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Estudos Sobre Tecnologia Lítica – Existem estudos que buscam relacionar a criação e
evolução de ferramentas de pedra com a necessidade de ter uma linguagem, indicando
que ambos os processos teriam uma base cognitiva comum. Com Glyn Isaac (1986)
estabeleceu-se uma relação entre os modelos cognitivos e a fabricação de ferramentas
líticas, pois a simetria bilateral das ferramentas e a sua preparação nucleica pelo Homo
Habilis demonstravam uma certa padronização, a qual seria impossível sem a utilização
de uma comunicação, de uma linguagem única. Thomas Wynn (1985) estabeleceu um
avanço tecnológico-complexual das ferramentas líticas paralelo ao desenvolvimento
cognitivo humano, em consoante com os estudos de Piaget (1952), que analisava o
desenvolvimento das mãos de crianças ao nascer e a relação psicológica do fato.
Recentemente, Núria Geribàs, Marina Mosquera e Josep Maria Vergès (2010)
estudaram o paralelismo entre o desenvolvimento tecnológico e o aumento das
habilidades cognitivas de seus criadores, ocorrendo ao longo do desenvolvimento
evolutivo.
Teorias Sobre Cognição no Passado - Merlin Donald (1931) – Foi um dos primeiros
a propor uma abordagem geral sobre a cognição humana, com teorias de várias ciências
(Antropologia, Arqueologia, Psicologia Cognitiva, Linguística e Neurologia) e nela a
cultura material desempenha um papel ativo na formulação e comunicação de processos
cognitivos, estabelecendo um esquema sucessivo de evoluções, amparadas no
desenvolvimento mental e o armazenamento de informações (evolução dos modos de
representação), no qual as mudanças cognitivas possibilitam um novo nível de
consciência, relacionado ao processo evolutivo assimilado nas áreas corticais do
hipotálamo e cerebelo (associação). Atualmente, uma parcela da memória episódica dos
primatas fornece uma “consciência episódica”, que lhes fornece pouca capacidade para
memórias voluntárias e seletivas, independentemente dos sinais ambientais que
estimulam a recordação, tendo uso muito limitado de tempo e espaço (deslocamento
cognitivo). Com este tipo de consciência, limitada em sua expressão (gestos,
mimetismo, sinais etc.), você não pode criar modelos de ação consciente, mas pode
aprendê-los com grande esforço. A simetria das ferramentas é perpetuada porque é
assim que as ferramentas são feitas, sendo um estilo característico do grupo (unidade
social), assimilando-o ao Homo Habilis (4-2 m.a.). Assim, três mudanças ocorrem: a
primeira, é vista na simetria das ferramentas líticas, como indicativo de representação
intencional, demonstrando aprendizado ou repetição, como um gerador de representação
intencional da comunicação em gestos e mímica (mimese como pré-adaptação à
linguagem), o que lhes permitiria desenvolver relações sociais, normas de grupo,
emoções, logística e tecnologia. Foi adquirida ainda uma consciência mimética que
permite uma certa contemplação do passado e do futuro, juntamente com a abstração, a
capacidade de desenvolver um conceito que identifique um objeto ou evento específico.
Está relacionado com o Homo Erectus (2 000 000 a. - 300 000 a.). A segunda mudança
apareceu com o desenvolvimento de uma linguagem (300 000 - 150 000 BP) com
criação lexical, simbólica e gramatical, originando uma consciência mítica. A
linguagem significava a inovação de um simbolismo muito mais rico do que as
metáforas diretas da mimese (assim como os primeiros adornos) e com ela você poderia
comunicar e transmitir mais e melhor os conceitos criados, mesmo dependendo do
contexto. O desenvolvimento da linguagem e de novos conceitos com múltiplas
interconexões geraram o desenvolvimento de mitos, arte paleolítica e um grande
desenvolvimento cultural (história, relações humanas e divinas, etc.). Na terceira,
desenvolveu-se uma consciência teórica, oriunda dos avanços tecnológicos e da escrita,
derivada do armazenamento “extra-memória”, expandindo-se gradualmente esta
capacidade, pois antes havia uma limitação ao que poderia ser armazenado/lembrado.
Poderia ser produzido pela plasticidade neuronal do cérebro humano, uma vez que as
novas e extensivas áreas terciárias associativas originaram mecanismos para criar e
governar novos sistemas de armazenamento externo (linguagem, escrita, etc.), de base
social e não biológica (epigenética). Já com o Homo Sapiens, houve uma evolução
cognitiva e cultural, apoiada nas formas de memória externa (símbolos visuais)
permanente) e uma nova arquitetura de memória de trabalho. A marca da mente
moderna é a constante integração e reelaboração de experiências através de múltiplas
formas de representar a informação, pois a última forma é a memória externa que
adiciona e aprimora a memória operacional de natureza biológica, adquirindo
conhecimentos simbólicos de fora para dentro, de modo que a linguagem e os símbolos
são essencialmente fenômenos atuais, principalmente das redes sociais. Colin Renfrew
(1982, 1993) – Foi o pioneiro na compilação dos estudos simbólicos e cognitivos como
uma Arqueologia Cognitiva propriamente dita. Ele procura reconhecer as características
do comportamento inteligente através de restos materiais e estudos interdisciplinares,
correlacionando com dados de Psicologia, Etologia, Inteligência Artificial,
Neurociências e Arqueologia. Para Renfrew, a Arqueologia Cognitiva tem como
objetivo buscar o significado que os símbolos e representações tiveram para aqueles que
os idealizaram e realizaram. Para isso, indica três aspectos principais: o primeiro,
ressalta a natureza do comportamento inteligente, onde desenvolvem-se métodos para
reconhecer tal comportamento no registro arqueológico e os procedimentos para realizar
inferências sobre tal, a partir dos dados arqueológicos. Ele dá grande importância ao
símbolo (simbolismo), já que seu uso é um dos indicadores mais claros do
funcionamento da mente e portanto, a busca pelo significado dos símbolos e suas
representações adquire um papel significativo na condução da pesquisa arqueológica,
estabelecido pelo “paradoxo sapiente”, relacionado a lacuna entre a criação evolutiva de
nossa espécie e a aparência posterior de um comportamento simbólico, pois para o
autor, as habilidades cognitivas foram estabelecidas evolutivamente há mais de 60.000
anos (talvez 200.000 anos), mas os comportamentos do nosso cérebro não foram
estabelecidos até muito mais tarde (10.000 anos atrás), então sua aparência tem aspectos
de emergência comportamental. A base neurológica evolucional cognitiva humana não
se baseia em uma especificação de modulação mental neurológica ou inata, mas em uma
modulação neurológica (plasticidade neuronal e ensino) motivados por características
ambientais. Nosso cérebro se adaptaria às condições do meio, com base na socialização
da experiência compartilhada, facilitando o desenvolvimento de fatores cognitivos
emergentes da mente humana. Assim, a linguagem simbólica é essencial para que a
humanidade atingisse seu desenvolvimento cultural característico (Renfrew, 2008).
Steven Mithen (1998) – Para ele, as condições e características que propiciaram a
evolução e estruturação da mente humana são estudadas, por meio de um trabalho
interdisciplinar com dados da Psicologia Evolutiva, Neurologia, Primatologia, Biologia
Evolutiva, Arqueologia, Etologia e Lingüística. Ele entende que é impossível
compreender a mente humana sem conhecer seu processo de evolução, bem como a
importância da Psicologia para sua realização e por isso escolhe uma psicologia
evolucionista, comprometida com um darwinismo tradicional, obviando a possibilidade
da existência de outros mecanismos de mudança corporal (genes reguladores,
embriologia, etc.). A evolução moldou de forma gradativa e seletiva o pensamento
humano; para o autor, foram moldados módulos neuronais, que abrigam diferentes
inteligências (social, técnica, história natural, linguagem), que atuaram inicialmente de
forma independente, unindo-se por meio da linguagem no final do processo evolutivo
com os humanos anatomicamente modernos. O ambiente social e a linguagem
permitiram a evolução cultural e o desenvolvimento cognitivo humano e a linguagem
foi o elo entre as diferentes inteligências: social (gestão das relações interpessoais),
técnica (manipulação dos objetos), histórico-natural (compreensão das relações causa-
efeito), alcance da fluidez cognitiva entre todos eles e o comportamento moderno do
Homo Sapiens. Tal fluidez começou há cerca de 200.000 anos e abriu as portas para a
língua, alcançando seu máximo de 60.000 BP. Essa linguagem surgiu quando o grupo
social começou a se tornar mais numeroso e complexo.