PLANTÃO PSICOLÓGICO, confluência dos efeitos das políticas
UNIVERSIDADE PÚBLICA adotadas para a saúde e para a
educação no âmbito federal, E POLÍTICA DE SAÚDE estadual e municipal, nas quais um MENTAL (adaptado para item visível e contundente tem sido estudo) o desmantelamento, através de Maria Luisa Sandoval SCHMIDT vários dispositivos, dos serviços O Plantão Psicológico vem sendo públicos e dos efeitos do projeto de teorizado “modernização” da universidade e praticado no Instituto de pública. A crise, por assim dizer, do Psicologia da Universidade de São Plantão Psicológico é, portanto, Paulo como modo privilegiado de uma das expressões das crises por responder à pluralidade e à que passam os serviços de saúde e diversidade de demandas por ajuda as universidades públicas. psicológica advindas da clientela e como contexto para a formação de Encarar essa conjuntura adversa de psicólogos comprometidos com a modo conseqüente, no plano ético e saúde pública. político, requer um trabalho de pensamento que, por um lado, A crise dos modelos de prestação esclareça, na medida do possível, de serviços, em sua relação com a os termos destas chamadas “crises” pesquisa e o ensino, no âmbito e, por outro, aponte propostas de universitário, e a maneira como as resistência e enfrentamento cuja políticas sociais, mais efetividade depende de um especificamente as de saúde, vêm esclarecimento e de um sendo concebidas e conduzidas engajamento coletivos. pelo projeto de um governo neoliberal colocam questões Este trabalho busca compreender a cruciais à prática do Plantão “microcrise” do Plantão Psicológico Psicológico e impõem a tarefa de através da investigação de suas pensar formas de enfrentar e resistir relações com as políticas de saúde à atual conjuntura das políticas de metal e de sua inserção numa saúde mental. A universidade universidade pública, seguindo os pública, neste caso a Universidade seguintes passos: a) definição da de São Paulo (USP), apresenta-se prática de Plantão Psicológico e como lugar possível de resistência e explicitação do panorama no qual de produção de um pensamento se encontra a partir do desmanche crítico em relação às propostas e de grande parte dos recursos de ações autoritárias do projeto saúde mental na cidade de São neoliberal, mas, Paulo; b) apresentação e discussão concomitantemente, é, ela mesma, das propostas de “modernização” alvo destas proposições e ações da universidade segundo o modelo que, em vastos setores de suas neoliberal, através de autores que atividades têm se dedicado ao tema; c) análise acadêmicas e de gestão da situação da Universidade de São administrativa, tornaram-se Paulo em relação às mudanças nas hegemônicas. Os impasses concepções das atividades de enfrentados na condução do extensão em suas conexões com o Plantão Psicológico vêm se ensino e a pesquisa; d) indagação agudizando e exibem-se na em torno de propostas de ações na cliente, no Plantão Psicológico trata- atual situação. se, sempre, de responder à demanda, embora haja momentos e ocasiões em que ela não possa ser O Plantão Psicológico e as atendida no âmbito do Serviço de políticas de Aconselhamento Psicológico (SAP). saúde mental O Plantão Psicológico é pensado e Por acolher a diversidade de praticado, basicamente, como um demandas que se apresentam, sem modo de acolher e responder a nenhuma previsibilidade, a cada demandas por ajuda psicológica. período, o Plantão Psicológico Isso significa colocar à disposição requer sensibilidade e invenção nos da clientela que o procura um tempo modos de responder, que também e um espaço de escuta abertos à se caracterizam pela diversidade, diversidade e à pluralidade dessas singularidade e pluralidade. demandas. É necessário, contudo, clarificar os Embora o Plantão Psicológico significados que acolher e tenha, a priori, alguns responder assumem no Plantão desdobramentos previstos em sua Psicológico. Acolher refere-se, rotina - tais como início de uma nesse caso, a uma peculiar atenção psicoterapia, retornos, para a experiência do cliente no encaminhamentos -, há sempre o momento em que procura ajuda, imperativo de cotejar aquilo que o que inclui não apenas o que cliente compreende como sendo a convencionalmente se entende por sua necessidade no momento e queixa, mas o modo como o cliente aquilo que o serviço em questão vive essa queixa, os recursos pode, adequadamente, oferecer. A subjetivos e do entorno ponderação sobre este aspecto sociopsicológico de que dispõe para fundamental - responder à cuidar de seu sofrimento, bem como diversidade de demandas, sem, as expectativas e perspectivas que contudo, poder atendê-las todas - se apresentam a partir da busca de faz pensar no quanto um serviço de auxílio. Plantão Psicológico não pode e não Responder, por sua vez, associa-se deve se tomar como auto-suficiente. à explicitação da demanda e seus Na contrapartida, faz pensar no possíveis desdobramentos de tal quanto um serviço deste tipo só forma que, ao acolher o cliente, pode ser concebido numa relação está-se, ao mesmo tempo, dando- de solidariedade com os recursos lhe a oportunidade de se posicionar pessoais da clientela, com os frente àquilo que vive e permitindo recursos coletivos das comunidades ao serviço um posicionamento em e, finalmente, com os recursos relação àquilo que pode ou não institucionais das esferas pública e oferecer, no sentido de dar privada disponíveis na sociedade. continuidade a um primeiro contato. Propor-se a responder à diversidade Responder é central para a e às especificidade do Plantão singularidades das demandas por Psicológico. Diferentemente da ajuda psicológica que se constelam triagem que, grosso modo, visa na prática de plantão só é possível avaliar a adequação entre o serviço quando essa prática estabelece os que se presta e a demanda do laços de solidariedade, as alianças, as trocas que permitem contar com passado recente e sofre, o apoio de âmbitos mais amplos do atualmente, as consequências que aqueles que um serviço funestas de pelo menos duas universitário pode abranger. gestões, tanto ao nível estadual Desde o início dos anos 90, o quanto municipal, em que a saúde Plantão Psicológico do Instituto de mental não foi priorizada e em que Psicologia da Universidade de São as propostas de privatização dos Paulo (IPUSP) experimenta um serviços de saúde avançaram: no aumento cada vez mais expressivo âmbito municipal através da do número de clientes, implantação do Plano de paralelamente a um agravamento Atendimento à Saúde (PAS) e no dos problemas emocionais da estadual, através de uma clientela. Esta tendência torna-se progressiva redução dos recursos mais evidente e contundente a partir materiais e de pessoal destinados à de 1995. Esta afluência de clientes, saúde que degrada os serviços e boa parte deles com experiências prepara a privatização (Plano..., emocionais e condições de vida que s/d.) . requerem cuidados intensos, O percurso, os avanços e as coincide com a progressiva vicissitudes degradação da situação da rede pública de atendimento à socioeconômica da população de saúde mental esclarecem, em parte, média e baixa renda e a os caminhos e descaminhos do concomitante desarticulação e Plantão Psicológico, uma vez que, descaracterização dos serviços como já foi afirmado, esta prática públicos de saúde mental na grande depende do apoio e da São Paulo. solidariedade que a rede oferece O desmantelamento da rede pública (ou deixa de oferecer). Uma breve de atenção à saúde mental referência a este percurso faz-se, repercute no Plantão Psicológico portanto, necessária. em, pelo menos, duas frentes: por No plano estadual, os avanços mais um lado, ao manter-se estruturado e significativos no atendimento à aberto, acaba por receber uma saúde mental ocorreram no parte da clientela que é expulsa do Governo de Franco Montoro atendimento público, ou pela (PMDB), especificidade e gravidade de sua que implementou várias propostas problemática, ou pelo simples do Programa de Reorientação da desaparecimento do serviço ao qual Assistência Psiquiátrica anteriormente tinha acesso4; por Previdenciária elaborado por outro lado, deixa de contar com o comissão do apoio de equipamentos de saúde Conselho da Administração de mental para os quais a clientela Saúde Previdenciária (CONASP) do poderia ser encaminhada com Ministério da Previdência e segurança. Assistência Social (MPAS), A constituição de uma rede de aprovado em dezembro de 1982. equipamentos de saúde mental Este programa foi criado com os capaz de atender às demandas da objetivos de melhorar a qualidade cidade de São Paulo, na da assistência na área de saúde perspectiva da luta antimanicomial, mental e planejar o uso de recursos, foi alvo de políticas públicas aumentando sua produtividade. estaduais e municipais num Seus princípios, tal como aparecem critérios e formas de controle para a no texto de sua regulamentação, internação em hospital psiquiátrico e incluíam a regionalização e instalação de pequenas unidades hierarquização dos serviços, a psiquiátricas em hospitais gerais, priorização do atendimento primário incentivando a participação dos e da capacidade instalada do setor hospitais de ensino nessa público, responsabilidade do Estado empreitada (Instituto Nacional de na definição e condução das Assistência Médica da Previdência políticas, integração Social, 1983, p.14). interinstitucional, descentralização Os princípios acima explicitados administrativa e desburocratização tomaram dos procedimentos, corpo na gestão de Franco Montoro, estabelecimento de mecanismos de dando início a uma ampla avaliação e participação dos vários reformulação do atendimento à agentes, incluindo usuários, no saúde mental. Em resposta à processo de prestação de serviços, prioridade dada às ações de entre outros (Instituto Nacional de atenção primária, foram criadas Assistência Médica da Previdência equipes mínimas de saúde mental Social, 1983, p.13). para atuarem nos centros de saúde. A prática destas equipes incluía Os princípios específicos da área de tanto o atendimento direto à saúde população quanto a assessoria e mental serão também aqui referidos supervisão dos serviços prestados para que se possa comentar o por médicos generalistas. A modo como foram transpostos para presença dessas equipes nos a prática, no âmbito das instituições centros de saúde teve de saúde estaduais, na cidade de desdobramentos na esfera da São Paulo. Esses princípios prevenção, da mudança de fundam-se na concepção do mentalidade sobre o sofrimento “distúrbio psiquiátrico” como psíquico entre profissionais e “episódio no ciclo natural de comunidade, na construção de saúde/doença do indivíduo” e experiências de trabalho abrangem: multiprofissional. atendimento predominantemente extra-hospitalar; constituição de Ao mesmo tempo, criaram-se equipes multiprofissionais; maneiras de prioridade a estratégias de atenção dar suporte ao atendimento primária, regionalizada, através de ambulatorial que, anteriormente, ambulatórios e centros de saúde, atinha-se às consultas psiquiátricas com a constituição de equipes de com ênfase na medicação. Fazem saúde mental nesses equipamentos parte dessas iniciativas a realização e supervisão e orientação de de grupos psicoterapêuticos (para atendimentos realizados por familiares de pacientes médicos generalistas e, também, psiquiátricos, mães, mulheres, através de ações de prevenção e adolescentes), promoção de saúde mental; criação grupos de terapia ocupacional, e utilização de recursos extra- visitas domiciliares. hospitalares tais como hospital-dia, pré-internação, pensão protegida e A idéia era ampliar as possibilidades oficinas; estabelecimento de de acolhida dos ambulatórios, aumentando a freqüência dos A constituição de uma estrutura usuários e diversificando a natureza ligada ao dos serviços oferecidos: com isso, ideário da atenção primária, do buscava-se evitar a internação em atendimento extra-hospitalar, da hospital psiquiátrico. Um exemplo abordagem interdisciplinar e deste tipo de ação foi o Programa multiprofissional e da de Intensidade Máxima (PIM) que regionalização, em saúde procurava acolher e tratar, no mental, teve uma certa continuidade espaço ambulatorial, pacientes em no governo de Orestes Quércia. crise e seus familiares. Uma relativa Nos governos seguintes (Fleury e democratização da gestão dos Covas), porém, observa-se um serviços também foi conseguida, progressivo esmorecimento da abrindo-se, inclusive, alguma vontade política de fazer valerem os oportunidade para a participação de princípios que nortearam a usuários. experiência iniciada no governo de Franco Motoro. A prática dos profissionais de saúde mental No Programa de Governo - 1999- experimentou, sem dúvida, 2002 (s.d.) de Mário Covas, as mudanças significativas, não prioridades para a saúde são a necessariamente extensivas e expansão do Projeto Qualis6, homogêneas em relação ao saneamento básico e a criação de conjunto das unidades de saúde na hospitais geridos como organização cidade de São Paulo. Os centros de social7. A saúde metal aparece saúde-escola ligados à referida num único parágrafo, no Universidade de São Paulo, tiveram qual se lê que: um papel de ponta na busca de uma Os portadores de doenças mentais transformação das ações e das terão idéias melhorado seu atendimento através relativas ao sofrimento psíquico, à da chamada “doença mental” e às manutenção da Política de experiências de loucura. A Modernização e necessidade de integração dos de Humanização do Governo Mário recursos disponíveis na cidade, por Covas, sua vez, propiciou a aproximação e e pela implantação de Hospitais-Dia um maior conhecimento mútuo e entre os diferentes equipamentos, Centros de Apoio Psicossocial8 e dando origem a redes formais e pelo apoio na formação de novas informais de referências pautadas equipes multiprofissionais de saúde pela regionalidade e pela natureza mental para dos serviços prestados. permitir a expansão da rede Este período germinal do projeto ambulatorial e para a dos programas de tratamento tendo área de saúde mental foi em acompanhado de uma intensa vista os usuários de drogas (p.30). mobilização dos trabalhadores de saúde mental que encontraram Aquilo que aí se explicita como modos efetivos de organização, de meta para debate de idéias e de troca de a saúde mental denuncia a experiências. necessidade de criar e constituir, de modo incipiente e sem fazer Em relação às ações menção à luta antimanicomial, implementadas pelo alguns dos recursos que já tinham Governo do Estado, a proposta da sido implantados e que foram, na Prefeitura avança no que diz verdade, desconstruídos. respeito à gestão democrática dos serviços, através da criação de No âmbito municipal, a gestão conselhos e na valorização dos petista de saberes populares, e, também, no Luiza Erundina (1989-1993) combate ao sistema hospitalar estabeleceu e psiquiátrico e sua hegemonia implementou uma política de saúde mantida, inclusive, pelos mental convênios com as esferas públicas. engajada no combate à “cultura hospitalocêntrica” e na criação de Uma rede integrada pela presença uma rede de atendimento de equipes de saúde mental em alternativa à hospitalização e Unidades Básicas de Saúde (UBS), psiquiatrização das demandas. hospitais-dia, centros de convivência, enfermarias No documento Diretrizes para a psiquiátricas em hospitais gerais política de deu suporte a uma qualitativa saúde mental no Município de São mudança do atendimento à saúde Paulo mental municipal. (1989/Gestão Democrática e Popular), o programa de ações Neste período, assim como naquele prioriza: a criação de conselhos compreendido pelo Governo de populares de saúde nos serviços de Franco Montoro, houve um saúde metal; o combate ao sistema intercâmbio profícuo entre o Serviço manicomial; a humanização das de Aconselhamento Psicológico e relações e práticas de atendimento; as instituições de saúde mental o investimento na mudança de municipais. Por um lado, as mentalidade sobre a loucura com a diversas possibilidades de promoção de espaços de discussão acolhimento que os diferentes junto à população e aos sindicatos; equipamentos ofereciam davam a valorização dos saberes e práticas margem a encaminhamentos dentro populares e a consequente do espírito do Plantão Psicológico, relativização dos saberes e práticas qual seja, o de responder médico--psicológicos; a integração adequadamente à diversidade de de diferentes serviços; demandas. Por outro, a o incentivo à formação de necessidade de encaminhar gerava profissionais de saúde mental; a um desativação de convênios da intenso contato com a rede, o que Prefeitura com empresas privadas permitia manter atualizadas de saúde mental; a fiscalização do informações sobre o funcionamento tempo e das condições de das unidades, bem como internamento de pacientes em incentivava a comunicação entre os hospitais públicos ou privados e a profissionais, estreitando os laços criação de espaços de convivência de solidariedade e mútua referência. e lares abrigados. Paralelamente, alguns membros da equipe do SAP atuaram como supervisores de equipes multiprofissionais dos equipamentos de inclusão da universidade na da saúde mental municipais e, sociedade e de recepção da através dessa atividade, sociedade na universidade. contribuíam para a formação de pessoal e conseqüentemente para a As atividades de extensão e os melhoria do atendimento. serviços universitários começaram a Ao mesmo tempo, funcionavam ser debatidos e como mais um elo de ligação entre implantados na década de as experiências que estavam em sessenta, nos Estados Unidos, onde curso na esfera municipal e a respondiam a ideários diversos, prática do Plantão Psicológico. muitas vezes antagônicos, tendo sido alvos de críticas tanto por parte 8 Os CAPs (Centros de Apoio de setores conservadores das Psicossocial) são instituições que universidades quanto por parte de buscam atender integralmente os setores estudantis (Santos, 1999). pacientes egressos de hospitais psiquiátricos ou em “primeiro surto”. Boaventura de Sousa Santos, São pensados como espaços de discutindo a referência e de convivência para crise de hegemonia da uma clientela que, devido a seus universidade, desenha a trajetória transtornos emocionais, vê-se da proposta de extensão excluída da vida social e, muitas universitária, destacando suas vezes, sob risco de isolamento vertentes, tensões, bem como as em hospitais psiquiátricos. As críticas a ela endereçadas, no atividades desenvolvidas incluem contexto americano. Essa análise, atendimento psiquiátrico e que aborda também alguns psicoterapêutico, grupos de desdobramentos do modelo trabalho e lazer, infra-estrutura para americano nas universidades da cuidados com a higiene, aparência, América Latina e, em especial, o alimentação. caso da Universidade de Brasília, mostra-se útil no sentido de A extensão universitária e os desnudar a coexistência de serviços de diferentes concepções de extensão atendimento à comunidade Como praticadas num mesmo ambiente conjunto de práticas privilegiadas de universitário, a exemplo do que contato com a sociedade, a ocorre na USP. extensão e os serviços universitários podem-se constituir De acordo com Santos (1999), a vias de mão dupla através das quais ideologia a universidade serve à sociedade e, universitária pautada pela ao mesmo tempo, recebe desta investigação desinteressada e tanto uma avaliação sobre a autônoma da verdade, que relevância e adequação do priorizava a pesquisa e a teoria em conhecimento que produz, quanto detrimento da prática, entra em uma radiografia das demandas a ela crise a partir do pós-guerra. Nos dirigidas. anos sessenta, acirram-se as reivindicações de um Não sendo as únicas práticas de comprometimento das intercâmbio com a população, são, universidades na resolução de contudo, preciosas oportunidades problemas sociais e econômicos. A extensão universitária, como modo Um ponto importante, portanto, de de corresponder a estas se reter da análise feita por reivindicações, desemboca em pelo Boaventura de Sousa Santos diz menos duas vertentes que precisam respeito à grande elasticidade do ser diferenciadas: uma economicista apelo à prática e das concepções e produtivista, voltada para o de responsabilidade social da acréscimo de produtividade universidade. Embora, como afirma industrial, e outra, crítica, que esse autor, uma idéia mais ampla discute o papel da universidade no de responsabilidade social, enfrentamento dos problemas implicando a valorização das sociais e na “valorização social e comunidades e a proposição de cultural da comunidade envolvente”. intervenções reformistas, continue Para a primeira vertente, viva no imaginário universitário, é “comunidade” é sinônimo de necessário pontuar que o avanço da empresas e indústrias15. mentalidade organizacional na universidade reforça, sobremaneira, Para a segunda, existe a a vertente que reduz a necessidade de definir a esfera de responsabilidade social às relações compromissos sociais e políticos: com a indústria e o mercado. mundial, nacional ou local. Como escreve Santos (1999, p.206) no debate dos anos sessenta sobre o envolvimento da universidade com os problemas sociais: (...) para alguns a universidade devia comprometer-se com os problemas mundiais em geral e onde quer que ocorressem (a fome no terceiro mundo, o desastre ecológico, o armamentismo, o apartheid etc.), para outros, o compromisso era com os problemas nacionais (a criminalidade, o desemprego, a degradação das cidades, o problema da habitação etc.) ou mesmo com os problemas regionais ou locais da comunidade imediatamente envolvente (a deficiente assistência jurídica e assistência médica, a falta de técnicos de planejamento regional e urbano, a necessidade de educação de adultos, de programas de cultura geral e de formação profissional etc.).