Sie sind auf Seite 1von 20

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

FACULDADE DE DIREITO “PROFESSOR JACY DE ASSIS”


PROCESSO ADMINISTRATIVO
PROFA. DRA. SHIRLEI SILMARA DE FREITAS MELLO
TURMA “J”

Discentes: Guilherme Costa Mello Matrícula: 11511DIR223


Maria Isabel Ferreira Miranda Matrícula: 11421DIR243

LEI Nº. 9.784, DE 29 DE JANEIRO DE 1999.

Regula o processo administrativo no âmbito da


Administração Pública Federal.

CAPÍTULO VII
DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO

Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o servidor ou autoridade que:

I – tenha interesse direto ou indireto na matéria;

II – tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou


representante, ou se tais situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou
parente e afins até o terceiro grau;

III – esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou respectivo


cônjuge ou companheiro.

Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impedimento deve comunicar o fato à
autoridade competente, abstendo-se de atuar.

Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o impedimento constitui falta grave, para
efeitos disciplinares.

Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autoridade ou servidor que tenha amizade íntima ou
inimizade notória com algum dos interessados ou com os respectivos cônjuges, companheiros,
parentes e afins até o terceiro grau.

Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser objeto de recurso, sem efeito
suspensivo.
COMENTÁRIOS GERAIS
1. Impedimentos e suspeição à luz dos princípios constitucionais

Acerca das normas contidas no capítulo VII da LPA, as mesmas se fazem de grande
importância quando se fala na concretização de diversos princípios constitucionais. Quando se
enfatiza sobre impedimentos e suspeição, vê-se a necessidade de destacar o risco de lesão a
diversos princípios, dentre eles:

a) Princípio da impessoalidade:

Na definição de Gavião Filho, aqui aceita, o princípio da impessoalidade se decompõe


em um conjunto de três mandamentos:
 Objetividade: impede que o Poder Público trate os administrados de modo parcial, ou
seja, discrimine uns em relação a outros. A Administração deve agir de modo
justificado e racional à luz das finalidades públicas que lhe são impostas por lei.
 Neutralidade: faz recair sobre o agente público um dever de não intervenção
ideológica.
 Imparcialidade: manda que as autoridades interessadas, objetiva ou subjetivamente,
na matéria de um processo administrativo não influenciem a construção da decisão
final por conta de suas relações pessoais.

Fonte: http://m.sabedoriapolitica.com.br/products/a-importancia-do-principio-da-impessoalidade/

Jurisprudência:

APELAÇÃO CÍVEL Nº 5042170-16.2011.404.7000/PR


RELATOR : MARGA INGE BARTH TESSLER
APELANTE : SERGIO LUIZ CARLOS DOS SANTOS
ADVOGADO : CIRILO MILAK
APELANTE : UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ - UFPR
APELADO : OS MESMOS
EMENTA
ADMINISTRATIVO. PROCESSO DISCIPLINAR. IMPEDIMENTO. SUSPEIÇÃO.
MEMBRO DA COMISSÃO. NULIDADE.
1. A autoridade que instaurou o procedimento administrativo disciplinar,
possui notória e inconteste inimizade com o acusado, além de existir
procedimento em que litiga com o denunciado. Vê-se, portanto, duplicidade
de impedimento para atuação da autoridade instauradora do PAD, a teor
dos artigos 18 e 20 da Lei 9.784/99.
2. A atuação da autoridade instauradora do procedimento administrativo
disciplinar não trata de mera participação burocrática, mas sim, atuação de
caráter decisório e decisivo na escolha dos membros da comissão de
sindicância, responsáveis pela instrução do processo, oitiva de testemunhas,
e por fim, o julgamento do indiciado, o que evidentemente macula ab initio
o procedimento disciplinar, representando vício não remediável na origem
do procedimento, cuja nulidade se irradia e contamina todos os atos nele
realizados.
Disponível em: https://www.conjur.com.br/dl/trf-mantem-sentenca-anulou-
pad-pr.pdf

b) Princípio da isonomia:

Tem como pauta as relações entre a Administração Pública e as pessoas que com ela
se relacionam. A isonomia formal, segundo Bandeira de Mello somente
aceitará exceções quando três requisitos estiverem presentes:
(i) a existência de uma diferenciação fática que a
justifique;
(ii) a necessidade de se utilizar a discriminação por se
tratar de forma mais razoável de concretização de um
valor constitucional, que, do contrário, perderia
efetividade;
(iii) a relação lógica, ou de causalidade, entre a discriminação praticada e a
concretização desse valor constitucional que a autoridade pretende
concretizar. Não preenchidos cumulativamente esses três requisitos, restará
vedado ao legislador e ao administrador público criar e praticar
discriminações.

Logo, as regras de impedimento e suspeição, consistem em ferramentas jurídicas para


que se respeite o direito ao tratamento igualitário. Impessoalidade e isonomia despontam aqui
como faces da mesma moeda.
c) Princípio da moralidade administrativa:

A despeito da diferença de posicionamentos acerca da relação entre moralidade e


impessoalidade, fato é que a moralidade
administrativa impõe ao agente público não atuar sob
a exclusiva batuta de seus próprios desejos, gostos e
vontades.

Todo e qualquer interesse secundário há que


se acoplar às finalidades institucionais do órgão e da
entidade que ele representa e de acordo com a utilidade objetiva esperada dos atos que
pratica, respeitados os valores maiores do ordenamento jurídico.

d) Princípio republicano sobre o qual se funda o Estado brasileiro


Impessoalidade, isonomia e moralidade no contexto processual aqui tratado dizem
também respeito ao Estado Republicano e aos direitos republicanos. A impessoalidade
impede o administrador de utilizar a coisa pública em proveito próprio ou alheio.

De outra parte, o manejo do patrimônio e dos processos administrativos para


finalidades não atreladas a fins públicos gera um privilégio, uma diferenciação do agente em
relação aos membros do corpo social que, a priori, é proibida pelo ordenamento jurídico e, em
termos práticos, mostra-se imoral. Daí ser ilícito, no curso de processos administrativos,
beneficiar materialmente alguns interessados em detrimento de outros e sem motivos fáticos
e jurídicos para tanto.

Esse tipo de benefício ilegítimo é imoral e, além de tudo, violador do princípio


republicano. Isso porque a República, em sentido amplo, remete ao direito igualitário à coisa
pública, aos recursos públicos das mais diversas naturezas e também aos serviços prestados
pelo Estado.

Seriam eles todos os


2. Os destinatários das normas
servidores de alguma forma
envolvidos com o processo
Quem são os destinatários das normas de administrativo ou apenas as
impedimento e suspeição? autoridades julgadoras?

A LPA deixa delimitado


quem são esses
destinatários?

A LPA não deixa delimitado quem são esses destinatários. Ao tratar do impedimento e
da suspeição no processo judicial, o CPC, por exemplo, deixou claro que as hipóteses ali
previstas se aplicam primariamente aos juízes.
Contudo, por força do art. 148 desse Código, a aplicabilidade dessas normas se
estende aos membros do Ministério Público, aos auxiliares da justiça e aos demais sujeitos
imparciais do processo. Na mesma linha, o art. 112 do CPP dispõe que, além do juiz, “o órgão
do Ministério Público, os serventuários ou funcionários de justiça e os peritos ou intérpretes
abster-se-ão de servir no processo, quando houver incompatibilidade ou impedimento legal,
que declararão nos autos”.
Diante desses dispositivos legais, pergunta-se: será que as normas contidas no LPA
também devem ser aplicadas de maneira ampla ou se restringem aos agentes que decidem o
processo de modo monocrático ou colegiado?
Parte da doutrina já se manifestou sobre o assunto. Para Sérgio Ferraz e Adilson
Dallari, algumas hipóteses previstas na LPA atingem não somente o julgador, “mas também o
instrutor processual, perito, testemunha, auxiliar no processo etc.”.

3. Aplicação para meros procedimentos?


Outra discussão diretamente ligada ao funcionamento e à eficiência dos órgãos
públicos diz respeito à aplicabilidade das normas sobre impedimento e suspeição para meros
procedimentos, ou seja, para processos administrativos em sentido amplo nos quais não haja
propriamente um conflito em jogo. Seriam as normas do capítulo VII de aplicação ampla ou
estariam elas restritas aos casos em que o processo administrativo é tripartite e a
Administração pratica uma atividade quase judicial?
Parte da doutrina já se manifestou sobre o assunto. De acordo com Neves, as regras
sobre impedimento e suspeição se circunscreveriam aos seguintes processos (sendo tal
restrição das normas do capítulo VII é questionável):
 processos administrativos em sentido estrito, ou seja, processos com litigantes ou
acusados;
 processos em que haja disputa de direitos ou em que se exerça uma função punitiva.

4. Aplicação em processos sobre direitos e interesses coletivos e difusos


Sobre este tópico, surge um questionamento: incidiriam as normas de impedimento e
suspeição em processos administrativos que tenham como objeto interesses coletivos ou
difusos ou, pelo contrário, as normas do capítulo VII da LPA se limitam aos processos que
cuidam de direitos ou interesses individuais?
Na lição de Odete Medauar, o
princípio da impessoalidade também
se refere a interesses ou direitos de
natureza coletiva ou difusa, sendo que
a impessoalidade exige a “ponderação
equilibrada de todos os interesses
envolvidos”, de maneira a se prevenir
decisões movidas por “preconceitos e
radicalismos ideológicos ou pela busca
de benesses de tipos diversos.”
Fonte:http://www.revistaprincipios.com.br/artigos/130/capa/2913
/prioridade-para-os-interesses-coletivos-nas-cidades.html

Em suma, quando o objeto do processo administrativo se resumir a direitos e


interesses metaindividuais, não se poderá afastar a aplicação das normas sobre impedimento
e suspeição. Contudo, nesses processos que tratem de direitos ou interesses coletivos ou
difusos, as hipóteses de impedimento aplicáveis se relacionarão frequentemente à existência
de interesse direto ou indireto da autoridade julgadora no desfecho do processo
administrativo (art. 18, inciso I da LPA). Ainda assim, são igualmente concebíveis hipóteses
mais raras em que o julgador tenha atuado como representante ou perito do interessado (art.
18, inciso II) ou tenha com ele algum tipo de conflito (art. 18, inciso III).

5. Caráter exemplificativo das hipóteses da LPA.


Já é consenso entre os doutrinadores de que as causas de impedimento e suspeição
previstas no Capítulo VII da LPA não são exaustivas. Elas são exemplificativas, ilustrativas, de
modo que outras situações poderão se configurar nas quais o risco de quebra da
impessoalidade, da isonomia e da moralidade seja tão significativo a ponto de exigir a
suspensão da capacidade de o agente público exercer suas competências legais no caso
concreto.
6. Aplicabilidade de normas do processo judicial.
Questiona-se:
Em que medida e por quais técnicas as
As regras sobre impedimento e normas que tratam do tema em questão no
suspeição aplicadas no processo CPC e no CPP complementam os
administrativo podem ser mandamentos da legislação administrativa?
extraídas de leis que regem o
processo judicial?

Em suma,
(i) ao processo administrativo aplicam-se subsidiariamente as normas de
impedimento e suspeição do CPC;
(ii) sobre o processo administrativo podem incidir por analogia as normas de
impedimento e suspeição do CPP e de outros subsistemas processuais na
existência de lacuna da legislação administrativa;
(iii) as normas do processo judicial nessa matéria somente valerão quando não
contrariarem norma da LPA ou de lei outra que trate do impedimento e da
suspeição em processos administrativos específicos e,
(iv) em qualquer caso, é preciso que haja pertinência da norma processual judicial ao
tipo e às características do processo administrativo.

7. Suspensão processual por impedimento ou suspeição.


De acordo com parte da doutrina, a arguição de impedimento, assim como a de
suspeição, gera a suspensão dos prazos administrativos. Não se pode afirmar taxativamente
que em nenhuma hipótese o impedimento gera a suspensão processual.
Thiago Marrara aponta que é preciso fazer uma diferenciação entre as hipóteses de
impedimento e suspeição relativas à autoridade julgadora ou à autoridade que conduz o
processo na fase de instrução daquelas que se referem a outros sujeitos do processo, como
peritos, testemunhas, etc.
Afirma ainda que no processo administrativo é comum uma
dissociação das autoridades responsáveis pelo processo na
instrução e na fase de julgamento. Assim, tanto em relação aos
julgadores quanto aos eventuais agentes responsáveis pela
condução do processo administrativo na instrução, a suspensão deve ser vista como facultativa
na hipótese de a autoridade não a reconhecer de imediato. Assim, deve-se levar em conta para
decisão de suspensão:

 os riscos para a duração razoável do processo e para o princípio da eficiência;


 os riscos de anulação dos atos em caso de confirmação da argüição;
 os custos daí derivados;
 potencial de incerteza ou dificuldade de reparação de danos causados.

Já no caso de reconhecimento da arguição, o processo se suspenderá


automaticamente até que se substitua o impedido por outro com poder de decisão, desde que
sua participação se mostre essencial.

Ademais, no tocante aos demais sujeitos que possam vir a influenciar a decisão, a
princípio não se deve suspender o processo administrativo. No intuito de garantir a duração
razoável e a eficiência e também em linha com as normas gerais que tratam da suspensão
como exceção, é adequado que, na falta de norma explicita da LPA ou da legislação especial, a
autoridade responsável pela instrução ou pelo julgamento processe o incidente em separado,
nele ouça os envolvidos e permita a juntada das provas necessárias para, ao final, decidir ou
não pela existência da causa de exclusão de capacidade do arguido para atuar no processo
principal.

COMENTÁRIOS ACERCA DOS DISPOSITIVOS


Art. 18, caput
1. Definição de impedimento
Segundo Carvalho Filho, o impedimento designa uma causa de incapacidade absoluta
da autoridade administrativa para atuação em processos administrativos em virtude de
situações que se caracterizam por um caráter objetivo, ou seja, por vínculos fáticos, de
natureza documentada ou, objetivamente, aferível, entre o agente público e o interessado no
processo ou entre o agente público e o objeto do processo, podendo sua arguição ser feita a
qualquer momento, tendo em vista que as hipóteses de impedimento são marcadas pela
objetividade e geram incapacidade absoluta.

2. Efeitos jurídicos do impedimento


Ao se caracterizar uma das situações objetivas de impedimento seja por arguição de
um interessado, seja por iniciativa da própria autoridade pública, surgirá uma presunção
absoluta de incapacidade do agente público.
Enfatiza-se que o impedimento não exclui a competência. O agente público impedido
é competente, porém incapaz. E ao desrespeitar a proibição de agir sem capacidade, incorrerá
em infração disciplinar grave a despeito da comprovação de qualquer distorção concreta na
elaboração de decisões administrativas.
Inexiste discricionariedade para se manter a autoridade no processo administrativo a
despeito das causas de impedimento, tendo em vista que o impedimento não se sujeita a
ponderações.

3. Aplicação das hipóteses do processo judicial.


A disciplina normativa do impedimento aparece de forma semelhante no processo
judicial e no processo administrativo. No entanto, elas nem sempre coincidem. Existem
hipóteses de suspeição no processo judicial que surgem como causa de impedimento no
administrativo. É o que se verifica com o agente público interessado no desfecho do processo
– situação que configura impedimento na LPA (art. 18, I), mas suspeição no CPC (art. 145, IV).
Além desse choque, nota-se que, nos Códigos de Processo, as hipóteses de
impedimento são bastante numerosas e muitas delas não encontram previsão semelhante na
legislação administrativa. Exatamente por isso, em muitos momentos será oportuno trazer as
causas do processo judicial para o processo administrativo. Isso se fará por meio da aplicação
subsidiária (se as hipóteses estiverem contidas no CPC) ou por analogia (se constarem do CPP
ou outra lei processual).
No CPC, o impedimento está disciplinado principalmente nos arts. 144, 146, 147 e 148.
As hipóteses trazidas por estes dispositivos incidem subsidiariamente ao processo
administrativo (federal, estadual ou municipal) por força do art. 15 do CPC: “Na ausência de
normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições deste
Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente. ”

Art. 18, I
1. Crítica à hipótese legal
A LPA previu diversas causas de impedimento. No inciso I do art. 18 estão dispostos os
impedimentos em razão do interesse da autoridade na matéria, ou seja, no objeto do
processo. Há duas críticas quanto a isso:

1ª crítica: O termo “interesse”, contido no dispositivo em comento, suscita algumas


dificuldades interpretativas pelo fato de ser demasiadamente amplo, vago e obscuro.
2ª crítica: Diz respeito à adequação do uso da palavra “interesse” para se tratar de hipóteses
de impedimento. As situações de impedimento pressupõem um grau razoável de objetividade,
porém surge uma indagação no que tange ao modo de como se poderá avaliar, de modo
objetivo, a existência de interesse da autoridade pública na matéria de determinado processo
administrativo.

2. Interesse direto
Na sistemática do art. 18, inciso I da LPA o interesse capaz de configurar a causa de
impedimento pode ser direto ou indireto. Contudo, já se esclareceu que prescinde a lei de uma
definição precisa dessas expressões.
Na falta de definição legal, entende-se que o interesse direto restará configurado
quando o desfecho processual acarretar um benefício ou prejuízo imediato à esfera de direitos
e deveres do agente público que julga o processo ou nele desempenha uma função relevante.
A pessoa que figura como interessada no processo (art. 9º, I e II da LPA) não pode
atuar como julgadora de si mesma ou nele exercer qualquer função relevante à formação da
decisão administrativa final.

3. Interesse indireto
O art. 18, inciso I da LPA prevê, ainda, a existência de “interesse indireto” na matéria
objeto do processo como uma causa de impedimento da autoridade pública federal.
A interpretação dessa expressão e a definição abstrata de seus limites são
extremamente difíceis e requerem amplos debates tanto de natureza doutrinária quanto
jurisprudencial – debates esses que ainda não atingiram a maturidade na ciência brasileira do
processo administrativo. De todo modo, alguns doutrinadores já se manifestaram acerca da
expressão “interesse indireto” e buscaram delinear seus contornos diante da omissão do
legislador.
No entendimento de Carvalho Filho, o interesse indireto é aquele que resulta de uma
“série de indícios de que o agente receberá vantagem ou sofrerá prejuízo conforme a solução
imprimida à matéria em questão”.
O interesse direto não seria aferível de modo imediato, pois não existe uma relação
jurídica notória ou documentada envolvendo a autoridade pública e o objeto do processo
administrativo. Assim, por meio de indícios é possível induzir que a decisão afetará de modo
expressivo, para o bem ou para o mal, o agente público que desempenha o papel de julgador
ou nele exerce função relevante à formação da decisão final.

4. O problema dos direitos difusos


A princípio, a consideração de direitos e interesses difusos no processo administrativo
aberto por pessoa ou associação representativa desses direitos e interesses difusos nos termos
do art. 9º, inciso IV da LPA não deverá servir para a configuração das hipóteses de
impedimento por força de interesse direto, nos termos do art. 18, inciso I da LPA.
Em processos envolvendo interesses e direitos difusos, o impedimento estará presente
apenas quando se verificar que a decisão final do processo poderá ensejar, por exemplo, um
benefício ou um prejuízo individual significativo para a autoridade ou, de outra via, alterar sua
esfera de direitos e interesses individuais. Nessa linha, a autoridade deverá ser declarada
impedida exclusividade quando se constatar a probabilidade de que o desfecho do processo
lhe acarrete prejuízos individuais claramente identificáveis e expressivos, ou seja, somente
quando tiver interesse direto na matéria.

5. Defesa de interesses da administração.


Em muitos casos, o processo administrativo envolve interesses estatais contrapostos a
interesses particulares. Uma pergunta surge: configurar-se-á a causa de impedimento nos
termos do art. 18, inciso I em virtude de relações da autoridade com a própria Administração
Pública? Não há um consenso acerca desta resposta.
É preciso fazer uma distinção entre, ao menos, duas situações, para se chegar a uma
resposta:
(i) a autoridade participa em processo administrativo da própria instituição pública à
qual está vinculada. Aqui, não poderá o particular alegar hipótese de impedimento
e suspeição em razão das ligações da autoridade com o ente da Administração
Pública, pois essa relação é funcional e juridicamente autorizada.

(ii) imagine-se que a mesma autoridade federal, a exercer suas funções em um


determinado Ministério, atue como julgadora em processo envolvendo uma
empresa estatal como a Petrobras, de um lado, e um particular, de outro. Aqui, o
particular poderá alegar facilmente a causa de impedimento do art. 18, inciso I da
LPA diante de eventuais relações entre a autoridade, como pessoa física, e a
empresa estatal. O afastamento por impedimento poderá ocorrer, por exemplo,
caso se constate que a autoridade possua ações da Petrobras, de sorte que a
decisão que prolatará certamente prejudicará sua condição financeira pessoal.

Isso revela que, a princípio, não há que se falar de impedimento em face da relação
funcional entre a autoridade e o órgão para o qual ela atua (relação intrainstitucional). No
entanto, é perfeitamente possível alegar o impedimento diante da constatação de relações da
autoridade com outros entes públicos (relação extrainstitucional), relações essas que possam
comprometer a parcialidade no processo administrativo de que participe com poderes de
julgamento ou de influenciar significativamente a decisão final.
Art. 18, II
1. Hipóteses do inciso II
São quatro as causas de impedimento elencadas no art. 18, inciso II da Lei. São elas:

(i) a atuação passada da autoridade como perito, testemunha ou representante no


mesmo processo;
(ii) a atuação presente ou futura da autoridade como perito, testemunha ou
representante no mesmo processo;
(iii) a atuação passada do cônjuge, companheiro ou de parente como perito, testemunha
ou representante no mesmo processo;
(iv) a atuação presente ou futura do cônjuge, companheiro ou de parente como perito,
testemunha ou representante no mesmo processo.

2. Atuação presente ou futura


O inciso II engloba a atuação da autoridade tanto no passado quanto no presente e
futuro. A atuação da autoridade no passado é facilmente comprovável, pois está geralmente
documentada, dispensando grandes discussões.

Uma confusão representa a causa de impedimento em vista da possibilidade de a


autoridade vir a atuar como perito, testemunha ou representante. A interpretação do inciso II
deve ser cautelosa no tocante ao impedimento da autoridade que “venha a participar” do
processo administrativo, já que resta pouco claro se a expressão diz respeito a uma certeza,
uma probabilidade ou uma mera possibilidade.

3. Atuação como perito, testemunha ou representante


O agente público ao atuar como interessado e autoridade dentro do mesmo processo,
está impedido por força do art. 18, inciso I da Lei. Diferentemente, ao participar como perito,
testemunha ou representante, de um lado, e autoridade, de outro, o agente público estará
impedido nos termos do art. 18, inciso II da Lei.

O perito configura um colaborador da autoridade julgadora, ainda que ele possa atuar
no processo por solicitação dos próprios interessados, e não da autoridade. Na sua função, ele
observa e analisa fatos ou dados envolvidos no processo administrativo a partir de um ponto
de vista técnico-científico.
4. Cônjuge, companheiro,
parente ou afins
O art. 18, inciso II, traz
duas hipóteses de
impedimento quando o
cônjuge, companheiro,
parente ou afins até o
terceiro grau tiverem
atuado, atuarem ou
vierem a atuar como
testemunha, perito ou
representante no
processo administrativo.

Fonte:https://direitodiario.com.br/consideracoes-acerca-
do-nepotismo-e-da-impossibilidade-de-sua-configuracao-
quanto-aos-cargos-politicos/

5. Jurisprudência

CONFLITO NEGATIVO DE JURISDIÇÃO. EXECUCÃO CRIMINAL. PARENTESCO


DE TERCEIRO GRAU DE MAGISTRADA QUE ATUARÁ NA APURAÇÃO DE FALTA
GRAVE COM DEFENSORA ATUANTE NO PROCESSO ADMINISTRATIVO
DISCIPLINAR. IMPEDIMENTO.

Embora persista a independência existente entre as esferas administrativa e


judicial, cediço que, na execução penal, na fase extrajudicial, se apuram
fatos que poderão dar azo a possíveis sanções judiciais que refletirão no
cumprimento da sanção corporal imposta ao condenado, na qual impera o
princípio do devido processo legal. Nesse contexto, evidenciado o prejuízo à
imparcialidade da Julgadora e, por consequência, afronta à concreção desta
garantia aos jurisdicionados e da ampla defesa ao apenado, a apuração de
falta grave pela Magistrada com parentesco em terceiro grau com defensora
que prestou assistência jurídica a apenado no curso do procedimento
administrativo disciplinar. Conflito de jurisdição improcedente. (Conflito de
Jurisdição Nº 70054307806, Oitava Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: Dálvio Leite Dias Teixeira. Julgado em 05/06/2013).

Fonte:https://tjrs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/113053260/conflito-de-
jurisdicao-cj-70054307806-rs?ref=serp
Art. 18, III

1. Situação litigiosa judicial e administrativa

A autoridade estará em situação litigiosa quando figurar como interessada, autora ou


ré em ação de caráter judicial ou processo administrativo contra um dos interessados do
processo administrativo no qual atua.

2. Extensão da norma por conduta do cônjuge ou companheiro

O art. 18, inciso III refere-se ao caso de impedimento à situação litigiosa de natureza
judicial ou administrativa entre o cônjuge ou o companheiro da autoridade administrativa e o
interessado no processo administrativo, nos mesmos termos estabelecidos
pelo inciso II, anteriormente comentado.

O cônjuge deve ser entendido como o marido ou a esposa do


interessado. O companheiro é, por sua vez, pessoa de sexo idêntico ou
oposto que convive com o interessado de modo duradouro e público sob o
intuito de constituir família. Para fins processuais, não interessa, pois, a
diversidade dos sexos no contexto da união estável.

3. Impedimento por litígio envolvendo parente e afins?

Diferentemente do que fez o inciso II, o inciso III não menciona os parentes e afins. Por
essa razão, vale questionar se a mencionada distinção textual entre os dois incisos foi
proposital, ou seja, se o legislador realmente teve por objetivo diferenciá-los ou se a assimetria
normativa constitui uma falha legal. Essa discussão é relevante à medida que dela depende a
fixação do verdadeiro âmbito de aplicabilidade da hipótese normativa contida no inciso III.

Art 19, caput

1. Dever de comunicação

O dever que está contido no dispositivo diz que a autoridade que se encontrar nas
situações de impedimento elencadas deverá comunicar sua situação à autoridade competente
para afastá-lo da função.

Usa-se do instrumento quanto a autoridade pública que se considera impedida tenha


conhecimento dos fatos previstos como causa de impedimento constante na Lei. No caso, a
comunicação tardia pode prejudicar impreterivelmente o andamento do processo
administrativo, advindo a necessidade de se praticar novamente todos os atos administrativos
que não puderem ser aproveitados além de constituir falta grave.
2. Arguição pelo interessado

A não comunicação do
impedimento fará com que o próprio
interessado possa arguir a situação
geradora da perda de capacidade
processual. Será feita por meio de petição fundamentada e instruída com os documentos
necessários afim de demonstrar as causas de impedimento previstas no art. 18.

Arguições imotivadas ou não fundamentadas deverão ser rechaçadas de plano, salvo


quando a própria autoridade, a despeito da falta de provas, reconhecer a causa de
impedimento. Para coibir consequências nocivas e atrasos ao processo, a petição deverá ser
apresentada assim que o interessado tiver conhecimento da causa de impedimento e puder se
manifestar nos autos.

3. Dever de abstenção

Com o exercício do dever de comunicação de modo imediato, formal e fundamentado,


e uma vez confirmada a causa de impedimento, a autoridade será afastada do processo e não
mais poderá praticar atos processuais de cunho decisório ou atos que influenciem, de algum
modo, a tomada da decisão administrativa.

4. Duração do impedimento

Existirá causa de impedimento enquanto uma situação fática que ocasiona risco de
quebra da imparcialidade e da moralidade administrativa persistirem. A situação logo, não é
eterna. Jurisprudencialmente se entende que a causa para afastamento do julgador cessará
quando o fato que lhe tiver dado origem sumir.

Art. 19, Parágrafo Único

1. Consequências disciplinares: falta grave?

Por força do art. 19, parágrafo único, a omissão em comunicar o impedimento


constitui falta grave. Na esfera dos servidores federais a não comunicação, sendo conduta
grave, não pode ser punida meramente com sanção de advertência. Conforme a Lei 8.112/90,
a sanção mínima e adequada para a violação do dever de comunicação com intuito doloso
deve ser a de suspensão nos termos do art. 130.

2. Quebra da imparcialidade e improbidade administrativa

A seara administrativa norteia-se pelo princípio da moralidade e da impessoalidade


pela autoridade do processo administrativo que poderá ensejar cominação de sanções
administrativas de caráter disciplinar e, cumulativamente, penas por cometimento de ato de
improbidade. Essas possibilidades decorrem da prática de ato de improbidade está expresso
no art. 12, caput da Lei 8.429/1992. Haverá ainda improbidade administrativa quando a
omissão na comunicação do impedimento for considerada atentatória aos princípios da
administração pública, entre os quais o já citado princípio da moralidade.

3. Efeitos penais

O art. 12 da Lei 8.429/1992 prescreve que a configuração de ato de improbidade


administrativa sujeita seu autor a sanções próprias sem prejuízo das punições administrativas,
penais e civis previstas em leis específicas. O art 319 do Código Penal, traz que a conduta de
“retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição
expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal” configura um crime cometido
por funcionário público contra a Administração em geral. Logo, estaremos diante do crime de
prevaricação, sujeitando o infrator a detenção de 3 meses a 1 ano e multa.

Art. 20

1. Definição de suspeição

Entende-se por suspeição a relação entre o interessado no processo administrativo e o


cônjuge, companheiro, parentes e afins até terceiro grau da autoridade. Com isso, preserva-se
a isonomia e segurança jurídica podendo os entes públicos editar normas próprias para
detalhar e concretizar as determinações da Lei.

2. Amizade íntima

A amizade representa sentimento de afeição, companheirismo, simpatia de uma


pessoa natural em relação a outra. Amizade íntima nos termos do art. 20 da Lei é a amizade
intensa, profunda, ou seja, a participação do amigo na vida doméstica do outro. Ao combinar
“amizade” e “intimidade”, quis o Legislador evidenciar que afinidades ou proximidades
meramente voláteis não bastam à configuração da causa de suspeição do art. 20.

3. Inimizade notória

Igual dificuldade interpretativa apresenta o conceito jurídico indeterminado de


“inimizade”previsto no art. 20 da LPA. A mera oposição ou discordância em relação a uma ou
outra questão teórica ou fática não deve ser aceita como inimizade para fins de aplicação do
artigo. Assim, não configurará inimizade a oposição acadêmica entre de dois docentes que,
simultaneamente, figuram num processo de concurso público como interessado, de um lado, e
como autoridade julgadora, de outro.

O legislador afirmou que a inimizade deve ser notória, 37 ou seja, exigiu a


comprovação de uma relação de hostilidade recíproca e de natureza duradoura, abstrata e
pública entre a pessoa da autoridade e do interessado. O caráter público é fundamental para
que ela seja usada como causa de suspeição.

4. Cônjuge, companheiro, parentes e afins até terceiro grau

O art. 20 igualmente reputa causa de suspeição a relação de amizade ou inimizade da


autoridade com o cônjuge, companheiro ou parentes até terceiro grau do interessado. A
relação inversa acarreta igual efeito, ou melhor, é causa de suspeição a relação de amizade ou
inimizade entre o interessado e o cônjuge, companheiro ou parentes até terceiro grau da
autoridade pública que atua no processo administrativo federal.

5. Suspeição e pessoas jurídicas

A relação de suspeição envolve sempre duas pessoas físicas. Daí porque não atinge
relações de afinidade com pessoas jurídicas, mas sim com seus representantes ou dirigentes. A
esse respeito, na primeira edição desta obra, afirmou-se que não configuraria suspeição a
relação de amizade íntima ou de inimizade entre a autoridade pública que atua no processo
administrativo e o representante do interessado.

6. Aplicação de causas de suspeição do processo judicial?

Em primeiro lugar, é preciso verificar se a causa de suspeição não está prevista como
causa de impedimento. Isso ocorre, por exemplo, na hipótese de existência de interesse no
desfecho da causa. Essa situação aparece como situação de suspeição no art. 145 do CPC, mas
como impedimento no art. 19 da Lei.

7. Declaração da causa de suspeição pela autoridade

A suspeição não precisa ser reconhecida ou declarada pela autoridade, diferentemente


do que se vê nos casos de impedimento, em que desponta um dever jurídico de declaração da
situação impeditiva. Na suspeição, a autoridade pode ou não declarar sua relação de amizade
ou inimizade com o interessado. Fala-se, portanto, em faculdade, não propriamente um dever.
A auto declaração terá importância especial quando o processo administrativo for apenas
bipartite, a decisão final for discricionária e houver uma relação de amizade com o
interessado.
8. Arguição pelo interessado

Nos processos tripartites, ou seja, nos processos administrativos contenciosos, em que


existem interessados em situação antagônica diante da autoridade administrativa, a arguição
deverá ser feita, a princípio, pelo interessado. Sua inimizade em relação à autoridade ou a
amizade da autoridade com o interessado oponente é declarada.

9. Consequências da atuação de autoridade suspeita

Visto que a suspeição configura uma causa de incapacidade relativa da autoridade a


princípio competente para atuar no processo administrativo, o fato de ela continuar a praticar
atos no processo do qual participa o interessado que é seu amigo íntimo ou inimigo notório
não necessariamente implicará violação dos princípios da moralidade e da impessoalidade.

10. Suspeição por motivo de foro íntimo?

Trata-se de exceção à necessidade de declaração do motivo em virtude do direito


inviolável à intimidade, previsto no art. 5o, inciso X da CF. Ocorre que essa proteção da
intimidade entra em choque potencial com a proibição da renúncia de competência e o dever
de motivação dos atos administrativos – respectivamente, art. 2º, parágrafo único, incisos II e
VII da Lei.

Art. 21

1. Recurso contra indeferimento da alegação de suspeição

O art. 21 trata da possibilidade de interposição de recurso administrativo contra o


indeferimento da alegação de suspeição. Trata-se de recurso interposto pelo interessado
contra o ato da autoridade competente que considera inexistir amizade íntima ou inimizade
notória nos termos do art. 20, de modo a manter a capacidade processual da autoridade
pública envolvida.

2. Regime jurídico do recurso do art. 21

Em relação ao recurso em questão, aplicam-se no que couber as disposições do art. 56


e seguintes da Lei resultando as seguintes consequências relevantes:

(i) antes de ser encaminhado ao órgão hierarquicamente superior, deverá a


autoridade julgadora exercer seu direito de reconsideração;
(ii) o recurso independerá de caução;
(iii) será legitimado para sua interposição o interessado que puder ser prejudicado
pela autoridade suspeita, inclusive os substitutos em processos relativos a direitos
e interesses coletivos e difusos;
(iv) o prazo de interposição é de dez dias a partir da ciência ou da divulgação oficial da
decisão;
(v) o órgão superior poderá confirmar a decisão de inexistência de causa de suspeição
ou reformá-la; e
(vi) contra a decisão do órgão recursal poderá ser interposto novo recurso, desde que
se respeite o teto de três instâncias.

3. Proibição do efeito suspensivo

O recurso interposto pelo interessado contra a decisão administrativa que indefere a


arguição de suspeição não poderá ter efeito suspensivo. Isso quer dizer que a autoridade
deverá dar seguimento ao processo administrativo a despeito da alegação de suspeição e de
sua discussão em sede recursal. Em razão da disposição, o processo de suspeição deve correr
separadamente, não influenciando o trâmite do principal.

A autoridade competente, diante de um cenário excepcional, concederá efeito


suspensivo ao recurso uma vez existente o receio de que o prosseguimento do processo
poderá acarretar prejuízo de difícil ou incerta reparação. Além disso, permite a Lei que essa
ponderação acerca do prejuízo da continuidade do processo, seja para o interessado, seja para
a autoridade, realize-se de ofício ou apedido do interessado.

No campo da suspeição, a proibição do efeito suspensivo é importante, pois impede


que os interessados abusem desse tipo de alegação para, de má-fé, tumultuar o andamento do
processo administrativo e comprometer a sua duração razoável. No entanto, a ausência de
efeito suspensivo gera o risco de grave dano bens por ele tutelados, ou seja, aos interesses e
direitos individuais, coletivos ou difusos que estão em jogo. Diante desse conflito, em
nenhuma hipótese a autoridade pública deverá se abster de realizar a ponderação dos
benefícios e prejuízos da eventual concessão do duplo efeito.

4. Recurso analógico em casos de impedimento

O art. 21 refere-se apenas à interposição de recurso em caso de suspeição. As


hipóteses não são tão objetivas, sobretudo quando relativas à existência de interesse direto ou
indireto do agente público sobre a matéria do processo.

Entende-se, por exemplo, que é se deve aceitar a interposição de recurso


administrativo voluntário caso a autoridade pública negue arguição de impedimento
apresentada pelo interessado.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei N.º 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília, DF.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm>.
Acesso em 26 abril de 2019;

BRASIL. Tribunal de Justiça. Conflito de Jurisdição nº 0054307806 – Rio Grande do Sul. Relator:
Dálvio Leite Dias Teixeira. Julgado em 05/06/213. Publicado no DJ de 19-06-2013. Disponível
em: <https://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/113053260/conflito-de-jurisdicao-cj-
70054307806-rs> Acesso em 26 de abril de 2019;

BRASIL. Tribunal Regional Federal. Apelação Cível nº 5042170-16.2011.404.7000 – Paraná.


Relator: Marga Inge Barth Tessler. Julgado em 23 de julho de 2014. Publicado no DJ de 24-07-
2014. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/dl/trf-mantem-sentenca-anulou-pad-
pr.pdf> Acesso em 26 de abril de 2019;

BRASIL. Constituição Federal de 1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em <


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em 26 abril.
2019;

NOHARA, Irene Patrícia; MARRARA, Thiago. Processo Administrativo. 2ª Edição, revista,


atualizada e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2018;

Das könnte Ihnen auch gefallen