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Luís de França Camboim Neto

TÉCNICAS DE ESTUDO E
METODOLOGIA CIENTÍFICA

CAUCAIA-CE
2013-1
CAMBOIM NETO, Luis de França.
Técnicas de estudos e metodologia científica / Luis de França
Camboim Neto. Fortaleza: FATENE, 2013.
57 p. il.: 30 cm

Inclui Bibliografia

1. Metodologia Científica - Teoria. I. Título.

CDD 001.42

Bibliotecária: Audrey Caroline Marcelo do Vale – CRB-3/814


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 6

2 METODOLOGIA CIENTÍFICA ............................................................... 8


2.1 Conceitos e importância da metodologia científica .................................. 8
2.2 Origem e evolução da metodologia da pesquisa científica ....................... 8

3 NATUREZA DO CONHECIMENTO ....................................................... 11


3.1 Conceitos ....................................................................................................... 11
3.2 Tipos de conhecimentos ............................................................................... 12
3.2.1 Conhecimento mítico ..................................................................................... 13
3.2.2 Conhecimento popular ................................................................................... 13
3.2.3 Conhecimento filosófico ................................................................................ 14
3.2.4 Conhecimento religioso ................................................................................. 15
3.2.5 Conhecimento científico ................................................................................ 16

4 FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA ............................................................... 19


4.1 Conceitos ....................................................................................................... 19
4.2 Desenvolvimento da ciência ........................................................................ 19
4.3 Classificação e divisão da ciência ............................................................... 21

5 O MÉTODO CIENTÍFICO ........................................................................ 23


5.1 Conceitos ....................................................................................................... 23
5.2 Métodos de pesquisas .................................................................................. 23
5.2.1 Método dedutivo ............................................................................................ 23
5.2.2 Método indutivo............................................................................................. 24
5.2.3 Método hipotético-dedutivo........................................................................... 24
5.2.4 Método dialético ............................................................................................ 25
5.2.5 Método fenomenológico ................................................................................ 25
5.2.6 Método experimental ..................................................................................... 25
5.2.7 Método observacional .................................................................................... 26
5.2.8 Método comparativo ...................................................................................... 26
5.2.9 Método estatístico .......................................................................................... 27

6 A PESQUISA CIENTÍFICA ...................................................................... 28


6.1 Conceitos ....................................................................................................... 28
6.2 Pesquisa direta ............................................................................................. 29
6.2.1 Pesquisa de campo ......................................................................................... 29
6.2.2 Pesquisa de laboratório .................................................................................. 29
6.2.3 Método de pesquisa descritivo....................................................................... 30
6.2.4 Método de pesquisa experimental ................................................................. 31
6.3 Pesquisa indireta .......................................................................................... 31
6.3.1 Pesquisa documental ...................................................................................... 31
6.3.2 Pesquisa bibliográfica .................................................................................... 32
6.3.3 Método bibliográfico ..................................................................................... 32
6.4 Classificações das pesquisas ........................................................................ 32
6.4.1 Quanto a natureza da pesquisa ....................................................................... 33
6.4.2 Quanto à abordagem do problema ................................................................. 33
6.4.3 Quanto aos objetivos da pesquisa .................................................................. . 34
6.4.4 Quanto aos procedimentos técnicos............................................................... . 34

7 ESTRUTURA DE UM ARTIGO CIENTÍFICO ...................................... . 36


7.1 Conceitos ....................................................................................................... . 36
7.2 Tipos de artigos científicos .......................................................................... . 37
7.3 Estrutura do artigo científico ..................................................................... . 37
7.3.1 Elementos pré-textuais................................................................................... . 37
7.3.2 Elementos textuais ......................................................................................... . 38
7.3.2.1 Introdução ...................................................................................................... . 38
7.3.2.2 Desenvolvimento ........................................................................................... . 38
7.3.2.3 Conclusão ...................................................................................................... . 38
7.3.3 Elementos pós-textuais .................................................................................. . 39
7.4 Ilustrações ..................................................................................................... . 39
7.5 Tabelas .......................................................................................................... . 40

REFERÊNCIAS ........................................................................................... . 41
GLOSSÁRIO................................................................................................ . 43
Palavras utilizadas em pesquisa ................................................................. . 43
Palavra ou expressões latinas utilizadas em pesquisas ............................. . 47

APÊNDICE A - O discurso do método ...................................................... . 49


ANEXO A - Pesquisadores que contribuíram para o
desenvolvimento da ciência ........................................................................ . 52
ANEXO B - Cuidados na elaboração de uma redação científica ............ . 54

“Feliz aquele que transfere o que sabe


e aprende o que ensina”

Cora Coralina
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1 INTRODUÇÃO

A disciplina Metodologia da Pesquisa Científica apresenta-se como elemento facilitador


na produção de conhecimentos. É uma ferramenta capaz de auxiliar e entender os processos de
buscas de respostas, ou seja, um meio para obtenção do conhecimento. Sendo assim, possibilita
um maior aprofundamento e direcionamento da pesquisa, apoiando o discente em todas as etapas
de seu estudo.
A disciplina elenca a estrutura de trabalhos acadêmicos facilitando o ordenamento das
idéias e assim uma redação clara, precisa, comunicativa e consistente.
Um texto é claro quando não deixa margem a interpretações diferentes da que o autor
quer comunicar. Uma linguagem muito rebuscada que utiliza termos desnecessários desvia a
atenção de quem lê e pode confundir.
Um texto deve ser redigido utilizando linguagem precisa, isto é, cada palavra
empregada traduz exatamente o pensamento que se deseja transmitir. É mais fácil ser preciso na
linguagem científica do que na literária, na qual a escolha de termos é bem mais ampla. De
qualquer forma, a seleção dos termos e a cautela no uso de expressões coloquiais devem estar
sempre presentes na redação acadêmica.
Já a comunicabilidade é essencial na linguagem científica, em que os temas devem ser
abordados de maneira direta e simples, com lógica e continuidade no desenvolvimento das idéias.
É muito desagradável uma leitura em que frases substituem simples palavras ou quando a
seqüência das idéias apresentadas é interrompida atrapalhando o entendimento.
Finalmente, o princípio da consistência é um importante elemento do estilo e pode ser
considerado sob três dimensões: expressão gramatical (por exemplo, um erro comum que ocorre
na enumeração de itens: o primeiro é substantivo, o segundo uma frase e o terceiro um período
completo); categoria (as seções de um capítulo devem manter um equilíbrio, ou seja, conteúdos
semelhantes); seqüência (a seqüência adotada para a apresentação do conteúdo deve refletir uma
organização lógica).
A redação de trabalhos acadêmicos e de artigos técnicos possui algumas características
que devem ser obedecidas pelo autor para que a transmissão da informação e a sua compreensão
por parte do leitor sejam eficazes. Vale aqui uma regra básica: ao redigir, coloque-se sempre na
posição do leitor.
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Neste aspecto é essencial conhecer o material a ser utilizado na pesquisa, os métodos e


tipos de pesquisas mais utilizados em trabalhos científicos, os aspectos normativos que os
pesquisadores deverão manter uniformes durante a sua execução, e ainda, os elementos essenciais
ao processo de estruturação de um projeto de pesquisa.
As normas e padrões, aqui mencionados, têm como suporte a Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT) e, desta forma, permitem que os trabalhos acadêmicos estejam em
conformidade com os padrões adotados em âmbito nacional e internacional.
O principal padrão internacional que norteia a elaboração de documentos é a Norma
ISO-690. A partir da International Standardization Organization (ISO) outros países criaram seus
próprios órgãos normativos. No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),
fundada em 1940, além de representante da ISO e da Associação Mercosul de Normalização
(AMN) é responsável por adaptar, criar e comercializar as normas nacionais.

"A leitura faz ao homem completo; a


conversa, ágil, e o escrever, preciso".
(Francis Bacon)
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2 A METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


“Um MÉTODO infalível de
produzir CONHECIMENTOS é
levar a CRER antes de tudo.”
2.1 Conceitos e importância da metodologia científica

A metodologia da pesquisa científica refere-se à forma de como se organiza e funciona


o conhecimento. É, portanto, o estudo ou conhecimento dos métodos utilizados para a realização
de pesquisas científicas e/ou acadêmicas.
Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos métodos e, especialmente, do método
da ciência, que se supõe universal. Embora procedimentos variem de uma área da ciência para
outra (as disciplinas científicas), diferenciadas por seus distintos objetos de estudo, consegue-se
determinar certos elementos que diferenciam o método científico de outros métodos (filosófico,
algoritmo – matemático etc.).
Devido à necessidade de o discente elaborar um trabalho de conclusão de curso (TCC) e
realizar pesquisas, as Instituições de Ensino Superiores passaram a inserir nos componentes
curriculares a disciplina “Metodologia da Pesquisa Científica“.

2.2 Origem e evolução da metodologia da pesquisa científica

A origem remota do método científico situa-se na Grécia clássica, com o nascimento da


dialética, que se apresentava como método de pesquisa e busca da verdade por meio da
formulação adequada de perguntas e respostas. A primeira pergunta relaciona-se à definição do
tema do diálogo, ou debate. Obtida a resposta, faz-se nova pergunta com base no conteúdo da
primeira resposta e assim por diante, até chegar à verdade. A dialética foi, portanto, uma
precursora da lógica. A lógica é a forma de raciocinar coerente, em que se estabelecem relações
de causa e efeito. A dialética é o processo e arte de se buscar a verdade pelo diálogo e pela
discussão.
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A metodologia da pesquisa científica contemporânea tem sua origem no pensamento de


René Descartes, que foi posteriormente desenvolvida empiricamente pelo físico inglês Isaac
Newton. René Descartes propôs chegar à verdade através da dúvida sistemática e da
decomposição do problema em pequenas partes, características que definiram a base da pesquisa
científica. René Descartes (31 de Março de 1596, La Haye en Touraine, França — 11 de
Fevereiro de 1650, Estocolmo, Suécia), também conhecido como Renatus Cartesius, foi filósofo,
físico e matemático francês. Notabilizou-se sobretudo por seu trabalho revolucionário na
filosofia, mas também obteve reconhecimento matemático posterior por sugerir a fusão da
álgebra com a geometria, fato que gerou a geometria analítica e um sistema de coordenadas que
hoje leva o seu nome. Por esses feitos ele teve um papel-chave na Revolução Científica
influenciando o desenvolvimento por Leibniz e Isaac Newton do cálculo moderno.
Sir Isaac Newton (Woolsthorpe, 4 de Janeiro de 1643 — Londres, 31 de Março de
1727) foi um cientista inglês, mais reconhecido como físico e matemático, embora tenha sido
também astrônomo, alquimista e filósofo natural. Newton é o autor da obra Philosophiae
Naturalis Principia Mathematica, publicada em 1687, que descreve a lei da gravitação universal e
as Leis de Newton — as três leis dos corpos em movimento que assentaram-se como fundamento
da mecânica clássica. Ainda no século XVI, nascia outro filósofo que se destacou com uma obra
onde a ciência era exaltada como benéfica para o homem. Em suas investigações, Francis Bacon,
ocupou-se especialmente da metodologia científica e do empirismo, sendo muitas vezes chamado
de "Fundador da Ciência Moderna".Francis Bacon, (Londres, 1561 — Londres, 1626) foi um
político, filósofo e ensaísta inglês.
No século XX, o Círculo de Viena acrescentou aos princípios de René Descartes a
necessidade de verificação e o método indutivo. O Círculo de Viena era composto por um grupo
de filósofos e cientistas, organizado informalmente em Viena à volta da figura de Moritz Schlick.
Encontravam-se semanalmente, entre 1922 e finais de 1936, ano em que Schlick foi assassinado
por um estudante universitário irado. Muitos membros deixaram a Áustria com a ascendência do
partido Nazista, tendo o círculo sido dissolvido em 1936. O seu sistema filosófico ficou
conhecido como o "Positivismo lógico".
Outro filósofo que colaborou com o desenvolvimento do método científico foi Karl
Popper que apesar de não ter frequentado às reuniões do Círculo de Viena, foi uma figura central
na recepção e na crítica às suas doutrinas. Popper demonstrou que nem a verificação nem a
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indução serviam ao método científico, pois o cientista deve trabalhar com o falseamento, ou seja,
deve fazer uma hipótese e testá-la procurando não provas de que ela está certa, mas provas de que
ela está errada. Se a hipótese não resistir ao teste, diz-se que ela foi rejeitada. Caso não, diz-se
que foi aceita. Popper provou também que a ciência é um conhecimento provisório, que funciona
através de sucessivos falseamentos, ao contrário do conhecimento religioso, que trabalha com
verdades eternas. Karl Raimund Popper (Viena, 28 de Julho de 1902 - Londres, 17 de Setembro
de 1994) foi um filósofo da ciência austríaco naturalizado britânico. É considerado por muitos
como o filósofo mais influente do século XX a tematizar a ciência. Foi também um filósofo
social e político de estatura considerável, um grande defensor da democracia liberal e um
oponente implacável do totalitarismo.
Na década de 70 e 80 os estudos de Thomas Kuhn, a estrutura das Revoluções
Científicas, trouxeram à tona o uso do conceito de paradigma, aplicado à história do fazer
científico. Thomas Kuhn percebeu que os paradigmas são elementos essenciais do método
científico, sendo os momentos de mudança de paradigmas chamados de revoluções científicas.
Thomas Samuel Kuhn (Cincinnati, 18 de Julho 1922 - Cambridge, 17 de Junho 1996) foi um
físico dos Estados Unidos da América cujo trabalho incidiu sobre história e filosofia da ciência,
tornando-se um marco importante no estudo do processo que leva ao desenvolvimento científico.
Mais recentemente a metodologia da pesquisa científica tem sido abalada pela crítica ao
pensamento cartesiano elaborada pelo filósofo francês Edgar Morin. Morin propõe, no lugar da
divisão do objeto de pesquisa em partes, uma visão sistêmica, do todo. Esse novo paradigma é
chamado de Teoria da complexidade (complexidade entendida como abraçar o todo). Edgar
Morin, o seu verdadeiro nome é Edgar Nahoum, nasceu em Paris em 8 de Julho 1921, é um
sociólogo e filósofo francês de origem Judaico-Espanhola (sefardita). Pesquisador emérito do
CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique). Formado em Direito, História e Geografia
se adentrou na Filosofia, na Sociologia e na Epistemologia. Um dos principais pensadores sobre
complexidade. É um pensador de expressão internacional, um humanista, preocupado com a
elaboração de um método capaz de apreender a complexidade do real, tecendo severas críticas à
fragmentação do conhecimento. Autor de mais de trinta livros, entre eles: O método, Introdução
ao pensamento complexo, Ciência com consciência e Os sete saberes necessários para a
educação do futuro. Durante a Segunda Guerra Mundial, participou da Resistência Francesa. É
considerado um dos pensadores mais importantes do século XXI.
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3 A NATUREZA DO CONHECIMENTO
“Conhecer é SER, é VIVER,
é PENSAR, é FAZER.”

3.1 Conceitos

Conhecimento é o ato ou efeito de apreender intelectualmente, de perceber um fato ou


uma verdade; cognição, percepção.
A definição clássica de conhecimento, originada em Platão (427–347 a.C.), diz que ele
consiste de crença verdadeira e justificada (Figura 1)

Figura 1 – Conhecimento, segundo Platão

O tema "conhecimento" inclui, mas não está limitado, às descrições, hipóteses,


conceitos, teorias, princípios e procedimentos que são ou úteis ou verdadeiros. O estudo do
conhecimento é a epistemologia.
O conhecimento distingue-se da mera informação porque está associado a uma
intencionalidade. Tanto o conhecimento quanto a informação consistem de declarações
verdadeiras, mas o conhecimento pode ser considerado informação com um propósito ou uma
utilidade.
Informação significa fatos: é o tipo de coisa presente em livros, que pode ser expressa
em palavras ou imagens. A informação pode, portanto vir em várias formas: verbal, visual, por
ondas... Há informação sobre previsão do tempo, esportes, diversões, finanças... No mundo dos
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computadores, a definição atual é dada por Claude Shannon (1916-2001): a informação está
presente sempre que um sinal é transmitido de um lugar para outro.
O conhecimento não pode ser inserido num computador por meio de uma representação,
pois neste caso seria reduzido a uma informação. Assim, neste sentido, é absolutamente
equivocado falar-se de uma "base de conhecimento" num computador. No máximo, podemos ter
uma "base de informação", mas se é possível processá-la no computador e transformar o seu
conteúdo, e não apenas a forma, o que nós temos de fato é uma tradicional base de dados.
O conhecimento pode ainda ser aprendido como um processo ou como um produto.
Quando nos referimos a uma acumulação de teorias, idéias e conceitos o conhecimento surge
como um produto resultante dessas aprendizagens, mas como todo produto é indissociável de um
processo, podemos então olhar o conhecimento como uma atividade intelectual através da qual é
feita a apreensão de algo exterior à pessoa.
Aristóteles (384 - 322 a.C) dividiu o conhecimento em três áreas: científica, prática e
técnica.

3.2 Tipos de conhecimentos

Pelo conhecimento o homem penetra nas diversas áreas da realidade para dela tomar
posse. A própria realidade apresenta níveis e estruturas diferentes em sua própria constituição.
Assim, a partir de um ente, fato ou fenômeno isolado, pode-se subir até situá-lo dentro
de um contexto mais complexo, ver seu significado e função, sua natureza aparente e profunda,
sua origem, sua finalidade, sua subordinação a outros entes, enfim, sua estrutura considerada.
E foi com o passar do tempo que o homem descobriu que não há apenas um tipo de
conhecimento, mas sim vários. Os principais são: o conhecimento popular, o conhecimento
filosófico, o conhecimento teológico, o conhecimento científico e o conhecimento mítico.
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3.2.1 Conhecimento mítico

É um tipo de conhecimento que ajuda o ser humano a "explicar" o mundo por meio de
representações que não são logicamente raciocinadas, nem resultantes de experimentações
científicas. O homem primitivo, diante de uma natureza totalmente desconhecida, misteriosa e
amedrontadora viu-se impossibilitado de descobrir respostas reais, criando assim explicações
fantásticas para os fenômenos naturais.
Até 600 a.C, aproximadamente, o homem grego explicava tudo por meio dos mitos, os
quais começaram a surgir já no período Neolítico. Temos, entre outros, os mitos nórdicos (Tor –
deus do trovão, e outros) e os mitos gregos (Zeus e Apolo, por ex.).
Assim, ainda que o conhecimento mítico crie representações para atribuir um sentido às
coisas, ele ainda se baseia na crença de que seres fantásticos e suas histórias sobrenaturais é que
são os responsáveis pela razão de ser do existente.
O conhecimento mítico surge de um relacionamento emocional, não lógico ente sujeito-
objeto. Então, são três características básicas desse conhecimento imaginativo, ilógico e
explicativo.

3.2.2 Conhecimento popular

É o conhecimento obtido ao acaso, após inúmeras tentativas, ou seja, o conhecimento


adquirido através de ações não planejadas.
O conhecimento popular é valorativo por excelência, pois se fundamenta numa seleção
operada com base em estados de ânimo e emoções: como o conhecimento implica uma dualidade
de realidades, isto é, de um lado o sujeito cognoscente e, de outro, o objeto conhecido, e este é
possuído, de certa forma, pelo cognoscente, os valores do sujeito impregnam o objeto conhecido.
É também reflexivo, mas, estando limitado pela familiaridade com o objeto, não pode ser
reduzido a uma formulação geral. A característica de assistemático baseia-se na “organização”
particular das experiências próprias do sujeito cognoscente, e não em uma sistematização das
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idéias, na procura de uma formulação geral que explique os fenômenos observados, aspecto que
dificulta a transmissão, de pessoa a pessoa, desse modo de conhecer. É verificável, visto que está
limitado ao âmbito da vida diária e diz respeito àquilo que se pode perceber no dia-a-dia.
Finalmente é falível e inexato, pois se conforma com a aparência e com o que se ouviu dizer a
respeito do objeto. Em outras palavras, não permite a formulação de hipóteses sobre a existência
de fenômenos situados além das percepções objetivas.

3.2.3 Conhecimento filosófico

É fruto do raciocínio e da reflexão humana. É o conhecimento especulativo sobre


fenômenos, gerando conceitos subjetivos. Busca dar sentido aos fenômenos gerais do universo,
ultrapassando os limites formais da ciência.
O conhecimento filosófico é valorativo, pois seu ponto de partida consiste em hipóteses,
que não poderão ser submetidas à observação: “as hipóteses filosóficas baseiam - se na
experiência, portanto, este conhecimento emerge da experiência e não da experimentação”; por
este motivo, o conhecimento filosófico é não verificável, já que os enunciados das hipóteses
filosóficas, ao contrário do que ocorre no campo da ciência, não podem ser confirmados nem
refutados. É racional, em virtude de consistir num conjunto de enunciados logicamente
correlacionados. Tem a característica de sistemático, pois suas hipóteses e enunciados visam a
uma representação coerente da realidade estudada, numa tentativa de apreendê-la em sua
totalidade. Por último, é infalível e exato, já que, quer na busca da realidade capaz de abranger
todas as outras, quer na definição do instrumento capaz de apreender a realidade, seus postulados,
assim como suas hipóteses, não são submetidos ao decisivo teste da observação
(experimentação). Portanto, o conhecimento filosófico é caracterizado pelo esforço da razão pura
para questionar os problemas humanos e poder discernir entre o certo e o errado, unicamente
recorrendo às luzes da própria razão humana. Assim, se o conhecimento científico abrange fatos
concretos, positivos, e fenômenos perceptíveis pelos sentidos, através do emprego de
instrumentos, técnicas e recursos de observação, o objeto de análise da filosofia são idéias,
relações conceptuais, exigências lógicas que não são redutíveis a realidades materiais e, por essa
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razão, não são passíveis de observação sensorial direta ou indireta (por instrumentos), como a que
é exigida pela ciência experimental. O método por excelência da ciência é o experimental: ela
caminha apoiada nos fatos reais e concretos, afirmando somente aquilo que é autorizado pela
experimentação. Ao contrário, a filosofia emprega “o método racional, no qual prevalece o
processo dedutivo, que antecede a experiência, e não exige confirmação experimental, mas
somente coerência lógica”. O procedimento científico leva a circunscrever, delimitar, fragmentar
e analisar o que se constitui o objeto da pesquisa, atingindo segmentos da realidade, ao passo que
a filosofia encontra-se sempre à procura do que é mais geral, interessando-se pela formulação de
uma concepção unificada e unificante do universo. Para tanto, procura responder às grandes
indagações do espírito humano e, até, busca as leis mais universais que englobem e harmonizem
as conclusões da ciência.

3.2.4 Conhecimento religioso

O conhecimento religioso, isto é, teológico é o conhecimento revelado pela fé divina


ou crença religiosa. Não pode, por sua origem, ser confirmado ou negado. Depende da formação
moral e das crenças de cada indivíduo. Apóia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas
(valorativas), por terem sido reveladas pelo sobrenatural (inspiracional) e, por esse motivo, tais
verdades são consideradas infalíveis e indiscutíveis (exatas); é um conhecimento sistemático do
mundo (origem, significado, finalidade e destino) como obra de um criador divino; suas
evidências não são verificadas: está sempre implícita uma atitude de fé perante um conhecimento
revelado. Assim, o conhecimento religioso ou teológico parte do princípio de que as “verdades”
tratadas são infalíveis e indiscutíveis, por consistirem em “revelações” da divindade
(sobrenatural). A adesão das pessoas passa a ser um ato de fé, pois a visão sistemática do mundo
é interpretada como decorrente do ato de um criador divino, cujas evidências não são postas em
dúvida nem sequer verificáveis. A postura dos teólogos e cientistas diante da teoria da evolução
das espécies, particularmente do Homem, demonstra as abordagens diversas: de um lado, as
posições dos teólogos fundamentam-se nos ensinamentos de textos sagrados; de outro, os
cientistas buscam, em suas pesquisas, fatos concretos capazes de comprovar (ou refutar) suas
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hipóteses. Na realidade, vai-se mais longe. Se o fundamento do conhecimento científico consiste


na evidência dos fatos observados e experimentalmente controlados, e o do conhecimento
filosófico e de seus enunciados, na evidência lógica, fazendo com que em ambos os modos de
conhecer devem à evidência resultar da pesquisa dos fatos ou da análise dos conteúdos dos
enunciados, no caso do conhecimento teológico o fiel não se detém nelas à procura de evidência,
pois a toma da causa primeira, ou seja, da revelação divina.

3.2.5 Conhecimento científico

O conhecimento científico é a de investigação metódica e sistemática da realidade. É


considerado como “real” porque lida com ocorrências, fatos, fenômenos concretos e observáveis.
Necessita de uma TEORIA para tornar-se legítimo, de HIPÓTESES para serem testadas e de um
MÉTODO para conduzir a INVESTIGAÇÃO. Constitui um conhecimento contingente, pois suas
proposições ou hipóteses têm sua veracidade ou falsidade conhecida através da experiência e não
apenas pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico. É sistemático, já que se trata de um
saber ordenado logicamente, formando um sistema de idéias (teoria) e não conhecimentos
dispersos e desconexos. Possui a característica da verificabilidade, a tal ponto que as afirmações
(hipóteses) que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência. Constitui-se em
conhecimento falível, em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final e, por este motivo, é
aproximadamente exato: novas proposições e o desenvolvimento de técnicas podem reformular o
acervo de teoria existente.
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A seguir encontram-se os tipos de conhecimentos aqui mencionados sistematizados:

Conhecimento Religioso
Conhecimento Popular Conhecimento Filosófico
(Teológico)
Valorativo Valorativo Valorativo
Reflexivo Racional (Lógico) Inspiracional (Dogmático)
Assistemático Sistemático Sistemático
Verificável Não verificável Não verificável
Falível Infalível Infalível
Inexato Exato Exato

Conhecimento Científico Conhecimento Mítico


Real (factual) Valorativo
Racional-Contingente Explicativo
Sistemático Assistemático
Verificável Não verificável
Falível Inaginativo
Aproximadamente exato Ilógico-Inexato
Falível

Exemplos abordando os diversos conhecimentos

1 O vento não é o sopro dos deuses (explicação Religiosa e Mítica), nem um fenômeno
provocado pela chuva (explicação popular). A movimentação do ar se dá pelo deslocamento
das camadas de alta pressão da atmosfera para as camadas de baixa pressão (explicação
científica).

2 Um homem morreu: Em seu velório estavam presentes um padre, um filósofo, um inculto e


um médico. Uma pessoa pergunta aos 4, por que o homem morreu.
Responda: Quais as explicações dadas pelo Padre, Filósofo, Inculto e pelo Médico sobre a
morte do homem?
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Apesar da separação “metodológica” entre os tipos de conhecimento popular,


filosófico, religioso, científico e outros, no processo de apreensão da realidade do objeto, o
sujeito cognoscente pode penetrar nas diversas áreas: ao estudar o homem, por exemplo, pode-se
tirar uma série de conclusões sobre sua atuação na sociedade, baseada no senso comum ou na
experiência cotidiana; pode-se analisá-lo como um ser biológico, verificando, através de
investigação experimental, as relações existentes entre determinados órgãos e suas funções; pode-
se questioná-lo quanto à sua origem e destino, assim como quanto à sua liberdade; finalmente,
pode-se observá-lo como ser criado pela divindade, à sua imagem e semelhança, e meditar sobre
o que dele dizem os textos sagrados.
Por sua vez, estas formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa: um
cientista, voltado, por exemplo, ao estudo da física, pode ser crente praticante de determinada
religião, estar filiado a um sistema filosófico e, em muitos aspectos de sua vida cotidiana, agir
segundo conhecimentos provenientes do senso comum.
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4 FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA
“A ciência não é o único caminho de acesso ao
conhecimento e a verdade.”
4.1 Conceitos

Diversos autores tentaram definir o que se entende por ciência. Consideramos mais
precisa a definição de Ferrari (1974), expressa em seu livro Metodologia da ciência.
Entendemos por ciência uma sistematização de conhecimentos, um conjunto de
proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que se
deseja estudar: “A ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao
sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido à verificação”.
As ciências possuem:
a) Objetivo ou finalidade: Preocupação em distinguir a característica comum ou as leis gerais
que regem determinados eventos.
b) Função: Aperfeiçoamento, através do crescente acervo de conhecimentos, da relação do
homem com o seu mundo.
c) Objeto: Subdividido em:
• Material, aquilo que se pretende estudar, analisar, interpretar ou verificar, de modo geral; e,
• Formal, o enfoque especial, em face das diversas ciências que possuem o mesmo objeto
material.

4.2 Desenvolvimento da ciência

A filosofia é uma forma de conhecimento racional e que surgiu em oposição a outra


forma, o mito. Se o mito caracteriza-se por buscar explicações sobrenaturais e definitivas sobre
os fatos cotidianos, a filosofia constitui-se numa interrogação, busca de explicações racionais,
baseadas na própria natureza e na metafísica, para dar significado ao mundo e as nossas vidas.
Essas duas formas de conhecimentos coexistem até hoje, junto com as outras.
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Na busca de explicações racionais, a filosofia não ficou estagnada. Na verdade, ela se


desenvolveu tanto que, num determinado momento, já não era possível que uma única pessoa
pudesse se dedicar a pesquisar sobre muitas coisas. E com crescente desenvolvimento dos
conhecimentos e o conseqüente acúmulo de informações, além da busca constante de uma forma
(método) de produzir conhecimentos verdadeiros, surgiu na Idade Média1 uma nova forma de
conhecimento: a ciência. Alguns autores consideram que todas as ciências são filhas da filosofia,
pois elas foram, num primeiro momento, uma área de interrogação filosófica. E, aos poucos, cada
uma delas foi isolando, constituindo uma área própria de pesquisa e de saber.
Quando tratamos de ciência, não cabe, à primeira vista, especular sobre o pensamento
filosófico. Entretanto, é na filosofia que se busca a compreensão geral da estrutura e
transformações do universo, incluindo-se neste contexto, o homem, tanto no seu aspecto
individual quanto social. Por esta razão, é impossível tratar-se da evolução da ciência sem
atentarmos para o paralelo desenvolvimento da filosofia.
Babilônios e egípcios, a partir de 5.000 a.C. acumularam enormes conhecimentos,
principalmente na matemática e astronomia. Mas foram os gregos os principais responsáveis pelo
desenvolvimento filosófico e pela combinação entre essas duas grandes linhas de conhecimento,
...“ponto de partida da ciência, extraordinária aventura humana com tudo que ela tem de belo,
grandioso e... terrífico para a natureza e a própria Humanidade.” Não parece haver dúvidas de
que a ciência tem seu berço na Grécia.
Em respeito aos objetivos desse texto, não cabe em seu contexto citar de forma
exaustiva todos os grandes nomes, pensadores, filósofos, matemáticos, astrônomos, físicos,
biólogos etc., que de forma indispensável e insubstituível contribuíram para o desenvolvimento
científico. Todavia, julgamos úteis a esses mesmos objetivos, destacarem as contribuições de
alguns poucos desses gênios da humanidade, a começar pelos filósofos da natureza2, assim
chamados por terem sido os primeiros a adotar uma forma científica de pensar, libertando a

1
Seu início é marcado pela tomada de Roma pelos germanos: a derrubada do Império Romano do Ocidente ocorreu
no ano de 476. O fim da era medieval é dado pelo ataque de Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente,
tomada pelos turcos em 1453.
2
Os filósofos Pré-socrático aparecem entre os éculos VII e VII a. C. Em todas colônias gregas que se espalham pela
costa do Mediterrâneo, principalmente na Ásia Menor. Quanto a natureza, a preocupação destes primeiros
pensadores( physis) e cosmológica. Isto e, procuravam neste mundo um princípio que explicasse sua existência e
ordem, dai filósofos da natureza.Alguns filósofos se destacaram neste período. -Tales de Mileto– Grande,
Anaxímenes de Mileto, Pitágoras de Samos,, Xenofanes de Colofon e outros.
21

filosofia dos mitos da religião e da superstição. São considerados os verdadeiros fundadores da


ciência.
Para os filósofos da natureza as questões fundamentais centravam-se na natureza,
seus processos e transformações. Suas observações davam motivo para indagações acerca do que
viam: como tudo começou? Do nada? Ou sempre existiu alguma coisa? Qual a origem de tudo?
Como tudo se transforma?
Para todas essas questões só havia uma resposta unânime:
...”por trás de toda transformação há uma substância básica”..

4.3 Classificação e divisão da ciência

A complexidade do universo e a diversidade de fenômenos que nele se manifestam,


aliadas à necessidade do homem de estudá-los para poder entendê-los e explicá-los, levaram ao
surgimento de diversos ramos de estudo e ciências específicas. Estas necessitam de uma
classificação, quer de acordo com sua ordem de complexidade, quer de acordo com seu conteúdo:
objeto ou temas, diferença de enunciados e metodologia empregada. De acordo com diversos
cientistas, qualquer assunto que possa ser estudado pelo homem pela utilização do método
científico e de outras regras especiais de pensamento pode ser chamado de ciência. Sendo assim,
a ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente,
sistematizados e verificáveis que fazem referência a objetos de uma mesma natureza.
No mundo acadêmico, fazer ciência é importante para todos, porque é por meio dela
que se descobre e se inventa. Graças a ela temos os aparelhos de comunicação, o computador,
fibras óticas, instrumentos cirúrgicos de alta precisão, aviões, foguetes, materiais bélicos,
controle de pragas, aumento na produção no setor agropecuário, vacinas e outros mais. O ser
humano, por intermédio da ciência, interfere e altera a natureza, e estudiosos de áreas diferentes
dedicam-se à busca de soluções de um mesmo tipo de problema. Em virtude da sobreposição de
algumas áreas tem sido muito difícil estabelecer delimitações onde começa uma ciência e onde
termina a outra. Entretanto a característica básica da ciência é ter um único método aplicado a
vários objetos, muda-se o objeto, muda-se a ciência.
22

As ciências possuem como objeto estabelecer a distinção das características comuns


ou das leis que regem as relações de causa e efeito dos fenômenos, tendo como função
aperfeiçoar o conhecimento em todas as áreas para tornar a existência humana mais significativa.
E o objeto de estudo das ciências se subdivide-se em formais e factuais (Figura 2).

• Lógica
1 – FORMAIS • Matemática
• Física
1 – NATURAIS • Química
• Biologia e outras

CIÊNCIAS
• Antropologia Cultural
2 – FACTUAIS • Direito
• Economia
2 – SOCIAIS
• Política
• Psicologia Social
• Sociologia

Figura 2 – Divisão sucinta da ciência

As ciências formais usam o método dedutivo e seu critério de verdade, consistência


ou não contradição de seus enunciados, onde todos os enunciados são analíticos, isto é, deduzidos
por postulados e teoremas. As ciências formais sintetizam e explicam os fatos e princípios
descobertos sobre o universo e seus habitantes.
As ciências factuais (ou aplicadas) usam o método da observação e
experimentação/explicativo, e em segundo lugar, indução e seu critério de verdade é a verificação
(a evidência sensível). As ciências factuais utilizam fatos e princípios científicos para fazer coisas
úteis aos homens. Estas ciências partem da observação da realidade e utilizam as pesquisas
experimentais, descritivas (quantitativas, qualitativa) e a exploratória.
Muitos autores classificam as ciências e seus ramos de estudo de forma simples e
prática. Outros afirmam que a filosofia pertence às ciências formais, entretanto, seria conveniente
considerar que a filosófica foi o berço das ciências e que as ciências formais são formadas pela
lógica e pela matemática.
23

5 O MÉTODO CIENTÍFICO
O começo de todas as ciências é o espanto de
as coisas serem o que são.

5.1 Conceitos

Método Científico é o conjunto de processos ou operações mentais que devem ser


empregados na investigação. É a linha de raciocínio adotada no processo de pesquisa. É o
conjunto de regras básicas para um cientista desenvolver uma experiência a fim de produzir novo
conhecimento, bem como corrigir e integrar conhecimentos pré-existentes. Consiste em juntar
evidências observáveis, empíricas, e mensuráveis, com o uso da razão. O método científico
proporciona a base lógica à investigação científica.

5.2 Métodos científicos

A principal característica do método científico é a sua natureza convencional, a de


servir de marco de geração do conhecimento objetivo. Por isso existem múltiplas características
em função da perspectiva com que se classifique se estude e inclusivamente se denomine.
Sendo assim, há vários tipos de métodos científicos dentre eles: o método dedutivo, o
método indutivo e o método hipotético-dedutivo considerados mais genéricos.

5.2.1 Método dedutivo

É o método proposto pelo racionalista René Descartes (1596 a 1650) que pressupõe
que só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro. O raciocínio dedutivo tem o
objetivo de explicar o conteúdo das premissas. Por intermédio de uma cadeia de raciocínio em
ordem descendente, de análise do geral para o particular, chega a uma conclusão. Usa o
24

silogismo, construção lógica para, a partir de duas premissas, retirar uma terceira logicamente
decorrente das duas primeiras, denominada de conclusão.
Exemplo: Todo homem é mortal...........................................(premissa maior)
Pedro é homem.....................................................(premissa menor)
Logo, Pedro é mortal.............................................(conclusão)

5.2.2 Método indutivo

Método proposto pelo empirista Francis Bacon (1561 a 1626). Considera que o
conhecimento é fundamentado na experiência, não levando em conta princípios preestabelecidos.
No raciocínio indutivo a generalização deriva de observações de casos da realidade concreta. As
constatações particulares levam à elaboração de generalizações.

Exemplo:
Antônio é mortal. João é mortal. Paulo é mortal.
Ora, Antônio, João e Paulo são homens. Todos os homens são mortais

5.2.3 Método hipotético-dedutivo

Método proposto por Karl Raimund Popper (1902 a 1994). Consiste na adoção da
seguinte linha de raciocínio: quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são
insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema. Para tentar explicar as
dificuldades expressas no problema, são formuladas conjecturas ou hipóteses. Das hipóteses
formuladas, deduzem-se conseqüências que deverão ser testadas ou falseadas. Falsear significa
tornar falsas as conseqüências deduzidas das hipóteses. Enquanto no método dedutivo se procura
a todo custo confirmar a hipótese, no método hipótetico-dedutivo, ao contrário, procuram-se
evidências empíricas para derrubá-la.
25

5.2.4 Método dialético

Fundamenta-se na dialética proposta por Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770 a


1831), na qual as contradições se transcendem dando origem a novas contradições que passam a
requerer solução. É um método de interpretação dinâmica e totalizante da realidade. Considera
que os fatos não podem ser considerados fora de um contexto social, político, econômico etc.
Empregado em pesquisa qualitativa.

5.2.5 Método fenomenológico

Preconizado por Edmund Gustav Albrecht Husserl (1859 a 1938), o método


fenomenológico não é dedutivo nem indutivo. Preocupa-se com a descrição direta da experiência
tal como ela é. A realidade é construída socialmente e entendida como o compreendido, o
interpretado, o comunicado. Então, a realidade não é única: existem tantas quantas forem as suas
interpretações e comunicações. O sujeito/ator é reconhecidamente importante no processo de
construção do conhecimento. Empregado em pesquisa qualitativa.

5.2.6 Método experimental

Baseia-se no método científico comum à maioria das ciências. Consiste em realizar


uma pesquisa através da experimentação, colocando a idéia em práticas para depois obter os
resultados de acordo com o comportamento dos agentes em meio à situação planejada. O método
apóia-se na observação e controle de três variáveis distintas: dependente, independente e externa.
Estas variáveis são os elementos que constituem a situação de estudo relativamente à alteração ou
manifestação de um comportamento cuja natureza se desconhece.
26

− Variável dependente: é a variável que o investigador pretende avaliar, e depende da variável


independente;
− variável independente: é a variável que integra um conjunto de fatores, condições
experimentais que são manipuladas e modificadas pelo investigador; e,
− variável externa: é a variável estranha, e constitui as variáveis que o experimentador não
considerou na hipótese. Este tipo de variável afeta o resultado da experiência, daí ser
conveniente eliminá-las e neutralizá-las, para se assegurar que as respostas só dependam da
variável independente. Quando esta variável é impossível de eliminar, o pesquisador deve
determinar a sua influência.

5.2.7 Método observacional

Um dos mais utilizados nas ciências sociais e apresenta alguns aspectos curiosos.
Pode ser considerado o mais primitivo e, portanto, o mais impreciso. Mas, por outro lado, pode
ser tido como um dos mais modernos, haja vista ser o que possibilita o mais elevado grau de
precisão nas ciências sociais. Consiste na avaliação de informações através da observação, isto é,
analisa as coisas dando importância para o que está sendo comentado ou explícito visualmente
para então se tomar decisão e procurar bases para o estudo.

5.2.8 Método comparativo

Baseai-se no estudo de indivíduos, classes, fenômenos ou fatos, ressaltando suas


principais diferenças e seus pontos de melhoria, isto permite o enfoque comparativo de grandes
agrupamentos ou populações de dados a serem analisados, através deste método é possível
elaborar estudos baseados na desenvoltura de outro indivíduo semelhante.
27

5.2.9 Método estatístico

É um processo para se obter, apresentar e analisar características ou valores numéricos


para uma melhor tomada de decisão em situações de incerteza. Fundamenta-se na aplicação de
métodos estatísticos para a avaliação de informações ligadas a um determinado fato ou situação
que se deseje pesquisar. É um método muito eficaz nas comparações de dados variáveis
quantitativas e exprime uma realidade totalmente real, mas baseada em números que muitas das
vezes não justificam bem a performance ou desenvoltura de uma situação.

Passos da metodologia estatística:


1 Definição do problema;
2 Formulação de um plano para a coleta de dados;
3 Apresentação dos valores numéricos;
4 Análise dos resultados;
5 Divulgação de relatório com as conclusões.
28

6 A PESQUISA CIENTÍFICA

"Tempo virá em que uma pesquisa diligente e contínua esclarecerá aspectos que
agora permanecem escondidos. Tempo virá em que os nossos descendentes
ficarão admirados de que não soubéssemos particularidades tão óbvias a eles...
Muitas descobertas estão reservadas para os que virão, quando a lembrança de
nós estiver apagada. O nosso universo será um assunto sem importância, a menos
que haja uma coisa a ser investigada a cada geração... A natureza não revela seus
mistérios de uma só vez".

Sêneca, Problemas Naturais Livro 7, Século I.

A pesquisa cientifica contribui para a evolução do conhecimento humano em todos os


setores, sendo sistematicamente planejada e executada segundo rigorosos critérios de
processamento das informações. É denominada pesquisa científica se sua realização for objeto de
investigação planejada, desenvolvida e redigida conforme normas metodológicas consagradas
pela ciência.

6.1 Conceitos

Pesquisa científica é a realização concreta de uma investigação planejada,


desenvolvida e redigida de acordo com as normas da metodologia consagradas pela ciência. É um
conjunto de procedimentos sistemáticos, baseados no raciocínio lógico, que tem por objetivo
encontrar soluções para os problemas propostos mediante o emprego de métodos científicos.
A pesquisa científica visa conhecer cientificamente um ou mais aspectos de
determinado assunto. Para tanto deve ser sistemática, metódica e crítica. O produto da pesquisa
científica deve contribuir para o avanço do conhecimento humano. Na vida acadêmica, a pesquisa
é um exercício que permite despertar o espírito de investigação diante dos trabalhos e problemas
sugeridos ou propostos pelos professores e orientadores.
Para Lakatos e Marconi (2001), as pesquisas científicas podem ser divididas em
diretas e indiretas, cada uma com seus objetivos comuns e particularidades. Não existe um tipo de
pesquisa melhor que o outro, mas sim níveis diferentes de aprofundamentos, direcionamentos e
29

enfoques específicos relacionados com os objetos de estudo, objetivos do trabalho e perfil do


pesquisador.

6.2 Pesquisa direta

A pesquisa direta caracteriza-se pela busca de dados diretamente da fonte de origem.


O pesquisar investiga o fenômeno por meio de métodos e instrumentos cientificamente
comprovados para coleta de dados dos fatos verificados.
A pesquisa direta subdivide-se em: pesquisa de campo e pesquisa de laboratório.

6.2.1 Pesquisa de campo

São aquelas em que as condições de controle das variáveis modificam com o


ambiente e interferem na resposta, ou seja, as condições ambientais no momento de execução da
coleta de dados estão sujeitas a alteração de temperatura, umidade, entre outras. Relaciona-se
como exemplo desse tipo de pesquisa, na Engenharia Agrícola, a avaliação de sistemas de
irrigação, quando o calor ou frio e o vento, por exemplo, interferem nos resultados da
performance avaliada e investigada pela pesquisa.

6.2.2 Pesquisa de laboratório

Nesse tipo de pesquisa há um controle maior em relação a fatores ambientais e das


variáveis envolvidas no estudo. Nesse tipo de pesquisa são utilizados equipamentos automáticos e
modernos que proporcionam um ambiente adequado e de menor interferência para o bom
andamento da pesquisa. No caso de pesquisas no âmbito da Engenharia Agrícola, pode-se
30

apresentar como exemplo os estudos realizados em laboratórios controlando as ações do meio


ambiente.
A pesquisa de campo ou de laboratório, de acordo com suas características,
subdivide-se em diferentes métodos de pesquisa. Os tipos mais utilizados são o descritivo e o
experimental.

6.2.3 Método de pesquisa descritivo

O método de pesquisa descritivo tem como características observar, registrar,


analisar, descrever e correlacionar fatos ou fenômenos sem manipulá-los, procurando descobrir
com precisão a freqüência em que um fenômeno ocorre e sua relação com outros fatores.
A pesquisa descritiva pode assumir algumas formas relacionadas com o enfoque que
o pesquisador deseja dar para seu estudo. Cervo e Bervian (2002) classificam essas formas da
seguinte maneira:
− Estudo exploratório: sua finalidade é familiarizar-se com o fenômeno e obter uma nova
percepção a seu respeito, descobrindo assim novas idéias em relação ao objeto de estudo.
− Estudos descritivos: descrevem as características, propriedades ou relações existentes no
grupo ou da realidade em que foi realizada a pesquisa.
− Pesquisa survey: identificam falhas ou erros, descrevem procedimentos, descobre
tendências e reconhece interesses e outros comportamentos, utilizando principalmente o
questionário, entrevista ou survey normativo como instrumento de coleta de dados. Procura
determinar práticas existentes ou opiniões de uma determinada população.
− Estudo de caso: sua preocupação é estudar um determinado indivíduo, família ou grupo
para investigar aspectos variados ou um evento específico da amostra. Um único caso é
estudado com profundidade para alcançar uma maior compreensão sobre outros casos
similares.
31

6.2.4 Método de pesquisa experimental

O método de pesquisa experimental tem como objetivo manipular diretamente as


variáveis relacionadas com o objeto de estudo, proporcionando uma relação de causa e efeito e
mostrando de que modo o fenômeno é produzido.
Esse tipo de pesquisa utiliza testagem, questionários e medidas para verificar as
relações existentes entre as variáveis envolvidas na pesquisa.

6.3 Pesquisa indireta

A pesquisa indireta caracteriza-se pela utilização de informações, conhecimentos e


dados que já foram coletados por outras pessoas, em pesquisas anteriores, e demonstrados de
diversas formas, como documentos, leis, projetos, desenhos, livros, artigos, revistas, jornais etc.
Esse tipo de pesquisa pode ser dividido em documental ou bibliográfico.

6.3.1 Pesquisa documental

Essa pesquisa tem como objetivo investigar fontes primárias, que se constituem de
dados que não foram codificados, organizados e elaborados para os estudos científicos, como:
documentos, arquivos, plantas, desenhos, fotografias, gravações, estatísticas e leis, para poder
descrever e analisar situações, fatos e acontecimentos anteriores, bem como comparar com dados
da realidade presente. Muitas pessoas relacionam a pesquisa documental somente com estudos
históricos, porém neste último a finalidade única é estudar e resgatar fatos que ocorreram no
passado, por meio de documentos e registros; entretanto, observa-se que a extensão da pesquisa
documental é mais ampla.
32

6.3.2 Pesquisa bibliográfica

Essa pesquisa é considerada o primeiro passo de qualquer pesquisa científica, sendo


também a mais utilizada em trabalhos de conclusão de curso de graduação e pós-graduação lato
sensu (monografia).
A pesquisa bibliográfica recolhe e seleciona conhecimentos prévios e informações
acerca de um problema ou hipótese já organizado e trabalhado por outro autor, colocando o
pesquisador em contato com materiais e informações que já foram escritos anteriormente sobre
determinado assunto.

6.3.3 Método bibliográfico

O método de pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de


referências teóricas e/ou revisão de literatura de obras e documentos que se relacionam com o
tema pesquisado. Ressalva-se que, em qualquer pesquisa, exige-se a revisão de literatura,
instrumento da pesquisa bibliográfica, que permite conhecer, compreender e analisar os
conhecimentos culturais e científicos já existentes sobre o assunto, tema ou problema
investigado. Também, pode ser realizada de forma independente, constituindo-se em pesquisa
como trabalho científico original.

6.4 Classificação da pesquisa

Há várias formas de classificar as pesquisas. Diante deste cenário, uma das


preocupações básica dos pesquisadores relacionada às questões metodológicas de suas pesquisas,
é a explicação sobre as características específicas dos procedimentos adequados, para a realização
da pesquisa proposta.
33

Podemos distinguir vários gêneros de pesquisa, mas tendo em conta que nenhum tipo
é auto-suficiente, pois "na prática, mesclamos inúmeros acentuando mais este ou aquele tipo de
pesquisa”.
As formas clássicas de classificação da pesquisa são discriminadas a seguir:

6.4.1 Quanto a natureza da pesquisa

− Pesquisa Básica: objetiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência sem
aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais; e,
− Pesquisa Aplicada: objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução
de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais.

6.4.2 Quanto à abordagem do problema

− Pesquisa Quantitativa: considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir
em números opiniões e informações, para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de
recursos e de técnicas estatísticas percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão,
coeficiente de correlação, análise de regressão etc.); e,
− Pesquisa Qualitativa: considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito,
isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não
pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados
são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas
estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o
instrumento-chave. É descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados
indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem.
34

6.4.3 Quanto aos objetivos da pesquisa

− Pesquisa Exploratória: visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a
torná-lo explícito ou a construir hipóteses. Envolve levantamento bibliográfico; entrevistas
com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; análise de
exemplos que estimulem a compreensão. Assume, em geral, as formas de Pesquisas
Bibliográficas e Estudos de Caso;
− Pesquisa Descritiva: visa descrever as características de determinada população ou
fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas
padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a
forma de levantamento; e,
− Pesquisa Explicativa: visa identificar os fatores que determinam ou contribuem para a
ocorrência dos fenômenos. Aprofunda o conhecimento da realidade porque explica a razão, o
“porquê” das coisas. Quando realizada nas ciências naturais, requer o uso do método
experimental, e nas ciências sociais requer o uso do método observacional. Assume, em geral,
a formas de Pesquisa Experimental e Pesquisa Expost-facto.

6.4.4 Quanto aos procedimentos técnicos

− Pesquisa Bibliográfica: quando elaborada a partir de material já publicado, constituído


principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material disponibilizado na
Internet;
− Pesquisa Documental: quando elaborada a partir de materiais que não receberam tratamento
analítico;
− Pesquisa Experimental: quando se determina um objeto de estudo, selecionam-se as
variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definem-se as formas de controle e de
observação dos efeitos que a variável produz no objeto;
− Levantamento: quando a pesquisa envolve a interrogação direta das pessoas cujo
comportamento se deseja conhecerem;
35

− Estudo de caso: quando envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de


maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento;
− Pesquisa Expost-Facto: quando o “experimento” se realiza depois dos fatos. Podemos
traduzir o termo ex-post facto como "a partir do fato passado". Este tipo de pesquisa realiza a
ocorrência de variações na variável dependente no curso natural dos acontecimentos. Neste
caso, o pesquisador não possui controle sobre a variável independente, que constitui o fator
suposto do fenômeno, porque ele já ocorreu. Portanto, o pesquisador identifica as situações
que se desenvolveram naturalmente e trabalha sobre elas como se estivessem submetidas a
controles. Ela tem o mesmo propósito que a pesquisa experimental por observar a existência
de relações entre variáveis.
− Pesquisa-Ação: quando concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a
resolução de um problema coletivo. Os pesquisadores e participantes representativos da
situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo; e,
− Pesquisa Participante: quando se desenvolve a partir da interação entre pesquisadores e
membros das situações investigadas.

Pesquisar é buscar o novo, é descobrir o


impossível”
36

7 ESTRUTURA DE UM ARTIGO CIENTÍFICO

“Artigo científico é parte de uma publicação com autoria


declarada, que apresenta e discute idéias, métodos, técnicas,
processos e resultados nas diversas áreas do conhecimento.”
(ABNT. NBR 6022).
7.1 Conceitos

Artigo científico é uma reflexão que apresenta resultado sucinto de pesquisa realizada
de acordo com a metodologia de ciência aceite por uma comunidade de pesquisadores. Por este
motivo, considera-se científico o artigo que foi submetido ao exame de outros cientistas, que
verificam as informações, os métodos e a precisão lógico-metodológica das conclusões ou
resultados obtidos. É o o resultado de sínteses de trabalhos maiores ou elaborados, em
substituição às teses e dissertações; são desenvolvidos, sob a orientação de um pesquisador. São
submetidos às comissões e conselhos editoriais dos periódicos, que avaliam sua qualidade e
decidem sobre sua qualidade relevância e adequação ao veículo.
Os artigos surgiram como forma de propogação do conhecimento em substituição as
correspondências trocadas entre as várias cortes européias (Mecanismo de comunicação). As
idéias circulavam através de cartas já que eram para grupos restritos. Como há diversidade no que
seja o método em cada área da ciência, a forma do artigo científico pode variar em sua
apresentação, não existindo uma estrutura única que assegure, por si mesma, a cientificidade de
um artigo ou texto que se pretenda científico.
Diante dessa impossibilidade de uma construção textual objetivamente científica, há a
necessidade do exame do artigo pela comunidade científica, pois a ciência é uma forma de
conhecimento de caráter público, cuja validade só se estabelece após o debate em torno dos
resultados apresentados e do caminho percorrido - o método - que conduziu a sua construção.
Deste modo, o artigo científico, ao tornar público e aberto ao debate o conhecimento
elaborado em pesquisa, é um meio fundamental para a divulgação e desenvolvimento da ciência.
Para Lakatos e Marconi (1991) os artigos científicos têm as seguintes características:
a) não se constituem em matéria de um livro;
b) são publicados em revistas ou periódicos especializados;
c) permitem ao leitor, por ser completos, repetir a experiência
37

7.2 Tipos de artigos científicos

a) Original ou divulgação: apresenta temas ou abordagens originais e podem ser: relatos de


caso, comunicação ou notas prévias; e,
b) Revisão: os artigos de revisão analisam e discutem trabalhos já publicados, revisões
bibliográficas etc.

7.3 Estrutura do artigo científico

O artigo científico tem a mesma estrutura dos demais trabalhos científicos, ou seja,
elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais

7.3.1 Elementos pré-textuais

a) o título e subtítulo (se houver) devem figurar na página de abertura do artigo, na língua do
texto;
b) a autoria: Nome completo do(s) autor(es) na forma direta, acompanhados de um breve
currículo que o (s) qualifique na área do artigo;
c) o currículo: incluindo endereço (e-mail) para contato, deve aparecer em nota de rodapé;
d) resumo na língua do texto: O resumo deve apresentar de forma concisa, os objetivos, a
metodologia e os resultados alcançados, não ultrapassando 250 palavras. Não deve conter
citações “Deve ser constituído de uma seqüência de frases concisas e não de uma simples
enumeração de tópicos. Deve-se usar o verbo na voz ativa e na terceira pessoa do singular
”ativa”. (ABNT. NBR-6028, 2003, p. 2); e,
e) palavras-chave na língua do texto: elemento obrigatório que deve figurar abaixo do resumo,
antecedidas da expressão: Palavras-chave separadas entre si por ponto, conforme a NBR 6028, 2003,
p. 2.
38

7.3.2 Elementos textuais

7.3.2.1 Introdução

Na introdução deve-se expor a finalidade e os objetivos do trabalho de modo que o


leitor tenha uma visão geral do tema abordado. De modo geral, a introdução deve apresentar:

a) ”o assunto objeto de estudo;


b) o ponto de vista sob o qual o assunto foi abordado;
c) trabalhos anteriores que abordam o mesmo tema;
d) as justificativas que levaram a escolha do tema, o problema de pesquisa, a hipótese de
estudo, o objetivo pretendido, o método proposto, a razão de escolha do método e principais
resultados.” (GUSMÃO; MIRANDA 1997 apud RELATÓRIO... [2003]).

7.3.2.2 Desenvolvimento

Parte principal e mais extensa do trabalho, deve apresentar a fundamentação teórica , a


metodologia, os resultados e a discussão. Divide-se em seções e subseções conforme a NBR
6024, 2003.

7.3.2.3 Conclusão

a) as conclusões devem responder às questões da pesquisa, correspondentes aos objetivos e


hipóteses;
b) devem ser breve podendo apresentar recomendações e sugestões para trabalhos futuros;
39

7.3.3 Elementos pós-textuais

a) Título e subtítulo (se houver) em língua estrangeira;


b) resumo em língua estrangeira: versão do resumo na língua do texto;
c) palavras-chave em língua estrangeira: versão das palavras-chave na língua do texto para a
mesma língua do resumo em língua estrangeira;
d) notas explicativas: a numeração das notas é feita em algarismos arábicos, devendo ser única
e consecutiva para cada artigo. Não se inicia a numeração em cada página;
e) referências: elemento obrigatório que constitui uma lista ordenada dos documentos
efetivamente citados no texto. (NBR 6023, 2000);
f) glossário: elemento opcional elaborado em ordem alfabética;
g) apêndices: elemento opcional. “Texto ou documento elaborado pelo autor a fim de
complementar o texto principal.” (NBR 14724, 2002, p. 2);
h) anexos: elemento opcional, “texto ou documento não elaborado pelo autor, que serve de
fundamentação, comprovação e ilustração.” (NBR 14724, 2002, p. 2), e;
i) agradecimentos e a data de entrega dos originais para publicação.

7.4 Ilustrações

As ilustrações (quadros, figuras, fotos etc), devem ter uma numeração seqüencial.

Sua identificação aparece na parte inferior, precedida da palavra designativa, seguida de


seu número de ordem de ocorrência do texto, em algarismos arábicos, do respectivo
título, a ilustração deve figurar o mais próximo possível do texto a que se refere.
(ABNT. NBR 6022, 2003, p. 5).
40

7.5 Tabelas

As tabelas são elemento demonstrativo de síntese que constitui unidade autônoma


devem ter um número em algarismo arábico, seqüencial, inscritos na parte superior, a esquerda da
página, precedida da palavra Tabela. (ABNT, 2005).
Apresentação de informações de forma não discursivas das quais o dado numérico se
destaca (IBGE, 1993). A tabela apresenta as seguintes características:
a) Numeração independente e consecutiva;
b) sua identificação aparece à esquerda na parte superior precedida da palavra tabela, em letras
maiúsculas/minúsculas, separada por travessão do número de ordem em algarismos arábicos;
c) as fontes citadas e notas eventuais aparecem no rodapé da tabela, após o fio de fechamento;
d) devem ser inseridas o mais próximo possível do trecho a que se referem;
e) caso a tabela precise ser continuada na folha seguinte, não será delimitada por traço
horizontal na parte inferior, sendo o título e o cabeçalho repetidos na folha seguinte;
f) utilizam-se traços horizontais e verticais para separar os títulos das colunas no cabeçalho e
fechá-las na parte inferior; e,
g) evitam-se traços verticais para separar as colunas e traços horizontais para separar as linhas no
corpo da tabela.

Exemplo

“No começo de um projeto podemos fazer tudo, mas não sabemos nada.
No final do projeto sabemos tudo, mas não podemos fazer nada.”

AUTOR DESCONHECIDO
41

REFERÊNCIAS

BIBLIOGRAFIA BÁSICA:

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e


documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2002. 24 p.

______. NBR 6022: Informação e documentação: artigo em publicação periódica científica


impressa: apresentação. Rio de Janeiro, 2002. 5 p.

______. NBR 6024: numeração progressiva das seções de um documento. Rio de Janeiro, 1989.
2 p.

______. NBR 6027: sumário. Rio de Janeiro, 2003. 2 p.

______. NBR 6028: resumos. Rio de Janeiro, 1990. 3 p.

______. NBR 10520: informação e documentação: citações em documentos: apresentação. Rio


de Janeiro, 2002. 7 p.

______. NBR 12225: títulos de lombada. Rio de Janeiro, 1992. 2 p.

______. NBR 14724: informação e documentação: trabalhos acadêmicos: apresentação. Rio de


Janeiro, 2005. 9 p.

CARVALHO, Maria Cecília M. De (org.). Construindo o saber: metodologia científica:


fundamentos e técnicas. 14. ed. Campinas: Papirus, 2002.

DEMO, Pedro. Introdução à metodologia da ciência. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1987. 118 p.

GIL, Antônio Carlos. Colo elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 184 p.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva. Maria. Fundamentos de metodologia


científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2007. 315 p.

MATINS, Gilberto de Andrade; LINTZ, Alexandre. Guia para elaboração de monográficas e


trabalhos de conclusão de curso, São Paulo: Atlas, 2000. 108 p

MEDEIROS, J.B. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 11


ed. São Paulo: Atlas, 2004.

SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22. ed. São Paulo:
Cortez, 2002. 334 p.
42

- BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:

COSTA, Marco Antonio da. Metodologia da pesquisa. 2. ed. São Paulo: Interciência.
2009.

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução


de pesquisas, amostragens e técnica de pesquisas, elaboração, análise e interpretação
de dados. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1999. 260 p.

REY, L. Planejar e redigir trabalhos científicos. 2. ed. Edgard Blucher: 2003, 328p.

RUIZ, João Álvaro. Metodologia cientifica: guia para eficiência nos estudos. 6. ed.
São Paulo: Atlas, 2002.

SANTOS, Ezequias Estevam dos. Métodos e técnicas de pesquisa cientifica. 8. ed.


São Paulo: Impetus. 2011.
43

GLOSSÁRIO

PALAVRAS UTILIZADAS EM PESQUISA

Agradecimento: É a manifestação de gratidão do autor da pesquisa às pessoas que colaboraram


no seu trabalho. Deve ter a característica de ser curto e objetivo.
Amostra: É uma parcela significativa do universo pesquisado ou de coleta de dados.
Análise: É o trabalho de avaliação dos dados recolhidos. Sem ela não há relatório de pesquisa.
Anexo: Elemento opcional, em um trabalho acadêmico, composto por texto ou documento não
elaborado pelo autor, que serve de fundamentação, comprovação ou ilustração.
Apêndice: Elemento opcional, em um trabalho acadêmico, composto por texto ou documento
elaborado pelo autor a fim de complementar o texto principal.
Capa: Elemento obrigatório de uma dissertação ou tese sobre o qual se imprimem as
informações indispensáveis à sua identificação na seguinte ordem: a) Nome da Instituição
(opcional); b) Nome do autor; c) Título; d) Subtítulo (se houver); e) Número de volume (se
houver mais de um, constando em cada capa o respectivo volume); f) Local (cidade) da
Instituição onde será apresentado o trabalho; e, g) Ano de depósito (entrega do material). (NBR-
14724, 2005, p. 3).
Capítulo: É uma das partes da divisão do relatório de pesquisa. Lembrando que o primeiro
capítulo será a Introdução e o último as Conclusões do autor. Entre eles o texto da pesquisa.
Ciência: É um conjunto organizado de conhecimentos relativos a um determinado objeto
conquistados através de métodos próprios de coleta de informação.
Citação: É quando se transcreve ou se refere o que um outro autor escreveu. Ação ou resultado
de citar. Frase ou passagem de obra escrita, reproduzida por escrito ou oralmente por alguém
(ger. com indicação do autor original), como complementação, exemplo, ilustração, reforço ou
abonação daquilo que quer dizer.
Coleta de Dados: É a fase da pesquisa em que se reúnem dados através de técnicas específicas.
Conclusão: É a parte final do trabalho onde o autor se coloca com liberdade científica, avaliando
os resultados obtidos, propondo soluções e aplicações práticas.
Conhecimento Científico: É o conhecimento racional, sistemático, exato e verificável da
realidade. Sua origem está nos procedimentos de verificação baseados na metodologia científica.
44

Podemos então dizer que o Conhecimento Científico:


- É racional e objetivo;
- Depende de investigação metódica;
- Atém-se aos fatos;
- Busca e aplica leis;
- Transcende aos fatos;
- É explicativo;
- É analítico;
- Pode fazer predições;
- Requer exatidão e clareza;
- É aberto; e,
- É comunicável;
- É util. (Galliano, 1979, p. 24-30).
- É verificável;

Conhecimento Empírico, Popular ou vulgar: É o conhecimento obtido ao acaso, após


inúmeras tentativas, ou seja, o conhecimento adquirido através de ações não planejadas.
Conhecimento Filosófico: É fruto do raciocínio e da reflexão humana. É o conhecimento
especulativo sobre fenômenos, gerando conceitos subjetivos. Busca dar sentido aos fenômenos
gerais do universo, ultrapassando os limites formais da ciência.
Conhecimento Mítico: O conhecimento mítico surge de um relacionamento emocional, não
lógico ente sujeito-objeto. Então, são três características básicas desse conhecimento imaginativo,
ilógico e explicativo.
Conhecimento Teológico: Conhecimento revelado pela fé divina ou crença religiosa. Não pode,
por sua origem, ser confirmado ou negado. Depende da formação moral e das crenças de cada
indivíduo.
Corpo do Texto: É o desenvolvimento do tema pesquisado, dividido em partes, capítulos ou
itens, excluindo-se a Introdução e a Conclusão.
Cronograma: É o planejamento das atividades da pesquisa, descrito na Metodologia, dentro de
um espaço pré-determinado de tempo. Normalmente é demonstrado através de um gráfico.
Dedicatória: Parte opcional que abre o trabalho homenageando afetivamente algum indivíduo,
grupos de pessoas ou outras instâncias.
Dedução: Conclusão baseada em algumas proposições ou resultados de experiências.
Dissertação: É um trabalho de pesquisa, com aprofundamento superior a uma monografia, para
obtenção do grau de Mestre, por exigência do Parecer 977/65 do então Conselho Federal de
Educação.
Entrevista: É um instrumento de pesquisa utilizado na fase de coleta de dados.
Experimento: Situação provocada com o objetivo de observar a reação de determinado
fenômeno.
Fichamento: São as anotações de coletas de dados registradas em fichas para posterior consulta.
45

Folha de Rosto: É a folha seguinte a capa e deve conter as mesmas informações contidas na
Capa e as informações essenciais da origem do trabalho.
Glossário: Elemento opcional de um trabalho acadêmico que consiste de uma lista em ordem
alfabética de palavras ou expressões técnicas usadas no texto, acompanhada das respectivas
definições.Gráfico: É a representação gráfica das escalas quantitativas recolhidas durante o
trabalho de pesquisa.
Hipótese: É a suposição de uma resposta para o problema formulado em relação ao tema. A
Hipótese pode ser confirmada ou negada.
Índice (ou Índice Remissivo): É uma lista que pode ser de assuntos, de nomes de pessoas
citadas, com a indicação da(s) página(s) no texto onde aparecem. Alguns autores referem-se a
Índice como o mesmo que Sumário.
Indução: "Processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares,
suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes
examinadas." (Lakatos, Marconi, 1991: 47).
Informação: Ação ou resultado de informar(-se). Conjunto de dados sobre algo ou alguém.
Relato de acontecimentos ou fatos, transmitido ou recebido.
Instrumento de Pesquisa: Material utilizado pelo pesquisador para colher dados para a pesquisa.
Introdução: É o primeiro capítulo de um relatório de pesquisa, onde o pesquisador irá
apresentar, em linhas gerais, o que o leitor encontrará no corpo do texto. Por isso, apesar do nome
Introdução, é a última parte a ser escrita pelo autor.
Justificativa: É a parte mais importante de um projeto de pesquisa já que é nesta parte que se
formularão todas as intenções do autor da pesquisa. A justificativa num projeto de pesquisa,
como o próprio nome indica, é o convencimento de que o trabalho de pesquisa é fundamental de
ser efetivado. O tema escolhido pelo pesquisador e a hipótese levantada são de suma importância,
para a sociedade ou para alguns indivíduos, de ser comprovada. Deve-se tomar o cuidado, na
elaboração da justificativa, de não se tentar justificar a hipótese levantada, ou seja: tentar
responder ou concluir o que vai ser buscado no trabalho de pesquisa. A justificativa exalta a
importância do tema a ser estudado, ou justifica a necessidade imperiosa de se levar a efeito tal
empreendimento.
Material Permanente: É a descrição de todo capital necessário para aquisição de materiais que
têm duração contínua. São aqueles materiais que se deterioram com mais dificuldade como
46

automóveis, materiais áudios-visuais (projetores, retroprojetores, máquinas fotográficas,


filmadoras etc.), mesas, cadeiras, armários, geladeiras, computadores etc.
Material de Consumo: É a descrição de todo capital necessário para aquisição de materiais que
têm duração limitada. São aqueles materiais que se deterioram como giz, filmes fotográficos,
fitas de vídeo, gasolina, material de limpeza (sabão, detergentes, vassouras etc).
Método: A palavra método deriva do grego e quer dizer caminho. Método então, no nosso caso,
é a ordenação de um conjunto de etapas a serem cumprias no estudo de uma ciência, na busca de
uma verdade ou para se chegar a um determinado conhecimento.
Metodologia: "Methodo" significa caminho; "logia" significa estudo. É o estudo dos caminhos a
serem seguidos para se fazer ciência.
Monografia: "Mono" significa um, "grafia" significa escrita, ou seja, escrito por um. É um
estudo científico, com tratamento escrito individual, de um tema bem determinado e limitado,
que venha contribuir com relevância à ciência.
Objetivos: A definição dos objetivos determina o que o pesquisador quer atingir com a
realização do trabalho de pesquisa. Objetivo é sinônimo de meta, fim. Os objetivos podem ser
separados em Objetivos Gerais e Objetivos Específicos.
Paráfrase: É a citação de um texto, escrito por um outro autor, sem alterar as idéias originais.
Ou, eu reproduzo, com minhas próprias palavras, as idéias desenvolvidas por um outro autor.
Pesquisa: É a ação metódica para se buscar uma resposta; busca; investigação.
Premissas: São proposições que vão servir de base para uma conclusão.
Problema: É o marco referencial inicial de uma pesquisa. É a dúvida inicial que lança o
pesquisador ao seu trabalho de pesquisa.
Recursos Financeiros: É a descrição minuciosa de todo o dinheiro necessário para a realização
da pesquisa. Costuma ser dividido em Material Permanente, de Consumo e Pessoal.
Referência: Elemento obrigatório, em um trabalho acadêmico, composta por uma lista ordenada
dos documentos efetivamente citados no texto. (NBR 6023, 2002). Não deve ser referenciadas
fontes bibliográficas que não foram citadas no texto. Caso haja conveniência de referenciar
material bibliográfico não citado, deve-se fazer uma lista própria após a lista de referencias, sob o
título Bibliografia recomendada. (NBR10719, 1989, p. 13).
Resenha: É uma descrição minuciosa de um livro, de um capítulo de um livro ou de parte deste
livro, de um artigo, de uma apostila ou qualquer outro documento.
47

Revisão de Literatura: A Revisão ou Levantamento de Literatura é a localização e obtenção de


documentos para avaliar a disponibilidade de material que subsidiará o tema do trabalho de
pesquisa. Este levantamento é realizado junto às bibliotecas ou serviços de informações
existentes.
Técnica: É a forma mais segura e ágil para se cumprir algum tipo de atividade, utilizando-se de
um instrumental apropriado.
Teoria: "É um conjunto de princípios e definições que servem para dar organização lógica a
aspectos selecionados da realidade empírica. As proposições de uma teoria são consideradas
leis se já foram suficientemente comprovadas e hipóteses se constituem ainda problema de
investigação." (Goldenberg, 1998: 106-107).
Tese: É um trabalho semelhante a Dissertação, distinguindo-se pela efetiva contribuição na
solução de problemas, e para o avanço científico na área em que o tema for tratado.
Tópico: É a subdivisão do assunto ou do tema.
Universo: É o conjunto de fenômenos a serem trabalhados, definido como critério global da
pesquisa.

PALAVRAS OU EXPRESSÕES LATINAS UTILIZADAS EM PESQUISA

apud: Significa "citado por". Nas citações é utilizada para informar que o que foi transcrito de
uma obra de um determinado autor na verdade pertence a um outro.
Ex.: (Napoleão apud Loi) ou seja, Napoleão "citado por" Loi
et al. (et alli): Significa "e outros". Utilizado quando a obra foi executada por muitos autores.
Ex.: Numa obra escrita por Helena Schirm, Maria Cecília Rubinger de Ottoni e Rosana
Velloso Montanari escreve-se: SCHIRM, Helena et al.
ibid ou ibdem: Significa "na mesma obra".
idem ou id: Significa "igual a anterior".
In: Significa "em".
48

ipsis litteris: Significa "pelas mesmas letras", "literalmente". Utiliza-se para expressar que o
texto foi transcrito com fidelidade, mesmo que possa parecer estranho ou esteja
reconhecidamente escrita com erros de linguagem.
ipsis verbis: Significa "pelas mesmas palavras", "textualmente". Utiliza-se da mesma forma que
ipsis litteris ou sic.
opus citatum ou op.cit.: Significa "obra citada"
passim: Significa "aqui e ali". É utilizada quando a citação se repete em mais de um trecho da
obra.
sic: Significa "assim". Utiliza-se da mesma forma que ipsis litteris ou ipsis verbis.
supra: Significa "acima", referindo-se a nota imediatamente anterior.
49

APÊNDICE A - O DISCURSO DO MÉTODO


René Descartes

“Para bem conduzir a razão e procurar a verdade


nas ciências.”

Logo pelo título fica claro que Descartes não era céptico, pois se é um método para
procurar a verdade pressupõe que ela exista.
Bom senso é o mesmo que razão para Descartes, ou seja, é o poder de bem julgar e
distinguir o verdadeiro do falso e é igual em todos os Homens.

Relacionar bom-senso, verdade e método: O bom senso é naturalmente igual em todos os


Homens, isto é, todos os humanos possuem razão. O fato de haverem opiniões diferente não é,
assim, devido a haverem pessoas com mais bom senso, é sim devido a essas pessoas seguirem
caminhos de pensamento diferentes ou não considerarem as mesma coisas. Para chegar á verdade
é preciso seguir um método e Descartes mostra qual foi o que ele usou.
Objetivo do livro (Discurso do Método): Mostrar qual o método que usou para chegar á
verdade. Opinião sobre o conhecimento do seu tempo à Todos os conhecimentos filosóficos e
todas as coisas ensinadas na escola são duvidosas.
Descartes conclui assim que, se ele quiser chegar á verdade, tem de procurar em si
próprio.
Objetivo da reforma cartesiana: Reformar os seus pensamentos (os seus pensamentos são o
objeto da reforma cartesiana) a partir dum fundamento todo seu; reconstruir a partir das
exigências da razão. A dúvida cartesiana é universal e radical (porque dúvida de tudo, no inicio),
provisória (porque só vai duvidar até encontrar algo indubitável e evidente), metódica (porque é o
ponto de partida do método), não prática (porque não se aplica ás ações. Para isso Descartes criou
a moral provisória).
A dúvida cartesiana é diferente da dúvida céptica, pois os cépticos acreditam que é
impossível conhecer, logo a sua dúvida é sistematicamente radical. A duvida é o ponto de partida
do método porque Descartes duvida até encontrar algo indubitável e evidente.
50

A Matemática é muito importante para o método porque ele está a seguir o método
matemático, ou seja, parte de princípios claros e distintos e procede a deduções e demonstrações
para o resultado ser o mais objetivo possível.
No método cartesiano, a razão tem 2 poderes fundamentais:
Intuição intelectual (racional) à apreensão imediata de um objeto ou ser, que é presente
imediatamente á razão à existência de idéias inatas (idéias exclusivamente racionais); e, poder de
raciocinar no sentido de construir cadeias de deduções/demonstrações.

Regras do método
Regra da evidência: Só considerar o verdadeiro/evidente (claro e distinto);
Regra da divisão: dividir o mais difícil em parcelas pequenas para se tornar mais fácil de
conhecer;
Regra da síntese: Começar por conhecer as coisas mais simples e faceis e ir gradualmente até
conhecer as mais difíceis.
Regra da enumeração: Fazer revisão geral para ter a certeza que nada foi omitido.

Descartes duvida das suas crenças porque:


Os sentidos enganam-nos ás vezes. Os homens enganam-se a raciocinar por vezes. Quando
sonhamos, pensamos e os nossos pensamentos são falsos. Ninguem nos pode garantir que não
estamos a sonhar agora mesmo. Mas ao duvidar de tudo, Descartes percebeu que ele, aquilo que
duvidava de tudo, tinha de existir para pensar. Eu penso logo existo à 1º Principio da Filosofia
Cartesiana.
O Cogito é uma substância pensante, pois é uma unidade autônoma (independente do
corpo) que pensa, ou seja, cuja essência é pensar. Para Descartes algo verdadeiro é algo evidente
(claro e distinto). Pensar à Duvidar à ser imperfeito. Ser imperfeito e ter idéia de perfeição. A
idéia de perfeição não pode derivar de um ser imperfeito, logo existe um ser perfeito que dá essa
idéia de perfeição à Deus. Criar Perfeição = Criar idéia de perfeição, ou seja, Idéia de Perfeição =
Existência de Perfeição.

Descartes distingue 3 tipos de idéias:


51

Idéias Inatas: são idéias que, nascidas conosco, são como as do criador que gera no ser criado
sua imagem e semelhança, ou seja são as idéias puras e verdadeira de uma pessoa. Estas idéias
inatas, claras e distintas, não são inventadas, mas produzidas pelo entendimento, pelo
conhecimento.
Idéias Adventícias: não são claras e distintas porque se baseiam na experiência sensível
(Empirismo); e,
Idéias Factícias ou Fictícias – dependem da livre associação dos dados sensíveis recolhidos
(Imaginação)

"Daria tudo que sei, pela metade do que ignoro."


"Penso, logo existo."

René Descartes
52

ANEXO A - PESQUISADORES QUE CONTRIBUÍRAM PARA O


DESENVOLVIMENTO DA CIÊNCIA

Isaac Newton
• Nasceu em 25/12/1642, em Woolsthorpe, na Inglaterra. Suas descobertas durante o século XVII
guiaram os estudos da física pelos 200 anos seguintes;
• Por trás de fenômenos aparentemente banais construiu a base de teorias revolucionárias;
• Em 1661, com 18 anos, ingressa na universidade de Cambridge, estudou matemática e filosofia;
Em 1668, depois de idealizar as leis de reflexão e refração de luz, construiu o primeiro
telescópio reflexivo; Em 1669, assume o cargo de professor de matemática na universidade de
Cambridge; Em 1672, é convidado para a Real Sociedade Britânica;
• Em 1687, publica “Princípios Matemáticos da Filosofia Natural”, o famoso “Principia”, em que
descreve as leis da gravidade e dos movimentos;
• Em 1696, é nomeado Guardião da Casa da Moeda; · Em1705, ele recebe um título de nobreza
da rainha Anne e passa a se chamar Sir Isaac Newton; Em 1727, ele morre, no dia 20 de março
e é enterrado na abadia londrina de Westminster, na Inglaterra.
Galileu Galilei
• Viveu entre 1564 e 1642; · Criticava Aristóteles dizendo que “A tradição e a autoridade dos
antigos sábios não são fontes de conhecimento científico” e que a única maneira de
compreender a natureza é experimentando; Achava que fazer ciência é comprovar através da
experiência; · Dizia que “o livro da natureza é escrito em caracteres matemáticos”;
• foi acusado, pelas autoridades, de ser inimigo da fé. Foi julgado pelo tribunal do santo ofício, a
Inquisição. Ele reconheceu diante dos inquisitores que estava “errado”, para poder terminar
suas pesquisas. Segundo a lenda, ele disse baixo: “Eppur si muove”, ou, “mas ela anda”, ou
seja, que a Terra não é um ponto fixo no centro do universo. A história de Galileu é um
exemplo célebre de como a violação à liberdade de opinião das pessoas pode ser altamente
prejudicial ao desenvolvimento das ciências.
René Descartes
• Viveu entre 1596 e 1650; Demonstrou como a matemática poderia ser utilizada para descrever
as formas e as medidas dos corpos;
53

• Inventou a geometria analítica; Sua obra mais famosa chama-se “discurso sobre o método”
(1636). Nela, Descartes procura nos convencer que o raciocínio matemático deveria servir de
modelo para o pensamento filosófico e para todas as ciências;
• Uma das frases mais célebres da história do pensamento filosófico é: “Penso, logo existo.”. Ele
acreditava que dessa verdade ninguém poderia duvidar.
• O raciocínio matemático é baseado, principalmente, na lógica dedutiva, em que nós partimos de
uma verdade para encontrarmos outras verdades.
Outros cientistas
Francis Bacon (1561 a 1626): Para Bacon, a descoberta de fatos verdadeiros não depende do
raciocínio silogístico aristotélico mas sim da observação e da experimentação regulada pelo
raciocínio indutivo. O conhecimento verdadeiro é resultado da concordância e da variação dos
fenômenos que, se devidamente observados, apresentam a causa real dos fenômenos.Mostrou a
importância da experimentação para a aquisição dos conhecimentos científicos;
Nicolau Copérnico (1473 a 1543): Mostrou que o sol fica no centro do sistema, mas, achava que
a órbita da terra era uma circunferência perfeita, o que era errado, mas, o alemão Kepler (1571 a
1630) o corrigiu, mostrando que a distância da terra e do sol é variável, em forma de elipse.
Louis Pasteur (1822 a 1895) foi o primeiro cientista a provar que seres invisíveis a olho nu, os
microorganismos, eram os responsáveis por diversas doenças. Suas descobertas ajudaram a salvar
vidas e abriram as portas para o avanço da microbiologia e da imunologia;
Francesco Redi (1626 a 1698): Era um médico italiano e demonstrou que não existia a geração
espontânea, uma idéia aristotélica. Ele fez uma experiência: Ele colocou carne em vários vidros.
Deixou alguns abertos e cobriu outros com um tecido fino de algodão, que permitisse a entrada
de ar. Este tecido era importante, pois para os defensores da geração espontânea, o ar era
fundamental para que o fenômeno acontecesse. Se a teoria da geração espontânea fosse
verdadeira, as larvas de moscas deveriam aparecer tanto nos vidros abertos quanto nos vidros
cobertos com gaze, mas, após alguns dias, surgiram larvas só nos vidros abertos. Redi mostrou,
então, que as larvas surgiam das moscas, e não por geração espontânea. As moscas podiam entrar
nos vidros abertos e depositar seus ovos sobre a carne, mas não conseguiam entrar naqueles
cobertos pelo tecido.
54

ANEXO B - CUIDADOS NA ELABORAÇÃO DE UMA REDAÇÃO CIENTÍFICA3

Escrever um trabalho científico não é uma tarefa tão simples, já que exige conhecimento
das normas, postura crítica e uma disciplina intelectual. Esses requisitos básicos só se podem ser
adquiridos escrevendo. O importante é o estudante notar que cada novo conhecimento lhe
permitirá desvelar novos significados.
Para escrever uma boa redação científica, de um modo geral, é importante conhecer
alguns elementos que torna seu trabalho mais consistente, tais como: objetividade,
impessoalidade, estilo, clareza e coesão e modéstia e cortesia.

OBJETIVIDADE

A qualidade essencial de um trabalho científico é a objetividade, que deve presidir tanto


a elaboração, o conteúdo intelectual, quanto o tipo de linguagem empregado na redação.
Nos trabalhos científicos, emprega-se a linguagem denotativa, isto é, cada palavra deve
apresentar seu significado próprio, referencial e não dar margem a outras interpretações.
Sendo a linguagem científica fundamentalmente informativa, técnica, racional,
prescinde de torneios literários, figuras de retórica ou frases de efeito.
Aconselha-se o uso de frases curtas e simples, com vocabulário adequado. Os termos
técnicos e expressões estrangeiras, inclusive citações em latim, só devem ser utilizados quando
indispensáveis.
A própria natureza do trabalho científico é que determina a objetividade como requisito
básico da redação.

IMPESSOALIDADE

A impessoalidade contribui grandemente para a objetividade da redação dos trabalhos


científicos.

3
ANDRADE, Maria Margarida de. Metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos na graduação. São
Paulo, Atlas. 2001, pp. 101-104.
55

Expressões como “o meu trabalho”, “eu penso”, “na minha opinião” etc. devem ser
evitadas, por apresentarem a conotação de subjetividade inerente à linguagem expressa na
primeira pessoa. Devem-se evitar também expressões como “o presente trabalho”, “neste
trabalho”, ”o autor descreve” etc. O emprego do pronome impessoal “se” é o mais adequado
para os trabalhos de graduação: “procedeu-se ao levantamento”, “procurou-se obter tal
informação”, “fez-se tal coisa”, ou “realizou-se” etc.
Outro recurso que contribui para a objetividade na redação consiste em usar verbos nas
formas que tendem à impessoalidade: “tal informação foi obtida”, “a busca empreendida”, “o
procedimento adotado” etc.
Tais procedimentos criam certo distanciamento da pessoa do autor, razão pela qual a
impessoalidade favorece a objetividade; contudo, é necessário prestar atenção para não misturar
formas pronominais: o “se” impessoal empregado em uma frase ou parágrafo, a primeira pessoa,
ou seja, os pronomes “eu” ou “nós”, ou as formas verbais a eles correspondentes, em outra frase
ou parágrafo.
Desaconselha-se, também, o plural de modéstia, chamado plural majestático, que
consiste em usar o “nós” como primeira pessoa do singular “eu”. Além de dificultar
sobremaneira a concordância, soa pedante e antiquado.

ESTILO

Nos trabalhos científicos emprega-se de preferência um estilo simples, evitando-se o


excesso de retórica, os preciosismos vocabulares, os termos muito eruditos ou em desuso,
expressões vocabulares que tornam a sintaxe complexa.
O excesso de adjetivação, as repetições próximas e freqüentes de determinadas
conjunções ou expressões são procedimentos que precisam ser evitados.
Termos de gíria ou expressões deselegantes jamais poderão fazer parte do vocabulário
de um escrito científico.
A escolha do estilo deve recair sobre o nível culto de linguagem ou o coloquial cuidado
que, embora simples, usual, obedece às regras gramaticais. Modernamente, o coloquial cuidado é
o nível de linguagem mais empregado, até mesmo nos livros didáticos.
56

Importante é lembrar que simplicidade não exclui correção gramatical, que é requisito
indispensável da redação científica.

CLAREZA E CONCISÃO

Idéias claramente definidas devem expressar-se através de frases e palavras claras. As


frases demasiadamente longas tendem a comprometer a clareza, dificultando a concordância
gramatical. O melhor procedimento a ser adotado é subdividir as frases longas em duas ou mais,
de menor extensão, evitando o acúmulo de orações subordinadas em um só período. Embora não
haja para esse caso uma regra rígida, aconselha-se que cada período não apresente mais que duas
ou três orações subordinadas.
De maneira geral, deve-se buscar também a simplicidade na sintaxe, preferindo-se as
frases curtas, na ordem direta.
É imprescindível concatenar as idéias ou informações de maneira lógica e precisa,
estabelecendo uma linha clara e coerente de raciocínio. Geralmente, a clareza da redação reflete a
clareza do raciocínio.
As idéias precisam ser apresentadas de maneira simples, mas clara, evitando-se a
argumentação muito abstrata.
Nunca é demais lembrar que um parágrafo deve apresentar apenas uma idéia principal,
em torno da qual giram as idéias secundárias e os detalhes importantes.
A clareza deve ser acompanhada da concisão. Um texto repetitivo, que apresenta a
mesma idéia em mais de um parágrafo, por mais bem escrito que seja, torna-se cansativo. Evite-
se, igualmente, prolongar a explanação de uma idéia suficientemente esclarecida, bem como a
repetição desnecessária de detalhes que não sejam relevantes.

MODÉSTIA E CORTESIA

A modéstia evidencia o reconhecimento dos próprios limites, por parte do autor do


trabalho. Nenhum ser humano é perfeito ou capaz de executar obras que atinjam a perfeição
plena, embora seja desejável todo esforço em busca da perfeição.
57

A modéstia deve andar a par da cortesia, sobretudo quando se trata de discordar de um


autor, de uma idéia ou opinião. É fundamental que toda crítica seja feita com a mais absoluta
cortesia, diria melhor, diplomacia, até porque há a possibilidade de, afinal, reconhecer-se que a
crítica talvez fosse infundada.
Não só no caso das críticas, mas também nos agradecimentos, a cortesia é
indispensável. Toda colaboração significativa de outras pessoas, como, por exemplo, professores
que não sejam os responsáveis pela disciplina relacionada com o trabalho, deve ser objeto de um
agradecimento singelo, sem afetação nem exageros.

“Ler é sonhar pela mão de outrem. Ler mal e por alto é


libertarmo-nos da mão que nos conduz. A superficialidade
na erudição é o melhor modo de ler bem e ser profundo.”

Fernando Pessoa

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