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A VIOLÊNCIA NOS ESPAÇOS PÚBLICOS:

Uma análise sobre as expressões da violência em Praças do Centro e bairros


periféricos de São Luís.

OBJETIVO GERAL
● Identificar as expressões da violência em praças públicas e contextualizá-las
a partir da concepção teorico-metodologica que fundamenta a formação das
periferias e o aumento da violência no processo de urbanização.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

● Abordar a aumento da violência como uma questão estrutural das sociedades


capitalistas;
● Abordar o significado sociocultural das praças para a população;
● Indicar os elementos que causam o esvaziamento das praças, tornando-a
imprópria para o lazer;
● Apontar a função Estado na manutenção da segurança nas praças;

APRESENTAÇÃO

Abordar a violência urbana na cidade de São Luís, tendo como referência


algumas praças situadas na área central e em bairros periféricos da capital, se
constitui o interesse central da presente pesquisa.
Tal interesse de estudo deu-se, entre outros motivos, por entender que essa
temática é uma expressão da questão social que abrange diversos aspectos da vida
urbana na contemporaneidade e que cada vez mais, configura-se como algo que está
presente em diversos ambientes, nas suas variadas manifestações, gerando
impactos significativos no tecido social, alterando as relações sociais e de poder,
exigindo que o Estado intervenha para sanar os conflitos gerados. Dessa forma, a
opção por estudar a violência nas praças mostra-se de grande relevância para o
Serviço Social, considerando que esta é condição básica para um exercício teórico-
prático crítico que se proponha a perseguir, perquirir e reconstruir (ainda que não
exatamente) o movimento do real como 'concreto pensado'. (MARX, 1989)
Sendo assim, desenvolveu-se o presente trabalho, no âmbito da disciplina
Serviço Social e Questão Social III, orientado pela Profª Drª Mariana Braz Berger, do
Curso de Serviço Social da Universidade Federal do Maranhão, campus Dom
Delgado, como requisito para a obtenção da nota da segunda unidade da disciplina.
Portanto, a partir de tais determinações, realizou-se a pesquisa em praças
públicas da cidade de São Luís (MA), tendo como público alvo os frequentadores
destes espaços. A observação e a abordagem realizada tiveram como intuito notar
nos frequentadores de um ambiente considerado de lazer, e também cultural para
muitos, como eles veem a questão da violência nestes locais. A partir das respostas
pretendeu-se analisar, com base nos textos trabalhados em sala de aula, como a
população que frequenta as praças percebe esta problemática.
Diante do exposto, este trabalho encontra-se assim estruturado: no primeiro
momento apresenta uma reflexão teórica acerca da violência urbana, buscando trazer
alguns conceitos e expressões da temática na sociedade capitalista e o seu debate
na contemporaneidade, fazendo uma interface com o conteúdo trabalhado na
disciplina Questão Social III, a partir dos principais autores que trabalham esse
assunto.
Em seguida, apresentamos como se configura a violência nos espaços
públicos, tendo por premissa compreender a relevância e amplitude que envolve as
praças como espaço de lazer e atividades culturais.
Por fim, são apresentadas algumas particularidades das praças, a partir de
dados extraídos das entrevistas realizadas.

PROCEDIMENTOS DA PESQUISA

A pesquisa se deu no período de abril a maio, e foi realizada em praças públicas


referentes aos bairros residenciais das colaboradoras deste trabalho e que possuem
um significado sociocultural para a comunidade, tendo em vista as festividades
historicamente realizadas nesses locais. São eles: Praça Ivar Saldanha ou Praça São
Marçal, no Bairro João Paulo; Praça Vila Bacanga, no Bairro Bacanga; Praça da
Ressurreição, no Bairro Anjo da Guarda. Paralelamente, realizamos a mesma
pesquisa na Praça Gonçalves Dias e Praça Odorico Mendes, ambas localizadas, no
centro da Cidade, no intuito de comparar a partir da coleta de dados, a concepção e
observância da população no que tange a segurança nesses locais em relação aos
bairros periféricos.
A coleta de dados se deu através da utilização de questionário, entrevista e
observação, bem como a utilização de fontes bibliográficas para o enriquecimento
deste trabalho a partir de outras pesquisas já realizadas por outros pesquisadores e
também das leituras e debates em sala de aula.

A configuração da violência nos espaços públicos: a praça como espaço de


lazer e atividades culturais.

A Violência urbana é um problema estrutural e para compreendê-la faz-se


necessário identificar suas expressões e contextualizá-las a partir da concepção
teorico-metodologica que fundamenta a formação das periferias e o aumento da
violência a partir da segregação socioespacial no processo de urbanização dos
grandes centros urbanos, fruto da emergência das sociedades capitalistas.
"Na realidade brasileira, a violência urbana se materializa cotidianamente através
de homicídios, chacinas, estupros, acidentes de trânsito, assaltos, roubos a banco, tráfico de
drogas, linchamentos, etc, entretanto, a violência generalizada enquanto manifestação
historicamente enraizada “é a continuação de longa tradição de práticas de autoritarismo
das elites contra as ‘não elites’ e nas interações entre as classes, ou seja, o histórico das práticas e disseminação da violência
é reflexo de uma sociedade estruturada historicamente em relações sociais autoritárias e
profundamente desiguais". (VIOLÊNCIA URBANA: formas de violência e a presença da “arquitetura do medo”. Evelyn de
Morais Lasak;Louise Luene Holanda Cutrim; Maria Eunice Ferreira Damasceno Pereira.

Ana Fandri apresenta uma reflexão acerca da lógica da acumulação capitalista, onde,
a partir da segregação socioespacial, o espaço urbano será condição, meio e produto
da reprodução social e a cidade perderá seu uso social. Logo, haverá uma negação
da cidade, ou seja, a propriedade privada cria acessos diferentes aos cidadãos,
gerando desigualdades. Essa segregação refletirá significativamente na diminuição
dos espaços públicos e aumento da violência.
Sérgio Adorno aborda as relações entre violência e exclusão socioeconômica
numa perspectiva socio-historica da sociedade brasileira aos dias atuais enfatizando
os padrões de concentração de riqueza como causadores de desigualdade social que
acarretam no crescimento da violência urbana, não numa relação entre pobreza,
crime e violência, mas nas políticas redisitributivas, fundadas na repressão dos
crimes, trazendo à tona a problemática da Violência institucional [...]"como não falar
em violência se sequer os direitos sociais fundamentais – o direito ao trabalho, à
educação, à saúde, ou seja, aqueles direitos que recobrem a dignidade da pessoa
humana – não estão universalizados, isto é, assegurados para todos os cidadãos?".
Ristum e Bastos (2003), ao categorizar a violência nos permite uma análise que
vai além da violência física, como geralmente é compreendida pelas pessoas, através
fatores externos como a mídia, por exemplo, pois, somos alienados ainda que de
forma indireta ao entendimento equivocado de mensurar a violência apenas pela sua
intensidade, fazendo com que muitas categorias do fenômeno expressas no cotidiano
escapem sem qualquer tipo de coerção. Nesse ponto, a negação da praça como
ambiente propício para o lazer da população é considerado como uma expressão da
Violência Estatal.
O artigo 99 do Código Civil - Lei 10406/02, diz que a praça é um bem público
de uso comum do povo. O espaço público decorre da interação do indivíduo com a
cidade e deve existir por meio de uma convivência harmônica entre estes elementos.
Somente desta forma, o indivíduo poderá gozar desta prerrogativa fundamental. Hoje,
muitas praças públicas descaracterizam sua imagem e comprometem a sua função
principal: proporcionar lazer à população, pois são utilizadas para feiras ou usadas
como extensão de bares, e isso nos remete ao que Ana Fandri diz sobre o espaço
passar a ser produzido como "mercadoria", mercadoria em que muitas vezes o povo
não pode pagar por ela.
A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal,
tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e
garantir o bem- estar de seus habitantes (Constituição Federal, art. 182). Assim, o
Município possui o dever constitucional de garantir o direito ao espaço público,
controlando as atividades empresariais que atentem contra esse direito fundamental
do cidadão, uma vez que para o seu funcionamento depende de autorização
municipal.

Abordagem da violência nas praças pesquisadas:

A Praça Ivar Saldanha (Hoje como São Marçal), localiza-se na


avenida principal do Bairro João Paulo. Ao fundo da praça situa-se uma escola
municipal de ensino Infantil (construída no terreno do antigo Mercado do Bairro) e ao
lado uma Delegacia de Polícia Civil. A praça segundo os entrevistados era há alguns
a anos atrás a feira que hoje situa-se em outro espaço. A praça é conhecida pelos
grandes Festejos anuais de São João e São Pedro que atraem grandes multidões e
fecham a avenida.
Na aplicação do questionário obtivemos os seguintes resultados:
Praça São Marçal
Praça do Bacanga - localizada na Avenida dos Portugueses, no Bairro Vila Bacanga,
bairro periférico de São Luís:
Praça da Ressurreição - que fica localizada na Rua Palestina, no Bairro do Anjo da
Guarda, área Itaqui-Bacanga, zona periférica de São Luís. Há 37 anos ruas e
avenidas do Bairro servem de cenário para o espetáculo "Via Sacra".

Praça Gonçalves Dias, Centro

A praça foi inaugurada no ano de 1873 em homenagem ao poeta maranhense e


com o Monumento Gonçalves Dias no centro da mesma. Tem denominações
populares de Largo dos Amores (por ser um ponto de encontro de namorados) e
Largo dos Remédios (por causa da igreja). Desde 1955, é um dos patrimônios
tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Situada em local
elevado, possibilita uma visão panorâmica da cidade, com a Avenida Beira-Mar e o
rio Anil.

A Igreja dos Remédios e o Palácio Cristo Rei, que abriga a sede da reitoria da
Universidade Federal do Maranhão e o Memorial Cristo Rei, se localizam em frente à
praça. Abaixo da praça, acessível por meio de escadarias estão a Praça Maria Aragão
e o Memorial Maria Aragão.

De modo Geral:

Através dos resultados observa-se que houve uma decadência em relação à popilaridade das
praças ainda em que em algumas delas ocorra maior fluxo de pessoas do que nas outras. O interesse
em apresentar dados de praças dos bairros de periferia em relação às praças do centro da cidade se
deu por haver maior presença do Estado nas praças de valor turístico. Ha algum tempo atrás era
possível perceber viaturas circulando pelos arredores da Praça Gonçalves Dias e um grande fluxo de
pessoas, principalmente aos finais da tarde quando muitos saem do trabalho, escola ou simplesmente
para apreciar a paisagem. A arquitetura e estrutura dessas praças em relação às de periferia é superior
tendo em vista que a maioria dos entrevistados reclamaram da inutidade da praça para o lazer em
função do descaso público e da falta de infraestrutura. Como se tratam de praças populares, muitos
alegaram que as praças só são reformadas anualmente no períodos das festividades.

No entanto, o crescimento da Violência principalmente nos assaltos têm causado o esvaziamento


generalizado das praças, pois a maioria afirmou ter sofrido ou conhecido alguém que sofreu violência
enquanto estava na praça, e eles atribuíram aos assaltos como o maior índice de violência.

A inutidade das praças para lazer foi atribuída também a sujeira e esgoto presentes no local. A
ausência de espaço para as crianças também foi mencionado além da fumaça espalhada pelas
lanchonetes que se instalam no local à noite. Muitas mães consideraram prejudicial à saúde de seus
filhos a inalação desses componentes.

Os bares também foram elementos muito citados, pois se instalam nas avenidas e praças e seu
horário de funcionamento começa ainda durante se estendendo até tarde da noite. Muitos temem
frequentar a praça em função desses elementos, foi frequentemente há brigas nesses locais e em
casos como a praça São Marçal, onde há uma Delegacia de Polícia, foi alegado que, em muitas vezes
quando é acionada, o problema é encaminhado para outra unidade. Dessa forma a prestação de
segurança pública perde a credibilidade para a população que vive aos arredores da praça. Durante as
entrevistas foi flagrado também às viaturas polícias circulando em velocidade considerável por dentro
da praça. Um perigo para as mães e crianças que saem da escola que é componente da praça.

No quesito educação, muitos não atribuíram os índices nas praças uma questão educacional. A
maioria sim, mas aqueles que demonstraram maior propriedade do assunto atribuíram a Violência
nas praças como a reprodução da ausencia de estrutura familiar, ainda que muitas vezes a influência
da família ocorra inconscientemente. As consequências de uma família mal estruturada, isto é, onde
o ambiente é propício para a disseminação da violência é reproduzido tanto em casa como fora dela.

A mendicância é um elemento que causa incômodo e medo nas pessoas também. Ainda que não
sejam violentos (geralmente são as maiores vítimas da Violência nesses locais), muitas pessoas em
situação de ruas se instalam nas praças, utilizando-as como casa. Os usuários reclamam do mau cheiro
e da sujeita e ficam receosos e, portanto, optam por não frequentar a praça.

CARACTERÍSTICAS DA EXPOSIÇÃO

As entrevistas realizadas nas Praças mencionadas anteriormente, foram


além da coleta de dados, um palco da manifestação popular, principalmente quando
se deixa claro tratar-se de um trabalho acadêmico e suas finalidades não apenas nos
limites da universidade, como também na perspectiva de um retorno positivo para
sociedade quando se expõe por meio de um trabalho científico a voz da sociedade.
Para cada questão, não apenas uma resposta, mas um discurso e, cada
voluntário foi ouvido cautelosamente por cada colaborador deste trabalho. E, embora
as informações acima não apresentem as especificidades para além das que iremos
apresentar em nos gráficos, é importante dizer que cada discurso foi utilizado como
peças-chave para a construção desta pequena pesquisa.
Uma importante análise a cerca do entendimento das pessoas sobre a temática
é que, a maioria dos entrevistados demonstraram total entendimento sobre a
responsabilidade do Estado em relação aos problemas aprentados. Mas interessante
ainda foi contemplar a contribuição de um senhor de 86 anos, que fez questão de
abordar toda a violência como problema estrutural da sociedade que está enraizado
desde a era colonial aos dias atuais e que está totalmente vinculada a desigualdade
social, onde o foco do Estado e priorizar o interesse de terminadas camadas sociais.
Dados de 2014 a 2017 apontam para a redução da violência no Estado, É
importante, frente a este dado, fazer um exercício de reflexão sobre a questão da
segurança pública no estado: a que custo se chegou à redução deste índice? A
escalada do punitivismo como solução para a violência é uma alternativa viável e
eficaz a médio e longo prazo? Há transparência na construção das estatísticas
governamentais? A lógica punitivista exclui da discussão sobre segurança pública o
enfrentamento das desigualdades sociais e econômicas, do racismo institucional, das
políticas públicas de educação e participação popular na construção da política de
segurança pública.
A lógica punitivista na segurança pública traz consigo consequências
desastrosas. Mais armas e mais policiais nas ruas não são soluções definitivas para
o fenômeno da criminalidade e da Violência de modo geral, mas apenas remédios
emergenciais. O investimento em políticas públicas inclusivas deve ser priorizado e
isso implica os vários âmbitos sociais: saúde, educação, infraestrutura, etc. Pois a
ausência de políticas públicas em uma área acaba refletindo em outras. A praça foi
um cenário onde pudemos reunir várias expressões da Violência: assaltos, tráfico de
drogas, homicídios e contextualizá-las tanto na perspectiva da própria sociedade
quanto de pesquisas. E a sociedade entende que é de responsabilidade do Estado
não apenas a manutenção da segurança em locais públicos garantindo o direito à
praça como local próprio para lazer e que tudo o que se passa no cenário social é
fruto de uma corrupção historicamente enraizada e entendem que desmontes como
o da educação pública e gratuita são elementos que retardarão ainda mais o processo
de libertação da sociedade.

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