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VOLTAIRE. Tratado sobre a tolerância: a propósito da morte de Jean Calas.

São Paulo:
Martins Fontes, 1993. p. 87-149

CAPÍTULO XIV – A INTOLERÂNCIA FOI ENSINADA POR JESUS CRISTO

“Praticamente o restante das palavras e ações de Jesus Cristo prega a doçura, a paciência e a
indulgência. É o pai de família que acolhe o filho pródigo; é o operário que vem na última hora
e que é pago como os demais; é o samaritano caridoso; o próprio Jesus justifica seus discípulos
por não jejuarem; perdoa a pecadora; contenta-se em recomendar fidelidade à mulher adultera;
condescende inclusive à inocente alegria dos convivas das bodas de Caná que, estando já
afogueados de vinho pedem ainda mais: consente em fazer um milagre em favor deles,
transformando água em vinho” (VOLTAIRE, 1993, p. 91)

O capítulo inicia com a observação de alguns trechos da bíblia na qual foram feitos abusos
interpretativos, buscando encontrar se Jesus ensina seus discípulos a serem perseguidores e
intolerantes, e chega à conclusão que as palavras de Jesus eram doces e pacientes.

“ele [Jesus] nos ensinava que a verdadeira força, a verdadeira grandeza consiste em suportar
males sob os quais nossa natureza sucumbe. Há uma extrema coragem em dirigir-se à morte
temendo-a”. (VOLTAIRE, 1993, p. 92)

O sacrifício de Jesus é comparado com o de Sócrates, e fatos relativos ao julgamento e


condenação de Jesus são apresentados.

“Pergunto, agora, se é a tolerância ou a intolerância que é de direito divino? Se quereis vos


assemelhar a Jesus Cristo, sede mártires e não carrascos” (VOLTAIRE, 1993, p. 94)

Voltaire faz uma provocação aos leitores. Levando em consideração a sociedade cristã na qual
o autor francês estava inserido, questiona a vontade daqueles que seguem a Jesus de serem
iguais ao seu Senhor, mas que agem como carrascos condenando e matando com palavras as
pessoas.
CAPITULO XV – TESTEMUNHOS CONTRA A INTOLERÂNCIA

“Com a religião ocorre o mesmo que com o amor: a imposição nada consegue, a coerção muito
menos; não há nada mais independente do que amar e crer”. (VOLTAIRE, 1993, p. 97)

Neste Capítulo, Voltaire, elencar uma série de frases, de diversos personagens históricos, que
mostram como a violência e intolerância não combinam com religião.

CAPITULO XVI – DIÁLOGO ENTRE UM MORIBUNDO E UM HOMEM


SAUDÁVEL

“O MORIBUNDO. Perdão, meu irmão, receio que não o conheças [Deus]. Aquele que eu adoro
reanima neste momento minhas forças para dizer-te com uma voz moribunda que, se acreditas
em Deus, deves ter caridade para comigo. Ele me deu minha mulher e meus filhos, não faças
com que morram de miséria. Quanto ao meu corpo, faz dele o que quiseres: entrego-o a ti. Mas
crê em Deus, eu te suplico”. (VOLTAIRE, 1993, p. 101)

Um diálogo é apresentado, um bárbaro, intolerante religioso que não aceita uma opinião
diferente da sua, mas deseja que o moribundo creia no que ele crê, este moribundo por sua vez,
estando à beira da morte se angustia, pois, a religiosidade intolerante se torna um fardo para
aquele que deseja buscar o sentido da vida. Por fim o moribundo se mostra verdadeiro cristão,
enquanto que o Bárbaro, com sua crença apenas de aparência só quer tirar vantagens para si.

CAPÍTULO XVII – CARTA ESCRITA AO JESUÍTA LE TELLIER, POR UM


BENEFICIADO, EM 6 DE MAIO DE 1714

“É fácil pegar num só dia todos os pastores protestantes e enforcá-los juntos numa mesma praça
não somente para a edificação público, mas pela beleza do espetáculo”. (VOLTAIRE, 1993, p.
103

Este é a primeira de uma série de 7 deveres que se deveria ter contra os protestantes, embora
chocante, é relevante perceber o quanto a intolerância religiosa fez com que algumas pessoas
volhassem outras como escória a ponto de achar um bonito espetáculo a morte por
enforcamento de vários em praça pública.
CAPITULO XVIII – ÚNICOS CASOS EM QUE A INTOLERÂNCIA É DE DIREITO
HUMANO

“Para que um governo não tenha o direito de punir os erros dos homens, é necessário que esses
erros não sejam crimes; eles só são crimes quando perturbam a sociedade; perturbam a
sociedade a partir do momento em que inspiram o fanatismo” (VOLTAIRE, 1993, p. 110)

Neste capítulo, Voltaire mostra que existe apenas um caso em que não devemos ser tolerantes.
Não devemos ser tolerantes com os fanáticos. Ele mostra que o fanatismo é a atitude de
intolerância e desrespeito com a crença e o pensamento do outro a um ponto de produzir
violência e dano, para pensador francês, estes devem ser punidos. Deve-se ser intolerante com
a intolerância.

CAPÍTULO XIX – RELATO DE UMA DISPUTA DE CONTROVÉRSIA NA CHINA

“O jesuíta respondeu-lhe que era muito doloroso para ele, que sempre tinha razão, ter de lidar
com gente que sempre estava errada” (VOLTAIRE, 1993, p. 113)

Três cristãos em missão na China (um jesuíta, um holandês e um dinamarquês) discutem entre
si, cada um se achando “o dono da verdade”, diante da intolerância e arrogância o mandarim
busca ouvi-los e encontrar alguma forma pacificar a situação.

“Não vos entendo – disse o mandarim – Não sois todos os três cristãos? Não vistes todos os
três ensinar o cristianismo em nosso império? E não deveis, por conseguinte ter os mesmos
dogmas” (VOLTAIRE, 1993, p. 114)

O mandarim demonstra admiração e confusão por perceber que os três cristãos pensam de
formas tão diferentes entre si, e se veem com ódio mortal.

“Se quereis que tolerem aqui vossa doutrina começai por não serem intolerantes” (VOLTAIRE,
1993, p. 115)
CAPÍTULO XX – SE É UTIL MANTER O POVO NA SUPERSTIÇÃO

“Quando os homens não têm noções da divindade, as ideias falsas as substituem, assim como
nos tempos difíceis trafica-se uma moeda ruim, quando não se tem a boa. O pagão deixava de
cometer um crime, com medo de ser punido pelos falsos deuses; o malabar teme ser punido por
seu pagode. Onde quer que haja uma sociedade estabelecida, uma religião é necessária: as leis
protegem contra os crimes conhecidos, e a religião, contra os crimes secretos”. (VOLTAIRE,
1993, p. 117-118)

Neste capítulo trata-se da relação da superstição como um importante controlador social, mas
também como um prejudicial elemento da sociedade, pois propaga mentiras e falsas ideias.
Entretanto a pior superstição de todas não seria o caranguejo que trouxe o crucifixo de São
Francisco de volta do mar, mas o ódio contra o próximo por causa de suas opiniões.

CAPÍTULO XXI – É PREFERÍVE A VIRTUDE À CIÊNCIA

“Com efeito, que pode haver de mais tolo e mais terrível do que dizer aos homens: “meus
amigos, não basta sermos súditos fiéis, filhos submissos, pais amorosos, vizinhos equitativos,
praticar todas as virtudes, cultivar a amizade, evitar a ingratidão, adorar Jesus Cristo em paz.
Cumpre ainda saber como fomos engendrados por toda a eternidade e, se não souberdes
distinguir o omousin na hipóstase, afirmamos que havereis de arder no fogo eterno; e, enquanto
não chega esse momento, começaremos por vos degolar? ” (VOLTAIRE, 1993, p. 122)

CAPÍTULO XXII – ACERCA DA TOLERÂNCIA UNIVERSAL

“Não só é cruel perseguir nesta curta vida os que não pensam como nós, como também suponho
ser ousado demais pronunciar sua salvação eterna. Parece-me que não compete a átomos de um
momento, tais como somos, antecipar as coisas do Criador”. (VOLTAIRE, 1993, p. 127)

Neste capítulo, Voltaire trata de apresentar a pequenez humana em relação ao universo, e de


forma semelhante compara a diversidade de língua a diversidade de crenças, e pondera sobre a
crueldade em ser intolerante e afirmar-se como único caminho para salvação eterna. As
provocações não param por aí, afinal como sabemos se aqueles que nós, em nossa arrogância
condenamos, serão realmente condenados por Deus, e nós que nos colocamos como santos
escolhidos, como saberemos se não seremos reprovados, e condenados devido nossa arrogância
e intolerância.

CAPÍTULO XXIII – ORAÇÃO A DEUS

“Não nos destes um coração para nos odiarmos e mãos para nos matarmos. Faz dom que nos
ajudemos mutuamente a suportar o fardo de uma vida difícil e passageira, [...] Possam todos os
homens lembrar-se de que são irmão”. (VOLTAIRE, 1993, p. 131-132)

Uma oração linda, onde o pedido central é que possamos reconhecer o quanto somos pequenos
e limitados, e o quanto precisamos aprender a conviver com as diferenças que temos entre nós.

CAPÍTULO XXIV – PÓS-ESCRITOS

“Assim, pois, quando a natureza faz ouvir de um lado sua voz doce e bem fazeja, o fanatismo,
esse inimigo da natureza, solta uivos; e quando a paz apresenta-se aos homens a intolerância
forja suas armas”. (VOLTAIRES, 1993, p. 138)

Voltaire apresenta uma obra publicada em tempo próximo a sua, na qual o autor, defensor da
intolerância e defensor de um cristianismo fanático, busca convencer seus leitores que bem seria
exterminar aqueles que possuem religiões diferentes. Entretanto, esse pensamento, longe de
fazer bem, apenas desumaniza e passa longe daquilo que deve ser a religião, ou melhor, as
religiões.

CAPÍTULO XV – CONTINUAÇÃO E CONCLUSÃO

“Deus sabe que fomos movidos apenas por um espírito de justiça, de verdade e de paz, quando
escrevemos o que pensamos da tolerância, a propósito de Jean Calas, que o espírito de
intolerância fez morrer”. (VOLTAIRE, 1993, p. 140)

Voltaire apresenta suas motivações para escrever sobre a intolerância, mostra sua visão de
justiça e provoca os 8 juízes que condenaram Jean Calas, e responde a perguntas feitas por
leitores.

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