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ORGANIZAÇÃO
Mulher Cíclica
TEXTOS
Jéssica Portes e Raissa Mendes
ILUSTRAÇÕES
Google Imagens, Freepik e Canva
JÉSSICA PORTES
RAISSA MENDES
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Olá mulher! Primeiramente, agradecemos por sua confiança em
nosso trabalho. Nós desejamos que sua experiência seja a mais
proveitosa possível!
5
Por muito tempo, mulheres foram médicas, anatomistas e
farmacêuticas sem diploma. Eram parteiras, curandeiras e
raizeiras, que bem conheciam seus próprios corpos, seus ciclos,
os ciclos da natureza e as medicinas naturais. Aprendiam o ofício
umas com as outras e passavam o conhecimento para as
gerações seguintes. Elas eram respeitadas nas comunidades onde
viviam, sendo várias vezes a única ajuda médica para as pessoas
mais pobres.
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atividades das quais as pessoas deveriam desconfiar, dando
crédito exclusivo ao conhecimento médico universitário.
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opções de cuidado, de forma mais natural possível, tendo em
mente que diferentes opções e estratégias podem e devem
conviver como direito de escolha da mulher.
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É um desequilíbrio ginecológico causado por conta de fungos do
gênero Candida (especialmente Candida albicans) no interior da
vagina e às vezes na vulva. Os sintomas mais comuns são
corrimentos (leucorreia), coceiras, ardência, dor ao fazer sexo
com penetração, verrugas genitais, vermelhidão e inchaço na
vulva.
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A candidíase não é uma doença exclusiva do sistema
geniturinário feminino. Na realidade, antes de se manifestar lá
embaixo ela já se manifestou internamente em nossos intestinos,
sendo que, quando em estados avançados, pode ser a causa de
inúmeros sintomas e doenças, isso porque os fungos em excesso
produzem toxinas que entram na nossa corrente sanguínea e
podem causar diversos danos à saúde. Sonia Hirsch (2014, p. 11-
13) traz alguns exemplos:
Na pele: Ela gosta das dobrinhas úmidas em axilas, virilhas, nádegas, sob os seios;
deixa a pele assada e empipocada. Bebezinhos sofrem com assaduras e sapinho
devido à candidíase da mãe. Também dá paniculite no tecido adiposo subcutâneo.
nas unhas Dá panarício em volta delas e afetas as próprias, tornando-as duras,
grossas, estriadas, de cor esbranquiçada ou marrom.
No sistema endócrino: Mexe com a menstruação das formas mais diversas; costuma
estar por trás de distúrbios da tiroide (hiper e hipo), do pâncreas, das adrenais; influi
na menopausa e na fertilidade.
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No sistema nervoso: Dá depressão, irritabilidade, insônia, dificuldade de
concentração, de pensar e de falar com clareza.
No sangue: Aumenta cerca de cem mil vezes a carga tóxica das infecções por
estafilococos, podendo levar à síndrome de choque tóxico.
Artrite dos tecidos moles, fibromialgia: A vítima desses quadros é sempre deficiente
em vitamina B6, pela mesma razão: toxinas da cândida.
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As medicinas orientais, como a Medicina Tradicional Chinesa
(MTC), também têm contribuições bastante importantes para a
compreensão da candidíase. Segundo a MTC, a candidíase pode
estar relacionada a uma desarmonia no elemento/movimento
Madeira ou no elemento/movimento Terra, como explica Flávia
Parente (2016):
Uma dieta irregular pode também ser uma das causas. Alimentos gordurosos e
derivados do leite frequentemente geram em nosso organismo Umidade, termo
utilizado em MTC para classificar excesso de muco. Tal excesso altera a fisiologia
do elemento Terra, que através do meridiano do Baço-Pâncreas, é responsável
pelo equilíbrio dos líquidos em nosso organismo. Caso essa alteração se some
a questões emocionais, as secreções podem ser ainda mais intensas.
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É alarmante o número de mulheres que estão desesperadas em
busca da cura da candidíase, já que, na grande maioria dos casos,
os tratamentos alopáticos pouco resolvem, e muitas vezes
pioram a infecção tornando-a consistente.
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da vagina, do colo do útero e do trato urinário inferior estão relacionados
principalmente com os sentimentos de violação que as mulheres têm em seus
relacionamentos amorosos ou em seu trabalho. Como 80% das células imunitárias
de nossos corpos estão em superfícies mucosas, como a vagina, a uretra, o colo do
útero e a bexiga, e como a função dessas células é fortemente influenciada pelos
hormônios do estresse, como o cortisol, não é difícil entender como uma percepção
de violação, com a subsequente cascata biológica de hormônios desencadeada em
reação a essa percepção, poderia deteriorar o bom funcionamento dessa área do
corpo. A incapacidade de dizer não a uma violação pode levar a uma maior
propensão a infecções secundárias. (...) Memórias de incesto ou estupro e o
sentimento de culpa relacionados à sexualidade também podem causar repetidos
episódios de vaginite. A mulher que tem problemas na vagina, na vulva ou no colo
do útero pode encontrar-se numa situação em que é usada, sexualmente ou no
trabalho, sem a sua cooperação e sem o seu consentimento total e consciente, ou
talvez ela se sinta compelida a fazer algo contra sua vontade ou a agir de maneira
sexual que entre em conflito com suas emoções.”
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Ao contrário do que muitas pessoas pensam, os tratamentos de
toda e qualquer queixa através da Ginecologia Natural não são
feitos somente utilizando ervas medicinais. Na verdade, eles
sempre envolvem, além do cuidado físico do corpo da mulher, o
cuidado sutil (emocional/energético/espiritual) dela. Percebemos
que quando esses dois lados são tratados, os resultados são
muito mais efetivos do que quando cuidamos somente de uma
parte.
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O que percebemos é que o tratamento integrativo da
candidíase, da forma como propomos aqui, baseado em
mudanças alimentares e utilização de medicinas que atuam
enfraquecendo o fungo, além de medidas para compreender e
sanar questões emocionais relacionadas à doença, é uma das
únicas maneiras realmente eficientes para o tratamento, sendo
que se faz necessário que a mulher esteja comprometida com a
própria cura e compreenda a fundo que essa pode ser uma
grande oportunidade de transformações reais em sua vida,
iniciando pelos seus hábitos e autocuidado. Esse é um dos
maiores objetivos da Ginecologia Natural: proporcionar um novo
olhar sobre nossas saúde e as doenças que o corpo manifesta.
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É importante iniciar o processo de cura fazendo uma sincera
reflexão sobre as crenças que carrega e experiências dolorosas
relacionadas ao feminino. Durante a reflexão podemos nos
lembrar de nossas ancestrais e também questionar sobre suas
histórias e dores, pois muitas vezes não temos uma relação
pessoal difícil conosco mesmas e nem passamos por experiências
de dor, mas nossas ancestrais passaram, e por algum motivo
ficamos com a missão de fazer um trabalho de cura que elas não
puderam realizar.
QUESTÕES DO EXERCÍCIO
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• Identifique e anote sobre os choques físicos e emocionais
absorvidos pelo ventre e sua manifestação em dores,
doenças, disfunções, etc.
• Relembre como foi sua primeira experiência sexual (idade,
reação, consequências).
• Como é sua atitude sexual (ativa, passiva, reprimida,
indiferente, agressiva)?
• Se você deu à luz, como foi a experiência e qual sua reação?
• Pergunte ao ventre o que sente em relação aos homens que
fazem ou fizeram parte da sua vida.
• Quem ainda “permanece” no seu ventre e de que maneira
sente e reage à lembrança?
• Quantos foram os homens que entraram em seu espaço
sagrado, o que sentiu e ainda sente em relação a eles?
• Sofreu algum tipo de violência sexual? O que seu ventre ainda
sente a este respeito?
• Você faz sexo ou amor? Qual a reação do seu ventre a essa
atitude?
• Peça para o ventre “contar” sua história e, então, anote-a com
muito carinho e atenção.
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Outro exercício importante para o processo de compreensão e
cura da candidíase envolve uma aceitação de aspectos da nossa
sexualidade e de como vivenciamos a nossa energia sexual, já
que são temas relacionados à candidíase. É o que propõe a
meditação “Aceitando nossa sexualidade”, canalizada por
Miranda Gray (2014):
“As flores são um belo reflexo da linda e sensual natureza da sexualidade feminina.
Mostram-nos que a nossa natureza sexual é linda quando está aberta; e está aí para
ser vista, nutrida e disfrutada. Pontos de vistas tradicionais e a publicidade moderna
podem, ambos, limitar e prejudicar nossa opinião sobre as energias sexuais da
mulher. É hora de deixar que a flor da nossa sexualidade se abra e de aceitarmos
toda sua beleza, de desfrutar como se expressa em nossas vidas. Livres de medo,
limitação e expectativa, podemos descobrir nossa verdadeira sexualidade sagrada.”
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• Abra os olhos e fixe teu olhar na flor diante de ti. As flores são
um belo reflexo da nossa divindade feminina.
• Enquanto inspira a beleza da flor dentro de ti, diga
mentalmente: “Eu respiro a beleza desta flor no meu útero”.
• Se conscientize de que o teu corpo e a tua sexualidade são
encantadores. (Pausa)
• Agora, inspire a sensação de suavidade e a fragrância das
pétalas e diga mentalmente: “Eu inspiro a sensualidade desta flor no
meu útero”.
• Se conscientize de que a sensualidade é teu modo natural
como mulher de conectar com o mundo. (Pausa)
• Inspire a abertura da flor e diga mentalmente “Eu inspiro a
abertura desta flor no meu útero”.
• Se conscientize de que a sexualidade do teu corpo te abre ao
mundo para dar e receber. (Pausa)
• Inspire a energia de amor e vida que tua flor emana e diga
mentalmente “Eu inspiro o amor e a vida que emana desta flor para o meu
útero”.
• Se conscientize de que a tua sexualidade é a energia do amor
e da vida. (Pausa)
• Agora imagine que uma flor vive no teu útero. Sinta que tua
sexualidade e sensualidade não devem ser ocultadas na
obscuridade, e sim que devem ser abertas à claridade. (Pausa)
• Se conscientize de que tua sexualidade e sensualidade são
belas expressões do divino feminino para serem apreciadas e
desfrutadas. (Pausa)
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• Se conscientize de que, como as flores, nossa sexualidade e
sensualidade chegam de diferentes formas e que cada uma
delas tem sua própria beleza e sacralidade. (Pausa)
• Durante todo o dia, leve tua atenção à flor do teu útero e
deixa que sua beleza e suas energias emanem desde ti, em
teu modo de caminhar, de falar e interagir com o mundo.
• Termine a meditação dando graças ao sagrado feminino e à
flor: “Agradeço ao divino feminino pela beleza do meu corpo, minha
sensualidade e minha sexualidade. Abençoa-me para que eu possa crescer em
total adaptação desse belo e sagrado aspecto de mim mesma. Agradeço a esta
flor pelos seus presentes de sensualidade, sexualidade, amor e vida. E peço a
essas energias que habitem meu útero e cresçam em harmonia dentro de mim.
Coloca as flores em algum lugar onde possas vê-las, a fim de que possas
recordar de conectar-te, em tu dia a dia, com a sensualidade e sexualidade do
teu útero”.
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Os banhos de assento são um forte e indispensável aliado no
tratamento da candidíase e não apenas dela, como de muitas
outras queixas ginecológicas como herpes, vaginose bacteriana,
miomas, lacerações do parto, bartholinite, infecção urinária, etc.
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COMO FAZER
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ERVAS INDICADAS
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O alho é uma dádiva que a Mãe Natureza nos oferece. Sendo um
alimento rico em propriedades medicinais, seu uso na
Ginecologia Natural é famoso e muito eficaz. Com potentes
propriedades antibióticas, anti-inflamatórias e antifúngicas, atua
no tratamento de diversas infecções ginecológicas, dentre elas a
candidíase.
COMO FAZER
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• Passe com uma agulha um fio e amarre para que ele fique
pendurado, como um O.B.;
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Os óleos essenciais (OEs) são substâncias naturais extraídas das
cascas, folhas, resinas, madeiras, raízes, rizomas, sementes,
frutos e flores de algumas plantas medicinais aromáticas. São
diferentes das essências sintéticas – estas não possuem
propriedades terapêuticas e podem causar alergias.
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Separamos, então, alguns dos óleos essenciais mais importantes
para o tratamento da candidíase, que aliviarão tanto os sintomas
físicos quanto as causas mais profundas.
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Sálvia esclareia (Salvia sclarea)
Também tem ação antifúngica e antibacteriana. É um potente
strogen-like, repondo e equilibrando os níveis de estrogênio no
corpo. Também é um forte antidepressivo natural, além de aliviar
a ansiedade, estresse, agitação e insônia. É suavizante da pele,
alivia coceiras, vermelhidão, ardência. Pode ser afrodisíaco para
algumas pessoas. A nível psicoaromaterapêutico, além de tratar
questões psicológicas, favorece a conexão. Deve ser evitado por
gestantes e pessoas que tenham doenças relacionadas ao
excesso de estrogênio (endometriose, miomas etc.).
E COMO USAR?
Inalação direta
Pingar de 1 a 2 gotas de OE nas mãos, em um algodão ou lenço
de tecido e colocar próximo ao nariz, inalando profundamente. É
útil para aliviar questões emocionais e favorecer o estado
meditativo, levando sempre em consideração as indicações e
especificidades do OE utilizado.
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Colar aromático
Pingar de 1 a 2 gotas de OE em um algodão e colocar esse
algodão dentro do colar aromático. É útil para aliviar questões
emocionais e favorecer o estado de relaxamento e conexão
durante horas, levando sempre em consideração as indicações e
especificidades do OE utilizado.
Difusão aérea
Pingar de 5 a 7 gotas de OE em um difusor de ambientes elétrico
com um pouco de água. Prefira sempre o elétrico, que aquece
menos; o difusor à vela aquece excessivamente o óleo essencial,
fazendo com que você desperdice muito OE; e prefira difusores
de cerâmica ou vidro não poroso, para evitar reações com o óleo
essencial. Quanto menor o ambiente, menos gotas você deve
colocar no difusor. É útil para aliviar questões emocionais e
favorecer o estado de relaxamento e conexão durante horas por
todo o ambiente, levando sempre em consideração as indicações
e especificidades do OE utilizado.
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Aplicação na calcinha
Pingar 1 gota de OE na calcinha de algodão e usar a calcinha
durante o dia ou noite, devendo evitar roupas apertadas por
cima. É útil para aliviar a coceira, vermelhidão, inchaço,
corrimentos, verrugas, dor etc. levando sempre em consideração
as indicações e especificidades do OE utilizado. Jamais ultrapasse
1 gota, especialmente de óleos essenciais mais agressivos, como
o tea tree. Essa forma de uso não deve ser feita por gestantes.
Essa é uma medida de urgência, para quando você já tiver
tentado de tudo e nada solucionou.
ALGUNS CUIDADOS
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Cuidar da alimentação é uma das partes mais importantes do
tratamento integrativo da candidíase, isso porque, como já
vimos, ela é uma doença que sempre tem origem intestinal e que
apenas se torna uma infecção vulvovaginal se a região íntima
está, por algum motivo, enfraquecida (alterações no PH,
pequenas lesões e irritações por atividades sexuais intensas etc.).
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• Legumes e frutas ricos em açúcar e carboidratos (banana,
batatas, figo, ameixa, manga, mandioca, batata-doce,
beterraba, etc);
• Alimentos feitos a base de farinha de trigo (pães, massas,
bolos, biscoitos, etc);
• Produtos de padaria feitos com fermento biológico;
• Cogumelos e qualquer variedade de fungos.
• Óleo de coco;
• Alho;
• Cebola;
• Temperos e ervas com propriedades antifúngicas (tomilho,
orégano, cravo);
• Alimentos ricos em proteínas (ovos, carnes, grão-de-bico,
feijões, etc.);
• Limão;
• Iogurtes e coalhadas naturais e caseiras, por serem ricos em
probióticos;
• Probióticos naturais como o kefir e a kombucha (falaremos
mais adiante).
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Os alimentos probióticos são aqueles que contêm pequenos
seres vivos amigos que ajudam na manutenção da nossa saúde e
equilíbrio de diversas doenças.
• Kombucha;
• Kefir;
• Iogurtes naturais.
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Além disso, trazem o benefício de poderem ser utilizados por um
longo período sem efeitos secundários, ao contrário dos
tratamentos convencionais.
COMO USAR
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Conforme já mencionado, a candidíase vulvovaginal apenas se
manifesta quando nossa região íntima está enfraquecida, e esse
enfraquecimento pode ser causado por diversos fatores, alguns
deles muito comuns, que devem ser revistos e substituídos por
bons hábitos que ajudam tanto na prevenção quanto no processo
de tratamento da doença.
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-Uso de calças apertadas, calcinhas de tecido sintético e
absorvente diário. Tanto as calças apertadas quanto as calcinhas
e os protetores diários (muitas vezes utilizado pelas mulheres
com candidíase por conta do corrimento) fazem com que a
região toda fique extremamente abafada, quente e ainda mais
úmida, o que propicia muito o desenvolvimento da doença. Uma
recomendação importante é que todas as mulheres passem a
dormir sem calcinha e usar roupas leves, de tecidos soltos
sempre que possível. Além disso, tomar sol na região íntima
também é maravilhoso para a nossa saúde ginecológica. Sempre
que puder, não perca a oportunidade de oferecer luz para sua
menina.
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NORTHRUP, C. Women’s bodies, women’s wisdom. Nova Iorque, Estados
Unidos da América: Bantam Books, 1994.
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