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In: BULFINCH, Thomas. Livro de Ouro da Mitologia. Histórias de deuses e heróis. Trad. David
Jardim. 27ªed., Rio de Janeiro: Ediouro, 2002: 101.
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Olimpia de Gouges (1748-1793) – Nascida em Montauban, na França, filha bastarda de um
homem influente e de Anne-Olimpe Muisset. Escreveu mais de quatro mil páginas de escritos
revolucionários ao longo de sua vida, entre peças de teatro, panfletos, novelas autobiográficas,
textos satíricos, utópicos, filosóficos. Olímpia mudou-se para Paris em 1768 e escandalizou a
opinião pública de seu tempo. Levantou dúvidas sobre a escravidão dos negros, tomou posições
em favor dos direitos da mulher (divórcio, maternidade, educação, liberdade religiosa) e
emprestou sua voz para defesa de todos os oprimidos e humilhados. Por isso, recebeu a
condenação à guilhotina, em 1793. Tais informações encontram-se em:
http://www.unb.br/acs/bcopauta/mulher1.htm
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Clara Zetkin (1857-1933) – alemã, membro do partido comunista alemão, deputada em 1920,
militava junto ao movimento operário e se dedicava à conscientização feminina. Fundou e dirigiu
a revista Igualdade, que durou 16 anos (1891-1907). Tais informações encontram-se em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-026X2001000200016
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In: BEAUVOIR, Simone. O segundo sexo. Trad. Sérgio Milliet. São Paulo: Círculo do Livro,
1990: 13; V.2.
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mais adiante, marcar a diferença, realçar as condições que regiam a alteridade nas
relações de gênero. Mulheres norte-americanas, inglesas, francesas e italianas
ganham as ruas, gritando palavras de ordem como "o privado é político, nosso
corpo nos pertence". Muitas queimam seus sutiãs, em público.
Na Argentina, nessa mesma época, as "Madres de la Plaza de Mayo",
mulheres que, até hoje, mantêm uma vigília permanente pelos membros de suas
famílias desaparecidos, opositores de esquerda que haviam iniciado uma guerrilha
contra o regime e foram vitimados pela perseguição política da ditadura, também
estavam mobilizadas, combatendo violações dos direitos humanos e violências
contra as mulheres. O modelo tradicional do “ser mulher” entrou em crise, e um
novo perfil feminino começou a se esboçar também na América Latina.
A partir de 1977, o movimento feminista fragmentou-se em diversas
tendências, algumas mais voltadas para a descriminalização do aborto, outras
centradas na isonomia profissional com os homens. Muitas mulheres, após
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O destino natural das mulheres, ser mãe, esposa, e dona de casa, marcado
pela maternidade, casamento e dedicação ao lar, foi profundamente revolucionado
no século XX. É nesse contexto que as feministas se viram frente ao desafio de
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sérias porque nomes não são somente “espelhos” da realidade pré-existente, nem
rótulos arbitrários relacionados a esta, mas uma forma cultural de fixar o que pode
ser contado como algo concreto no fértil universo imerso em uma multitude de
“realidades” possíveis.
Quanto às relações entre gênero e linguagem, tema de como e para que
finalidade nós, mulheres, determinamos o gênero através de nossas condutas
lingüisticas, a diferença sexual aproxima alguns aspectos do comportamento da
mulher e do homem e, por conseguinte, propõe uma explanação de algumas
diferenças que emergem como parte da nossa herança intelectual da cultura pré-
feminista. Muitos estudos têm distinguido três abordagens explanatórias usadas
pelas feministas, rotuladas: como ‘déficit’, ‘dominação’ e ‘diferença’; tais
abordagens serão tratadas na próxima seção.
Cameron (1999) relata, ainda, que tais abordagens são muito importantes
para se entender a lingüística feminista. A abordagem do déficit sugere que
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maneiras femininas de falar, quer pela natureza, quer pela educação, são
deficientes em comparação às formas masculinas. Já a abordagem da dominação
sugere que maneiras femininas são menores que o resultado do seu gênero que de
suas posições subordinadas em relação aos homens. A abordagem da diferença
sugere que formas femininas de falar reflitam normas lingüísticas e sociais de
subculturas femininas, já que entende-se que a maioria das mulheres passam em
seus anos de formação. A diferença entre mulheres e homens é semelhante à
diferença entre falantes de duas culturas, os quais não estão bem familiarizados
uns com os outros e podem suscitar, portanto, mal entendidos entre os mesmos.
O debate dominação / diferença não é, no entanto, apenas uma arena onde
feministas estão engajadas em argumentos com o outro. Pesquisadores, em ambas
abordagens, têm atraído críticas através da corrente anti-essencialista cada vez
maior e proeminente na lingüista feminista. Feministas anti-essencialistas
conjeturam todas as tentativas de situar gênero na qualidade “não-silenciada”,
fundamental e fixa em mulheres ou homens, seja pela natureza ou educação.
Percebe-se uma tensa relação entre feministas anti-essencialistas e a
tendência no feminismo (e em outros movimentos sociais contemporâneos) de
estabelecer “políticas de identidades”. As reivindicações políticas são formuladas
e validadas numa base onde essas compartilham com uma certa identidade e/ou
posição social, tais como ‘lésbicas’, ‘mulheres deficientes’, ‘senhoras’, ‘mulheres
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A autora não apresenta diferenças entre a abordagem relativa ao poder (teoria/paradigma da
dominação) e à teoria do déficit.
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A partir dos anos noventa, novos debates surgem com o objetivo de rever
as teorias essencialistas de gênero. Defendem uma visão não-essencialista, ou
seja, não propõem uma correspondência entre as identidades e aspectos da
realidade social.
lingüísticos, práticas e/ou ações em contextos sociais particulares. A fala não seria
apenas um veículo para manifestar propriedades essenciais: alguém fala de
determinada forma por ser homem ou mulher.
O autor apresenta uma nova abordagem – a vez do construcionismo – em
oposição às teorias essencialistas, em que gênero seria manifestado nas atividades
cotidianas e nas práticas comunicativas, McLlvenny (2002: 02). Ele também
propõe a pesquisa do uso da linguagem em relação à orientação sexual e à
formação de identidades sexuais.
O autor mostra, ainda, as contribuições dessa nova abordagem na
confluência de quatro teorias recentes ou ordens metodológicas, sendo estas:
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BUTLER, J. Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity. London: Routledge,
1990.
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