próximos jogos olímpicos, esta estava -lo completamente perante a opinião vai pôr uma equipa a realizar duas para a realização de uma competi-
mente, a receber apoios do Governo ciente do grau de desorganização e pública. partidas num dia. Não podemos re- ção nacional envolvendo equipas do
e quiçá de alguns parceiros, o que não falta de competitividade que impera conhecer o ilegal, é preciso, sim, que sexo feminino, porque esta prova não
passa de uma verdadeira aberração. no desporto feminino. Ou seja, entre FMF não reconhece aLNFF as pessoas se conformem com as nor- obedece às condições exigidas na alta
Aliás, para alguns entendidos, a dita participar só para o inglês ver e não Em entrevista ao SAVANA, a 22 de mas”. competição.
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DESPORTO
Savana 12-04-2019 23
$&RUDO)/1*6$pXPD(QWLGDGHGH2EMHFWR(VSHFt¿FRFRQVWLWXLGDSDUDGH-
VHQYROYHUDRSHUDFDRGDXQLGDGHÀXWXDQWH&RUDO6XO)/1*
$Q~QFLRGH9DJDSDUD(VWiJLR
Engenheiro Gestão de Ativos
Objectivo da Função: 0DQWHUUHJLVWRVVREUHRVFRPSURPLVVRV
das empresas contratadas relativo ao
Garantir um processo de planeamento de Conteúdo Local da Empresa e seu de-
negócios de qualidade, com o objetivo de senvolvimento.
traduzir os dados disponíveis do EPCIC. $MXGDUDPDQWHUUHJLVWRVVREUHDJHVWmR
Analisar e facilitar as avaliações de gestão de riscos das empresas contratadas, EP-
do contrato, durante a execução do projec- CIC;
to FLNG, e manter os níveis de qualidade *DUDQWLU D TXDOLGDGH H D SRQWXDOLGDGH
dos relatorios com base na revisão dos da- dos projectos;
dos do projeto. &RQWULEXLUSDUDPDQWHURVUHJLVWRVDWXD-
Auxiliar e garantir o planeamento de futu- OL]DGRV UHODWLYR jV SHUPLVV}HV H DFRU-
ros projetos de desenvolvimento da empre- dos.
sa, na gestão dos seus ativos e investimen-
tos de capital. 4XDOL¿FDo}HV ([SHULrQFLD
)RUPDomR6XSHULRUHP(QJHQKDULD*HV-
Principais Responsabilidades: tão, Economia ou outra área relevante.
0tQLPR GH DQRV GH H[SHULrQFLD HP
$X[LOLDU R Asset Manager na preparação funções similares.
de análises focadas no desempenho do
Empreiteiro de EPCIC; &RPSHWrQFLDV1HFHVViULDV
3UHSDUDUUHODWyULRVUHODWLYRVjJHVWmRGH 3UR¿FLrQFLD HP /tQJXD ,QJOHVD H 3RUWX-
ativos da empresa, introduzindo inova- guesa – Factor Preferencial.
ções na apresentação de dados;
0RQLWRUDUDVHPSUHVDVFRQWUDWDGDVUHODWL- Local de Trabalho:
YDPHQWHDRVHXSURJUHVVRHjVDFWLYLGD- 2ORFDOGHWUDEDOKRVHUiHP0DSXWR
des com empresa;
*DUDQWLU TXH DV HPSUHVDV FRQWUDWDGDV Os candidatos interessados deverão sub-
consigam progredir em relação ao pla- meter o seu CV até o dia 15 de Abril de
neado; 2019 no seguinte E-mail:
0RQLWRUDU R GHVHPSHQKR GDV HPSUHVDV FRUDOVHOHFWLRQ#FRUDOÀQJFRP
contratadas através de KPIs e metodolo-
gias de planeamento, com o objetivo de
LGHQWL¿FDUDVLUUHJXODULGDGHV
0RQLWRUDUDUHDOL]DomRGRVPDUFRVREMHF- Errata
WLYRV UHODWLYRV jV HPSUHVDV FRQWUDWDGDV
Na semana passada, publicamos o anúncio de vagas da Coral FLNG,
e relatar qualquer tipo de desvio. tendo trocado o perfil dos cargos a serem preenchidos. Republicamô-
$MXGDUQDDQiOLVHGHYDULkQFLDGRVFURQR- -los, nesta edição, com as devidas correcções. Pedimos, pelos transtor-
gramas. nos causados, sinceras desculpas.
&RQWULEXLUSDUDDVDXGLWRULDVLQWHUQDVGD
empresa. Coral FLNG S.A.
Registration Nr.: 100848821
Nuit: 400786704
CULTURA
24 Savana 12-04-2019
Azgo na Mafalala
Por Venâncio Calisto
O
Campinho da Mafala- Iverca, que desenvolve acções de mais detalhe sobre este grande
la será um dos palcos da promoção da democratização da acontecimento cultural, que serve
nona edição do Festival cultura, arte e património no bairro de inspiração para os bairros de
Azgo. Será no dia 19 de da Mafalala, este concerto será de todo país.
Maio, um dia depois do concerto acesso gratuito, não só para a co- Voltando ao Azgo, importa referir
principal do Festival a ter lugar no munidade do bairro anfitrião, mas que este Festival existe há nove anos
Campus da Universidade Eduardo também para todos interessados. e já é tradição e referência dentro
Mondlane, que Safira José, Isabel Três dias antes do concerto do do panorama musical nacional e
Novela, Banda Marove (Moçam- Azgo no Campinho, isto é, no dia internacional. Para além de artistas
bique), Lizzy (Alemanha), entre 16 de Maio, está prevista a inau- moçambicanos, habitualmente o
outros artistas, farão a festa no guração oficial do Museu da Ma- Azgo faz convergir vozes e ritmos
bairro histórico e tido como berço falala. Um monumento construí- doutros quadrantes e este ano não
da consciência nacionalista e inte- do em memória às gentes daquele vai fugir da regra. Nesta edição
lectual moçambicana. bairro de madeira e zinco, que meio estarão representados os seguintes
a becos e miséria soube sonhar e países: Moçambique, Brasil, Ango-
lutar por Moçambique através do la, Zimbabué e África do Sul.
Este concerto é organizado pela Destaca-se também a homenagem
Khuzula (patrona do Festival pensamento, da cultura, da arte e
de desporto. O projecto é da Asso- ao músico Oliver Mtukudzi - ou
Azgo) em parceria com a Asso- simplesmente Tuku, como era ca-
ciação Iverca – turismo, cultura e ciação Iverca com apoio da União
rinhosamente tratado - falecido
meio ambiente – e está inserido no música moçambicana e residen- falala, um bairro com uma grande Europeia e pretende ser um espaço
em Janeiro deste ano, num con-
âmbito das actividades da Othà- te na Mafalala, ela caracteriza-se comunidade macua, é uma maneira em que a comunidade do bairro e
certo agendado para o palco prin-
ma, plataforma cultural criada em pelo Unsi, um estilo musical típi- de acentuar ainda mais essa neces- visitantes de todo mundo possam
cipal do Campus Universitário da
2018, que visa fazer interagir fes- co deste bairro e arredores. É um sidade de diálogo” assevera Ivan dialogar tanto com o património UEM e que vai juntar os artistas
tivais e artistas. Até ao momento pouco desse trabalho de resgate da Laranjeira. histórico e cultural da Mafalala, as- Black Spirts (África do Sul), Ste-
fazem parte dessa organização os memória, de ir buscar o património Outros artistas em destaque nesse sim como com as novas narrativas wart Sukuma, Xixel Langa, Yolan-
festivais Azgo, KINANI e o Iverca. existente e trabalhar também com concerto são Isabel Novela, grande que se vão tecendo. da Kakana, Kaliza (Moçambique)
Ivan Laranjeira, coordenador desta o sentido de pertença, que se en- voz da nossa música que regres- As obras estão quase no fim. A e banda Mbeu (Zimbabué). É de
última, afirmou, em conversa com a quadra a escolha de Safira José para sa aos palcos do Azgo com novas arquitectura, assinada por Remi- salientar que estava previsto que
equipa do Cultural, que este evento esse concerto. O mesmo conceito propostas musicais que prometem gio Chilalue, combina a madeira Mtukudzi fosse a grande atracção
não só visa o entretenimento, mas foi aplicado para a banda Marove. arrebatar a audiência, e Lizzy, ar- e o zinco, cimento e vidro. Esses do Azgo deste ano, mas a morte
também é uma espécie de exalta- Nos últimos anos, o Azgo começa tista alemã que traz uma proposta elementos marcam tanto a histó- o levou mais cedo. Os concertos
ção da memória e da diversidade a pensar em ligar mais as províncias de música electrónica e com sabor a ria arquitectónica do bairro, assim estão previstos para os dias 17, 18
artística e cultural, tendo em conta do país – mesmo para contrariar outros horizontes, o que sem dúvi- como representam a sua relação e 19, no Centro Cultural Franco-
o leque de músicos agendados para a ideia da arte moçambicana estar das fará do evento uma experiência dicotómica com a cidade e servem -Moçambicano, Campus da UEM
a saga. concentrada em Maputo. Trazendo memorável. de evocação ao futuro. Na edição e Campinho da Mafalala respecti-
“Temos a Safira José, glória da uma banda de Nampula para a Ma- Dentro da lógica da Associação da próxima semana, falaremos com vamente.
MUNICIPIO DE MAPUTO
____
CONSELHO MUNICIPAL
AVISO
Caros munícipes, proprietários e usufrutuários de prédios urbanos
O Conselho Municipal de Maputo avisa a todos proprietários e usufrutuários de prédios urbanos que estão inscritos
no cadastro, os que ainda não tem inscrição cadastral, bem como aqueles contribuintes que não conhecem as suas
obrigações em relação ao pagamento do Imposto Predial Autarquico – IPRA , que desde o mês de Março a actualização
GHSUpGLRVRPLVVRVQRFDGDVWURH½VFDOL]DomRGRVLPyYHLVTXHVHHQFRQWUHPHPIDOWDGRSDJDPHQWRGR,35$
Nos termos da Lei nº 1/2008 de 16 de Janeiro p REULJDWyULR HIHFWXDU D LQVFULomR GRV SUpGLRV XUEDQRV QR FDGDVWUR
½VFDOGR0XQLFtSLRGH0DSXWRHGHDFRUGRFRPRartigo nº 63 do Decreto 63/2008 de DezembroTXHDSURYDR&yGLJR
Tributário Autárquico, o não cumprimento desta obrigatoriedade é punida em nome de quem os prédios urbanos se
HQFRQWUHPRPLVVRVQRFDGDVWUR½VFDOSRUIDOWDGHFRPXQLFDomRRXGHFODUDomRDRVHUYLoRFRPSHWHQWHGD$XWDUTXLDH
WRGRVGHYHGRUHVGRLPSRVWROLTXLGDGRHPH[HUFtFLRVDQWHULRUHV
Ilegível
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Savana 12-04-2019 25
A Coral FLNG SA é uma Entidade de Objecto A Coral FLNG SA é uma Entidade de Objecto
(VSHFt¿FRFRQVWLWXLGDSDUDGHVHQYROYHUD (VSHFt¿FRFRQVWLWXLGDSDUDGHVHQYROYHUD
RSHUDFDRGDXQLGDGHÀXWXDQWH&RUDO6XO)/1* RSHUDFDRGDXQLGDGHÀXWXDQWH&RUDO6XO)/1*
3ULQFLSDLV5HVSRQVDELOLGDGHV 3ULQFLSDLV5HVSRQVDELOLGDGHV
&RPSHWrQFLDV1HFHVViULDV &RPSHWrQFLDV1HFHVViULDV
3UR¿FLrQFLD HP /tQJXD 3RUWXJXHVD H ,QJOHVD ± 3UR¿FLrQFLDHP/tQJXD3RUWXJXHVDH,QJOHVD±)DF-
)DFWRUSUHIHUHQFLDO WRUSUHIHUHQFLDO
/RFDOGH7UDEDOKR /RFDOGH7UDEDOKR
2ORFDOGHWUDEDOKRVHUiHP0DSXWR 2ORFDOGHWUDEDOKRVHUiHP0DSXWR
Errata Errata
Na semana passada, publicamos o anúncio de vagas da Coral FLNG, tendo Na semana passada, publicamos o anúncio de vagas da Coral FLNG, tendo
trocado o perfil dos cargos a serem preenchidos. Republicamô-los, nesta edi- trocado o perfil dos cargos a serem preenchidos. Republicamô-los, nesta edi-
ção, com as devidas correcções. Pedimos, pelos transtornos causados, sinceras ção, com as devidas correcções. Pedimos, pelos transtornos causados, sinceras
desculpas. desculpas.
Dobra por aqui
SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1318 12 DE ABRIL DE 2019
OPINIÃO
Savana 12-04-2019 27
Festa, Solidariedade
e Coragem
N
a sexta-feira da semana passada, dia 06 de Abril, na cida-
de de Maputo, teve lugar a festa de casamento que movi-
mentou grande parte da elite política do país. Trata-se do
casamento do jovem piloto e aviador, Suel Abdula, filho da
Ministra da Saúde, Nazira Abdula, que se enlaçou a jovem Keita,
numa cerimónia que para além dos holofotes, prata e porcelana,
foi também convidada a solidariedade, o jovem casal anunciou que
ia doar todos presentes recebidos para ajudar as vítimas do ciclone
IDAI.
O casamento é mesmo um momento especial e contagiante. Há
um feitiço que emana da expressão facial e corporal dos noivos.
Os convidados que testemunham este momento parecem não re-
sistir a essa magia metaforizada na troca de aliança captada nesta
nossa fotografia inicial. E porque também, neste tipo de evento, os
encontros e conversas de ocasião são inevitáveis, eis a seguir Mar-
garida Talapa, chefe da bancada do partido Frelimo, e Sónia Ma-
cuvel, membro do secretariado do mesmo partido, em gargalhadas
de comadres. A alegria é realmente uma coisa boa.
Geralmente os homens são mais discretos e o casamento para eles
não é propriamente um território amigável. Mas não vamos por aí,
porque de certeza não é sobre esse assunto que privam Rejandra
de Sousa, ministro da Indústria e Comércio e Egídio Vaz, um his-
toriador transformado em jobs for the boys. Mas de que será? Nin-
guém saberá, mas deve ser alguma coisa interessante e intrigante
ao ponto de capturar a atenção do nosso ministro.
Para encerrar o cenário do casamento, um encontro especial,
Eduardo Salim e Salomão Moiane, membro do Conselho Nacio-
nal de Eleições, também fundador dos jornais Savana, Zambeze e
Magazine, pousam num gesto de carinho e amizade.
Quem não pôde ir à festa mas também não deixou de comemo-
rar foi o nosso presidente (do Savana) Fernando Lima, que lhe
foi operada a perna com sucesso, na semana passada, na sequência
de uma lesão contraída no dia 28 de Março, na cidade da Beira,
durante a épica jornada por ele empreendida, em solidariedade às
vítimas do ciclone que dizimou o centro do país, e como parte do
seu compromisso com o jornalismo investigativo, esse grande ges-
to de coragem. Que a água e o sumo, que lhe acompanham nesta
imagem final do informal de hoje, sejam a fórmula mágica da cura.
À HORA DO FECHO
www.savana.co.mz EF"CSJMEFt"/0997*t/o 1318
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IMAGEM DA SEMANA Foto: Naita Ussene
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