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*sine qua non - do Latim: sem o qual não pode ser (indispensável)
O objetivo deste curso é fornecer uma visão geral dos crimes praticados o meio
ambiente e capacitar o agente encarregado da aplicação da lei, para aprimeira
resposta no enfrentamento aos crimes ambientais.
A preservação do meio ambiente é essencial para a qualidade de vida. Não se pode falar em
qualidade de vida humana sem uma adequada conservação do ambiente. (PRADO, 2001, p. 25)
Há algumas grandes esferas de preocupação que são comuns a todos os países, tais como:
► a contaminação que alcança níveis perigosos na água, no ar, no solo e nos seres vivos;
(Prado 2001, p.15, ao citar o informe sobre a Situação Social do Mundo, da Organização das
Nações Unidas)
Art. 225 Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Você, membro do sistema de Segurança Pública, deve entender que o equilíbrio ecológico é
frágil, delicado e que todos os elementos – ar, água, terra, luz, plantas, animais e homem –
que interagem nesse ecossistema têm influência um sobre o outro, e sobre o equilíbrio
natural. Daí a importância da conservação/preservação e do uso racional e sustentável dos
recursos naturais.
A tutela jurisdicional do meio ambiente tem como embasamento o disposto no §3º, do artigo
225 da Constituição Federal:
A Lei 9.605/98, Lei de Crimes Ambientais LCA procura cumprir o disposto na Constituição,
com vistas a disciplinar a proteção jurídica do meio ambiente que, anteriormente, era
constituída de leis e de decretos vagos e esparsos, o que contribuía para a não aplicabilidade da
legislação até então vigente.
A LCA:
Devido a grande relevância do combate aos crimes ambientais, foi criada no Congresso
Nacional, a Comissão Parlamentar de Inquérito Destinada a Investigar o Tráfico de
Animais e Plantas Silvestres Brasileiros, a Exploração e Comércio Ilegal de Madeira e a
Biopirataria no País – CPIBIOPI.
● Improbidade administrativa;
● Contrabando ou descaminho;
● Condescendência criminosa; e
● Prevaricação.
No decorrer do curso, você aprenderá que, como agente encarregado da aplicação da lei,
deverá prender os infratores, apreender os objetos do crime, efetuar a condução para a
delegacia para as providências cabíveis e, se for o caso, emitir ou solicitar a emissão do auto de
infração ambiental.
Bom Estudo!
Antes de começar o curso conheça a Cartilha de Crimes Ambientais, em:
http://www.ibama.gov.br/linhaverde/lei_crimes_ambientais.pdf
►Conceituar meio ambiente, crime, crime ambiental, fauna, flora, poluição, etc.;
O grande chefe de Washington mandou dizer que deseja comprar a nossa terra. O
grande chefe assegurou-nos também de sua amizade e sua benevolência. Isto é gentil da parte
dele, pois sabemos que ele não necessita da nossa amizade. Porém, vamos pensar em sua
oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará nossa
terra. O grande chefe em Washington pode confiar no que o chefe Seatle diz com a mesma
certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na alternação das estações do ano.
Minha palavra é como as estrelas — elas não empalidecem. Como podes comprar ou vender o
céu, o calor da terra? Tal idéia é-nos estranha. Nós não somos donos da pureza do ar ou do
resplendor da água. Como podes, então, comprá-los de nós?
Decidimos apenas sobre o nosso tempo. Toda esta terra é sagrada para o meu povo.
Cada folha reluzente, todas as praias arenosas, cada véu de neblina nas florestas escuras, cada
clareira e todos os insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na consciência do meu povo.
Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele, um torrão de
terra é igual a outro, porque ele é um estranho que vem de noite e rouba da terra tudo quanto
necessita. A terra não é sua irmã, mas sim, sua inimiga, e depois de exauri-la, ele vai embora.
Deixa para trás o túmulo dos seus pais, sem remorsos de consciência. Rouba a terra dos seus
filhos. Nada respeita. Esquece a sepultura dos antepassados e o direito dos filhos. Sua ganância
empobrecerá a terra e vai deixar atrás de si os desertos.
►Meio ambiente;
►Crime;
►Crime ambiental;
►Fauna;
►Flora;
►Poluição; e
►Licenciamento Ambiental.
Para ajudá-lo em seu aprendizado será utilizada uma enciclopédia eletrônica livre, para que
possa encontrar o significado de alguns termos. A enciclopédia que será utilizada é a
Wikipédia que se encontra no site: www.pt.wikipedia.org.
Meio ambiente
→ Em biologia, sobretudo na ecologia, o meio ambiente inclui todos os fatores que afetam
diretamente o metabolismo ou o comportamento de um ser vivo ou de uma espécie. Incluindo
os fatores abióticos (a luz, o ar, a água, o solo) e os seres vivos que coabitam no mesmo biótopo.
(Wikipédia)
→ A Lei nº 6.938/81, no seu 3° artigo, inciso I, define Meio Ambiente como conjunto de
condições, leis, influências, alterações e interações de ordem física, química e biológica, que
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.
O meio ambiente é constituído pelos seres vivos e por tudo mais que interage com eles.
Crime
→Para Mirabet (2003, p. 98), “fato típico é o comportamento humano (positivo ou negativo)
que provoca, em regra, um resultado, e é previsto como infração penal [...] fato antijurídico é
aquele que contraria o ordenamento jurídico”.
Crime ambiental
Uma vez que você já estudou os conceitos de meio ambiente e de crime, crie o seu próprio
conceito de crime ambiental, respondendo à pergunta:
RespostaÆ Crime ambiental é qualquer dano ou prejuízo causado aos elementos que
compõem o meio ambiente, protegidos pela legislação.
Fauna
→ Fauna é o conjunto de animais de um determinado local. Difere-se de reino animal, por se
limitar aos animais de certo habitat, certo bioma, enquanto que o reino animal é composto por
todas as espécies de animais da Terra.
Bioma - Silva (2001, p. 17-18) ensina que bioma, do grego bios, significa ‘vida’, e oma que
significa ‘massa’, ‘proliferação’. “Denominação dada a cada uma das grandes comunidades-
clímax da Terra, por exemplo, aos grandes agrupamentos faunísticos e florísticos do
mundo”. São grandes superfícies “onde uma verdadeira paisagem vegetal criada por
algumas espécies dominantes, está associada uma fauna específica”.
Silva (2001, p. 16) ensina que animal “é todo ser vivo dotado de movimento que possua
ausência de clorofila e celulose, que se alimente de substâncias sólidas e, normalmente, seja
capaz de percepções sensoriais”.
Fauna Silvestre: Conjunto de animais que vivem em determinada região. São os que têm seu
habitat natural nas matas, florestas, nos rios e mares; são animais que ficam, em via de regra,
afastados do convívio do meio ambiente humano.
A comunidade científica zoológica agrupa a fauna em seis grupos, são eles: invertebrados,
peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos.
Flora
→ Édis Milaré (2001, p. 162) conceituou flora como a “totalidade de espécies que compreende a
vegetação de uma determinada região, sem qualquer expressão de importância individual dos
elementos que a compõem. Elas podem pertencer a grupos botânicos os mais diversos, desde
que estes tenham exigências semelhantes quanto aos fatores ambientais, dentre eles os
biológicos, os do solo e do clima”.
A flora brasileira é constituída por diversos espaços protegidos por lei, que são chamados de
unidades de conservação e divididos em dois grupos:
Unidades de Proteção Integral, cujo objetivo é a preservação da natureza, sendo proibido o uso
direto de seus recursos; e
Unidades de Uso Sustentável, cujo objetivo é a conservação da natureza, sendo que os recursos
naturais devem ser utilizados de modo sustentável.
Poluição
Licenciamento Ambiental
Para Edis Milaré, o licenciamento ambiental, ao contrário do licenciamento simples, é ato uno,
de caráter complexo, em que vários agentes interferem nas etapas e que deverá ser precedido
de EIA/RIMA, sempre que houver significante impacto ambiental.
O licenciamento ambiental compreende três fases, sendo que para cada fase é expedido um
tipo de licença:
→ Licença prévia
Na fase preliminar do planejamento de atividade, contendo requisitos básicos a serem
atendidos nas fases de localização, instalação e operação, observados os planos municipais,
estaduais ou federais de uso do solo.
→ Licença de instalação
Autorizando o início da implantação, de acordo com as especificações constantes no Projeto
Executivo aprovado.
→ Licença de operação
Autorizando, após as verificações necessárias, o início da atividade licenciada e o
funcionamento de seus equipamentos de controle de poluição, de acordo com o previsto na
Licença Prévia e de Instalação.
Nesta aula, você estudará sobre a riqueza da biodiversidade brasileira, para que comece
a entender a importância do seu papel como profissional da área de Segurança Pública
no enfrentamento aos crimes ambientais.
Biodiversidade
A biodiversidade* refere-se à variedade de vida no planeta Terra, incluindo a variedade
genética dentro das populações e espécies; a diversidade de espécies da flora, da fauna, de
fungos macroscópicos e de microrganismos; a variedade de funções ecológicas
desempenhadas pelos organismos nos ecossistemas; as diferentes comunidades, habitats e
ecossistemas formados pelos organismos. Ela inclui a totalidade dos recursos vivos ou
biológicos, e dos recursos genéticos e seus componentes.
*biodiversidade - O termo diversidade biológica foi criado por Thomas Lovejoy em 1980, ao
passo que a palavra Biodiversidade foi usada pela primeira vez pelo entomologista E. O.
Wilson no ano de 1986, num relatório apresentado ao primeiro Fórum Americano sobre a
diversidade biológica, organizado pelo Conselho Nacional de Pesquisas dos EUA (National
Research Council, NRC). A palavra "Biodiversidade" foi sugerida a Wilson pelo pessoal do NRC a
fim de substituir diversidade biológica, expressão considerada menos eficaz em termos de
comunicação.
*ecossistemas: Conjunto de elementos (ar, água, solo, fauna, flora) de determinada região.
O Brasil Concentra 55 mil espécies de plantas superiores (22% de todas as que existem no
mundo), muitas delas endêmicas*; 524 espécies de mamíferos; mais de 3 mil espécies de
peixes de água doce; entre 10 e 15 milhões de insetos (a maioria ainda por ser descrita); e mais
de 70 espécies de psitacídeos: araras, papagaios e periquitos.
*endêmicas só existem naquele lugar, ou seja, não existem em nenhum outro lugar; exclusivo
daquela região.
No Brasil estão quatro dos biomas* mais ricos do planeta: Mata Atlântica, Cerrado, Amazônia e
Pantanal que, infelizmente, correm sérios riscos.
*bioma é uma comunidade biológica de determinada região (fauna e flora), que habita em
determinada região, caracterizada pelo mesmo tipo de vegetação. Conheça os biomas do Brasil
em http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/biomas/index.cfm e do mundo em
http://ciencias3c.cvg.com.pt/bioma.htm.
A Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, dispõe sobre a política nacional do meio ambiente,
seus fins e mecanismos de formulação e aplicação e estabelece que sua execução se dará por
intermédio do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA).
A estrutura do SISNAMA
Como os problemas ambientais são setorizados, ou seja, cada região possui suas próprias
peculiaridades, o sistema é composto de órgãos federais, estaduais e municipais, de forma que
a aplicação da lei atenda as circunstâncias locais.
Os órgãos que compõem o SISNAMA são responsáveis pelo licenciamento ambiental, pela
criação de unidades de conservação, pelo controle de atividades potencialmente poluidoras,
dentre outras competências.
Ao estudar a legislação que trata dos crimes ambientais, observe que as infrações são punidas
nas esferas penal e administrativa, e você, como agente encarregado da aplicação da lei, só
poderá agir, administrativamente, se o órgão ao qual pertencer for membro do SISNAMA ou
tiver celebrado convênio com órgão ou entidade membro do SISNAMA.
Art. 23 É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
[...]
III – Proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os
monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
IV – Impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor
histórico, artístico ou cultural;
[...]
VI – Proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
VII – Preservar as florestas, a fauna e a flora; e
[...]
XI – Registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos
hídricos e minerais em seus territórios.
Infração ambiental
Para lavrar o auto de infração ambiental, o órgão ao qual você pertence deve estar
devidamente credenciado, portanto, quando se deparar com a ocorrência, acione a Polícia
Militar Ambiental do seu Estado ou o IBAMA, para que eles possam tomar as medidas
administrativas cabíveis.
Para seu conhecimento, as infrações ambientais são punidas com as seguintes penas
administrativas, dentre outras:
→ Advertência;
→ Multa;
→ Embargo;
Nesta aula, você aprenderá sobre a Lei de Crimes Ambientais – LCA, que disciplinará sua
conduta para enfrentar os crimes ambientais.
Com a edição da Constituição Federal em 1988, o meio ambiente passou a figurar como um
direito constitucional de todos, sendo que, pela primeira vez, a tutela ambiental passou a fazer
parte da norma constitucional e o meio ambiente a ser visto como um todo. Sobre a
necessidade da tutela do meio ambiente como um todo, Silva (2001, p.111) cita Moreira Neto,
que já em 1977, dizia o seguinte:
“A proteção da flora e da fauna deve ser objeto de tutela jurídica, não apenas
setorizada, como ocorre atualmente, através de diplomas legais isolados, mas com
resultado de princípios e métodos integrados [...] Não se pode, por exemplo, ter uma
legislação sobre pesticidas sem considerar a de água, caça, pesca, loteamento, etc., e
vice-versa. Em outras palavras: a proteção à flora deve ser considerada em termos de
ecossistema, em suas múltiplas interações com a fauna, com a terra, com a água e com
o ar. Código de Flora ou de Fauna alheios à realidade ecológica não são senão
fragmentos de solução que a pouco ou nada conduzem.”
As inovações da LCA
Com o objetivo de unificar a legislação ambiental e acabar com a confusão de legislações
esparsas, foi editada a Lei de Crimes Ambientais – A Lei da Vida, Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro
de 1998, a exatos dez anos da edição da Lei nº 7.653.
A Lei de Crimes Ambientais procurou unificar as diversas práticas lesivas ao meio ambiente e
representa um significativo avanço na tutela do meio ambiente. Veja em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9605.htm
Com as mudanças na LCA, as penas se tornaram mais uniformes, com gradação adequada e as
infrações mais definidas, como:
→Experiências dolorosas e cruéis em animal vivo, mesmo que para fins didáticos é considerado
crime.
→Fabricar, vender, transportar e soltar balões, pelo risco de causar incêndios, sujeita o infrator
à prisão e multa.
Resumo
Neste módulo, você estudou as noções básicas que nortearam o curso de Crimes Ambientais e
aprendeu que:
O meio ambiente é constituído pelos seres vivos e por tudo mais que interage com eles;
Crime ambiental é qualquer dano ou prejuízo causado aos elementos que compõem o meio
ambiente, protegidos pela legislação;
Fauna é o conjunto de animais de um determinado local, sendo que para fins de aplicação
da lei está dividida em três grupos:
Flora é o conjunto de plantas de uma determinada região, sendo que a legislação protege
diversos espaços em virtude de sua importância natural;
Como parte da política nacional do meio ambiente foi criado o SISNAMA, que é um conjunto
de instituições e órgãos públicos responsáveis pela política nacional do meio ambiente
que visa à proteção e à melhoria da qualidade do meio ambiente nas três instâncias: federal,
estadual e municipal; e
A Lei de Crimes Ambientais (LCA) será sua principal ferramenta de trabalho para enfrentar
os crimes ambientais.
Leitura Complementar
Antes de terminar o estudo deste módulo, vale a pena consultar os endereços que seguem, pois eles apresentam
glossário de termos técnicos:
http://www.IBAMA.gov.br/siucweb/guiadechefe/java.htm
http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./educacao/index.php3&conteudo=.
/glossario/a.html
“A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo como seus animais são tratados.”
Mahatma Ghandi
Neste módulo, você vai aprender sobre os crimes contra a fauna, o que é imprescindível para a
sua atuação como agente encarregado da aplicação da lei.
O estudo está fundamentado na Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, conhecida como Lei
de Crimes Ambientais, em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9605.htm.
→ Aula 1: Procedimentos
→ Aula 2: A caça
→ Aula 5: Maus-tratos
►Listar as primeiras providências a serem tomadas no caso de crime ambiental contra a fauna;
►Reconhecer a importância de atuar de forma correta diante dos ilícitos penais contra a fauna.
Para você, faz diferença proteger um único animal da ação predatória dos infratores?
(http://www.lidertraining.com.br/metaforas.asp?cod=46)
A estrela do mar
Era uma vez um escritor que morava em uma tranqüila praia, junto de uma colônia de
pescadores. Todas as manhãs, ele caminhava a beira do mar para se inspirar e a tarde ficava em
casa escrevendo.
Certo dia, caminhando na praia, ele viu um vulto que parecia dançar.
Ao chegar perto, ele reparou que se tratava de um jovem que recolhia estrelas do mar da areia
para, uma por uma, jogá-las novamente de volta ao oceano.
– Por que está fazendo isso? – perguntou o escritor.
– Você não vê? A maré está baixa e o sol está brilhando. Elas irão secar e morrer se ficarem
aqui na areia – explicou o jovem.
O escritor espantou-se.
– Meu jovem. Existem milhares de quilômetros de praias por esse mundo afora, e centenas
de milhares de estrelas do mar espalhadas pela praia. Que diferença faz? Você joga umas
poucas de volta ao oceano. A maioria vai perecer de qualquer forma.
O jovem pegou mais uma estrela na praia, jogou de volta ao oceano, olhou para o escritor e
disse:
– Para essa daqui eu fiz diferença.
Naquela noite, o escritor não conseguiu escrever, sequer dormir. Pela manhã, voltou à praia,
procurou o jovem, uniu-se a ele e, juntos, começaram a jogar estrelas do mar de volta ao
oceano.
Sejamos, portanto, mais um dos que querem fazer do mundo um lugar melhor.
Sejamos a diferença!
Autor: desconhecido
→Isole e preserve o local do crime, uma vez que a perícia é essencial para a constatação do
dano ambiental;
→Conduza os envolvidos para a delegacia ambiental da localidade, se não houver, leve-os para
a delegacia com circunscrição sobre a área para as providências cabíveis (TCO/Flagrante e
apreensões necessárias); e
→Se for necessário, contate o Batalhão Ambiental (Florestal) para confecção do auto de
infração ou o IBAMA e, na ausência desses, faça contato com outros órgãos ambientais que
tenham competência para confeccionar o auto de infração ambiental.
Conduta criminosa? Na dúvida não decida! Peça ajuda à Polícia Ambiental ou ao IBAMA.
→ Confundir as infrações;
Aula 2 - A caça
Nesta aula, você iniciará o estudo dos tipos penais.
Antes de iniciar seu aprendizado, reflita sobre a situação abaixo e responda o que faria:
E agora, o que você deve fazer como agente encarregado da aplicação da lei?
A fauna silvestre é propriedade do Estado (artigo 1º, da Lei 5.197/67), portanto, a velha
concepção de que os animais são coisas de ninguém, “sem dono”, é falsa.
O primeiro crime capitulado na LCA é o crime de caça, que trata justamente da proteção
jurídica dos animais silvestres e dispõe o seguinte o artigo 29:
Art. 29 Matar, perseguir, caçar, apanhar e utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota
migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em
desacordo com a obtida: Pena – Detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Perseguir: Incomodar, ir ao encalço, importunar, seguir de perto, correr atrás, acossar – Prado
(2005, p.230).
Caçar: Perseguir animais a fim de matar ou de apanhar vivos – Prado (2005, p.230).
Apanhar: Recolher,colher, caçar com armadilhas, redes ou visgos – Prado (2005, p.230).
Fauna silvestre de acordo com o parágrafo 3º, deste mesmo artigo 29, da LCA, é composta pelas
espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte
de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou em águas
jurisdicionais brasileiras.
Para a prática desse crime, como a de outros crimes ambientais, o infrator tem que agir sem
licença da autoridade competente, que no caso é o IBAMA ou o órgão ambiental local, que
tenha delegação para tal.
Para o manejo da fauna silvestre é necessária a devida licença expedida pelo IBAMA.
É importante entender que os animais domésticos e exóticos não são objetos dos crimes
descritos, uma vez que a tutela jurisdicional se limita aos animais silvestres.
Cães, gatos, cachorros, bois, cavalos, elefantes, leões, coalas, cangurus e outras espécies
domésticas ou exóticas não são tutelados por este dispositivo legal.
O parágrafo 1º, do artigo 29, da LCA e seus incisos tratam dos animais em seus habitats e visa à
lei de proteção dos animais em seu habitat, uma vez que sem seu abrigo ou local de
reprodução natural, o animal ficará extremamente exposto às intempéries naturais e a ações de
predadores.
Além disso, alguns animais ao perceberem que seus locais de abrigo e procriação foram
manuseados os abandonam.
se à fauna silvestre que, como já citado, não estão tutelados os animais domésticos
nem exóticos, porque não é de interesse público tutelar sua procriação.
→ Contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção ainda que somente no local da
infração, entendendo-se como espécie rara àquela que existe naturalmente em pequenas quantidades
na natureza e por esta razão são difíceis de se encontrar, e espécie ameaçada de extinção constante na
relação da CTIS publicada pelo IBAMA;
→ Em período proibido à caça, uma vez que a caça é proibida no Brasil, toda vez que se praticar um
crime contra a fauna deve-se ter o aumento da pena;
→ Durante a noite, pois durante o período noturno a fiscalização é mais difícil de ser executada e
menos eficaz;
→ Com abuso de licença, pois a princípio a impressão é que nenhuma infração está sendo cometida já
que o infrator estava devidamente autorizado a praticar o ato;
→ Em unidade de conservação que foi criada pelo poder público justamente para a preservação e
conservação dos ecossistemas ali existentes, pois o abate de animais pode vir a interferir no equilíbrio
ecológico;
Por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.
Nesta aula, você aprendeu que a caça de animais silvestres, assim como a destruição de ninhos
e locais de procriação é crime; que a caça só é permitida mediante licença do IBAMA ou do
órgão ambiental local, quando tiver autorização delegada para este fim.
Animais como o tatu, veado, paca, anta, caititu, capivara e teiú estão entre os preferidos pelos
caçadores.
Agora, prossiga com o estudo, na próxima aula você vai estudar sobre o tráfico de animais
silvestres.
Os artigos 29, § 1º, III e 30, da LCA, disciplinam o comércio ilegal de animais silvestres, que é
considerado o terceiro maior comércio ilícito do mundo, só perdendo para o tráfico de drogas e
de armas, movimentando cerca de US$ 20.000.000 (vinte milhões de dólares) por ano, sendo
que a participação do Brasil no total mundial é de 20%.
Art. 29 [...]
[...]
III – Quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou
transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos
e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença
ou autorização da autoridade competente.
Art. 30 Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a autorização da
autoridade ambiental competente:
O dispositivo tutela inclui não somente o animal já formado, mas também as espécies em
formação – ovos e larvas. O ovo representa o primeiro estágio de vida de algumas espécies e,
portanto, a destruição do ovo implica na destruição de um ser que está se formando, numa
quebra no ciclo de vida do espécime, semelhantemente, a larva é o primeiro estágio de vida
dos insetos.
Aos produtos beneficiados, como bolsas, jaquetas, cintos e botas, cuja matéria-prima seja a
pele ou os couros de répteis ou anfíbios, aplica-se o disposto no artigo 29, §1º, III, por se tratar
de “produto ou objeto” da fauna silvestre.
Tráfico de animais
Para ter idéia da potencialidade desta atividade, basta recorrer ao preço estimado praticado no
mercado internacional, segundo a Rede Nacional de Combate ao Trafico de Animais Silvestres,
2000 - RENCTAS:
→ O grama do veneno da coral-verdadeira é cotado em mais de US$ 30.000 (trinta mil dólares);
→ O grama do veneno da aranha-marrom vale cerca de US$ 20.000 (vinte mil dólares);
→ Cada espécime de melro tem cotação em mais de US$ 2.000 (dois mil dólares).
A ação desses criminosos é facilitada pela ausência de uma legislação que defina as regras de
uso dos recursos naturais brasileiros.
Nesta aula, você estudará sobre um dos crimes responsáveis pela destruição de ecossistemas.
O Artigo 31*, da LCA, combate à entrada de animais exóticos no território brasileiro, uma vez
que a introdução de espécimes pode vir a alterar o equilíbrio dos ecossistemas e causar o
desaparecimento de diversas espécies.
*Art. 31 Introduzir espécime animal no país, sem parecer técnico oficial favorável e licença
expedida por autoridade competente:
O conceito de animal já foi delimitado, no início do curso, como sendo “todo ser vivo dotado de
movimento que possua ausência de clorofila e celulose, que se alimente de substâncias sólidas
e, normalmente, capaz de percepções sensoriais”; já espécie é “um conjunto de indivíduos
Não se constitui crime a introdução espécime exótica desde que realizada com licença emitida
pelo IBAMA ou órgão ambiental com função delegada.
Essa introdução pode vir a provocar mudanças profundas no ecossistema, exemplo disso, foi a
introdução de coelhos na Austrália, o que provocou a diminuição das populações de mamíferos
marsupiais nativos da região, como os cangurus, por causa da alteração do habitat.
No Brasil, a introdução de javalis no sul do país é um exemplo dos danos que a introdução de
espécies exóticas pode causar, eles tornaram-se um grave problema para a flora, a agricultura e
a pecuária.
Aula 5 -Maus-tratos
Nesta aula, você estudará uma das inovações da LCA: maus-tratos e abuso de animais
silvestres, exóticos e domésticos.
Uma das inovações da legislação foi a tutela da fauna doméstica e exótica, que anteriormente
não eram protegidas pela Lei de Proteção a Fauna., em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5197.htm.
Art. 32 Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou
domesticados, nativos ou exóticos:
Fauna Silvestre é o conjunto de animais que vivem em determinada região. São os que têm
seu habitat natural nas matas, florestas, nos rios e mares; são animais que ficam, em via de
regra, afastados do convívio do meio ambiente humano.
O caput do artigo 32, da LCA, traz as condutas de abuso e maus-tratos. Vladimir Passos de
Freitas e Gilberto Passos de Freitas (2000, p. 94), assim se pronunciaram sobre as condutas
previstas neste artigo:
→ Praticar ato de abuso é realizar uso errado do animal. Por exemplo, cavalgar por horas sem
permitir descanso ao cavalo, nem dar-lhe oportunidade de comer ou beber água.
→ Lançar galo em rinha sabendo que, mesmo vencedor, ele sairá ferido, apenas para satisfazer
o desejo dos apostadores, ou transportar pássaros fechados em caixas, por horas, sem as
mínimas condições de bem-estar.
→ Ferir é lesar o animal. É a ação do que exagera ao açoitar um burro, causando-lhe ferimentos.
→ Finalmente, mutilar, conduta que implica em retirar parte do corpo do animal, geralmente
um membro.
Rinha é crime!
O parágrafo primeiro, do artigo 32, da LCA, trata da utilização da fauna para fins científicos.
Não se quer coibir pesquisas científicas, o objetivo é garantir que só serão empregados
métodos dolorosos e cruéis, em animais, se não houver outra alternativa disponível, uma vez
que a manipulação de novas drogas é realizada, primeiramente, nos animais para, só depois, ser
utilizada em seres humanos.
O Decreto Lei nº 24.645-1934, que ainda está em vigor, trata das condutas que se constituem
em maus tratos, em http://www.tribunaanimal.com/decreto_lei_n.htm.
Para aplicação da legislação ambiental deve se entender que a fauna aquática engloba os
animais silvestres que vivem na água (baleias, golfinhos,...), os peixes, os crustáceos e
moluscos compõem a fauna ictiológica ou ictiofauna.
→ O crime do inciso II, do artigo 33, da LCA, trata da exploração econômica que deve
ser realizada somente com autorização do IBAMA.
→ O inciso III, do artigo 33, da LCA, dispõe sobre a proteção dos arrecifes naturais que
existem ao longo da costa brasileira.
O que é pesca?
De acordo com o artigo 36 considera-se pesca todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar,
apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios,
suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção,
constantes nas listas oficiais da fauna e da flora.
Para configurar o crime de pesca, basta a iminência da captura dos espécimes da ictiofauna,
ou seja, o pescador que atira na água um instrumento de pesca proibido incorre no crime,
mesmo que não consiga trazer nada da água.
A pesca de vegetais não é novidade na legislação, porque o Código de Pesca já previa essa
modalidade, que a princípio parece estranha, mas a flora aquática passa a ser potencialmente
objeto de pesca.
*Art. 34 Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão
competente:
I – Pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores aos
permitidos;
→Como em quase todos os crimes contra a fauna é o IBAMA quem estabelecerá quais as
espécies que poderão ser pescadas e quais os tamanhos mínimos permitidos para a pesca.
O legislador visou à proteção das espécies que estejam em risco de extinção ou que
ainda não atingiram o tamanho suficiente, em especial porque ainda não se
reproduziram.
Cada região hidrográfica possui características próprias quanto aos instrumentos que
são ou não permitidos para a pesca em águas interiores, em geral, os seguintes
apetrechos são proibidos: redes e tarrafas de arrasto de qualquer natureza, redes de
emalhar, espinhéis e joão bobo.
A comercialização
A ganância dos pescadores ou das empresas que exploram a atividade pesqueira pode
O artigo conclui que a pesca predatória destrói todo o habitat aquático da ictiofauna e é por
esta razão que a pena foi agravada nesse tipo penal, pois o infrator não está preocupado em
preservar o ambiente para que ele, futuramente, possa vir a pescar, haja vista que este tipo de
pesca predatória causa danos irreversíveis ao meio ambiente, destruindo toda fauna e flora
aquáticas.
OBS.: Os tamanhos mínimos não se aplicam aos peixes de piscicultura. Nesse caso, é
necessário comprovar a origem do peixe, através de nota fiscal.
A fauna silvestre é constituída de todo e qualquer animal que tenha todo ou parte de
seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas
jurisdicionais brasileiras. Logo, os animais migratórios fazem parte de nossa fauna,
como as aves migratórias e os cetáceos.
Comercialização ilegal de sapatos, bolsas, casacos, dentre outros artefatos e objetos que são
produtos/subprodutos da fauna silvestre;
Pesca irregular (quantidades maiores que as permitidas, nos locais proibidos, em período de
defeso, com artefatos proibidos).
Para o transporte interestadual e internacional exige-se a nota fiscal, guia de trânsito de animais
(GTA), a licença de transporte e de exportação – se for o caso, expedidas pelo IBAMA.
Tabela de cotas e capturas (Cotas de captura e transporte de peixes pelos pescadores amadores
nos Estados da Federação e no Distrito Federal)
http://www.ibama.gov.br/pndpa/index.php?id_menu=29
Você vai aprender sobre os crimes contra a flora, o que é necessário para a execução do
policiamento ambiental.
O estudo está basicamente fundamentado na Lei n.º 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, conhecida
como Lei de Crimes Ambientais.
Veja em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9605.htm
Você iniciará seu aprendizado com o crime do desmatamento. Este é um dos mais devastadores
crimes ambientais.
Bom estudo!
→Aula1: Procedimentos
→Aula2: Desmatamento
→Aula3: Queimadas
►Listar as primeiras providências a serem tomadas no caso de crime ambiental contra a flora;
►Reconhecer a importância de atuar de forma correta diante dos ilícitos penais contra a flora.
→ Isole e preserve o local do crime, uma vez que a perícia é essencial para a constatação do dano
ambiental;
→ Conduza os envolvidos para a delegacia ambiental da localidade, se não houver, leve-os para a
delegacia com circunscrição sobre a área para as providências cabíveis (TCO/Flagrante e
apreensões necessárias); e
→ Se for necessário, contate o Batalhão Ambiental (Florestal) para confecção do auto de infração
ou o IBAMA e, na ausência desses, faça contato com outros órgãos ambientais que tenham
competência para confeccionar o auto de infração ambiental.
Conduta criminosa?
→Confundir as infrações;
Aula 2 - Desmatamento
Prado (2001, p. 142) ensina que o desmatamento é um dos fatores responsáveis pela
deterioração do solo, destruindo o equilíbrio dos ecossistemas e que, dificilmente, o
reflorestamento consegue restaurar o equilíbrio ecológico anterior, porque não
consegue recompor a diversidade biológica perdida.
→O IBAMA considera que desmatamento é a operação que visa destruir a vegetação nativa de
determinada área para o uso alternativo do solo.
→Pelo exposto nos dispositivos legais descritos têm-se que o corte (desmatamento) só pode ser
realizado mediante licença (autorização) do órgão ambiental competente, no caso o IBAMA, ou o
órgão ambiental estadual que desempenhe função delegada.
Somente pode ser realizado o corte com licença do órgão ambiental, sem licença o
corte é crime.
O artigo 40 também prevê pena de reclusão de até 5 anos se o dano for causado em unidade de
conservação.
Conforme já informado, as unidades de conservação são espaços que por suas características
naturais são especialmente protegidos por lei visando à preservação ao uso sustentável de seus
recursos naturais.
De acordo com o IBAMA, merecem destaque algumas espécies da flora, como o jacarandá-da-
bahia e o pau-brasil, ambos com exploração proibida.
OBS.: Qualquer árvore pode ser declarada imune de corte por ato do poder público (federal,
estadual ou municipal), por motivo de sua localização, raridade, beleza ou condição de porta-
sementes.
Aula 3 - Queimadas
Nesta aula serão estudados os tipos penais relacionados aos crimes praticados contra a flora.
A queimada está associada ao crime da poluição atmosférica, que consiste em causar poluição
de qualquer natureza, em níveis que resultem danos à saúde humana, provocando a mortandade de
animais ou a destruição significativa da flora.
Caso provoquem a retirada, mesmo que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou causem
danos diretos à saúde da população também é crime.
A LCA, no seu artigo 41* trata como delito, a produção de fogo perigoso descontrolado e
potencialmente lesivo à flora.
Uma das grandes inovações da lei* de crimes ambientais é o dispositivo que trata dos balões
juninos.
A lei não proíbe apenas soltar o balão, a proibição atinge também o comércio, incluso a fabricação,
o transporte e a venda.
Não importa se o balão foi lançado ou não, o simples ato de fabricá-lo já constitui a infração penal.
*Madeiras de lei são resistentes, duras, rijas, próprias para construção e trabalhos expostos a
intempéries. Prado (2001, p.50).
Para coibir esta prática clandestina faz-se necessário destruir os fornos, apreender o carvão e
prender esses criminosos.
Art. 45 Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim classificada por ato do Poder
Público, para fins industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou
não, em desacordo com as determinações legais:
Art. 46 Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e outros
produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela
autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto até o final
do beneficiamento:
Parágrafo único. Incorre, nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, tem em depósito,
transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem licença
válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade
competente.
Biopirataria
Uma outra vertente é a extração irregular de plantas (especialmente medicinais), frutos e
sementes que constituem a biopirataria, ou seja, o contrabando dos recursos biológicos.
A ação desses criminosos é facilitada pela ausência de uma legislação que defina as regras de uso
dos recursos naturais brasileiros, sendo a biopirataria intensamente combatida com apoio do
dispositivo legal.
Os biopiratas se camuflam sob muitos disfarces: inocentes turistas, bem intencionados cientistas...
Todos com o objetivo de se apropriar e monopolizar os recursos naturais do país.
Um crime bastante comum é a venda de palmito in natura. Para a extração do palmito a árvore é
sacrificada. Restaurantes, pizzarias e supermercados estão entre os compradores do produto
irregular.
Para o transporte de madeira exige-se a nota fiscal e o documento de origem florestal, o DOF,
emitido pelo IBAMA.
No local de extração exigem-se as licenças emitidas pelo órgão ambiental que autorizem à
extração da madeira.
Em geral, ao comércio ilegal da flora está associado a outros crimes ambientais como:
*Art. 51 Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e nas demais formas de vegetação, sem licença
ou registro da autoridade competente:
Pena – Detenção, de três meses a um ano, e multa.
Para que o uso da motoserra seja considerado crime, deve ser utilizada para cortar qualquer tipo de
árvore ou vegetação.
*Art. 49 Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de
logradouros públicos ou em propriedade privada alheia:
Pena – Detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a seis meses, ou multa.
→ Prado (2001, p. 138) entende que plantas ornamentais são as que decoram, adornam,
embelezam ou enfeitam um local, cita ainda como exemplos destas plantas: begônias, lírios,
tulipas, orquídeas, samambaias, dentre outras.
A lei protege todos os tipos de planta de ornamentação contra qualquer tipo de dano.
O desmatamento sem autorização é crime e que somente pode ser realizado o corte com licença
do órgão ambiental;
Em geral, um ou mais crimes ambientais estão associados a um outro crime, como por
exemplo, a poluição atmosférica, no caso das queimadas; e
A nota fiscal e o documento de origem florestal são exigência para o transporte de qualquer
produto/subproduto da flora nativa.
Uma das vertentes da extração irregular de plantas (especialmente medicinais), frutos e sementes é
a biopirataria, que é o contrabando dos recursos biológicos;
A utilização da motosserra sem a LPU (Licença de Porto e Uso) é crime, bem como a
comercialização sem a observância dos dispositivos legais; e
Leitura Complementar
Antes de finalizar o estudo desta unidade, visite os endereços a seguir e leia mais sobre o tema
estudado.
→ Aula 1 – A Poluição
O delito se constitui na poluição em níveis que possam vir ou que causem danos à saúde humana,
ou que possam vir a provocar a morte de animais ou a destruição da flora:
No artigo 54 da LCA* poluição é considerado crime quando ocorre em níveis que causem danos
à saúde humana.
*Art. 54 Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em
danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa
da flora:
Pena – Reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º Se o crime é culposo:
Pena – Detenção, de seis meses a um ano, e multa.
A poluição destrói os mais diversos ecossistemas e seus efeitos devastadores são sentidos em todo
planeta.
Poluição dos recursos hídricos - pode ser definida como qualquer alteração das
propriedades da água que a tornem imprópria para a utilização, quer dos homens ou
dos animais e plantas.
Para a configuração do crime, a poluição tem que ocorrer em níveis que causem danos
à saúde humana ou aos animais e plantas.
Tipos de poluição
Freitas (1998, p. 130) a considera a de maior relevância para a saúde humana, para ele o
aquecimento global, inversão térmica, efeito estufa, buraco na camada de ozônio e
chuva ácida são as conseqüências desse tipo de poluição.
Poluição do solo
Se caracteriza pela contaminação da terra por rejeitos perigosos, que sejam líquidos
ou sólidos, como: lixo, produtos tóxicos, agrotóxicos, dentre outros.
→ Causar poluição atmosférica que obrigue a retirada, mesmo que momentânea, das populações afetadas;
→ Causar poluição atmosférica em níveis que causem danos diretos à saúde da população;
→ Causar poluição hídrica de tal forma que impeça o fornecimento de água para a população;
→ Ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias
oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos; e
Substâncias tóxicas
O artigo 56 da LCA* trata do controle de substâncias tóxicas, perigosas ou nocivas à saúde
humana ou ao meio ambiente.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem abandona os produtos ou substâncias referidas no caput
ou os utiliza em desacordo com as normas de segurança.
Este artigo prevê punição de até quatro anos de reclusão para quem agir em desacordo com a
licença ambiental concedida ou com as normas de segurança exigidas.
A lei visa à proteção da saúde humana e do meio ambiente, e não se exige para a caracterização
do crime o dano efetivo ao meio ambiente, basta não observar as normas de segurança do produto
específico.
→ Destruir, inutilizar ou deteriorar: bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão
judicial; arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar protegido por lei,
ato administrativo ou decisão judicial; e
→ Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente protegido por lei, ato
administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico,
histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade
competente ou em desacordo com a concedida.
O Decreto Lei nº 25/1937 define que constitui o patrimônio histórico e artístico nacional, o
conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse
público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu
excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.
Qualquer alteração das características do bem protegido só pode ser realizada com autorização do
órgão ambiental competente. O crime que prevê reclusão de até três anos, se consuma com a
efetiva alteração do aspecto ou estrutura do bem ou local.
Outro crime contra o patrimônio cultural é pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar edificação
ou monumento urbano. A pena pode ser de três meses a um ano, e multa:
Esta é uma das inovações da LCA, a pichação passou a ser crime, a lei cuida em proteger os
aspectos estéticos da paisagem urbana contra a poluição visual.
A LCA proíbe a construção em determinados locais, devido ao seu valor intrínseco, em prol da
coletiva e do meio ambiente, e prevê que são crimes contra o ordenamento urbano:
Promover construção em solo não-edificável, ou no seu entorno, assim considerado em razão de seu valor
paisagístico, ecológico, turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental,
sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida.
*Art. 44 Extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente, sem prévia
autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais:
Pena – Detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Art. 55 Executar pesquisa, lavrar ou extrair recursos minerais sem a competente autorização, permissão,
concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida:
Pena – Detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperar a área pesquisada ou explorada, nos
termos da autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do órgão competente.
→ Se a extração for realizada sem a Licença de Operação o crime descrito estará ocorrendo.
O IBAMA e a Secretaria Ambiental do Estado são os responsáveis pela autorização da lavra, que
deverá ser anteriormente autorizada pelo DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral
– DNPM.
O objetivo é proteger a qualidade dos ambientes vegetais, pois a ausência ou retirada predatória de
minerais causa danos irreversíveis (erosão, assoreamento de rios, empobrecimento do solo, dentre
outros). Exemplos:
→É muito comum a retirada irregular de minerais do leito dos rios, através de dragas clandestinas,
que destroem todo o ambiente aquático.
Quando houver o crime ambiental, para que a polícia possa caracterizar corretamente
o dano de sua extensão, é importante que o local da ocorrência seja preservado.
Nesta aula, você estudará sobre os crimes praticados contra a Administração Ambiental.
Os artigos 66 e 67, da LCA tratam dos crimes contra a Administração Ambiental, que se
caracteriza quando o funcionário público:
→ Fizer afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados técnico-
científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental; e
O Código Penal define funcionário público como aquele que mesmo transitoriamente ou sem
remuneração exerce cargo, emprego ou função pública. Ambos os crimes envolvem fraudes no
licenciamento ambiental.
→ Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante
interesse ambiental; e
Nesses crimes, o autor deixa de ser exclusivamente o servidor público e passa a ser qualquer
pessoa que tenha obrigações ambientais a cumprir ou que tente impedir o serviço dos agentes
encarregados da fiscalização ambiental.
Resumo
Neste Módulo, você aprendeu que:
Causar poluição de qualquer natureza é crime, desde que ocorra em níveis que causem danos à
saúde humana ou aos animais e plantas;
As substâncias tóxicas, perigosas ou nocivas à saúde humana ou ao meio ambiente têm controle
especial quanto à sua comercialização, guarda e utilização;
A pichação é crime;
ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental, 7. ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2004.
FREITAS, Vladimir Passos de; FREITAS, Gilberto Passos de. Crimes Contra a Natureza. 6. ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2000.
FREITAS, Vladimir Passos de; FREITAS, Gilberto Passos de. Direito Ambiental em Evolução.
Curitiba: Juruá, 1998.
LEITE, Roberto Glaydson Ferreira. Competência Processual Penal nos Crimes contra a Fauna
Silvestre. Brasília: [s.n], 2004.
MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente. 2. edição, revisada, atualizada e ampliada. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2001.
MIRABETE, Julio Fabbrine. Manual de Direito Penal. 20. edição. São Paulo: Atlas, 2003.
PRADO, Luiz Regis. Crimes contra o Ambiente. 2. edição, revisada, atualizada e ampliada. São
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SANTOS, Roberto Monteiro Gurgel et al. Boletim Científico – Escola Superior do Ministério
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SILVA, Luciana Caetano da. Fauna Terrestre no Direito Penal Brasileiro. Belo Horizonte:
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SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental. São Paulo: Saraiva, 2002.