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Ficção de Luiz Ruffato permanece busca no blog


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fiel à classe operária


sex, 09/12/11 por Luciano Trigo | categoria Todas

Capa Luiz Ruffato lança hoje à noite na Livraria Argumento,


Perfil
no Rio de Janeiro, o romance Domingos sem Deus
Luciano Trigo é escritor, jornalista, tradutor e editor
(Record, 112 pgs. R$32,90). Trata-se do quinto de livros. E pai da Valentina. Autor de "O viajante
volume do ambicioso projeto Inferno Provisório, imóvel", sobre Machado de Assis, "Engenho e
memória", sobre José Lins do Rego, e meia dúzia
balzaquiana cartografia do proletário brasileiro e das de outros livros, entre eles infantis. Foi editor dos
precárias condições de sua existência. Em tom de suplementos "Idéias", no Jornal do Brasil, e "Prosa
& Verso", no Globo, e colaborador de diversos
denúncia, Ruffato apresenta ao leitor em histórias jornais. Editou também as revistas "Leia Livros" e
"Poesia Sempre". Foi editor da Nova Fronteira e da
autônomas mas articuladas a vida daqueles que,
Odisséia Editorial. O endereço do blog Máquina de
mesmo em tempos de euforia midiática em relação aos Escrever mudou. As novas postagens estarão em
http://g1.globo.com/pop-arte/blog/maquina-de-
avanços sociais do Brasil, continuam invisíveis, escrever/
desgraçados, desterrados e esquecidos.

Inferno provisório investiga ficcionalmente a formação e


evolução do proletariado brasileiro desde os anos 50
até o início do século 21, por meio da saga de uma Colunistas
comunidade de imigrantes italianos e seus Altieres Rohr
Alysson Muotri
descendentes, no interior de Minas Gerais e na cidade
Amelia Gonzalez
de São Paulo. Os primeiros volumes da série
Ana Cássia Maturano
foram Mamma, son tanto Felice (2005), O mundo inimigo (2005), Vista parcial da noite (2006) e O André Trigueiro
livro das impossibilidades (2008). Antônio Carlos Miguel
Bruno Medina
Mineiro de Cataguases, 50 anos, Luiz Ruffato conquistou o reconhecimento do público e da crítica Cassio Barbosa
em 2001, ao lançar o romance Eles eram muitos cavalos, ganhador de diversos prêmios e Cláudia Croitor
publicado na França, na Itália e em Portugal. Desde então, vem se dedicando, sem pressa nem Cristiana Lôbo
Dicas de motos – Roberto Agresti
pressão, a dar continuidade à pentalogia Inferno provisório. Nesta entrevista, ele afirma a lealdade
Dodô Azevedo
de sua literatura às suas origens sociais e explica como funciona a Igreja do Livro Transformador.
Dra. Ana Escobar
Geneton Moraes Neto
Luiz Ruffato
Gerson Camarotti
Lia Salgado
- Fale sobre a concepção de Inferno Provisório. Você pensou desde o início a estrutura dos
Oficina do G1 – Denis Marum
cinco volumes e se manteve fiel ao projeto original? Ou foi modificando/recriando esse Paulo Coelho
projeto ao longo do tempo? Ronaldo Prass
Sérgio Nogueira
LUIZ RUFFATO: Embora tenha sua publicação iniciada em 2005, a concepção do Inferno Yvonne Maggie
Provisório é bem anterior. Foi, em verdade, a primeira idéia que tive, quando me imaginei um dia Zeca Camargo
ser escritor. A grande questão é que desde o princípio eu tinha o tema muito claro, as esperanças e
desejos do proletariado urbano num país em profunda transformação, mas não sabia como
executá-lo. Passei pelo menos uma década estudando como resolver esse problema. Em 1998,
Outros blogs
publiquei Histórias de remorsos e rancores e, em 2000, (os sobreviventes). Ali estava o núcleo, Fantástico – 30 anos atrás
mas a forma ainda não me satisfazia. Somente com a publicação de Eles eram muitos cavalos, em G1 – Blog da Redação
2001, é que compreendi como deveria proceder para colocar de pé o Inferno Provisório. Então, Globo News – Ciência e Tecnologia

passei mais quatro anos estruturando o projeto: então, já sabia que seriam cinco volumes e sabia Globo News – Cidades e Soluções
Globo News – Estúdio i
inclusive como cada um deles deveria ser constituído. Ou seja, desde a idéia inicial até a
Globo News – Milênio
publicação agora do último volume são mais de 20 anos… Globo News – Sarau
Jornal Hoje – Hoje em Casa
- De onde vem sua identificação com a classe proletária e com os estratos sociais mais
Jornal Nacional – JN Especial
carentes? Start.up

RUFFATO: Sou filho de uma lavadeira analfabeta e um pipoqueiro semi-analfabeto, que saíram de
suas cidades, Rodeiro e Guidoval, respectivamente, e se mudaram para Cataguases, uma cidade
industrial, para tentar uma vida melhor para os filhos. Eu sempre morei em bairros operários e tive Categorias
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como amigos operários. Eu mesmo trabalhei em diversas atividades, como ajudante de pipoqueiro, Artes plásticas
Artigo
caixeiro de botequim, balconista de armarinho, operário-têxtil, torneiro-mecânico (formado pelo
Cinema
Senai), gerente de lanchonete, vendedor ambulante de livros… Conheço bem a realidade de Literatura
humilhação, dificuldades financeiras e sonhos da classe operária. Protestos no Brasil
Rio
- Parece haver pouco em como em comum entre a sua ficção e a dos outros autores com
Todas
maior atividade hoje…

RUFFATO: Infelizmente, ainda são poucos os autores que, nascidos na classe operária, se
mantêm fiéis a ela, em termos temáticos. Arquivos
março 2014
- Domingos sem Deus em particular, e Inferno provisório em geral, assume o tom de uma
fevereiro 2014
literatura de denúncia social. É, nesse sentido, um romance político, ou mesmo ideológico? janeiro 2014
Esse papel continua válido para a literatura, como era 50 ou 100 anos atrás? dezembro 2013
novembro 2013
RUFFATO: Eu não escreveria se não acreditasse que a literatura tem o poder de mudar o leitor. Foi
outubro 2013
assim comigo… Quando terminei de ler meu primeiro livro, com mais ou menos 12 anos, a minha setembro 2013
vida tinha se transformado totalmente. Eu percebi o clima de opressão da minha cidade, eu percebi agosto 2013
que tinha que fazer alguma coisa para sair de lá… E se aconteceu comigo, por que não poderia julho 2013
junho 2013
acontecer com outras pessoas?
maio 2013
- Dá para chamar Domingos sem Deus de romance, sendo o livro composto por seis abril 2013
março 2013
histórias relativamente autônomas? Os gêneros ainda importam?
fevereiro 2013
RUFFATO: Cada volume do Inferno Provisório é totalmente autônomo e dentro de cada volume as janeiro 2013

histórias são totalmente autônomas. Mas há uma coerência… Como se trata de um romance dezembro 2012
novembro 2012
coletivo, nenhum personagem se sobrepõe ao outro, mas as histórias se comunicam e os
outubro 2012
personagens reaparecem. Trata-se de algo como um mosaico, onde, se visto de perto, temos uma setembro 2012
leitura, se visto de longe, essa leitura se amplia e se espraia… Agora, romance, nos moldes agosto 2012
tradicionais, certamente não é. Mas também não é uma reunião de contos ou novelas… é outra julho 2012
junho 2012
coisa…
maio 2012
- Existe algo de balzaquiano nesse projeto, no sentido de tentar traçar um painel complexo abril 2012
março 2012
de relações familiares, sociais e afetivas, e suas interações?
fevereiro 2012
RUFFATO: Sem dúvida. O meu ideal seria uma mescla de Balzac e Faulkner. Por mais absurdo janeiro 2012

que possa parecer, esses dois autores, de épocas e culturas tão diferentes, caminharam na mesma dezembro 2011
novembro 2011
direção. A grande diferença é que Balzac constrói um mundo urbano em ascensão e Faulkner um
outubro 2011
mundo rural em ruínas… Mas as preocupações de ambos são as mesmas… setembro 2011
agosto 2011
- A geografia parece ter um papel importante na sua ficção, um elemento tão importante
julho 2011
quanto o nredo ou a construção das personagens, tendo como pólos principais Minas e São
junho 2011
Paulo. Você concorda? Fale sobre isso. maio 2011
abril 2011
RUFFATO: Sem dúvida, a geografia me importa. Porque, por mais que queiramos dizer que somos
março 2011
hoje globalizados, que as fronteiras caíram, etc, na verdade nascer num lugar e falar uma língua fevereiro 2011
determinam seu lugar no mundo, porque determinam quem você é e que cosmovisão você tem… janeiro 2011
dezembro 2010
- Os domingos são sem Deus mas li que você fundou a Igreja do Livro Transformador. De novembro 2010
que se trata? outubro 2010
setembro 2010
RUFFATO: A Igreja do Livro Transformador é uma brincadeira… Nasceu de uma conversa com o agosto 2010
Rogério Pereira, editor do jornal Rascunho, pois ambos temos uma mesma origem social e sempre julho 2010
afirmamos que o que nos salvou foram os livros… Então, como brincadeira, resolvemos fundar junho 2010
maio 2010
uma igreja, a Igreja do Livro Transformador. Não cobramos dízimo e nem tentamos converter
abril 2010
ninguém. Os fiéis que querem se filiar têm apenas que gravar um vídeo dizendo o nome, de onde
março 2010
é, e qual foi o livro que transformou sua vida… É uma maneira lúdica de mostrar que a literatura fevereiro 2010
pode sim transformar a realidade… pelo menos a realidade de cada leitor… janeiro 2010
dezembro 2009
- Desde o sucesso retumbante de Eles eram muitos cavalos, você sente algum tipo de novembro 2009
pressão para provocar o mesmo impacto a cada novo livro? Cono você avalia que a sua outubro 2009
literatura evoluiu, desde aquela obra? setembro 2009
agosto 2009
RUFFATO: Primeiro, sucesso retumbante no Brasil é vender umas poucas edições do livro (o Eles julho 2009
eram muitos cavalos está em 7ª edição e tem uma edição de bolso)… Na verdade, nunca senti junho 2009
pressão de ninguém, nem do mercado, nem da crítica, porque minha obra é, em termos de maio 2009
abril 2009
repercussão, muito pequena. Eu continuo escrevendo o que quero e como quero… Eu havia me
março 2009
proposto a colocar de pé os cinco volumes do Inferno Provisório e cumpri a promessa, sem fevereiro 2009
nenhuma pressão para terminar logo… No meio do caminho, ainda lancei dois outros livros, que janeiro 2009
dezembro 2008

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02/07/2017 G1 – Máquina de Escrever – Luciano Trigo » Ficção de Luiz Ruffato permanece fiel à classe operária » Arquivo
não pertencem à série, embora pertença ao mesmo ambiente, De mim já nem se lembra e Estive novembro 2008
outubro 2008
em Lisboa e lembrei de você…
setembro 2008
- Depois de alguns anos de dúvidas, parece que o ebook veio mesmo para ficar. Hoje parece agosto 2008
julho 2008
de fato que o livro de papel vai acabar, ou pelo menos sofrer um ceclínio acentuado. Como
junho 2008
você lida com essa perspectiva?
maio 2008
abril 2008
RUFFATO: Todas as vezes em que aparece uma nova tecnologia, há um pânico acentuado… Na
março 2008
verdade, o ebook vai ampliar o número de leitores, porque possibilitará o acesso ao livro a um
fevereiro 2008
número maior de pessoas. O livro em papel continuará existindo e, em casos de mercados janeiro 2008
emergentes como o brasileiro, provavelmente até ampliará sua importância. dezembro 2007

LEIA TAMBÉM:

Eles eram muitos cavalos de Luiz Ruffato. Record/BestBolso, 154 pgs. R$12,90.

Durante um único dia, essa narrativa fragmentada e nervosa percorre a cidade de São Paulo
tentando desvendá-la e fixá-la para o leitor. A megalópole é apresentada em flashes, num
caleidoscópio de tipos, personagens, dilemas e angústias do cotidiano. Luiz Ruffato investiga
ficcionalmente a diversidade humana desse mosaico composto por gente de todo o Brasil, com
uma linguagem é crua e visceral. Este é o enredo de Eles eram muitos cavalos, livro já publicado
na Argentina, França, Itália e Portugal. As obras de Luiz Ruffato dão destaque à vida do
trabalhador urbano, uma característica pouco comum na literatura brasileira contemporânea.

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