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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 1.771.889 - DF (2018/0267063-5)

RELATOR : MINISTRO JOEL ILAN PACIORNIK


RECORRENTE : RAIMUNDO DAMACENO CORADO FILHO
ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL
RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E
TERRITÓRIOS

DECISÃO

Trata-se de recurso especial interposto com fulcro no art. 105, III, alínea
"a", da Constituição Federal.
Consta dos autos que o Juízo da Vara de Execuções Criminais indeferiu o
pleito defensivo de não unificação das penas de detenção e reclusão, a fim de ocorrer a
execução apartada das sanções (fls. 20/23).
Interposto agravo em execução pela defesa, o Tribunal de origem negou
provimento ao recurso. Eis a ementa do julgado (fl. 55):

RECURSO DE AGRAVO - EXECUÇÕES - RECLUSÃO E


DETENÇÃO - UNIFICAÇÃO DAS PENAS NO REGIME FECHADO -
POSSIBILIDADE.
I. Para fins de fixação de regime de cumprimento,
podem-se somar as penas de reclusão e de detenção. Precedentes.
II. O tempo de pena relativo à nova condenação foi somado
ao das anteriores e resultou em sanção superior a 8 (oito) anos. Nos
ditames do artigo 33, §2°, "a", do CP, correto o regime inicial fechado.
III. Recurso desprovido.

Opostos embargos de declaração, pela defesa, foram rejeitados nos


termos do acórdão de fls. 94/100, assim ementado:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - RECURSO DE


AGRAVO DE EXECUÇÃO - OMISSÃO - RECLUSÃO E DETENÇÃO -
UNIFICAÇÃO DAS PENAS NO REGIME FECHADO -
INCONFORMISMO CONTRA OS FUNDAMENTOS DO ACÓRDÃO
IMPUGNADO.
I. Os embargos de declaração não inauguram nova
oportunidade de insurgência contra a conclusão do acórdão. Possuem
fundamentação vinculada, restrita às hipóteses do artigo 619 do Código
de Processo Penal.
II. Embargos desprovidos.

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Diante disso, a defesa interpôs recurso especial alegando violação aos
arts. 33, caput, segunda parte, 69, caput, última parte e 76, caput, todos do Código
Penal.
Alega que no caso de unificação de penas de natureza diversa, reclusão e
detenção, o regime inicial de cumprimento não pode ser o fechado em razão da soma
das reprimendas, porquanto, inexiste previsão legal do regime fechado para o resgate
da pena de detenção.
Sustenta a possibilidade de cumprimento apartado das penas de
detenção e reclusão, sob a alegação de que as penas não podem ser somadas para
fins de determinação do regime de cumprimento, devendo ser executadas
separadamente.
Aponta que no caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de
detenção, executa-se primeiro aquela e, no concurso de infrações, executar-se-á
primeiro a pena mais grave, nos moldes dos arts. 69, caput, última parte e 76, caput,
ambos do Código Penal.
Requer o provimento do recurso especial para cassar o acórdão
impugnado e possibilitar a execução separada das penas de reclusão e de detenção.
Contrarrazões às fls. 115/119.
Decisão de admissibilidade às fls. 120/121.
O Ministério Público Federal opinou pelo não conhecimento e, caso
conhecido, pelo desprovimento do recurso especial (fls. 132/137).
É o relatório. Decido.
O recurso não merece prosperar.
O Tribunal de origem entendeu que é possível somar as penas de
reclusão e detenção para fins de fixação do regime de cumprimento, uma vez que são
sanções da mesma espécie. O voto condutor assim se posicionou quanto à
controvérsia, no que importa, verbis (fls. 58/61):

Insurge-se RAIMUNDO DAMACENO CORADO FILHO


contra decisão do Juízo da Vara de Execuções Penais que unificou as
reprimendas no regime fechado.
Alega que penas de reclusão e detenção não devem ser
somadas, em observância aos artigos 33 do Código Penal e 111 da Lei
de Execuções Penais. Requer o cumprimento no semiaberto.
Somadas as reprimendas, são 8 (oito) anos, 5 (cinco)
meses e 25 (vinte e cinco) dias como incurso em delitos com sanções de
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reclusão e detenção. Na conta de liquidação, constam as seguintes
condenações (fls. 20/23):
[...]
Em 22 de agosto de 2017, foi homologada a falta grave,
relativa à fuga empreendida em 18/12/2016. A MM. Juíza da Vara de
Execuções Penais declarou a regressão de regime para o fechado, nos
termos do artigo 118, inciso I, da LEP. Agiu com acerto o Juízo.
O artigo 111 da LEP não faz distinção das modalidades das
penas privativas de liberdade quanto à unificação. Para fins de fixação de
regime prisional, as sanções de reclusão e detenção são da mesma
espécie.
Conforme consignou Júlio Fabrinni Mirabete, colacionado na
decisão de fl. 14-v:
Se todas as penas foram de detenção o regime
inicial poderá ser o semiaberto ou aberto, mas se houver
uma de reclusão, poderá ser determinado o regime fechado
para o início do cumprimento das penas. Outroassim, se a
somatória das penas ultrapassar oito anos e uma deles
pelo menos for de reclusão, deve ser fixado o fechado. (Lei
de Execução Penal anotada, Ed. Verbatim, 2011, pág. 174)
Nesse mesmo sentido, o Supremo Tribunal Federal entende
que é viável a soma das penas de detenção e reclusão para a unificação
das reprimendas e fixação de regime, inclusive no caso de regressão.

O entendimento da Corte a quo encontra-se alinhado ao desta Corte


Superior, firmado no sentido de que, nos termos do art. 111 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de
Execução Penal), é possível a soma das penas de reclusão e de detenção para fixação
do regime prisional, uma vez que constituem sanções da mesma espécie, ou seja,
ambas são penas privativas de liberdade. Nesse sentido:

RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO PENAL.


UNIFICAÇÃO DAS PENAS DE DETENÇÃO E RECLUSÃO.
SOMATÓRIO. POSSIBILIDADE. ART. 111 DA LEP. REGIME
PRISIONAL.
1. No caso, o Tribunal local entendeu que, interpretando o
art. 111 da Lei de Execução Penal em conjunto com o art. 76 do Estatuto
Repressivo, as penas de detenção e reclusão não poderiam ser somadas
indistintamente, executando-se, no concurso de infrações, primeiramente
a pena mais grave.
2. As reprimendas de reclusão e de detenção devem ser
somadas para fins de unificação da pena, tendo em vista que ambas são
modalidades de pena privativa de liberdade e, portanto, configuram
sanções de mesma espécie. Precedentes do STF e desta Corte Superior
de Justiça.
3. Recurso provido (REsp 1642346/MT, Rel. Ministro
JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, DJe 25/05/2018).

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EXECUÇÃO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO


HABEAS CORPUS. UNIFICAÇÃO DAS PENAS DE DETENÇÃO E
RECLUSÃO. REPRIMENDAS DA MESMA NATUREZA. SOMATÓRIO.
POSSIBILIDADE. ART. 111 DA LEP.
1. A teor do art. 111 da Lei n. 7.210/1984, na unificação das
penas, devem ser consideradas cumulativamente tanto as reprimendas
de reclusão quanto as de detenção para efeito de fixação do regime
prisional, porquanto constituem penas de mesma espécie, ou seja,
ambas são penas privativas de liberdade.
2. As reprimendas de reclusão e de detenção devem ser
somadas para fins de unificação da pena, tendo em vista que ambas são
modalidades de pena privativa de liberdade e, portanto, configuram
sanções de mesma espécie. Precedentes do STF e desta Corte Superior
de Justiça.(REsp 1642346/MT, Rel. Ministro JORGE MUSSI, Quinta
Turma, julgado em 17/5/2018, DJe 25/5/2018) 3. Agravo regimental
improvido (AgRg no HC 473.459/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES
DA FONSECA, QUINTA TURMA, DJe 01/03/2019).

AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS.


EXECUÇÃO PENAL. UNIFICAÇÃO DAS PENAS. ART. 111 DA LEP.
RÉU CONDENADO ÀS PENAS DE RECLUSÃO E DE DETENÇÃO.
SOMATÓRIO DE AMBAS AS REPRIMENDAS PARA FIXAÇÃO DO
REGIME. POSSIBILIDADE. ILEGALIDADE NÃO VERIFICADA.
AGRAVO NÃO PROVIDO.
1. No caso, o Tribunal de origem manteve manteve a
unificação das penas de reclusão e de detenção do paciente realizada
pelo Juízo de Execução, fazendo com que sua pena de detenção seja
cumprida já inicialmente em regime fechado, como se reclusão fosse.
2. Ao interpretar o art. 111, da LEP, este Superior Tribunal
de Justiça firmou entendimento no sentido de que as penas de reclusão e
as de detenção constituem reprimendas de mesma espécie, e portanto,
para efeito de fixação do regime prisional, devem ser consideradas
cumulativamente. Precedentes do STF e desta Corte Superior de Justiça.
3. Agravo regimental não provido (AgRg no HC 418.296/ES,
Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, DJe 23/10/2018).

Incide, portanto, o óbice do Enunciado n. 83 da Súmula/STJ.

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Ante o exposto, com fundamento na Súmula 568/STJ, nego provimento ao
recurso especial.
Publique-se. Intime-se.
Brasília, 04 de abril de 2019.

MINISTRO JOEL ILAN PACIORNIK


Relator

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