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Prefácio do livro

A Imagem na Idade Mídia:


mediações na imagem e o popular contemporâneo

Em pleno século XXI a percepção do mundo fenomenológico se dá principalmente através


das imagens. A partir das revoluções tecnológicas ocorridas no século XIX, mas que já vinham em
gestação desde milhares de anos antes, a saber, adventos como o teatro de sombras, a câmera
escura, a lanterna mágica, a perspectiva artificialis e o claro-escuro, as imagens tornaram-se mais
intensas nas vidas das pessoas com invenções como o zootropio, a fotografia, o cinema, a televisão,
o vídeo, o holograma, a infografia, a internet, o out-door etc.
A concretização da produção de imagens pelos homens através de engenhocas tecnológicas,
transformam esses aparelhos em mediadores que possibilitam a transformação de energia criativa
em arte, em política, em poder, em comunicação. Este livro surge com o intuito de questionar e
apresentar um mosaico do status quo das imagens na sociedade contemporânea, as relações sociais,
as instâncias de poder e as visões de mundo nelas inscritas, para delas abstrair, na realidade, novas
dimensões em conexão com subjetividades e processos de subjetivação.
Este mosaico transdisciplinar é feito a partir de diferentes pontos de vista: da comunicação,
do design, das artes plásticas, das políticas públicas, da antropologia, da semiótica, entre outras. A
importância deste esforço teórico e metodológico transdisciplinar urge na problematização de
códigos e linguagens de caráter imagético, e se faz crescente numa sociedade pós moderna onde
podemos prospectar um universo em constituição de um Bios, no qual ondas de informação via
satélite em forma de imagem emanam de aparelhos midiáticos e se constituem em sagazes
dispositivos ideológicos. O conhecimento, o debruçar-se, a teorização e a crítica acerca da imagem
neste trabalho instigarão os leitores a ressignificar e promoverem novas reflexões sobre esta
sociedade.
A ideia deste livro nasceu de professores e pesquisadores ligados ao Instituto Federal do
Maranhão – Campus Centro Histórico e à Universidade Federal do Maranhão que trabalham como
objeto de ensino, pesquisa e produção questões sobre imagens. A transdisciplinaridade da proposta
oferece diversos olhares sobre imagem na atualidade. O título “A Imagem na Idade Mídia” não se
referencia diretamente aos meios de comunicação, mas sim à era de midiatização em que vivemos,
na qual tudo é mídia: corpo mídia, celular mídia, computador convergência de mídia, TV digital,
out-doors tomam conta da paisagem urbana. Dentro deste universo hiper mediado nos perguntamos:
aonde estão as outras imagens? As imagens do sagrado, da cultura popular, do patrimônio cultural,
dos micro discursos, da estética do cotidiano, do opositivo, da mercadoria e também das mídias
alternativas?
O subtítulo “mediações na imagem e o popular contemporâneo” se remete às possibilidades
oportunizadas pela imagem de se constituir mediadora enquanto dispositivo de poder e significação,
assim como, por outro lado, perceber as travessias e estratégias do popular na contemporaneidade.
Os trabalhos estão na seguinte sequência: “Viva Oxalá” e as bordas: uma experiência periférica na
estética televisiva de Marcus Ramúsyo de Almeida Brasil aborda questões sobre: políticas de
representação das imagens do sagrado no âmbito televisivo tendo como objeto o programa Viva
Oxalá do finado pai de santo Sebastião do Coroado (1942 - 2009).
No artigo O designer e a produção de sentido na construção de iconografias de Raquel
Gomes Noronha propõem-se os marcos teóricos e metodológicos do projeto Iconografias do
Maranhão, que a professora de design gráfico do curso de Design da UFMA coordena como
trabalho em progresso contínuo. No terceiro capítulo do livro por sua vez intitulado Funções da
foto nas páginas de jornal: discursividade e auto-referencialidade da imagem fotográfica, a
fotógrafa, jornalista e pesquisadora Carolina Guerra Libério empreende uma discussão crítica
acerca das funções das fotografias jornalísticas em periódicos. Para tanto, articula uma imbricação
entre a filosofia da imagem de Vílem Flusser e o modelo estruturalista das funções da linguagem de
Roman Jakobson.
Em O Manto da Apresentação de Bispo do Rosário: uma poética em processo o artista
plástico e professor José Almir Costa Valente Filho promove uma análise semiótica do trabalho de
Arthur Bispo do Rosário (1909/11 – 1989) cuja a base teórica e metodológica encontra-se na
semiótica plástica ou visual, concebida pelos semioticistas Algirdas Julien Greimas e Jean-Marie
Floch, cujos conceitos de semi-simbolismo e intertextualidade são aqui tratados. Análise do
conjunto das obras de Bispo do Rosário e, mais enfaticamente, do Manto da Apresentação,
observando seus processos de produção e sua inserção no cenário da arte contemporânea.
Por sua vez, no artigo A ocupação dos vazios urbanos pelos grafitis no Centro Histórico de
São Luís o jornalista, radialista, fotógrafo e músico, Bruno Soares Ferreira faz uma viagem
antropológica pelos becos da Praia Grande, centro da capital São Luís – MA, para captar a essência
dialógica entre os monumentos do Centro Histórico e a intervenção da linguagem dos grafitis na
paisagem urbana. Por fim, no texto Patrimônio Cultural: a estetização da mercadoria no campo
midiático, a doutoranda em políticas públicas Geórgia Patrícia da Silva faz uma análise crítica
acerca da mercadorização imagético-midiática e gentrificação do patrimônio cultural. Utiliza como
referencial teórico autores da teoria crítica e marxista, impondo um debate político às questões
voltadas às políticas públicas de turismo, cultura e patrimônio histórico e artístico.

Marcus Ramúsyo de Almeida Brasil


Junho de 2010

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