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EAD CLARETIANO

Educação à Distância Centro Universitário

ISIDORO DA SILVA LEITE - 1104501

ECLESIOLOGIA NAS EPÍSTOLAS AOS CORINTIOS E AOS


TESSALONICENSES

Centro Universitário Claretiano


Teologia
Atos dos Apóstolos, Cartas Paulinas, Aos Hebreus e Católicas
Francisco Benedito Leite

SÃO PAULO
2014
INTRODUÇÃO

As Epístolas de Paulo não são profundos tratados teológicos, mas, muito mais,
admoestações, orientações e conselhos pastorais dirigidos aos fiéis das comunidades por ele
criadas. Paulo não é um pensador, um filósofo, nem muito menos, um teólogo.
À época de Paulo não havia uma Igreja organicamente constituída, formalmente
organizada e administrativamente estruturada. Ela era composta por grupos de convertidos
espalhados pelo mundo, sem qualquer união formal entre eles a não ser a óbvia submissão à
autoridade do missionário - ou de seus discípulos - que os criou.
Paulo foi um judeu, filho de judeus, da tribo de Benjamin, fariseu seguidor estrito
da Lei mosaica e, ainda por cima, com cidadania romana. Como é natural de Tarso, na Cilícia,
diz-se que ele era judeu, romano e grego! Sua formação, portanto, era bastante eclética e,
pode-se dizer que ele era um “homem do mundo”, um cosmopolita, internacional. Entre
outras coisas, sabemos que estudou em Jerusalém com o rabino Gamaliel. Com toda essa
bagagem intelectual, Paulo era muito diferente dos primeiros apóstolos: ele, decididamente,
não era um aldeão “caipira”.
Mas, com tudo isso – ou talvez, até por causa disso tudo – foi um ferrenho
perseguidor de cristãos! Até o momento em que foi arrebatado por Cristo. Então, da mesma
forma que se dedicara de maneira apaixonada ao farisaísmo judaico, passou a se dedicar
entusiástica e exaltadamente à missão de levar o Evangelho de Jesus Cristo a todos os povos.
“Anunciar o Evangelho não é glória para mim; é uma obrigação que
se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho!“1
Em brevíssimas palavras - muito menos do que um retrato 3x4 - esse é o homem
de quem vamos ver algumas letras.

COMENTÁRIOS GERAIS

As comunidades fundadas por Paulo tinham certa organização administrativa,


como podemos verificar pela solicitação feita por ele aos tessalonicenses para respeitarem
aqueles que “presidem sobre vós no Senhor e vos admoestam” 2. Nessas comunidades
também era comum o exercício dos dons do Espírito Santo. Havia diversificadas funções
sendo executadas pelos crentes: ministério, administração, governo, socorrer, demonstrar
misericórdia – que podem ser considerados apenas como talentos naturais do homem – mas
havia, também, o exercício de carismas – dons do Espírito Santo – como profecia, milagres,
curas e línguas.

1
I Cor 9, 16
2
I Ts 5, 12
Paulo, geralmente, está se referindo a funções, com interesse em uma
ordenação apropriada de toda a comunidade cristã. Para ele cada crente é como um
membro ativo do corpo de Cristo: "A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito
para o proveito comum” 3. E essa é uma das excelentes definições dadas por ele à Igreja:
Corpo de Cristo4. A base nuclear desta original conceituação da Igreja pode ser encontrada
nos acontecimentos da última ceia:

“E como há um único pão, nós, embora muitos, somos um só


corpo, pois participamos todos desse único pão5.”

Essa Epistola (Primeira aos Coríntios), embora trate, em larga escala, de assuntos
pragmáticos, tem como fio condutor esse brilhante conceito de ser a Igreja o Corpo de
Cristo6.
O conhecido “Apóstolo dos gentios” entende que a Igreja é uma continuação do
Primeiro Testamento: ela é a assembleia - ekklesia – do povo de Deus. Deus não é mais só e
apenas de Israel; Ele é de toda a raça humana. Foi para todos os homens que Jesus Cristo
nasceu, viveu, sofreu, foi morto e ressuscitou. Esse termo – ekklesia – é de suma
importância: não significa, como em português, o edifício, o templo. Significa “a assembleia;
a reunião de crentes para o culto; ou ainda, o conjunto de crentes de determinado local”.
Assim, temos em I Cor 16,197·, por exemplo, a palavra ekklesia simbolizando os crentes que
costumam se reunir em uma casa particular como uma casa-igreja; mas pode ser usada para
simbolizar a totalidade de todos os crentes como em I Coríntios 12,288.
A maneira como Paulo utiliza o vocábulo adrede nomeado nos permite inferir o
conceito que ele tem de Igreja. Para ele, a Igreja universal não é apenas e tão somente a
soma das igrejas particulares e cada comunidade, por menor que seja, é a Igreja como um
todo. Vejamos isso em mais alguns versículos:

“à igreja de Deus que está em Corinto, aos fiéis ...” (ICor 1,2)
“... e o irmão Timóteo, à igreja de Deus que está em Corinto”
(IICor 1,1)
“ ... nem para os gentios, nem para a Igreja de Deus.” (I Cor 10, 32)
“...procurai tê-los em abundância para edificação da Igreja.” (I Cor
14, 12)

3
I Cor 12,7
4
I Cor 12, 12-20
5
I Cor 10, 17
6
Mais tarde este conceito evoluiu para o “Corpo Místico de Cristo”, principalmente com os estudos dos teólogos de
Tubingen e de Roma.
7
“Áquila e Prisca, com a igreja que se reúne na casa deles, mandam efusivas saudações no Senhor.”
8
“Aqueles que Deus estabeleceu na Igreja são, em primeiro lugar, apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar,
mestres... A seguir vêm os dons dos milagres, das curas, da assistência, da direção e o dom de falar em línguas.”
“... porque persegui a Igreja de Deus.” (I Cor 15, 9)

Dessa forma, a Igreja universal é muito maior do que a simples soma de suas
diversas Igrejas particulares e cada uma das comunidades individuais não é meramente uma
parte a compor a unidade maior. Em qualquer lugar, é a Igreja que está presente. Nenhum
dos membros está só. Todos são um. E a responsabilidade de cada membro é maior.
Outra definição importante e interessante é: a Igreja é o novo povo de Deus. No
Primeiro Testamento o termo "povo" indicava as pessoas que tinham um relacionamento
especial com Javé e se entendia que Israel era o povo de Deus. A nova aliança, prometida
por Javé e ansiada por Israel se concretiza no sangue de Cristo9, tornando seus fiéis
seguidores o povo eleito, o povo de Deus.
Questão interessante que se apresentou para admoestação de Paulo foi
apresentada pela comunidade de Corinto: seus membros, em vez de considerar a cada um
como parte de um todo, haviam se dividido em facções, cada uma das quais exaltava o seu
mentor. Havia os grupos de discípulos de Paulo, de Apolo, de Cefas e de Cristo. Quem eram
os mestres? Paulo iniciou, estabeleceu a comunidade e esteve com eles por 18 meses; Apolo
seguiu a Paulo, sendo o segundo pastor em Corinto; o grupo de Cefas (Pedro),
provavelmente era constituído por judeus e pode ser que tenham se convertido no dia de
Pentecostes; e a turma “De Cristo”, possivelmente era um grupo orgulhoso que não
pertencia a outro grupo. Eles tinham o nome correto, mas a atitude equivocada. Paulo se
indignou com essa divisão: “Então estaria Cristo dividido?” 10. Em sua concepção, a Igreja é
formada por todos, sem qualquer divisão, não havendo grupos separados, independentes,
estanques quer de Paulo, de Pedro ou de quem quer que seja: todos são de Cristo e todos
são um em Cristo. Além disso, a ideia de denominações – como seriam esses “partidos” -
seria repugnante para Paulo.
E, não menos importante, Paulo advogou pela catolicidade (καθολικος =
universal) da mensagem de Cristo:

“à igreja de Deus que está em Corinto, aos fiéis santificados em


Jesus Cristo, chamados à santidade, juntamente com todos os
que, em qualquer lugar que estejam, invocam o nome de nosso
Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso;”11

O Messias não pertence aos judeus, não pertence à Israel. Ele veio e se sacrificou
por todos, em qualquer lugar que estejam, e se “invocam o nome de nosso Senhor Jesus
Cristo” a Ele pertencem.

9
“Do mesmo modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue;
todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de mim.” (I Cor 11, 25)
10
I Cor 1,13
11
I Cor 1,2
Mas Paulo é inflexível – e ele não está disposto a abrir mão disso - quanto ao
critério da mútua edificação. Por diversas vezes ouvimos ecoar seu clamor de "que tudo se
faça de modo a edificar" 12. Tudo deve convergir para a edificação de maneira ordenada,
coordenada da comunidade eclesial, não apenas sem estagnação, mas também sem
dispersões.

COMENTÁRIOS FINAIS

À guisa de resumo da eclesiologia paulina nessas quatro cartas endereçadas a


Coríntios e Tessalonicenses, pode-se ver que a Igreja pensada por Paulo é una, universal e
estruturada formalmente, mas constituída por membros de igual dignidade, trabalhando em
prol de todos. Todos compomos o corpo de Cristo.
Se vivesse hoje, muito provavelmente, Paulo seria um defensor intransigente do
ecumenismo. Para ele não há “cristãos de Paulo, de Apolo, de Cefas” ou de quem quer que
seja: todos somos de Cristo!

BIBLIOGRAFIA

BORTOLINI, J. Introdução a Paulo e suas cartas. São Paulo: Paulus, 2012.

CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia da Bíblia. Teologia e Filosofia. São Paulo: Hagnos, ND.

DAVIS, J. D. Dicionário da Bíblia. ND: JUERP, 16ª edição, ND.

FEIFFER, C.F.; VOS, H. F.; REA, J. Dicionário Bíblico. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.

LADD, G. E. Teologia do Novo Testamento. S Paulo: Hagnos, 2001.

NEGRO, M. Cartas Paulinas. Batatais: Claretiano, 2013.

12
I Cor 14, 26

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