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Questões Aulas 1 e 2

1. Direito Tributário e seu objeto de estudo


1.1. Qual a definição de Direito Tributário?
R. O nome direito tributário está consagrado para designar a disciplina jurídica
que trata dos tributos.
A submissão do Estado ao direito permitiu que se colocasse a tributação no
âmbito das relações jurídicas obrigacionais, tendo como partes o Estado credor e o
contribuinte devedor, cada qual com suas prerrogativas. E isso não apenas sob uma
perspectiva estática, mas também dinâmica, abrangendo tanto as questões materiais
como as garantias formais, procedimentais e processuais.
Mas a outorga de competências, a enunciação de limitações e a compreensão de
que a tributação se dá conforme o direito não implicou, por si só, a possibilidade de se
falar propriamente em um direito tributário.

1.2. Estabeleça a relação entre o Direito tributário, Direito Administrativo e


Direito Financeiro?
R. O direito tributário guarda íntima relação com quase todos os ramos do
direito. Revela-se, ainda, um direito administrativo tributário, porquanto a tributação é
exercida pelo Estado, sendo o tributo cobrado mediante atividade administrativa
plenamente vinculada. O direito financeiro, por sua vez, guarda relação estreita com o
direito tributário. E isso principalmente em razão da funcionalização da tributação, a
exigir a análise da finalidade quando da instituição das contribuições e empréstimos
compulsórios, bem como da efetiva destinação do seu produto, como critério de
validação constitucional de tais tributos.

1.3. Qual a diferença entre direito positivo e ciência do direito tributário?


R. Enquanto o direito positivo refere-se a todas os princípios, normas e regas
prescritos para regular a vida em sociedade a ciência do direito tributário é o estudo
especializado dos princípios, normas e regras estruturantes do direito tributário.
1.4. Em quais veículos normativos encontram-se previstos os principais
enunciados prescritivos que regem as relações jurídicas tributárias, como se
relacionam? Estruture os veículos em uma pirâmide.

Escala Hierárquica
Existem dois tipos de fontes do direito tributário: fontes reais e fontes formais.

FONTES REAIS OU MATERIAIS DO DIREITO TRIBUTÁRIO


Fonte material do direito tributário é o substrato fático ao qual se atribui uma
conseqüência jurídica. São fontes materiais todos os fatos da realidade.
Os suportes fáticos do direito tributário, em regra, são fatos de natureza econômica, que
revelam capacidade econômica, como por exemplo: auferir renda, ser proprietário de
um imóvel ou de um automóvel, realizar uma prestação de serviço, industrializar
produtos, importar e exportar mercadorias, pagar salário aos empregados, etc.
Essas fontes reais, quando submetidas às fontes formais, ganham eficácia jurídica. As
fontes formais agregam aos fatos da realidade (fontes materiais) conseqüências
jurídicas, transformando meros fatos em fatos com relevância jurídica, que passam a
produzir efeitos jurídicos.
Por exemplo, auferir renda é uma fato da realidade que revela capacidade econômica,
uma lei (fonte formal)institui o imposto de renda, determinando que quem aufere renda
tem como obrigatório o seu pagamento. Ao fato real auferir renda, uma lei (fonte
formal) atribuiu uma conseqüência jurídica: dever de pagar um tributo. Esse dever gera
inúmeras conseqüências jurídicas à pessoa que aufere a renda.

FONTES FORMAIS
As fontes formais do direito, e por conseqüência do direito tributário, dividem-se em
dois grupos:

1. FONTES FORMAIS PRIMÁRIAS: as fontes formais primárias inovam o


sistema jurídico, introduzem normas inéditas na ordem jurídica, são os únicos
veículos ejetores de normas inaugurais no ordenamento jurídico. Norma inédita
é aquela que não existia, por exemplo, a União tem competência para criar o
imposto sobre grandes fortunas, ainda não criou, se resolver instituir o referido
tributo, terá que criar uma norma que torne obrigatório o seu pagamento. Essa
norma será introduzida no sistema jurídico tributário, por meio de uma fonte
formal primária, no caso uma lei ordinária federal.

São fontes formais primárias:


 Lei Constitucional: instrumento primeiro e soberano da ordem normativa, todo o
sistema infraconstitucional deve observar os dispositivos constitucionais. É
veículo de introdução no sistema de normas de estrutura, de organização e de
competência. No caso específico do direito tributário, abriga normas de
competência(que conferem aos entes políticos o poder de criar tributos), bem
como normas limitativas do poder de tributar.
 Lei Complementar: tem matéria expressamente prevista na Constituição Federal
e um quorum de aprovação de maioria absoluta. Em matéria tributária, a
Constituição Federal determinou que essa espécie de fonte formal fosse o
veículo introdutor de variadas normas no sistema, tais como normas gerais,
limites, criação de tributos, dentre outras. O Código Tributário Nacional foi
recepcionado pela CF/88 como Lei Complementar que estabelece as normas
gerais em Matéria Tributária.
 Lei Ordinária: pode tratar de qualquer matéria, exceto aquelas que devem ser
veiculadas por lei complementar. Seu quorum de aprovação é de maioria
simples. É o veículo mais apto a introduzir no sistema jurídico tributário as
normas de incidência dos tributos (aquelas que criam os tributos, determinando
quem deve pagar, porque deve pagar, onde deve pagar, quando deve pagar e
quanto deve pagar), é neste diploma legal que o tributo deve ser descrito em sua
plenitude. Também veiculam, em matéria tributária, deveres instrumentais ou
formais (obrigações acessórias). Não há supremacia entre leis ordinárias
federais, estaduais e municipais, todas desfrutam do mesmo status jurídico,
diferindo apenas quanto ao âmbito de aplicação.
 Lei Delegada: depois da criação das Medidas Provisórias caiu em desuso. Nesta
espécie normativa o Congresso Nacional transferia competência legislativa para
o Presidente da República (de ofício ou a pedido), e este dentro da delegação
legislava.
 Medida Provisória: prevista no art. 62 da Constituição Federal, é espécie
normativa de natureza infraconstitucional que possui força e eficácia de lei. O
Presidente da República, em caso de relevância e urgência pode editá-la. Após
sua criação pelo Chefe do Poder Executivo, deve passar pelo crivo do Poder
Legislativo, que vai decidir se a medida provisória permanecerá no
sistema (sendo convertida em lei) ou será dele excluída. Em matéria tributária,
pode instituir e aumentar tributos.
 Decretos Legislativos: espécie normativa de competência privativa do
Congresso Nacional. Importante para o direito tributário por ser o veículo
introdutor de normas de tratados e convenções internacionais. Quando o
Presidente da República, assina um tratado internacional, suas regras só terão
eficácia quando introduzidas no ordenamento jurídico nacional, essa introdução
é realizada pelo decreto legislativo. Uma norma de tratado internacional quando
entra no sistema normativo brasileiro, através de um decreto legislativo, tem
status de lei ordinária.
 Resoluções: são atos legislativos pelos quais os órgãos do Poder
Legislativo (Congresso Nacional, Senado Federal e Câmara do
Deputados) exercem suas competências privativas. Em matéria tributária é um
exemplo a resolução do Senado Federal que fixa as alíquotas mínimas nas
operações internas do ICMS (art. 155, § 2º, V, a da CF).

2. FONTES FORMAIS SECUNDÁRIAS: não introduzem normas inéditas no sistema


jurídico, não inovam a ordem jurídica. Acrescem normas ao sistema jurídico que se
embasam em normas jurídicas já existentes.
São elas:
 Decreto Regulamentar ou Regulamento: é de competência privativa do chefe do
Poder Executivo. Visa possibilitar a fiel execução da lei, não podendo ampliar
ou reduzir a disposição da lei a que se refere.
 Instrução ministerial: de competência dos Ministros de Estado, visa a execução
de leis, decretos e regulamentos relativos a respectiva pasta. Tem vigência
apenas no âmbito do Ministério.
 Circular: é norma secundária que tem como objetivo a ordenação uniforme do
serviço administrativo.
 Portaria: regra geral ou individual que o superior edita para serem observadas
por seus subalternos.
 Ordem de Serviço: autorização concreta para que funcionários determinados,
realizem um tipo de serviço específico.
 Ato Normativo: ato expedido pela autoridade administrativa.
 Decisão Administrativa: decisão de órgão singular ou coletivo de jurisdição
administrativa, ao qual a lei atribua eficácia normativa.

2. Definição do Tributo e Características Gerais


2.1. Conceitue tributo destacando os principais elementos conceptuais.
R. O conceito de tributo, conforme dito, está previsto no artigo 3.º do Código
Tributário Nacional, abaixo transcrito:
“Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se
possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade administrativa plenamente vinculada.”

“Prestação pecuniária” – isto significa que o tributo deve ser adimplido em


dinheiro. O direito tributário brasileiro não admite o chamado tributo in natura, no qual
parte da mercadoria comercializada é entregue ao fisco a título de pagamento do tributo,
como, por exemplo, a entrega de 10 quilos de arroz a cada 100 quilos vendidos, para
pagamento de ICMS.

“Compulsória” – indica que a norma tributária irá incidir mesmo independente


da vontade do contribuinte. Como disse Hugo de Brito Machado, “o dever de pagar
nasce independente da vontade”. Não se pode confundir compulsoriedade com
obrigatoriedade, já que mesmo as obrigações assumidas voluntariamente têm seu
cumprimento obrigatório, como, por exemplo, um contrato.

“em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir” – termo que a princípio
parece redundante, haja vista já ter o conceito falado que a tributo é prestação
pecuniária, ou seja, em moeda. Ponto que gera controvérsias é a última parte desta
expressão, ou seja, cujo valor nela se possa exprimir. Diz-se isto porque se pode dar a
impressão de que o pagamento às vezes poderia ser feito em bens, já que estes têm valor
que pode ser expresso em moeda. Só que em regra, o pagamento é em moeda. Há uma
situação esporádica em que se admite o pagamento em bem que não seja moeda, que é a
dação em pagamento do art. 156 do CTN.

“que não constitua sanção de ato ilícito” – a hipótese de incidência do tributo é


um ato ou fato lícito, ou seja, ao fato que dá origem a obrigação de pagamento de um
tributo deve ser algo permitido em lei, como obter renda, no caso do Imposto sobre a
Renda.

“instituída em lei” – só lei pode instituir o tributo. A lei instituidora do tributo é,


em princípio, a lei ordinária. A lei complementar só é exigida nos casos expressamente
previstos na Constituição Federal, como o do art. 156, IV da CF/88. Isto porque instituir
normas gerais em Direito Tributário não é o mesmo que criar tributo.
“cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada” - A parte
final do artigo 3.º do Código Tributário Nacional determina que a cobrança do tributo
deverá seguir a determinação legal, não cabendo à autoridade administrativa
desconsiderar qualquer critério, quando houver expressa determinação legal. Com
efeito, não pode a autoridade optar pela cobrança ou não, quando a lei determinar que a
cobrança deva ser feita. Assim, ensina Hugo de Brito Machado que ou o tributo é
devido, e, nos termos que a lei determinar, deverá ser cobrado, ou não é devido e, nos
termos da lei, não poderá ser cobrado.

2.2. Qual a importância em saber se determinada exação tem ou não natureza


tributária.
R. Reconhecer que a natureza tributária á compulsório quando do fato gerador,
sem liberdade de escolhe, tendo portanto a obrigatoriedade de pagar o tributo.
2.3. Qual a diferença entre:
(i) tributos pessoais e reais;
R. Tributo pessoal decorre de condições peculiares ao contribuinte, como
é o caso do IR (Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza - art.
153, III, da Constituição) enquanto que o real leva em conta o valor de um bem,
como é o caso do IPTU (Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana - art.
156, I, da Constituição).

(ii) função fiscal, extrafiscal e parafiscal;


R. Tributo de caráter fiscal é aquele que tem, por único e central objetivo,
a arrecadação de recursos financeiros para o ente público. Arrecada-se
unicamente para manter todo o aparato estatal (ex. Imposto de Renda); HUGO
DE BRITO MACHADO ensina que um tributo é considerado neutro, quando
tem função predominantemente fiscal. Já o Tributo extrafiscal é o que objetiva,
principalmente, a interferência do Estado no domínio econômico, buscando
efeito diverso de apenas arrecadar recursos. Neste sentido, serve para atuação do
Estado na economia privada, estimulando atividades, regiões ou setores
econômicos, ou em sentido contrário, desestimulando o consumo de certos bens.
Assim, por exemplo, poder-se-á lançar mão de um tributo extrafiscal, no sentido
de evitar que uma atividade prejudicial a economia prospere a todo vapor . É o
que acontece com o estabelecimento de alíquotas altas para importação de
mercadorias, quando existam similares nacionais. Enquanto que Tributo
parafiscal é o utilizado para custeio de atividades que não são próprias do
Estado, mas que acabam sendo desenvolvidas por este por meio de entidades
específicas. Ex: IBAMA, arrecadando tributos para custear suas próprias
finalidades. Contribuições parafiscais são tributos, e sendo assim, sua natureza
específica é determinada pelo fato gerador. Assim pode ser imposto ou taxa.

(iii) tributos progressivos, proporcionais e fixos.


R. O tributo é progressivo quando suas alíquotas são fixadas em
porcentagens variáveis e crescentes, conforme a elevação de valor da matéria tributável
- como exemplo, o Imposto de Renda das Pessoas Físicas. E o proporcional é
estabelecido em porcentagem única incidente sobre o valor da matéria tributável,
crescendo o valor do imposto apenas quando o valor básico para o cálculo sofra
crescimento (ICMS, IPI e o ISS, quando incidente sobre a receita). Por outro lado, o
fixo tem o seu quantum determinado em quantia certa, independentemente de cálculos.
Como exemplo, o ISS dos profissionais liberais.

2.4. Indique se as exações seguintes possuem ou não natureza tributária:


(i) Seguro Obrigatório?

R. Não possui natureza tributaria, pois no seguro obrigatório DPVAT,


encontram-se presentes todos os elementos do contrato de seguro privado: garantia
do pagamento da indenização (i), interesse legítimo de obter indenização por danos
pessoais (ii), risco de acidente de trânsito (iii), prêmio pago anualmente pelos
proprietários de veículos automotores (iv). Logo, o prêmio do DPVAT não equivale
a tributo, eis que não preenche os requisitos previstos no artigo 3º do CTN, logo, não
pode se converter em espécie de contribuição parafiscal. A compulsoriedade do
DPVAT não diz respeito ao pagamento da prestação (prêmio), mas ao ato de
contratar, à universalidade da cobertura. A obrigação imposta pela lei é de fazer, de
contratar o seguro. Ainda que seja cobrado junto com a taxa de licenciamento de
veículos, como técnica de praticidade, isso não o converte em tributo. O preço é
consequência do contrato de seguro obrigatório.

A coercitividade no pagamento do DPVAT remete à compulsoriedade


inerente aos contratos obrigatórios, que albergam a realização de um objetivo
socialmente útil, sem qualquer relação com suposta ideia de “compulsoriedade” em
razão do prêmio ser equivalente a algum “tributo”.

Neste sentir, o STJ consolidou entendimento de que o DPVAT é seguro


obrigatório de responsabilidade civil, afastada qualquer natureza jurídica tributária,
em recurso especial representativo da controvérsia no regime do artigo 543-C do
CPC (REsp 1.418.347 MG. Relator: min. Ricardo Villas Bôas Cueva. Superior
Tribunal de Justiça. Segunda Seção, j. em 8/4/2015.). Está correto. Não basta que a
norma jurídica se assemelhe à regra-matriz de incidência tributária. Urge confirmar
se estão presentes os requisitos do conceito constitucional de tributo e suas espécies.

Quanto à destinação do valor do prêmio do contrato de direito privado, de um


lado temos as receitas públicas destinadas ao SUS e ao Denatran, sem que isso as
converta em natureza de “tributo”, visto que, em consonância com artigo 4º do CTN,
a destinação, por si, não é elemento apto para imputar esta qualificação a qualquer
exação; e, de outro, temos o pagamento do prêmio propriamente dito, decorrente da
mesma relação de direito privado entre os proprietários de veículos automotores e as
seguradoras integrantes dos consórcios.

(ii) FGTS?
R. É tributo. Tem como característica central a destinação específica a
um determinado fim, havendo menção a ela nos artigos 195, incisos I, II e III, e
§ 6º, e artigo 194, inciso VII, os quais demonstram-se os pilares de sustentação
desta subespécie de contribuição social.

(iii) Valor cobrado em decorrência de aluguel de um imóvel público?


R. Não é um tributo, pois constituinte originário não criou tributo sobre
locação de bem.
(iv) Valor cobrado em razão da poluição de rio? Possui natureza
tributária, uma vez que o Estado está exercendo o poder de polícia, fato gerador
para a taxa (art. 145, II, da CF e art. 77 do CTN).

(v) Prestação de serviço eleitoral?


R. Não possui natureza tributária, pois enseja prestação in labore, e não
prestação pecuniária como objeto da obrigação.

Verificar Decisões do Supremo Tribunal Federal em que se discute a


natureza do FGTS: RE 115979 / SP – SÃO PAULO; ADI 2556 MC /
DF – DISTRITO FEDERAL. No que concerne à natureza jurídica do
seguro DPVAT, verificar Resp. N.68146/SP, Resp. N.218.418/SP.
Questões Aulas 3 e 4

AULA 3: Competência Tributária x Capacidade Tributária Ativa (Artigo 24 da


CF/88; Art. 145 - 156 da CF; e Art. 6- 8 do CTN).

I. O que é competência tributária? Quem possui competência tributária? De que


forma é possível exercê-la?
R. Competência tributária, portanto, é o poder (para alguns, a faculdade) que a
Constituição Federal atribui a determinado ente político (União, Estado, Distrito Federal
e Município) para que este institua um tributo, descrevendo, legislativamente, sua
hipótese de incidência, seu sujeito ativo, seu sujeito passivo, sua base de cálculo e sua
alíquota.
Quanto ao exercício da competência:
A mais usual é Quanto à possibilidade uma ou mais pessoas políticas criarem o
tributo: Competência cumulativa ou comum, inserta no art. 145, II e III, da Constituição
da República, é aquela atribuída a uma ou mais entidades políticas, como por exemplo a
que "possibilita a cobrança das „taxas‟ e „contribuição de melhorias‟ pela União,
Estados Distrito Federal e Municípios, evidentemente dentro das respectivas
competências de atuação"
A competência privativa ou exclusiva é a atribuída específica e exclusivamente a
um ente político, ou seja, "ocorre quando apenas uma pessoa política pode tributar
determinado fato, excluindo-se a competência dos demais entes (ex.: IPI, para a
União)". Isso equivale dizer que "também é excludente, uma vez que constitui uma
obrigação negativa para as outras entidades, que não podem invadir aquela área própria
e privativa do ente político beneficiado" (ex: a União querer tributar a propriedade de
veículos automotores, de competência privativa dos Estados, conforme art. 155, II, da
CF/88).
Competência residual é o poder de instituir outros tributos não previstos na
Constituição Federal, em seus artigos 153, 155 e 156. No Brasil, somente a União
detém a competência residual, nos termos do art. 154.
Competência múltipla ou cumulativa é a atribuição a um ente de instituir tributos
originariamente de competência de outros entes, e definida no art. 147 da CF:
“competem a União, em Território Federal, os impostos Estaduais e se o Território não
for dividido em Municípios, cumulativamente , os impostos municipais; ao DF cabem
os impostos municipais e estaduais”.

II. Quais os atributos da competência tributária? Por qual razão a competência


tributária em relação ao ICMS e o ISS seria obrigatória e não facultativa?
R1. A competência tributária possui 06 (seis) atributos:
1) PRIVATIVIDADE OU EXCLUSIVIDADE – a Constituição
Federal estabelece competências privativas ou exclusivas, isto é, define qual ente
federado pode instituir cada tributo. Isso quer dizer que se um ente não receber a
competência de um tributo específico, não poderá instituí-lo e caso o faça, estará
violando a constituição, consequentemente, acarretará na inconstitucionalidade da
instituição do tributo.
2) INDELEGABILIDADE – como vimos na competência privativa,
cada ente recebe da constituição a sua competência, sendo assim, NÃO poderá
renunciá-la ou delegá-la a outro ente federado. Exemplo: determinado Município
não quer instituir IPTU e passa essa competência ao Estado. NÃO PODE. O que o ente
federado pode fazer é atribuir a função de arrecadar ou de fiscalizar o tributo a outro
ente ou pessoa jurídica. A atribuição da função de arrecadar ou de fiscalizar pode
ser revogada. A indelegabilidade está prevista no art. 7º do Código Tributário Nacional.
3) INCADUCIDADE – a competência tributária pode ser exercida a
qualquer tempo, isto é, não tem prazo para seu exercício. O não exercício não
acarreta a sua perda.
4) INALTERABILIDADE – a competência atribuída pela Constituição
não pode ser alterada os entes federados não podem mudá-la por sua vontade. A
única forma de sua alteração é a través de uma Emenda Constitucional. A
inalterabilidade encontra previsão no art. 8º do CTN.
5) IRRENUNCIABILIDADE – a competência também não pode ser
renunciada, nem parcial, nem totalmente. O ente não pode abrir mão dela.
6) FACULTATIVIDADE – a competência, assim como pode ser
exercida a qualquer tempo, é facultativa. Os entes não estão obrigados a exercê-la.
Tal facultatividade também está prevista no art. 8º, do Código Tributário Nacional:
Art. 8º O não-exercício da competência tributária não a defere a
pessoa jurídica de direito público diversa daquela a que a Constituição
a tenha atribuído.
III. Qual a diferença entre competência tributária e capacidade tributária ativa?
R. A competência tributária é indelegável, ou seja, não pode ser transferida a
outro ente ou pessoa a competência estabelecida pela Constituição a uma determinada
pessoa política. Ex: a União não pode delegar a competência para instituir o Imposto de
Renda aos Estados, por exemplo.
Todavia, já a capacidade tributária ativa pode ser delegada, estando isto
inclusive positivado no Código Tributário Nacional, no art. 7º, que diz que a
competência é indelegável, exceto as atribuições para arrecadar e fiscalizar tributos, ou
de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária
(capacidade tributária ativa).
Assim, se o Município resolver delegar a uma autarquia a gestão (arrecadação e
fiscalização) do Imposto sobre Serviços, que é de sua competência, isto será possível, já
que o que se permite que esta autarquia faça é o exercício da capacidade tributária ativa.

R2. Partindo do PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO: o ente


deve arrecadar o suficiente e necessário para custear sua s despesas. Apenas o
necessário. A Doutrina minoritária: entendem que a competência tributária é dever
do ente federativo de criar o tributo. E o ente federativo que não exercê-la deverá
ser sancionado. Esse entendimento se ampara no art. 11, parágrafo único, da Lei
Complementar 101/2000: é a lei de responsabilidade fiscal. Se o município x
instituir apenas um dos impostos de sua competência, deixando de instituir o ISS
esse município é irresponsável fiscalmente. E há sanção: obsta transferência
voluntária ao ente. A transferência voluntária é o repasse de recursos de um ente
federativo a o outro. Mas consegue fugir dessa sanção se o ente federativo provar
ao Tribunal de Conas fatores alheios, por exemplo, o gasto para criar o tributo seria
maior do que a arrecadação com ele. A Doutrina intermediária: alguns tributos a
competência tributária seria uma obrigatória, mas há outros tributos que a
competência tributária seria uma faculdade. Então, divide o raciocínio conforme os
tributos. Seria a competência tributária uma obrigação aos tributos que sofrem
repartição da receita tributária: Ex: união arrecada imposto de renda (IR) e
também imposto sobre produtos industrializados (IPI ): essa arrecadação não fica
toda nos cofres na união: 48% são distribuídos aos estados/distrito
federal/municípios. Como que a União vai deixar de criar IR ou IPI se na verdade
não é só ela que depende desta receita? Se não instituir estes impostos, iria
prejudicar todos os estados, todos o s municípios e o distrito federal. O ICMS
também acontece isso, não é só para os estados, 20% vai para os municípios que
geraram essa arrecadação. E aos impostos que não sofrem repartição: como o
imposto de importação (II) e imposto de exportação (IE) a união fica 100% com
a arrecadação. Nestes tributos seria uma FACULDADE a competência tributária.

IV. O artigo 153, §4º, III da Constituição Federal enuncia regra referente à
competência tributária ou capacidade tributária ativa.
R. Capacidade tributária ativa para fiscalizar e cobrar o imposto sobre
propriedade territorial rural, instituído pela União.

AULA 4: Espécies Tributárias (Artigos 145, 148, 149 da CF/88; Artigos 4º , 5º, 11,
16, 77 e 81 do CTN).

I. Na sua visão levando-se em conta o direito positivo (Constituição Federal e


Código Tributário Nacional) bem como a Doutrina, quantas e quais são as espécies
tributárias? Quais os critérios utilizados para classificá-las?
R. O art. 5º do Código Tributário Nacional e o art. 145 da Lei Maior indicam
que são três as espécies do gênero tributo: os impostos, as taxas e as contribuições de
melhoria (é a teoria tripartida ou tripartite, adotada à época da elaboração do CTN). No
entanto, com base no art. 217 do Código Tributário e nos arts. 148 e 149 da
Constituição, inúmeros doutrinadores têm considerado o empréstimo compulsório e as
contribuições sociais como espécies do gênero tributo, até porque na Constituição de
1988 tais obrigações também figuram no capítulo do Sistema Tributário. Nesse sentido
o RE 560.153 e o REsp 616.348 (é a denominada teoria pentapartida, hoje prevalente).
Em razão da instituição da COSIP (art. 149-A da CF) já se fala em uma
classificação hexapartida.
À luz da regra constitucional, deve-se avaliar três critérios essenciais para a
classificação das espécies tributárias.
De proêmio, conforme as lições de Geraldo Ataliba, devemos entender como
primeiro critério da diferenciação das espécies tributárias, a vinculação entre a
materialidade da hipótese de incidência da norma tributária e uma contraprestação do
Estado. Antecedentes que vinculam uma contraprestação estatal e antecedentes que
independe disto. Essa seria um primeiro critério de diferenciação, pois é perceptível que
determinados tributos possuem vinculação a uma atividade estatal, outros não se
importam, a exemplo das taxas e impostos.
O segundo critério em cotejo com as normas constitucionais de imposição de
competência tributária, parece contraditória, mas é a destinação do produto da
arrecadação do tributo a uma atividade específica vinculada ao Estado ou não.
Inobstante, o artigo 4º, II do CTN prevê que a destinação da arrecadação do
tributo não importa para definir sua natureza, parece que com o advento da Constituição
tal norma não pode ter sido recepcionada, especialmente porque é possível existir
tributos, cujo o fato gerador pode ser o mesmo de outro, de mesma base de cálculo e o
que apenas lhe diferencia é a destinação de seu proveito econômico. Cite-se por
exemplo as contribuições que podem ter como base de cálculo o faturamento, que seria
um critério aplicado para o Imposto de Renda, bem como ter fato gerador ligado a
importação de produtos que é própria dos impostos, mas que neste caso, o que
efetivamente lhe diferenciaria, portanto, de outra espécie tributária, seria a destinação de
sua arrecadação, que é vinculada, conforme estabelece as normas constitucionais.
Como último critério, e este serve apenas, para os empréstimos compulsórios, é
a devolução em um certo lapso de tempo dos valores arrecadados com referido tributo.
Observa-se que este critério é diferenciador de outros e individual a esta espécie de
tributo, especialmente porque se não fosse esse critério o empréstimo compulsório seria
igualado a contribuições, pois estas não são vinculadas a uma contraprestação do
Estado, mas tem sua destinação econômica vinculada igual ao empréstimo. O plus
existente nesta espécie é a informação de devolução dos valores aos contribuintes
constante na norma instituidora, ainda que esse valores não sejam efetivamente
devolvidos.
Adotando, assim, os critério criamos dois grupos: a) vinculados a uma atividade
contra prestação do Estado (taxas e contribuição de melhoria) b) não vinculados a uma
atividade (imposto, empréstimo compulsório e contribuição de melhoria). Adotando o
segundo critério teríamos tributos cuja destinação econômica é vinculada (taxas,
contribuições e empréstimos compulsórios) e não vinculadas (impostos, contribuição de
melhoria) e o terceiro critério diferenciador, qual seja a obrigação de devolver em
determinado período os valores recebidos como empréstimo (empréstimo compulsório)

II. Explique com as suas próprias palavras o que você entende por vinculação,
destinação e devolução.
R. A taxa por exemplo geram uma contraprestação do Estado, portanto, vincula
o Estado a adimplir a obrigação. Não obstante, a Contribuição de melhoria, a destinação
é certa, ou seja, será para ressarcir o Estado no que foi gasto na obra; enquanto que, no
empréstimo compulsório, aquilo que foi pago, será devolvido ao contribuinte, na mesma
espécie que foi recebido, tendo o caráter de devolução.

III. Especifique levando-se em conta a Constituição Federal como fora repartida a


competência tributária, ou seja, quais tributos podem ser criados por quais entes
tributantes.
IV. Tratar das espécies tributárias das suas principais características, verificar na
Constituição e Código Tributário Nacional; Após especifique se as espécies
tributárias abaixo possuem ou não tais características no seguinte quadro:

Diretamente
Vinculada

Indiretamente
Vinculada

Questões Aulas 5 e 6

Aula 5. Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar: Princípios e Imunidades


(Base legal Arts. 145 até 156 da Constituição Federal).

5.1. Explique o que você entende como sendo “limitação ao poder de tributar”?
R. A Constituição Federal impõe limites ao poder de tributar, ou seja, limites à
invasão patrimonial tendente à percepção estatal do tributo. Essas limitações advêm,
basicamente, dos princípios e das imunidades constitucionais tributárias e estão
inseridas nos arts. 150, 151 e 152 da Carta Magna.

5.2. Qual a diferença entre princípios e imunidades tributárias?


R. Os princípios constitucionais tributários, que regulam a tributação, são
considerados limitações constitucionais ao poder de tributar enquanto que as
imunidades são normas proibitivas do poder de tributar.

5.3. Cite todos os princípios constitucionais tributários e as imunidades veiculadas


na Constituição Federal, destacando suas respectivas exceções.
Princípio da Legalidade - CF – Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias
asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios: I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; (...)
O princípio da legalidade, inscrito no art. 5.º, II, da CF, é reafirmado no âmbito
do Direito Tributário: é vedado aos entes tributantes exigir ou aumentar tributo sem lei
que o estabeleça. De fato, ninguém é obrigado a fazer nada contra sua vontade (no caso,
entregar dinheiro ao fisco), senão em virtude de lei. Assim, apenas por lei se pode
instituir ou aumentar tributos. A lei aqui é em sentido lato, já que se admite a utilização
de Medida Provisória ou Lei Delegada para essa finalidade.
Apesar de o art. 150, I, da CF falar em “exigir ou aumentar tributo”, o princípio
da legalidade é mais amplo. Na verdade, exige-se lei também para reduzir, extinguir,
perdoar tributos, já que o Poder Público não pode abrir mão de receita pública, exceto
por meio de lei.
Dentre as exceções, ou mitigações, ao princípio da legalidade,
lembremos a possibilidade de o Executivo alterar as alíquotas dos tributos de forte carga
extrafiscal (II, IE, IPI e IOF, CIDE sobre combustíveis), nas condições e limites legais
(CF art. 153, § 1.º, e art. 177, § 4.º, I, b). Para a alteração dessas alíquotas, o Executivo
pode se valer de simples decreto (sempre observando as condições e limites fixados na
lei específica) ou mesmo de portarias ministeriais (desde que haja delegação do
Presidente). Muito importante fixar que somente a União tem essa possibilidade e
apenas com relação a estes tributos.
Princípio da Igualdade ou Isonomia - O princípio da igualdade insculpido no
caput do art. 5.º da CF é reafirmado também no sistema tributário, pelo art. 150, II, da
CF. Não se pode tratar diferentemente dois contribuintes em situação equivalente. Essa
regra aplica-se não somente à administração tributária, mas também ao próprio
legislador, que não pode criar lei discriminatória.
O princípio da isonomia, no entanto, não afasta a pessoalidade e a graduação
segundo a capacidade econômica do contribuinte que devem ser sempre perseguidas
pelos tributos, em especial os impostos, em conformidade com o art. 145, § 1.º, da CF.
A própria CF prevê a progressividade no caso do IR e do ITR (alíquotas maiores
conforme maior for a base de cálculo), a seletividade das alíquotas do ICMS e do IPI
(alíquotas menores para bens essenciais – como produtos da cesta básica – e alíquotas
maiores para bens supérfluos – como vestidos de luxo), impacto reduzido do IPI sobre
aquisição de bens de capital pelo contribuinte e diferenciação de alíquotas conforme o
uso e tipo do automóvel, para o IPVA (por exemplo, alíquotas maiores para carros de
luxo e menores para veículos utilitários).
Todos estes casos representam situações em que o constituinte entendeu que as
diferenciações não são antiisonômicas, pelo contrário, são regras que visam a dar
efetividade ao princípio da igualdade, na medida em que tratam desigualmente os
contribuintes que estão em situações diferentes.
As isenções fixadas por lei, beneficiando determinados setores da sociedade ou
da economia, tampouco violam o princípio da isonomia, desde que sejam justificadas
pela reduzida capacidade contributiva dos beneficiados (por exemplo, isenção de IPTU
para pequenos imóveis residenciais), ou por relevante interesse público no fomento de
alguma atividade (como exemplo, isenção a setor industrial essencial, que se pretende
incentivar).
O art. 146, III, “c” e “d” da CF prevê que lei complementar federal poderá fixar
o tratamento adequado ao ato cooperativo (fomentando a atividade das cooperativas) e
diferenciado em benefício das micro e pequenas empresas (como visto ao tratarmos das
competências tributárias e do Supersimples). Essas medidas, apesar de representarem
regras mais benéficas a esses setores da economia (cooperativas, micro e pequenas
empresas), não violam o princípio da igualdade.
Os tributos de forte carga extrafiscal são comumente fixados de maneira a
interferir no mercado, sem que isso represente violação ao princípio da igualdade. Por
exemplo, se o preço do trigo aumenta muito, o Executivo Federal pode reduzir a
alíquota do imposto de importação incidente sobre este produto, buscando facilitar a
oferta no mercado interno.
Por fim, o inciso II do art. 151 da CF decorre do princípio da isonomia aplicado
à Federação, pois impede que a União tribute a renda das obrigações da dívida pública
dos demais entes políticos e a remuneração e os proventos dos respectivos agentes
políticos em níveis superiores aos da tributação das rendas referentes às suas próprias
obrigações e dos seus agentes.
Princípio da Irretroatividade - A lei relativa à cobrança de tributos atinge
eventos ocorridos apenas após o início de sua vigência. Significa dizer que não atingirá
fatos passados. Trata-se de garantia prevista na CF – inciso XXXVI do art. 5.º da CF,
que determina que a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a
coisa julgada; Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) III – cobrar
tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que
os houver instituído ou aumentado; (...)
Este princípio aplica-se à exigência de tributos (sua instituição e majoração),
além de criação de novas obrigações acessórias. Nessas hipóteses, o princípio da
irretroatividade não comporta exceções, diferentemente do princípio da anterioridade,
por exemplo.
No entanto, as leis expressamente interpretativas e aquelas que excluem ou
atenuam penalidades, conforme o art. 106 do CTN, podem ter efeitos retroativos.
Ademais, aplica-se ao lançamento tributário a legislação posterior ao fato gerador
quando modifique ou amplie poderes da fiscalização, ou ainda quando defira maiores
garantias ao crédito tributário (exceto se cria nova responsabilidade tributária), nos
termos do art. 144, § 1.º, do CTN.
Uma lei expressamente interpretativa é aquela aprovada pelo legislador com o
intuito de esclarecer o alcance de uma norma anterior (é a chamada interpretação
autêntica). O CTN determina que ela tenha efeitos retroativos, ou seja, que seja utilizada
para orientar a interpretação de normas e fatos passados. Importante salientar, no
entanto, que o Judiciário vem afastando a regra em casos concretos, em especial com
relação ao art. 3.º da Lei Complementar 118/2005 (entende-se que essa lei, a pretexto de
“interpretar” uma norma, na verdade busca alterá-la).
Caso uma lei reduza ou extinga uma multa, esta lei retroage para beneficiar os
infratores. Importante: esta retroatividade somente se aplica às penalidades, nunca às
regras relativas ao próprio tributo.
Princípio da Anterioridade Anual - A norma tributária que institui ou aumenta
tributo tem eficácia no ano seguinte ao da publicação. Assim, se um Estado aumenta a
alíquota do ICMS (por lei), esse aumento somente valerá a partir de 1.º de janeiro do
ano seguinte, observada, também, a anterioridade nonagesimal. Isso é o que garante a
Carta Magna de 88, Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...)
III – cobrar tributos: (...) b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a
lei que os instituiu ou aumentou(...).
Importante fixar que a anterioridade anual refere-se apenas à criação e à
majoração de tributos, mas não à redução ou à extinção.
Como exemplo, se um município resolve reduzir a alíquota do ISS (por lei), esta
redução vale imediatamente (não há anterioridade), mas apenas para os fatos geradores
futuros (princípio da irretroatividade, as exceções são apenas para as penalidades!).
O princípio da anterioridade deriva do princípio da segurança jurídica,
garantindo, inicialmente, que o contribuinte não seja surpreendido por uma nova
exigência tributária.
As exceções ao princípio da anterioridade anual são aqueles tributos com forte
característica extrafiscal (II, IE, IPI e IOF, conforme o art. 150, § 1.º, da CF), os tributos
exigidos por motivo de guerra externa ou sua iminência ou em caso de calamidade
pública (imposto extraordinário, art. 154, II, da CF, e empréstimos compulsórios
exigidos nos termos do art. 148, I, da CF). Outras exceções são a redução e
restabelecimento das alíquotas do ICMS incidente sobre combustíveis e lubrificantes, na
forma da lei complementar (art. 155, § 4.º, IV, c, da CF), e redução e restabelecimento
das alíquotas da CIDE sobre combustíveis (art. 177, § 4.º, I, b, da CF).
Outra exceção importante é a das contribuições sociais, que se submetem apenas
à anterioridade noventária ou nonagesimal, ou seja, são exigidas após noventa dias da
publicação da lei que a instituiu ou modificou (art. 195, § 6.º, da CF).
Princípio da Anterioridade Nonagesimal - Este princípio da anterioridade
nonagesimal não exclui a anterioridade anual da alínea b do mesmo dispositivo
constitucional. Garantia insculpida na CF/88, Art. 150, Sem prejuízo de outras garantias
asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios: (...) III – cobrar tributos: (...) c) antes de decorridos noventa dias da data em
que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na
alínea b; (...)
Em regra, a norma tributária que institui ou aumenta tributos vale apenas depois
de 90 dias de sua publicação (anterioridade nonagesimal), mas não antes que o primeiro
dia do exercício seguinte (anterioridade anual).
Como exemplo, se um Estado resolve aumentar a alíquota do ICMS, publicando
uma lei em fevereiro deste ano, esta majoração somente valerá a partir de 1.º de janeiro
do ano seguinte (data posterior aos noventa dias da anterioridade nonagesimal). No
entanto, se este mesmo Estado publicar a lei majorando do ICMS apenas em novembro
deste ano, a nova alíquota somente se aplicará a partir de fevereiro do ano seguinte (os
noventa dias da anterioridade nonagesimal terminam em data posterior a 1.º de janeiro
do exercício seguinte). Enfim, vale a data posterior: da anterioridade anual ou da
nonagesimal. Importante reiterar: assim como a anterioridade anual (da alínea “b”), a
anterioridade nonagesimal somente se aplica à criação ou majoração de tributos. As
reduções e extinções aplicam-se sempre imediatamente.
As exceções à anterioridade nonagesimal não são exatamente as mesmas da
anterioridade anual, o que exige muita atenção por parte do estudante.
As exceções da nonagesimal referem-se ao empréstimo compulsório no caso de
despesa extraordinária (calamidade pública ou guerra externa), II, IE, IR e IOF (não há
exceção para o IPI, como no caso da anterioridade geral), e imposto extraordinário do
art. 154, II, além da fixação das bases de cálculo (e não alíquotas) do IPVA e do IPTU,
tudo em conformidade com o art. 150, § 1.º, da CF.
Princípio do Não-confisco - Esta é uma diretriz bastante genérica para o
legislador ordinário e para o julgador. Não se pode utilizar o tributo para eliminar a
propriedade do particular. Conforme prescreve a CF – Art. 150. Sem prejuízo de outras
garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios: (...) IV – utilizar tributo com efeito de confisco; (...)
A tributação há de ser razoável. Tal razoabilidade será analisada no caso
concreto, sendo bastante difícil nos casos dos tributos que não incidem diretamente
sobre os direitos de propriedade.
De fato, ninguém tem dúvida que um IPTU calculado à alíquota de 40% sobre o
valor venal do imóvel é confiscatório. No entanto, esta mesma alíquota de 40% seria
muito baixa caso fosse adotada para o IPI incidente sobre cigarros, por exemplo.
Entende-se que a vedação de confisco, derivando do princípio constitucional de
garantia à propriedade, aplica-se também às penalidades pecuniárias em geral (uma
multa não pode ser desproporcionalmente alta de modo a representar confisco).
Princípio da liberdade de tráfego de pessoas e bens - Conforme a Carta
Magna de 1988, Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte,
é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) V –
estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou de bens, por meio de tributos
interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de
vias conservadas pelo Poder Público; (...)
Não se admite que o tributo seja utilizado para limitar a liberdade das pessoas de
ir e vir com seus bens (art. 5.º, XV, da CF), o que não impede as tributações previstas na
própria Constituição, quanto à circulação de mercadorias e serviços entre Estados
(ICMS), nos termos da lei. Ademais, a própria Constituição prevê a possibilidade da
cobrança de pedágio.
Princípio da uniformidade territorial - CF – Art. 151. É vedado à União: I –
instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique
distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em
detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o
equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do País; (...)
Este é um princípio que, diferentemente dos anteriormente vistos, direciona-se
especificamente à União. O destinatário é o legislador federal (e não o dos
Estados, DF e Municípios). O art. 151, I, da CF impede que a União institua tributo que
não seja uniforme em todo o território nacional, ou que implique distinção ou
preferência em relação ao Estado, ao Distrito Federal ou ao Município, em detrimento
de outro.
Isso significa que a tributação federal deve tratar igualmente as unidades da
federação, o que não impede, como destacado ao final do inciso, diferenciações
destinadas a promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as
diferentes regiões do país.
Assim, as únicas diferenciações possíveis na tributação da União, com relação
ao território nacional, são aquelas voltadas ao desenvolvimento de regiões menos
favorecidas.
Como exemplo, não agride o princípio da uniformidade territorial uma lei
federal que fixe alíquotas de IPI menores para uma determinada região menos
favorecida (social e economicamente), procurando incentivar a industrialização e a
geração de empregos.
Especificamente, é bom ressaltarmos que a legislação do ITR, para fins da
imunidade prevista no art. 153, § 4.º, inciso II, diferencia o que seja pequena gleba para
diversas regiões do Brasil.
Isso não agride o princípio da uniformidade territorial ou da isonomia, já que é
possível perceber que uma pequena gleba na Amazônia é, em metros quadrados ou
hectares, muito maior que uma pequena gleba na região sudeste, por razões como
produtividade, oferta, infraestrutura etc.
Princípio da não diferenciação tributária - CF – Art. 152. É vedado aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens
e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino.
Este princípio é direcionado especificamente aos Estados, DF e Municípios (não
à União). O art. 152 da CF veda a discriminação pelos Estados, Distrito Federal e
Municípios, dos bens e serviços em razão de sua procedência e destino.
Um Estado não pode, portanto, tributar mais pesadamente uma mercadoria pelo
fato de ela ser originária de outro Estado, ou um Município tributar mais onerosamente
um serviço prestado a tomador localizado em outra localidade.
Por conta desse princípio, seria inconstitucional uma lei estadual que fixasse
alíquota maior de ICMS para as mercadorias fabricadas em outros Estados. Como outro
exemplo, seria inconstitucional uma lei municipal que determinasse alíquota de ISS
superior para prestadores de serviço domiciliados em outros municípios.
Esse princípio, assim como o da uniformidade territorial, decorre do princípio
federativo, buscando harmonizar as relações entre os entes federados.
Princípios específicos de impostos - Além desses princípios a que se submetem
todos os tributos, a Constituição Federal prevê outros (implícita ou explicitamente).
Há casos em que o texto constitucional prevê expressamente princípios
específicos, aplicáveis a determinados tributos. Breve citação das previsões
constitucionais: o IR submete-se à generalidade, à universalidade e à progressividade
(art. 153, § 2.º, I); o IPI deve ser seletivo em função da essencialidade do produto e terá
reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de capital pelo contribuinte (art. 153, §
3.º, I e IV); o ICMS pode ser seletivo (art. 155, § 2.º, III). Tanto o ICMS quanto o IPI e
os impostos da competência residual da União devem ser não cumulativos. O ITR será
progressivo, deverá desestimular a propriedade improdutiva e desonerar o pequeno
proprietário (art. 153, § 4.º). O IPTU poderá ser progressivo (art. 156, § 1.º).

5.4. Diferencie: (i) Imunidades condicionadas x incondicionadas; (ii) Imunidades


objetivas x subjetivas x mistas; (iii) Isenção, não-incidência e imunidade.
R. Imunidades incondicionadas e condicionadas. Esta classificação leva em
conta a natureza da norma constitucional que veicula a imunidade tributária quanto à
sua própria eficácia, ou seja, quanto à sua aptidão de produzir, por si só, ou de modo
dependente de normas infraconstitucionais, os efeitos que lhe são próprios.
As Imunidades Incondicionadas são aquelas que independem de qualquer
integração de norma infraconstitucional para viabilizá-las. Ou, dito de outra forma, a
Constituição não estabelece qualquer requisito, qualquer condição para que a imunidade
tenha plena eficácia. No entanto as Imunidades Condicionadas operam plenamente
mediante norma infraconstitucional integrativa. Em outras palavras, a própria
constituição subordina a eficácia plena dessas imunidades à observância de certas
condições estabelecidas em normas infraconstitucionais.
São Exemplos de Imunidades Incondicionadas: CF - Imunidade recíproca (art.
150, VI, “a”), a imunidade dos templos ( 150, VI, “b”) e da imunidade do livro, do
jornal, do periódico e do papel destinado a sua impressão (art. 150, VI, “d”). As
imunidades relativas às taxas são incondicionadas, há duas exceções, no entanto: as
imunidades relativas ao registro civil de nascimento e à certidão de óbito só alcançam os
reconhecidamente pobres na forma de lei (art.5o,LXXVI, letras “a” e “b”) e às
pertinentes à assistência jurídica integral aos que comprovarem insuficiência de recursos
(art. 5o,LXXIV, CF).
E Imunidades Condicionadas: Partidos políticos, entidades sociais, instituições
de educação e assistência social conforme art. 150,VI, alínea “c” CF. A inexistência de
fim lucrativo (exigida pela Constituição foi corretamente traduzida pelo art. 14 do CTN,
ao estabelecer a não distribuição de patrimônio ou renda a titulo de lucro ou
participação no seu resultado. Sendo o lucro, um conceito afeto à noção de empresa,
coisa que a enteidade, nas referidas condições, não é, justamente porque lhe falta o fim
de lucro, vale dizer, a entidade não foi criada para dar lucro ao seu criador, mas para
exercer uma atividade altruísta.
Regina Helena Costa, diz que “ a não-gratuidade dos serviços prestados por uma
entidade e a remuneração de seus dirigentes e administradores, bem como de seus
empregados, não afastam, por si sós, a exigida ausência de finalidade lucrativa”.
Imunidade de Taxas relativas ao registro civil de nascimento e certidão de óbito
(art.5o,LXXIV CF/88) e Imunidade de Contribuição que está ligada às entidades
beneficientes de assistência social descritas no art. 195,§ 7o CF.
Imunidades Objetivas, Subjetivas ou Mistas - Conforme o entendimento da
doutrina clássica entende-se como imunidade subjetiva àquela conferida em razão da
condição de determinada pessoa atribuída em função da presença de elementos
objetivos como o patrimônio, renda ou serviços relacionados com as finalidades
essenciais das entidades beneficiadas ou dela oriundas. Como exemplos de imunidades
subjetivas temos a imunidade recíproca das pessoas políticas, autarquias e fundações
instituídas e mantidas pelo Poder Público, a imunidade dos templos, das entidades
sindicais de trabalhadores, dos partidos políticos e suas fundações, das instituições de
educação e assistência social sem fins lucrativos.
As imunidades objetivas estão relacionadas a determinados fatos, bens ou
situações e versam sobre coisas, apesar de também beneficiarem as pessoas. Como
exemplo podemos citar a imunidade tributária sobre livros, jornais e periódicos, e sobre
o papel destinado à sua impressão.
Por fim, Roque Carraza trouxe em seu Curso de Direito Constitucional
Tributário uma terceira classificação, a imunidade mista, que alcança a pessoa em
função de sua natureza jurídica e relacionada a determinados fatos, bens ou situações.
Um exemplo da imunidade mista é o art. 153, §4º da CR/88 que exonera o Imposto
Territorial Rural para "pequenas glebas rurais, definidas em lei quando as explore, só ou
com sua família, o proprietário que não possua outro imóvel".
Isenção, não-incidência e imunidade - Isenção é a exclusão, por lei, de parcela
da hipótese de incidência, ou suporte fático da norma de tributação, sendo objeto da
isenção a parcela que a lei retira dos fatos que realizam a hipótese de incidência da regra
de tributação. A não incidência, diversamente, configura-se em face da própria norma
de tributação, sendo objeto da não incidência todos os fatos que não estão abrangidos
pela própria definição legal da hipótese de incidência. O imposto de importação, por
exemplo, tem como hipótese de incidência a entrada de produtos estrangeiros no
território nacional (CTN, art.19). Assim, qualquer fato não compreendido nessa
hipótese constitui caso de não incidência do tributo. Já a isenção e a retirada, por lei, de
parte da hipótese de incidência. Alguns produtos cuja entrada no território nacional
ensejaria a incidência do tributo podem ficar isentos desta, por expressa determinação
legal. A regra jurídica de isenção não configura uma dispensa legal de tributo devido,
mas uma exceção à regra jurídica de tributação. E exatamente por constituir uma
exceção é que ela deve ser interpretada literalmente (CTN, art. 111). Já a não incidência
é tudo o que está fora da hipótese de incidência. Não foi abrangido por esta. Resulta da
própria regra jurídica de tributação que, definindo a hipótese em que o tributo e devido,
por exclusão define aquelas em que não o é. Imunidade e o obstáculo criado por urna
norma da Constituição que impede a incidência de lei ordinária de tributação sobre
determinado fato, ou em detrimento de determinada pessoa, ou categoria de pessoas. E
possível dizer-se que a imunidade é uma forma qualificada de não incidência.
Realmente, se há imunidade, a lei tributária não incide, porque é impedida de fazê-lo
pela norma superior, vale dizer, pela norma da Constituição.

Aula 6. Fontes do Direito Tributário (Arts. 96-100 do Código Tributário Nacional)

6.1.Na sua visão o que são fontes do direito ?


R. A expressão “fonte do direito” retrata o ponto originário de onde provém a
norma jurídica, isto é, as formas reveladoras do Direito. Desse modo, é o lugar onde
nasce uma regra jurídica ainda não existente.

6.2. Qual a diferença entre fonte formal e material ? Fonte primária e secundária ?
R. As fontes formais referem-se às normas jurídicas tomadas em seu sentido
amplo. Denominadas “veículo introdutor de normas”, por Paulo de Barros Carvalho,
aglutinam o conjunto de normas que compõem o ramo das ciências jurídicas. Tais
fontes corporificam-se nos atos normativos por meio dos quais a ciência jurídica ganha
vida, nascendo para o mundo jurídico. Fontes materiais (também chamadas REAIS) são
os fatos sociais, as próprias forças sociais criadoras do Direito. Constituem a matéria
prima da elaboração deste, pois são os valores sociais que informam o conteúdo das
normas jurídicas. As fontes materiais não são ainda o Direito pronto, perfeito, mas
concorrem para a formação deste sob a forma de fatos sociais econômicos, políticos,
religiosos, morais.
Sílvio de Salvo Venosa estabelece como fonte primária ou imediata ou formal a
Lei e os costumes. E como fontes mediatas ou secundárias, a doutrina, a jurisprudência,
a analogia, os princípios gerais do direito e a equidade (não há unanimidade entre os
juristas neste sentido). Por outro lado, uma outra parte da doutrina considera que a
analogia e a equidade necessariamente não são fontes de direito nem forma de
expressão, mas são recursos em que se vale o julgador para preencher as lacunas da lei,
quando não há norma jurídica em vigor para regular determinada situação. Auxiliando
ao juiz como uma forma de construir a jurisprudência, essa sim, considerada uma fonte
secundária do direito para alguns doutrinadores.

6.3. Quais são as fontes do direito tributário? O que você entende como sendo
prática reiterada ? Quais são as suas consequências ?
R. São as fontes materiais ou reais e as formais. As fontes reais referem-se aos
pressupostos ou suportes fáticos das imposições tributárias, ou seja, o patrimônio, a
renda e os serviços em geral, utilizados como incidência tributária. São conhecidas,
doutrinariamente, como “pressupostos de fato da incidência ou fatos imponíveis”. As
fontes formais correspondem ao conjunto das normas no Direito Tributário, estando
inseridas no art. 96 do CTN, sob o rótulo de “legislação tributária”. Observe o
dispositivo: Art. 96. A expressão “legislação tributária” compreende as leis, os tratados
e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no
todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.
A prática reiterada é norma complementar, editada em desconformidade com
determinada lei tributária, foi estritamente observada pelo sujeito passivo.
Consequentemente, a alteração desta norma complementar pela administração
não permite a aplicação de penalidades, cobrança de juros de mora e nem mesmo
atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. Evidentemente, a
obrigação de pagar tributo permanece intocável.

6.4. Jurisprudência, costume e doutrina na sua visão são fontes do direito


tributário ? Justifique.
R. À luz da estrita legalidade, prescrita no art. 150, I da CF, ambos não são
fontes do direito tributário. Mas o art. 108 do CTN determina que, ausência de
disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária
utilizará, sucessivamente, na ordem indicada a analogia, os princípios gerais de direito
tributário, os princípios gerais de direito público e a equidade”.

Questões Aulas 7 a 20

Aula 7. Interpretação, Aplicação, Vigência e Integração da Legislação Tributária.


 Código Tributário Nacional: Arts.96 a 112.
(i) Quais são os métodos de interpretação?
R. Quanto à fonte da lei, a interpretação pode ser: autêntica, jurisprudencial e
doutrinária.
a) Autêntica ou legal: é o mecanismo de interpretação da lei por intermédio de
outra lei. Quando uma nova lei é editada, esclarecendo o teor da lei anterior, diz-se que
se tem a interpretação autêntica ou legal. Não se perca de vista que a etiquetagem da lei
como “interpretativa” legitima seus efeitos pretéritos conforme o inciso I do art. 106 do
CTN. Nessa medida, uma “falsa lei interpretativa”, modificando relações jurídicas já
consagradas no plano da interpretação, mostra-se assaz danosa à relação de lealdade que
deve reger o convívio entre cidadão-contribuinte e Estado-tributante.
b) Jurisprudencial ou judicial: é o processo de interpretação calcado no
posicionamento reiterado dos Tribunais, isto é, na jurisprudência. Assim, a fonte, nesse
caso, é a “jurisprudência”. Tal atividade exegética compete aos Tribunais.
c) Doutrinária: é o método interpretativo que se baseia nas conclusões dos
estudiosos da disciplina jurídica, sendo um produto da argúcia dos cientistas do Direito
ou “juristas”, que realizam o trabalho exegético partindo-se dos princípios da Ciência do
Direito. A fonte, nesse caso, é a própria “doutrina”. A interpretação doutrinária compete
aos doutrinadores e estudiosos da matéria.
Quanto aos meios adequados para sua exegese, a interpretação pode ser:
gramatical, lógica, histórica, teleológica, sistemática e evolutiva.
a) Gramatical: o processo gramatical de interpretação pode ser igualmente
denominado de método lógico-gramatical, filológico ou léxico. Pauta-se na
interpretação “conforme o texto” em estudo, analisando-se “apenas o que está escrito”.
É um método restritivo, i.e, mecanismo que se limita aos dizeres contidos na norma,
para que não se alcancem situações extrínsecas.
b) Lógica: funda-se na interpretação “conforme o contexto”, analisando, de
modo extrínseco, “o que se quis dizer”, e não o “o que está dito”. Procura-se o sentido
lógico do texto, para se evitarem incoerências, contradições, tentando-se harmonizar
entre si todas as disposições da lei. É o método que objetiva descobrir o pensamento e o
sentido da lei, aplicando-se princípios científicos da lógica.
c) Histórica: é o mecanismo de detecção das circunstâncias eventuais e
contingentes que motivaram a edição da lei, sua razão de nascer e de ser. Assim, por
meio de um trabalho de reconstituição do conteúdo original da norma, garimpam-se os
documentos atinentes à elaboração da lei.
d) Teleológica: trata-se de processo investigativo que prima pela busca da
finalidade da norma, concentrando-se no resultado colimado pela lei. “No campo
tributário consiste em captar a função ou finalidade da cada disposição legal dentro da
estrutura da ordem jurídico-tributária e sua harmonia ou conexão com as demais partes
da ordem jurídica”.
e) Sistemática: o processo sistemático de interpretação pode ser igualmente
denominado de lógico-sistemático ou sistêmico. Por esse método, procede-se à
comparação da lei interpretada com outras leis e com o ordenamento jurídico, como um
todo, para que a eles harmonicamente se ajustem. Em verdade, considera-se o sistema
jurídico como um plexo harmônico de normas, cabendo ao hermeneuta a atividade
interpretativa com lastro em metodologia pluralista, na delimitação do contexto vário
dos preceitos jurídicos inseridos neste conjunto orgânico.
f) Evolutiva: trata-se de método próprio para exegese das normas
constitucionais. Sua definição liga-se à sistemática informal de reforma do texto
constitucional, conforme se depreende das preciosas lições de Luís Roberto Barroso,
citado por Regina Helena Costa: “atribuição de novos conteúdos à norma
constitucional, sem modificação de seu teor literal, em razão de mudanças históricas ou
de fatores políticos e sociais que não estavam presentes nas mentes dos constituintes”.
Quanto aos resultados da exegese, a interpretação pode ser: declarativa,
extensiva ou restritiva.
a) Declarativa: por esse processo interpretativo, procura-se, tão somente,
“declarar” o pensamento do legislador.
b) Extensiva: também conhecida por interpretação ampliativa, busca ampliar o
sentido do texto para abranger hipóteses semelhantes. Por meio desse processo
exegético, almeja-se alcançar a ratio legis, ou seja, o sentido veraz da norma, incluindo
hipóteses em seu campo de incidência. Pelo mecanismo ampliativo, deve o exegeta
proceder a uma análise latitudinária da norma interpretada.
c) Restritiva: também intitulada interpretação literal, contrapõe-se à
interpretação ampliativa (ou extensiva), anteriormente estudada. Por esse método, a
incidência da lei não poderá ir “além” da fórmula ou hipótese expressas em seu texto,
ficando afastados os critérios de integração da norma, previstos no art. 108 do CTN. Em
outras palavras, onde exsurge a interpretação literal, sucumbe a interpretação extensiva.
A interpretação literal tem respaldo no art. 111 do CTN.
(ii) Conceitue, diferencie e relacione com suas palavras interpretação, aplicação,
vigência e integração.
R. Vigência é a aptidão para incidir, vaie dizer, para dar significação jurídica
aos fatos. Para produzir efeitos jurídicos no plano abstrato. Lei vigente pode incidir e,
assim, dar a seu suporte fático um significado jurídico. Se a lei é vigente e ocorre a
situação nela prevista como hipótese de incidência, inevitavelmente incide. A incidência
e automática. Já a aplicação depende sempre de alguém. É ato de alguém e por isto
mesmo pode ocorrer ou não, e para tanto terá que ser interpretada. A interpretação das
normas jurídicas pode ser considerada em sentido amplo, como a busca de uma solução
para um caso concreto, e em sentido restrito, como a busca do significado de uma
norma. Quando houver lacuna na norma que dificulte a compreensão do sentido da
norma o interprete fará uso da integração para preenche essa ausência, isto é, a lacuna
existente na legislação. Portanto, a integração constitui desempenha atividade
excepcional, tendo em vista que a valoração, como atividade política, e
predominantemente, e em principio, exercida pelo legislador, a integração sofre as
restrições impostas pelos §§ 1º e 2º do art. 108 CTN. Em virtude de tais restrições é que
“o emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei”
(§ lº), enquanto “o emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento
de tributo devido” (§ 2º). Note-se que, em obediência ao art. 108 do CTN, os meios de
integração nele mencionados devem ser utilizados na ordem indicada. Se for cabível a
analogia, esta deve ser utilizada antes de se buscar solução em qualquer dos outros
meios de integração.

(iii) Quem aplica o direito? É possível aplicar o direito sem interpretar? Como se
dá o processo de positivação? Qual a diferença entre norma geral e abstrata e
individual e concreta? Pode-se afirmar que “a incidência é automática e infalível”?
R. A autoridade judiciária/tributária é quem aplica o Direito. Ao aplicar o
Direito, mesmo que o aplicador não queira interpretar a norma, aos menos a
interpretação literal do disposto na norma será obrigado a fazê-la para fundamentar sua
decisão.
O processo de positivação do direito conduz à delimitação das normas gerais e
abstratas e demarca o campo de atuação das normas individuais e concretas. As últimas
reportam-se ao passado, identificando os sujeitos da relação jurídica, bem como o objeto
dessa relação.
As normas jurídicas gerais guardam relação com o receptor normativo,
designando-se geral aquela significação que é dirigida a um conjunto de sujeitos
indeterminados. Neste contexto, o consequente normativo regula a conduta de pessoas
indeterminadas, sem individualizar o sujeito da relação jurídica à qual se pretende
estabelecer. Todavia, ocorrendo à individualização dos receptores normativos, tratar-se-
á de norma individual, cujos destinatários são determinados no consequente. Abstração
e concretude, referem-se ao modo como se toma o fato descrito no antecedente
normativo. “A tipificação de um conjunto de fatos realiza uma previsão abstrata, ao
passo que a conduta especifica no espaço e no tempo dá caráter concreto ao comando
normativo”. Noutras palavras, se denomina norma abstrata quando antecedente
normativo descreve um evento que não foi materializado, ou seja, não ocorreu o
fenômeno da subsunção do fato à norma, e concreta (a norma) quando a linguagem
positivada subsume a um fato juridicizado, condicionado pela coordenadas de espaço e
tempo.
A incidência é automática e infalível, segundo o qual, nos dizeres sempre atuais
de Pontes de Miranda: "A incidência da lei, pois que se passa no mundo dos
pensamentos e nele tem de ser atendida, opera-se no lugar, tempo e outros „pontos‟ do
mundo, em que tenha de ocorrer, segundo as regras jurídicas. É, portanto, infalível. Tal
o jurídico, em sua especificidade, frente aos outros processos sociais de adaptação. A
incidência ocorre para todos, posto que não a todos interesse: os interessados é que têm
de proceder, após ela, atendendo-a, isto é, pautando de tal maneira a sua conduta que
essa criação humana, essencial à evolução do homem e à sua permanência em
sociedade, continue de existir."

(iv) Existe no direito tributário a previsão do “in dubio pro contribuinte”? Em


quais circunstâncias? Justifique.
R. Sim. É a interpretação benigna à qual se extrai do Art. 112, do CTN, A lei
tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira
mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: I – à capitulação legal do fato;
II – à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus
efeitos; III – à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; IV – à natureza da penalidade
aplicável, ou à sua graduação. Esta norma do art. 112 do CTN, semelhante ao in dubio
pro reo do direito penal, decorre do princípio da legalidade e da tipicidade. Havendo
dubiedade, o contribuinte não pode ser prejudicado, no caso das infrações.

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