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O ESTADO E A REVOLUÇÃO

- roteiro para cursistas -

ORIENTAÇÃO AO CURSISTA

Este curso está centrado em dois temas: 1) o que é Estado burguês e quais são suas formas,
regimes e governos, sobretudo a democracia burguesa como forma de ditadura de classe da
burguesia; 2) o que é a revolução socialista, em seus dois atos: a tomada do poder, quer dizer,
a derrubada violenta do Estado burguês, e a construção do Estado operário revolucionário sobre
as ruínas do estado burguês, a construção da ditadura do proletariado.
Aborda-se também o conteúdo da ditadura proletária, seguindo as elaborações de Marx, Engels,
Lenin, Trotsky e Moreno, e introduzindo o conhecimento histórico das experiências da Comuna
de Paris e da República dos Sovietes de 1917-24. O roteiro busca também introduzir as
polêmicas com os reformistas e centristas em torno à questão do Estado e da revolução, embora
este não seja o eixo dos textos e deste roteiro.

ABERTURA - 5'

Por que a questão do Estado é tão importante?

A questão do Estado é decisiva para os revolucionários marxistas, porque este é o terreno da


ação política. Como marxistas, queremos mudar o mundo acabando com as classes sociais. Mas
não fazemos isso diretamente: não criamos novas relações de produção, nem novas técnicas,
nem eliminamos fisicamente a burguesia. Acreditamos que para eliminar a burguesia como
classe, é preciso dotar-se de um instrumento. Esse instrumento é o poder do Estado, a arma que
utilizaremos para quebrar a resistência da burguesia e tomar dela a propriedade privada, criando
assim as condições para a extinção das classe sociais e com elas de toda exploração e opressão.
Por isso a questão do Estado é tão importante: O que é? Como funciona? Que formas assume?
Como apoderar-se dele? O que fazer com ele? Pelo quê substituí-lo? É principalmente em torno
a estas questões que se constroem a estratégia marxista. Também em torno a estas questões se
dividem as diferentes organizações que lutam pela direção do movimento proletário e de
massas.

Com essa breve introdução, se dividem os grupos e se inicia o trabalho.

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1ª PARTE - O ESTADO BURGUÊS

TEXTOS:
Estado e classe dominante - Nahuel Moreno
Estado, Regime e governo -Nahuel Moreno
O governo de Frente Popular: um governo burguês diferente - Nahuel Moreno

1) Sintetize as diferenças entre Estado, Regime e Governo e dê exemplos do Brasil.

R.: Estado: conjunto de instituições - Congresso, Justiça, Exército, Ministérios, Presidência da


República etc.

Regime: como essas instituições se articulam para garantir a dominação burguesa - quem
manda é o Congresso , quem manda é o Exército, quem manda é o presidente da república, mas
apoiado principalmente nos serviços de segurança e repressão do Estado etc etc etc.

Governo: pessoas de carne e osso ou partidos à frente das instituições do Estado: governo Lula,
governo FHC, governo Sarney etc.

2) Como se define o caráter de um Estado? Que tipos de Estado existiram na História?

R.: O Estado se define pela classe social que detém o poder político para oprimir e esmagar as
outras classes. Em base a essa definição houve 5 tipos de Estado: asiático, escravista, feudal,
burguês e operário.

3) O que torna o governo de frente popular diferente dos outros?

R.: Frente Popular: quando as direções traidoras das organizações operárias ou do movimento
de massas são incorporados ao governo ou mesmo compõe a maioria do governo.

Os governos de frente popular também são governos burgueses, porque não rompem com a
burguesia nem com a estrutura do Estado burguês, ao contrário, são usados pela burguesia e
pelo imperialismo para salvar o estado burguês e o sistema capitalista/imperialista. A diferença
dos governos de frente popular em relação a outros governos burgueses é que, devido à origem
no movimento operário dos partidos e dirigentes que o encabeçam, a maioria dos trabalhadores
o considera equivocadamente como um governo dos trabalhadores, um governo amigo, e num
primeiro momento, não lutam diretamente contra ele.

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TEXTOS:
O Estado capitalista - N. Bukharin e E. Preobrazhenski
As classes sociais e o Estado - V. Lenin

4) Defina a concepção marxista de Estado. Por que ele é necessário na sociedade atual?

R.: Podemos definir o Estado como o conjunto de instituições de se dota uma classe para
oprimir e explorar outras classes. Essa é uma definição das mais simples. Lenin fala "o produto
e a manifestação do antagonismo inconciliável das classes". Surgirão outras definições mais ou
menos corretas na plenária. O fundamental aqui é discutir o caráter de classe de todo o aparato
estatal. Ou seja, que o Estado não é uma força "acima das classes" ou acima dos conflitos entre
as classes. Também não é um saco vazio que se possa preencher do jeito que se queira: por
exemplo, ganhar as eleições e fazer com que o Estado passe a defender os trabalhadores. Isso é
impossível porque as instituições do Estado são pensadas para defender a classe dominante. Por
isso é impossível mudá-las. A essência do Estado é a defesa de uma determinada dominação de
classe, de determinada forma de propriedade etc. Por exemplo, toda a Constituição do Brasil ou
de qualquer outro país está voltada para garantir a defesa da propriedade privada e da
democracia burguesa. São sempre princípios "invioláveis" de qualquer Constituição. A
Previdência Social, a educação pública etc nunca são princípios invioláveis. Somente a
propriedade privada e a democracia burguesa o são. Para defender a Constituição, se formam a
PF, o Exército, o Congresso Nacional, a Justiça etc.

O Estado é necessário na sociedade capitalista, bem como em qualquer sociedade fundada na


exploração de uma classe sobre a outra, para colocar nas mãos da classe exploradora os
instrumentos necessários para se manter no poder, o monopólio da violência e das armas, e o
controle das instituições que garantem a “escravidão ideológica” das massas; sem o Estado não
seria possível à burguesia manter a sua exploração sobre o proletariado (imaginemos o que
seria uma greve sem o apoio da Justiça e da polícia ao patrão ou que seria uma revolução sem a
burguesia poder contar com o seu exército);

O Estado burguês é necessário também para impor a dominação de uma nação sobre outra
na época imperialista. As burguesias imperialistas dos Estados Unidos, Grã-Bretanha,
Alemanha, França, Japão, etc, através de seus respectivos Estados, dominam o conjunto de
nações do planeta. O Estado tem como base um determinado território nacional e é utilizado
pelas burguesias nacionais (inclusive ou principalmente as imperialistas) como instrumento
para disputar entre si a primazia na exploração dos trabalhadores e das riquezas e na divisão da
mais valia. Um dos meios para isto é a guerra. Por exemplo: a Guerra do Iraque foi uma
agressão imperialista promovida pelo Estado burguês norte-americano contra o Estado burguês
do Iraque, sob o regime de Saddan Hussein, com o objetivo de estabelecer o completo controle
sobre a nação iraquiana e suas riquezas, subjugando um setor da burguesia iraquiana (o de
Saddan) que não estava completamente subserviente ao imperialismo ianque.

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5) Qual é a essência do Estado para Lenin? A que se resume o Estado em última
instância? Cite exemplos para comprovar o seu ponto de vista.

R.: Aqui o fundamental é discutir a definição de Lenin de Estado como "destacamentos


especiais de homens armados, prisões etc". Isso é assim porque, apesar da existência de uma
série de mecanismo e instituições democráticas no Estado burguês, as instituições coercitivas
são sua base mais profunda. É nelas que a burguesia se apóia quando todas as outras
instituições falham. A comprovação desse ponto de vista é relativamente fácil: o papel da
polícia nas greves e enfrentamentos, a criminalização dos movimentos sociais etc.

A existência do Estado é, portanto, a maior prova do antagonismo inconciliável entre as


classes na sociedade capitalista. Acrescente-se também que a subsistência e o fortalecimento
dos estados nacionais imperialistas é também prova de que o imperialismo segue sendo a época
de dominação do mundo por um punhado de nações ricas capitalistas.

O tema da corrupção também é abordado por Lênin, mas vamos secundarizá-lo na discussão.
Lênin aponta que a corrupção dos altos servidores de Estado é parte estrutural do
funcionamento do estado burguês, sobretudo na sua forma democrático-parlamentar; os
governos do PT comprovam isso; a “aliança do Estado com a Bolsa” expressa-se hoje na
enorme dívida externa e interna com os bancos, que consome a maior parte da arrecadação dos
impostos e recursos do Estado.

6) Comente a frase: “O Estado burguês tem os operários na conta de bestas de carga; é


preciso que este gado trabalhe, mas não dê coices. É necessário, pois, não só espancá-lo e
fuzilá-lo, assim que ele dê coices, como também domesticá-lo, dominá-lo...”.

R.: Aqui o objetivo é discutir a dominação ideológica burguesa e seu papel nos momentos
"pacíficos" da luta de classes. Por isso, o Estado se utiliza também de uma série de instituições
de caráter não-coercitivo: as escolas, a imprensa, a igreja, a produção cultural etc. Mas essa não
é a essência do Estado. São apenas pontos de apoio secundários.

O principal mecanismo de domínio sobre os cérebros dos operários é a democracia burguesa,


defendida também pelos burocratas e reformistas do movimento operário.

7) Quais são as outras concepções de Estado, distintas da do marxismo, citadas nos textos?

R.:
1) A que encara o Estado como algo que está acima da sociedade e que tem como função
"conciliar" as classes em conflito, ou seja, encontrar um meio termo, um consenso. Nesse caso,
se poderia conquistar cada vez mais espaço dentro desse Estado e chegar ao socialismo pela via
da acumulação de conquistas e direitos. (Bernstein)

2) A que admite o papel de dominação de classe do Estado, mas nega que seja necessário
destruir toda a máquina estatal burguesa. Nesse caso, poderia se manter as atuais instituições:
o parlamento, a justiça, o exército e colocar todas essas instituições a serviço do proletariado,
algo como "preenchê-las" com um conteúdo proletário. (Kautsky)

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3) Pode-se também discutir a concepção anarquista: a de que o Estado é uma máquina
opressora, mas que não possui um caráter de classe, ou seja, o Estado sempre será opressor
contra as massas, não importa que tipo de instituição exista: parlamento burguês ou sovietes,
justiça burguesa ou tribunais populares etc. Nesse caso os trabalhadores deveriam fazer uma
revolução e destruir o Estado, mas não colocar nenhum outro tipo de Estado no lugar
porque o problema é o próprio Estado e não o seu caráter de classe. Destruído o Estado, a
sociedade deveria entrar imediatamente numa fase de auto-gestão organizada e evitar o
estabelecimento de qualquer tipo de poder, qualquer tipo de representação, qualquer tipo de
autoridade.

TEXTOS:
Democracia burguesa - V. Lenin

8) Explique a definição marxista de democracia burguesa.

R.: É um tipo de regime político, ou seja, de articulação específica das instituições do Estado
burguês, que tem como instituições políticas fundamentais o governo central e o parlamento
eleitos periodicamente e onde há relativa liberdade política e sindical. Essa articulação
específica das instituições não muda a essência da questão: a democracia burguesa é a ditadura
da ínfima minoria "eleita democraticamente" sobre a imensa maioria. E muito menos muda o
caráter de classe do Estado em questão: continua sendo um instrumento de dominação e
exploração burguesas, um "destacamento especial de homens armados".

9) É correto afirmar que a democracia burguesa é uma democracia dos ricos, se nas
eleições todos podem votar e decidir quem vai governar?

R.: A democracia burguesa é uma democracia para a burguesia e uma ditadura sobre o
proletariado. Nas eleições os trabalhadores escolhem aqueles que vão oprimi-los nos anos
seguintes (Marx), os parlamentares e os governos executivos são controlados pela burguesia e
não pelos trabalhadores; a “crosta” democrática encobre a opressão de classe do Estado
burguês, assim como o contrato de trabalho (o “livre contrato” entre as partes) mascara a
exploração (o roubo) da mais-valia pelo capitalista.

Aqui deve-se discutir concretamente o que os políticos fazem quando chegam ao poder: votam
leis que atacam os trabalhadores e se reelegem por força do poder econômico e somente a ele
prestam contas, retiram direitos, expulsam os manifestantes do Congresso Nacional etc.

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2ª PARTE
A REVOLUÇÃO SOCIALISTA:
A TOMADA DO PODER E A DITADURA DO PROLETARIADO

TEXTOS:
O Estado e a Revolução - V. Lenin
Pode haver igualdade entre explorado e explorador? V. Lenin
A supressão do Parlamento - V. Lenin
Reforma ou Revolução - PSTU

10) Qual é a estratégia marxista em relação ao Estado burguês? Como esta estratégia é
justificada por Marx, Engels e Lenin?

R.: A estratégia marxista é a tomada do poder de Estado através da derrubada do Estado


burguês e de sua substituição por um Estado operário, ou seja, pela ditadura do proletariado;
em outras palavras: a revolução socialista;

A máquina de Estado da burguesia foi construída para garantir a dominação desta classe, é
impossível reforma-la ou “passá-la para outras mãos”, ou seja, colocar as forças armadas e a
burocracia estatal da burguesia a serviço da classe explorada. As tentativas reformistas mais
“honestas” já demonstraram isso, por exemplo Allende no Chile. A domesticação, ou seja, o
aburguesamento do PT no Brasil prova que ao invés de reformar a máquina do Estado foi esta
que “reformou” (degenerou) o PT. Para Marx, Engels e Lenin há que se “quebrar” esta máquina
e substituí-la pela ditadura revolucionária do proletariado. A primeira experiência de ditadura
proletária foi a Comuna de Paris, de cuja experiência Marx concluiu a necessidade de “quebrar
a máquina do Estado” e substitui-la pela ditadura do proletariado. Esta experiência foi depois
confirmada pela Revolução Russa e, de forma negativa, por todas as outras revoluções do
século XX derrotadas devido a que não quebraram a máquina de Estado burguesa e não
construíram o poder operário;

11) O que é a ditadura do proletariado? Por que Lenin a define como sendo ao mesmo
tempo uma ditadura e uma democracia? Por que é necessária?

R.: A ditadura do proletariado é o Estado operário, a constituição do proletariado em classe


dominante. É uma ditadura e uma democracia de classe: ditadura sobre a burguesia e
democracia mais ampla do que a democracia burguesa para os trabalhadores e seus aliados de
classe.

É necessária para quebrar a resistência da burguesia (ajudada pelo imperialismo e pelas classes
reacionárias) e para colocar o poder de fato nas mãos dos trabalhadores, através de sua auto-
organização, e sob direção do partido revolucionário;

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A ditadura do proletariado é o primeiro Estado na história da humanidade usado pela maioria
(proletariado) para oprimir a minoria (burguesia), a serviço da libertação da classe oprimida e
explorada contra seus algozes burgueses e imperialistas. Será, por isso, um Estado que, na
medida em que consolida a dominação do proletariado e a transformação comunista da
sociedade, tende a desaparecer (definhar) como Estado, como instrumento de opressão, dando
lugar a uma sociedade verdadeiramente livre, autogovernada pela própria população.

TEXTOS:
Pelo que deve ser substituída a máquina do Estado depois de destruída - V. Lenin
A supressão do Parlamento - V. Lenin
A História dos Sovietes - J. Reed

12) Discuta o funcionamento da ditadura do proletariado a partir das elaborações e Marx


e Lenin e da experiência dos Sovietes. E estabeleça comparações com a democracia
burguesa.

R.: Aqui é muito importante construir a discussão a partir das questões, dúvidas e polêmicas
que venham dos grupos. E também estabelecer comparações concretas entre o funcionamento
de uma democracia burguesa e uma democracia proletária. Os exemplos discutidos por Moreno
são muito significativos e respondem a preocupações concretas dos militantes. Também é
importante a discussão de como se elegiam e se tomavam decisões nos Sovietes, do texto de
Reed, em comparação com as eleições e os parlamentos burgueses.

A principal conclusão é: a ditadura do proletariado, ao mesmo tempo que é uma máquina de


opressão sobre a burguesia, também é uma democracia para o proletariado, muito superior à
democracia burguesa. Isso é assim porque o Estado operário é construído com os organismos
criados pelas próprias massas em sua luta revolucionária (por exemplo: a Comuna e os
Sovietes) e que não é o partido que toma o poder, mas sim que o partido luta para ter maioria
nestes organismos revolucionários criados pelas massas, para leva-los à tomada do poder e à
construção da ditadura proletária.

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SÍNTESE FINAL DO CURSO

1) A superestrutura da sociedade é formada pelo Estado e pelas instituições e ideologias que


zelam pela reprodução de um determinado modo de produção social (sociedade). O Estado
burguês é tão somente uma forma histórica de dominação para garantir a exploração de classe
da burguesia sobre o proletariado e a reprodução do capitalismo. É uma máquina de opressão
que não pode ser reformada em benefício dos explorados, estes devem quebrá-la, destruí-la e
substituí-la pelo seu próprio aparato de estado, a ditadura do proletariado.

2) O Estado pode assumir diferentes formas. A democracia parlamentar burguesa é uma forma
de ditadura da burguesia sobre o proletariado. É a melhor forma para “enganar” os
trabalhadores e para corromper suas organizações, partidos e dirigentes. No Brasil temos a
degeneração do PT e agora o caminho traçado pelo PSOL vai na mesma direção. O PSTU se
constrói com a estratégia da tomada revolucionária do poder: derrubada da democracia
burguesa e construção da democracia proletária ou ditadura do proletariado, único caminho
para a construção de uma sociedade sem explorados, nem exploradores, a sociedade comunista.

3) A questão do Estado é decisiva para os revolucionários marxistas porque “este é o terreno da


ação política”. É principalmente em torno a questão do caráter do Estado burguês e da
estratégia em relação a ele que se dividem as diferentes organizações que lutam pela direção do
movimento proletário e de massas.

4) A revolução socialista, para ser vitoriosa, depende da existência do partido revolucionário


com influência de massas, que conquiste a direção das lutas e dos organismos revolucionários
do proletariado.

5) As revoluções vitoriosas foram as que destruíram o exército burguês e o seu Estado: Rússia,
Cuba, China.

6) A Rússia e outros países começaram a substituição da máquina estatal, mas houve contra-
revoluções que arrancaram o poder das mãos do proletariado e deformaram a ditadura do
proletariado até o seu desaparecimento.

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Julho de 2010

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