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Marilena Chauí:

"Serra é versão
empobrecida de
FHC"
Claudio Leal
Do Rio de Janeiro

http://esportes.terra.com.br/futebol/brasileiro/2010/notic
ias/0,,OI4744033-EI15406,00-
Presidente+saopaulino+quer+equipe+totalmente+de+Co
tia+ja+em.html

A professora de Filosofia, Marilena Chauí, 69 anos, foi uma


das intelectuais mais entusiasmadas no ato de apoio à
candidatura de Dilma Rousseff (PT), no Teatro Oi Casa
Grande, no Rio de Janeiro, segunda-feira à noite (18). No
púlpito, puxou um santinho do adversário José Serra
(PSDB) e criticou o uso de uma mensagem religiosa ("Jesus
é a verdade e a justiça") na propaganda política. "É
religiosamente obscena", atacou.

Militante histórica do PT, Marilena retornou aos verbos de


campanha depois que a sua candidata passou a rebater
ataques morais e religiosos. Nesta entrevista a Terra
Magazine, após a manifestação de artistas e de intelectuais,
ela afirma que Serra é uma "versão empobrecida" do ex-
presidente Fernando Henrique Cardoso.

- Esse discurso religioso foi uma maneira de desconversar.


Ele não tem um projeto para o Brasil. Ele é a versão
empobrecida do horror que foi Fernando Henrique Cardoso
e, por falta de um projeto real para o Brasil, eles
encontraram uma maneira de desconversar.

Para Marilena Chauí, o governo Lula não se distanciou dos


intelectuais petistas. O manifesto pró-Dilma, sustenta a
professora da USP, "é a retomada do vigor da esquerda". Só
não se reuniram antes porque "não tinham que gritar contra
nada".

- A nossa presença foi difusa no interior nas várias áreas


institucionais do governo. O que eu diria, é: o que nós
tivemos hoje foi uma coisa que fazia tempo que a gente não
fazia. Mas é porque fazia tempo que não tinha que gritar
contra nada, reunir toda essa lindíssima história brasileira.

Confira a entrevista.

Terra Magazine - Ao discursar no ato de artistas e


intelectuais que apoiam Dilma, a senhora mostrou e
criticou um santinho de Serra, com a frase "Jesus é a
verdade e a justiça". Como a senhora avalia a entrada
de temas religiosos na campanha?
Marilena Chauí - Olha, esse discurso religioso foi uma
maneira de desconversar. Ele não tem um projeto para o
Brasil. Ele é a versão empobrecida do horror que foi
Fernando Henrique Cardoso e, por falta de um projeto real
para o Brasil, eles encontraram uma maneira de
desconversar. Primeiro, foi "Dilma é guerrilheira". Não deu
certo. Depois foi "Dilma e Erenice". Não deu certo. Agora é
Dilma e o aborto. E ele, protetor da sociedade brasileira. É
um escândalo, um escândalo. Sobretudo, o que eu acho mais
grave, ele está fazendo essa operação através da TFP
(Tradição, Família e Propriedade) e da Opus Dei. Nós temos
uma pessoa que foi de esquerda, trazendo pela porta da
frente aqueles que fizeram a ditadura no Brasil. Trazendo os
produtores, os autores da ditadura brasileira. Trazendo pela
porta da frente essa conversa religiosa. Isso é inadmissível.
Isso é um escárnio. É tripudiar as nossas lutas. É tripudiar a
memória. É tripudiar os mortos, os desaparecidos, os
torturados. Isso é um escárnio, é um deboche!

Mas o PSDB acusa o PT de fazer também terrorismo


com o tema das privatizações, já que Dilma afirma que
eles querem privatizar o pré-sal. Não ocorre isso?
Ah, não, não, eles não têm um caráter privatista... A política
econômica neoliberal, você sabe, não tem nada a ver com
privatização... A ideia do Estado mínimo, a ideia do
enxugamento, a ideia de que o Estado não tem que se
encarregar dos direitos, mas apenas de serviços, e que o
Estado não tem nenhuma obrigação de intervir diretamente
na economia, não são princípios neoliberais... Não são
princípios que foram adotados pelo PSDB... Não são os
princípios que regeram a política do FHC e do Serra em São
Paulo, no pouquinho que ele ficou na Prefeitura, no
pouquinho que ele ficou no governo do Estado! Ele tem essa
peculiaridade. Um homem que foi eleito senador e não
cumpriu o mandato. Eleito prefeito, não cumpriu o mandato.
Eleito governador, não cumpriu o mandato. Ele é o homem
dos desmandatos.

O que esse ato de intelectuais e artistas representa para


a campanha de Dilma?
Ele é a retomada do vigor da esquerda, do vigor de uma
trajetória histórica de lutas pela democracia, de lutas pela
vida republicana, de lutas pelos direitos, de lutas pelas
igualdades, pela justiça. É o coroamento de um processo de
dignidade dos brasileiros.

Pode significar uma retomada da participação dos


intelectuais dentro do PT? Há essa sensação de que eles
não estiveram tão integrados ao governo de Lula e
deveriam estar, pelo que representaram na história do
PT.
Não acho que houve distância entre os intelectuais e o
governo. É que os intelectuais participaram de setores
importantes da participação popular. Nas câmaras de
direitos humanos, nas câmaras de economia solidária, nas
câmaras de ecologia, no Bolsa Família nem se fala, no
Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar)... Por exemplo, eu participei do
Conselho Nacional de Educação - e, como eu, inúmeros
petistas, professores... A nossa presença foi difusa no
interior das várias áreas institucionais do governo. O que eu
diria, é: o que nós tivemos hoje foi uma coisa que fazia
tempo que a gente não fazia. Mas é porque fazia tempo que
não tinha que gritar contra nada, reunir toda essa lindíssima
história brasileira.

A senhora sempre faz críticas às posições da imprensa.


Como ela se comporta no processo eleitoral?
Eu sou crítica da mídia como um todo. Em primeiro lugar, o
fato de ela ser um monopólio de quatro famílias e que
identifique a liberdade de pensamento e de expressão com
os lucros dessas famílias no mercado. É uma destruição da
noção de liberdade de pensamento e de expressão. Eu tenho
dito que aqueles que defendem, verdadeiramente, a
liberdade de pensamento e de expressão têm como
obrigação fazer a crítica da mídia e recusar a imposição que
a mídia nos faz. E eu acho a coisa mais maravilhosa, mais
perfeita, o que aconteceu com a (psicanalista) Maria Rita
Kehl. Quer dizer, foi esse jornal, o Estado de S. Paulo, que
iniciou a cruzada contra o "partido autoritário, totalitário,
que impedia a liberdade de expressão". Ele encabeçou essa
campanha. E na hora que Maria Rita Kehl escreve uma
opinião que discorda da linha editorial do jornal, eles
demitem a Maria Rita! Em nome do quê? Então, é preciso
fazer a crítica.

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