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CURSO DE
FUNDAMENTOS SOBRE A
PSICANÁLISE LACANIANA
AN02FREV001/REV 4.0
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CURSO DE
FUNDAMENTOS SOBRE A
PSICANÁLISE LACANIANA
MÓDULO III
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MÓDULO III
FIGURA 19
a) Teoria freudiana
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Para a Psicanálise, o delírio e a alucinação psicótica encerram uma
significação para o sujeito, assim como a fala, sonhos, chistes, sintomas e atos
falhos para o neurótico. Conforme Coutinho (2005), o comportamento do
psicótico é expresso por meio de maneirismo e estereotipias. Para o autor, o
louco tem uma forma própria de razão que é expressa em atos e palavras que
seriam a chave para interpretação.
As psicoses significam uma severa falência das operações defensivas.
Os estados: neurótico e psicótico se diferem em termos quantitativos e não
qualitativos. A neurose é uma tentativa de adaptação à realidade, enquanto,
para a psicose é a perda total da realidade. O mecanismo de defesa da
neurose é o recalque e o da psicose é a foraclusão, ou seja, aquilo que está
fora da consciência.
“Na psicose acontece uma ruptura entre o ego e a realidade, ficando o
ego sob o domínio do id, isto é, dos impulsos”. (BOCK; TEXEIRA, 1999, p.
352). O psicótico nega a realidade e constrói outra, não há uma adaptação
como no caso do neurótico. A falha na função paterna não permite a
construção da relação Eu-Outro. O psicótico apresenta um sentimento de
rejeição e de vazio psíquico. Ele percebe a realidade de maneira hostil, por isso
responde com hostilidade.
b) Teoria lacaniana
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A ausência da metáfora paterna e a abolição da lei simbólica mantêm
o sujeito à margem da castração e sem acesso ao significante fálico.
A falta deste significante na cadeia impede a entrada do sujeito na
linguagem, com seus delírios e alucinações, marcas das psicoses.
(LACET, 2004; COUTINHO, 2005, p. 51).
A questão é mais saber por que é que um homem, dito normal, não
percebe que a palavra é um parasita? Que a palavra é uma
cobertura. Que a palavra é a forma de câncer pela qual o ser humano
é afetado. (LACAN, 1975, p. 95).
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estruturado a partir do significante primordial – NP. A falha no significante
primordial implica a constituição da estrutura psicótica.
A neurose está vinculada a uma solução subjetiva, enquanto na
estrutura da psicose deve ser verificado cada caso separadamente, pois cada
indivíduo desenvolve a sua própria solução modulada aos três registos. As
possibilidades de saída funcionarão como tratamento da psicose.
O nó borromeano é considerado como uma ferramenta da clínica.
Neste sentido, os registros psíquicos permitem pensar os efeitos subjetivos, ao
mesmo tempo sobre o significante e o gozo, a partir de sucessivos e diferentes
cortes realizados pelo analista.
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A neurose define-se como: “sintomas, distúrbios do comportamento,
das ideias e dos sentimentos advindos de um conflito psíquico”. (BOCK;
TEXEIRA, 1999, p. 351).
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Vale ressaltar que a distinção entre sintomas físicos e psíquicos não é
rígida e frequentemente se apresentam inter-relacionados.
d) Critério de diagnóstico
e) Tratamento
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O fator primordial no início do tratamento é a redução dos ataques de
pânico com uso dos medicamentos. O conhecimento pelo paciente de sua
doença, evolução, efeitos dos medicamentos são necessários. É importante
também que o paciente seja acompanhado por um psicoterapeuta para que o
tratamento seja mais eficiente.
c) Tratamento
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8.2.3 Histeria
a) Conceito de histeria
b) Classificação da histeria
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8.3 CONCEITO DE PSICOSE
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Despersonalização (relação de estranheza em relação a si mesmo
e ao seu corpo).
8.3.2.1 Paranoide
a) Conceito de paranoide
b) Características da paranoide
c) Classificação da paranoide
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A paranoide é classificada segundo o DSM-IV (1995) como: transtorno
delirante e transtorno da personalidade paranoide. O transtorno delirante é
caraterizado por delírios sistematizados, alucinações e prejuízo do
funcionamento da personalidade, enquanto o transtorno da personalidade
paranoide é descrito como a desconfiança e suspeita em relação aos outros.
8.3.2.2 Esquizofrenia
a) Conceito de esquizofrenia
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O afastamento da realidade. O indivíduo entra num processo de
centramento em si mesmo, no seu mundo interior, ficando,
progressivamente entregue às próprias fantasias. Manifestações
incoerentes ou desagregação do pensamento, das ações e da
afetividade. Os delírios são acentuados e mal sistematizados. A
caraterística fundamental da esquizofrenia é seu quadro progressivo,
que leva a uma deterioração intelectual e afetiva.
b) Características da esquizofrenia
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Segundo o DSM-IV (1995) os sintomas de (1 a 5) devem estar
presentes com duração significativa, por período de pelo menos um mês. Os
principais são: delírios, alucinações, discurso desorganizado, comportamento
catatônico, sintomas negativos (embotamento afetivo, alogia, avolição),
disfunções sociais no trabalho e/ou estudo, denotando perdas nas habilidades
interpessoais e produtivas.
As alucinações relacionadas à esquizofrenia podem envolver qualquer
sentido, são percepções falsas ou distorcidas que parecem ser reais. Elas são
frequentemente persistentes como, por exemplo, alucinações de vozes que
dizem o que o sujeito deve ou não fazer. As alucinações auditivas aparecem
em primeiro lugar.
Holmes (1997, p. 5) explica que as alucinações são experiências sem
fundamento na realidade. “O indivíduo vê, ouve, sente coisas que não estão
presentes. Normalmente, as coisas que ouvem dizem respeito ao
comportamento, com ordens, conselhos e comentários”.
Além dos sentidos afetados, o indivíduo também pode vivenciar
transtornos na percepção e na fala. O sujeito pode ter um discurso
completamente desconexo da realidade. As palavras, ideias e expressões
aparecem desorganizadas, sem sentido. O indivíduo com diagnóstico de
esquizofrenia leve e com uma inteligência normal, pode apresentar um discurso
que parece ser coerente, mas em algum momento ele expõe palavras que não
fazem sentido com a realidade.
De maneira geral, a esquizofrenia manifesta sintomas que são fáceis
de reconhecer e identificar. Podem ser agudos, crônicos ou de aparição
intermitente. Vale ressaltar que, em alguns casos, um indivíduo normal pode
demostrar uma repentina manifestação de sintomas esquizofrênicos, sem por
isso, ser uma pessoa esquizofrênica.
É importante considerar também a cultura, pois nem todos os países
consideram a ideia de esquizofrenia como patologia ou doença. Os delírios e
alucinações são manifestações que ligam o sujeito a outros atos contextos, que
muitas vezes são vivenciados em cultos a deuses, espíritos ou forças ocultas.
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c) Tipos de esquizofrenia
d) Origem da esquizofrenia
e) Tratamento
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esquizofrenia. Os medicamentos utilizados para tratar a esquizofrenia são
conhecidos como agentes antipsicóticos, também chamados tranquilizantes
maiores ou neurolépticos. Estes medicamentos reduzem de forma significativa
os sintomas do transtorno. Porém, seus efeitos colaterais podem ser similares
à produção de sintomas da doença de Parkinson.
Acompanhamento e intervenções psicossociais podem ajudar os
pacientes e seus familiares a aprenderem a controlar o transtorno, reduzindo
os delírios e as perturbações.
Estes são os quatros componentes principais do tratamento da
esquizofrenia:
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O transtorno bipolar é também conhecido como transtorno ou distúrbio
do humor.
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pode levar a um prejuízo nas atividades desempenhadas e na qualidade de
vida.
Conforme Hilty (1999, p. 201), “aproximadamente 25% dos pacientes
com o transtorno bipolar tentam suicídio em alguma etapa de suas vidas e,
destes, cerca de 11% completam este intento”. No quadro de depressão,
percebe-se uma disposição elevada para o suicídio. Quando o indivíduo se
encontra no ciclo depressivo a probabilidade de ele pensar em si matar é muito
maior. Neste caso, os profissionais e familiares devem estar prevenidos para
qualquer tentativa de suicídio.
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eufórico ou irritante. A pessoa pode se sentir com uma alegria contagiante ou
uma irritação agressiva. É possível que o indivíduo acometido de mania
apresente alguns sintomas como: sentimento de grandiosidade, gastos
exagerados, aumento da atividade motora e sexual, distração, falta de
conhecimento sobre a seu quadro de humor e envolvimento por atividades
perigosas.
A hipomania é um estado semelhante à mania, porém em um grau
mais leve. Já a depressão patológica é um dos sintomas principais do
transtorno bipolar. A sua origem está relacionada a fatores afetivos que são
pouco compreendidos pelo indivíduo e seus familiares.
e) Tratamento
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8.3.2.4 Melancolia
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a) Conceito de melancolia
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c) Luto e melancolia
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O melancólico nem sempre chora pelo objeto perdido, mas uma perda
de referência e de sentido da vida. De acordo com Silva (2003), existem duas
explicações possíveis para a reação doentia de luto:
8.3.2.5 Depressão
a) Conceito de depressão
b) Sintomas da depressão
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Sintomas comportamentais: aspecto negligenciado, lentidão nos
gestos e movimentos, agitação, fala e gestos lentos, faz menos
contato visual (olha para baixo), sorri com menos frequência,
episódios de choro, perda de interesse ou prazer em atividades
usuais, incluindo sexo, autoexclusão de atividades sociais.
Sintomas cognitivos: dificuldade para pensar, desatenção,
pessimismo, pensamento suicida e preocupação com aspectos
ligados à morte.
Sintomas orgânicos: insônia, perda de apetite, inquietação,
constipação intestinal ou diarreia, náuseas, sensação de opressão
no peito, sensação de falta de ar, dores nas costas, dores crônicas,
diminuição do interesse sexual, sentimento geral de ansiedade e
perda de energia física e mental.
c) Classificação da depressão
d) Origem da depressão
e) Tratamento
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A medicação pode ajudar a aliviar determinados sintomas da
depressão, mas não cura o problema subjacente. Neste sentido, as sessões de
terapia podem contribuir para acelerar o processo de recuperação do paciente.
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obstrução do recalque, da confusão entre os papéis sexuais, o
desaparecimento das diferenças, limites e normas, pois a função paterna é
presente, mas enfraquecida. O perverso reconhece a lei do pai, mas a infringe.
A transgressão das leis é fator predominante na dinâmica da perversão.
É justamente por conhecer a lei que o perverso recusa. O que vale não
é a lei do pai ou acordo social, é a própria lei do perverso. Por isso, é muito
comum que perverso trate o outro como objeto à sua disposição. O grande
desafio da clínica lacaniana é desestruturar o sintoma para que o sujeito
perverso perca essa sensação de trinfo, de prepotência, de gozo. Apesar de
não haver cura para a perversão e seu tratamento ser difícil, muitos
psicanalistas conseguem estabilizar este quadro patológico.
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Sexuais: exibicionismo, voyeurismo, sadismo, masoquismo,
sadomasoquismo, fetichismo e pedofilia.
8.3.5.1 Psicopatia
a) Conceito de psicopatia:
b) Terminologia e classificação
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Segundo o DSM-IV, a característica essencial do Transtorno de
Personalidade Antissocial “é um padrão invasivo de desrespeito e violação dos
direitos dos outros, que inicia na infância ou começo da adolescência e
continua na idade adulta”. (DSM-IV,1995, p. 608).
Os indivíduos com o diagnóstico de transtorno de personalidade
antissocial apresentam um comportamento que parece ser adequado diante da
sociedade, mas na verdade é apenas uma forma de teatralismo. Quando se
percebem ameaçados demostram sua insensibilidade e cinismo. Tratam o
outro com indiferença e são incapazes de sentir remoço ou culpa.
São características expostas no DSM-VI (1995):
(...) eles podem ter uma autoestima enfatuada e arrogante (por ex.,
achar que um trabalho comum não está à sua altura, ou ter uma
preocupação realista com seus problemas atuais ou seu futuro) e
podem ser excessivamente opiniáticos, autossuficientes ou vaidosos.
Eles podem exibir um encanto superficial e não sincero, ser bastante
volúveis e ter facilidade com as palavras (por ex., usar termos
técnicos ou jargão capazes de impressionar alguém não familiarizado
com o assunto. (DSM-VI, 1995, p. 609-610).
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É perceptível que muitos indivíduos com características anômalas
são atraídos pela política e por cargos de comando em instituições
governamentais, policiais, penais, ou as ditas de recuperação para
menores infratores ou usuários de drogas. Aliás, é comum
encontrar estupradores ou abusadores sexuais trabalhando em
serviços de assistência social, em organizações religiosas ou
grupos como escoteiros e escolinhas de esportes diversos. Em
comum, os locais listados têm a características de proporcionar
canais legais para a corrupção, o abuso do poder e para a prática
de atos que infligem dor e que possibilitam uso da força e da
sedução contra terceiros. Tudo com acentuado grau de
impunidade. (NETO, 2006, p. 73).
8.3.5.2 Toxicomania
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a) Conceito de toxicomania
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De acordo com Organização Mundial de Saúde (1999), a toxicomania
pode ser entendida como: um estado de intoxicação periódica ou crônica,
nocivo ao indivíduo e à sociedade, causada pelo uso repetido de uma droga. A
droga é qualquer substância que, introduzida no organismo, modifica alguma
função, além de causar dependência física e psicológica. (ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DE SAÚDE, 1999).
De acordo com Lima (1997, p. 92), a droga pode ser entendida como:
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pode ocasionar desde um simples tremor nas mãos a náuseas, vômitos e até
um quadro de abstinência mais grave denominado delirium tremens, com risco
de morte em alguns casos. O delirium tremens pode ser entendido como uma
psicose provocada pela interrupção do uso e abuso de drogas.
Normalmente, as drogas influenciam as atividades do sistema nervoso
central – SNC, alterando as transmissões sinápticas entre os neurônios. As
drogas podem aumentar ou diminuir o número de neurotransmissores ou
mesmo bloquear, copiar ou influenciar os seus efeitos.
Em contraste com o uso de drogas, o abuso refere-se ao uso
recorrente de drogas que resulta na desintegração das funções sociais e
psicológicas. O abuso de drogas é qualquer forma de utilização de drogas que
implique em efeitos nocivos. Há dois tipos de drogas: as lícitas, que são
aquelas legalmente produzidas e comercializadas (álcool, tabaco,
medicamentos, inalantes, solventes), sendo que a venda de alguns
medicamentos é controlada, pois há risco de causar dependência física e
psíquica.
As ilícitas que são aquelas substâncias cuja comercialização é proibida
por provocar altíssimo risco de causar dependência física e psíquica (cocaína,
maconha, crack, etc.).
b) Tipos de drogas
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Alucinógenos: drogas que produzem distorções nas percepções
sensoriais.
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“Uma das soluções para evitar o infortúnio da relação com o outro é o
método de intoxicação. Ou seja, a escolha de uma substância como objeto, a
partir do qual se evitaria toda problemática da relação”. (FREUD, 1930, p. 86).
A clínica psicanalítica reconhece o problema da relação com o outro a partir de
certo grau de crença na fantasia. Diferente disso, a toxicomania é:
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Apesar do usuário de droga ser classificado como um perverso social,
é possível que ele desenvolva a psicose. O quadro psicótico pode ser também
desencadeado pelo uso contínuo das drogas. É bastante comum o usuário
apresentar surtos esquizofrênicos, como alucinações, delírios e prejuízo nas
funções psíquicas.
Quando o indivíduo faz uso da droga, o seu estado neuronal se
assemelha a uma patologia, que pode ser: a esquizofrenia ou mesmo a
depressão. O que vai determinar esta semelhança é justamente o tipo de droga
utilizado pelo indivíduo.
As drogas psicoativas podem ser classificadas em três grupos, de
acordo com as atividades que exercem no sistema nervoso central1. No
primeiro grupo encontram-se as drogas que diminuem a atividade cerebral, ou
seja, deprimem o funcionamento do sistema nervoso. São conhecidas como
depressoras ou psicolépticas, e incluem o álcool, soníferos e ansiolíticos.
No segundo grupo encontram-se as drogas que aumentam a atividade
cerebral. O indivíduo se sente em um estado de alerta e potencialmente mais
ativo. Estas drogas são conhecidas como estimulantes ou psicoanalépticos:
cafeína, coca, nicotina, anfetaminas, cocaína e até mesmo alguns tipos de
chás.
Por último, temos as drogas perturbadoras ou psicodélicas, que
alteram significativamente as atividades cerebrais: a maconha, LSD e a
mescalina. Neste grupo o usuário tem uma perda nas funções psíquicas e no
organismo. Ele já não consegue pensar, memorizar ou perceber com clareza o
meio em que vive.
f) Tratamento da toxicomania
1
Adaptações do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas. Departamento
de psicobiologia UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo.
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Alcoólicos Anônimos, psicoterapia, entre outros. A internação é a primeira
medida a ser tomada para a reabilitação do dependente, pois a instituição
oferece programas especialmente para esta finalidade. A desintoxicação é o
primeiro passo para o tratamento da dependência. A grande maioria das
clínicas inicia com o processo de desintoxicação para, em seguida, começar a
trabalhar as causas da dependência e evitar a reincidência.
Em relação ao tratamento farmacológico, a utilização de intervenções
farmacológicas não apenas são estratégicas válidas e disponíveis, como
muitas vezes salvam a vida de usuários em determinadas condições. É
importante ressaltar a utilização de medicação: o efeito potencial que consiste
em diminuir o consumo, reduzindo o desejo pela droga, e as considerações de
segurança, que se referem ao potencial do medicamento, causam
consequências danosas para o paciente.
Outra indicação comum farmacológica é a redução de sintomas de
abstinência quando da interrupção do consumo de drogas. Estes sintomas,
quando não são controlados, o indivíduo voltar ao uso. A psicoterapia é
indicada para todos os tipos de usuários, pois atua nos valores pessoais, nos
conflitos internos e modifica a postura do indivíduo em relação à droga.
Dentre os grupos de ajuda, o mais conhecido é o Narcótico Anônimo –
NA. Trata-se de uma associação comunitária de usuários de drogas em
tratamento que se baseia em uma série de atividades pessoais conhecidas
com “os dozes passos”. Neste grupo os dependentes partilham suas vivências
e expectativas diante do tratamento. O único requisito para se tornar um
associado do NA é o desejo de se tratar.
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determinada. O acolhimento é uma função operatória. Deve-se também
trabalhar a resistência, a fim de que se favoreça a adesão do cliente; trabalhar
os jogos psicóticos no qual o Outro é tratado como cúmplice. As atitudes de
competição, principalmente em relação ao analista, acabam se voltando contra
o próprio paciente.
Outro passo é fazer com o paciente tome consciência de que o uso da
droga é uma ilusão, pois esta não irá ser eficaz para preencher os vazios
existentes. É importante eliminar o sintoma da compulsão. A função do analista
é separar o sujeito de seu objeto de desejo, “a droga”, estabelecendo limites. O
sujeito deve aderir ao preceito de dizer “não” e essa posição implica em
recusar esse objeto. O analista deve fazer a substituição desse objeto “droga”
por outras situações que dão prazer ao paciente.
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ajuda, na estabilização do quadro psicótico, na reabilitação e reintegração do
paciente na sociedade. Outro aspecto que não devemos deixar de considerar é
que o analista deve suprir a função “metáfora paterna” que o psicótico nunca
conseguiu elaborar. Essa substituição que o paciente poderá alcançar é
denominada “suplência”.
A presença do analista lacaniano é muito importante para reconstruir a
função paterna, o que falta no psicótico – lei, limite, valores, princípios, relações
sociais. O analista vai ajudar o paciente a se transformar em sujeito. Muitos
estudiosos afirmam que a psicose não tem cura, mas o psicanalista lacaniano
acredita nas chances de cura, que dependem da maneira como o delírio e a
alucinação se manifestam; uma vez traduzidos, restabelecem a verdade do
sujeito. Do ponto de vista clínico, enquanto a causa da patologia não for
desvendada por intermédio da análise, ela voltará a se instalar.
Coutinho (2005) salienta que o delírio, tentativa de interpretação desse
processo de fragmentação feita pelo psicótico e, portanto, possibilidade de
reestruturação psíquica e de eventual cura, não deveria ser abolida
completamente com medicamentos, sob a ótica da Psicanálise.
Acredita-se que o maior erro é tomar o sintoma como doença e
somente procurar tratá-lo. Neste sentido, a psicanálise lacaniana se mostra
mais eficiente. Considerando que a falta da lei é a condição necessária para
que a psicose se instale novamente, mas a realização da metáfora paterna
exercida pelo analista é fundamental para o alcance da cura.
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Entrevista inicial.
Escuta diferenciada.
Ética e sigilo nas informações.
Anamnese e diagnóstico estrutural.
Esclarecimento da abordagem psicanalítica lacaniana.
Objetivos e estratégias de tratamento.
Acompanhamento psicoterapêutico.
Estabilização do quadro patológico e, dependendo da patologia,
encaminhamento do paciente para tratamento médico.
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Para o diagnóstico estrutural, a escuta diferenciada é imprescindível, já
que é no discurso do sujeito que o analista vai identificar as estratégias
utilizadas pelo paciente na construção do sintoma. É por meio da fala que o
sujeito articula a sua história e demonstra o seu desejo.
O sintoma obsessivo dentro de um quadro psicótico pode ter a função
de evitar um surto, de impedir que o sujeito entre em crise. De modo que, se o
analista elimina o sintoma obsessivo, o sujeito entra em crise. Identificar uma
estrutura não é tarefa fácil, nem imediata. É uma tarefa que exige um
posicionamento ético e uma disponibilidade para escuta.
É importante destacar que a estratégia não é uma relação lógica de
causa e efeito. Até porque os sintomas são oriundos de múltiplas origens. É
importante considerar também as questões subjetivas, antes de inserir o sujeito
qualquer estrutura.
Há diferentes esferas envolvidas na produção do sintoma, o que
importa para a psicanálise é saber como esse sujeito se organizou. E o analista
lacaniano vai retirar a possibilidade de adoecimento dentro de cada estrutura.
O sintoma é o modo como o sujeito manifesta o seu sofrimento. As estruturas
neurose, psicose e perversão são três maneiras distintas de o sujeito se
constituir.
Dentro de cada estrutura o sujeito tem uma produção aguda de
sintomas. A identidade do sintoma não é igual à identidade da estrutura. O
indivíduo pode apresentar qualquer sintoma dentro das estruturas. Dessa
forma, as respostas é que vão direcionar o diagnóstico.
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8.6 A TRANSFERÊNCIA NA CONCEPÇÃO LACANIANA
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levar pela dimensão imaginária deste pacto pelo analista”. (MILLER, 1987,p.
87).
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Para o referido autor, as questões técnicas e práticas estão atreladas
às questões éticas por um motivo muito claro: a análise dirige-se ao sujeito e a
categoria de sujeito não é técnica e, sim, a ética. Vai muito além de ir dos fatos
aos ditos.
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